África do Sul: o que você precisa saber para viajar pelo país
Por incrível que pareça, a
África do Sul está mais perto da Antártida do que do Saara. Em cidades como Johanesburgo, Pretória ou Cape Town, por exemplo, você certamente se sentirá mais próximo da Europa do que de Botswana, a vizinha ao norte.
Estivemos 2x na África do Sul, a última recentemente, em junho de 2024, e temho muito pra contar sobre esse país que ensina tanto sobre reconciliação - um verdadeiro exemplo nesse mundo totalmente polarizado em que vivemos hoje.
A África do Sul é um país vasto e variado.
O sul é cheio de montanhas, com clima temperado - nos surpreendemos com o frio que pegamos em
Cape Town. O norte é árido, com deserto e clima tropical. No meio, ficam as pastagens de Highveld, que envolvem Johanesburgo e Pretória. Já o nordeste é dominado por enormes parques nacionais, razão pela qual escolhemos visitar essa região na nossa 1ª viagem ao país, há mais de 20 anos!
A diversidade das paisagens da África do Sul é de tirar o fôlego, do Deserto de Kalahari à Table Mountain, ícone sul-africano; dos picos da Cordilheira do Drakensberg ao Parque Nacional Kruger, o destino mais popular no mundo para safaris de observação da vida selvagem.
A África do Sul é onde Europa e África colidem - uma 'nação arco-íris' em busca de um futuro melhor depois de décadas, ou melhor, de séculos de colonização e opressão.
Neste post, vou contar tudo o que você precisa saber para aproveitar melhor a sua viagem pela África do Sul.
Como diriam os sul-africanos, Howzit?
Para ler outros posts desta mesma viagem, comece por aqui:
Veja aqui como planejar sua viagem de safari para a África:
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rinocerontes que encontramos na nossa 1ª viagem à África do Sul, no Parque Nacional Kruger, o destino mais popular do mundo para safaris de observação da vida selvagem |
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selfie com a Table Mountain, um ícone sul-africano |
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quem diria que andaríamos encasacados assim na África! |
Curiosidades sobre a África do Sul
A capital executiva do país é Pretória, mas também são consideradas capital legislativa a Cidade do Cabo e capital judiciária Bloemfontein.
Isso sem falar na importante cidade de Johanesburgo, que equivale à cidade de São Paulo no Brasil - pode-se dizer que é a capital financeira da África do sul.
Capitais da África do Sul:
- Pretória - administrativa
- Bloemfontein - judicial
- Cape Town - legislativa
É o 25° maior país do mundo, mas tem menos de 15% do tamanho do Brasil.
A África do Sul é única por ter 2 nações independentes dentro das suas fronteiras - o
Lesoto, com seu cenário montanhoso, e a pequena
Suazilândia, já na fronteira com Moçambique, hoje chamada
Essuatíni.
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neste mapa da África do Sul, você vê estrelas identificando as 3 cidades reconhecidas como capitais do país |
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estátua de Paul Kruger em Pretória, capital administrativa da África do Sul |
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Parlamento da África do Sul em Cape Town, a capital legislativa do país |
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a África do Sul faz fronteira com a Namíbia, Botswana, Zimbabwe, Moçambique, Lesoto e Essuatíni |
Línguas oficiais: Zulu, Xhosa, Afrikaans, Sepedi, Inglês, Tswana, Sesotho, Tsonga, Swati, Venda e Ndebele. Acredito que só a Índia tenha mais do que 11 línguas oficiais!
Os idiomas mais usados na África do Sul são o Africâner, Zulu, Xhosa e Inglês.
A África do Sul tem 11 línguas oficiais, mais do que qualquer país, exceto a Índia.
Na África do Sul são 5hs a mais de fuso horário que no BR.
A verdade é que, ainda hoje, é como se existissem 2 Áfricas do Sul diferentes, uma africana (preta) e uma europeia (branca). Quase metade da riqueza da África do Sul está concentrada nas mãos de apenas 10% da população - sim, o poder e a riqueza ainda estão concentrados com os sul-africanos brancos, que representam apenas 10% da população.
Cerca de 80% da população da África do Sul - de aproximadamente 50 milhões de pessoas - são negros africanos e outros 10% são mestiços, ou "de cor", como eles mesmos se denominam.
- 80% negros
- 10% brancos
- 10% mestiços
O país é 80% cristão, com pequenas comunidades de animistas, muçulmanos e hindus - embora mesmo os cristãos acreditem em algumas crenças tribais.
A África do Sul é a potência financeira da África.
O país, sozinho, produz 2/3 de toda a eletricidade usada no continente africano, e 1/4 do PIB de todo o continente é produzido na África do Sul: mineração, eletricidade, finanças, fabricação de automóveis e turismo são as principais indústrias.
Infelizmente, contudo, o índice de desemprego é altíssimo, atingindo 25% da população, e é muito mais elevado entre a população negra.
Uma das maiores surpresas para quem vai à África do Sul é encontrar pinguins por lá! O Cabo da Boa Esperança tem uma população nativa de pinguins, que são intrusos vindos desde a Antártida.
O Parque Nacional Kruger é uma lenda africana, lar de todos os “5 grandes” e também de várias espécies de antílopes e macacos.
As espécies animais exclusivamente sul-africanas são o pequeno lobo-da-terra (aardwolf), que é parente da hiena, e o porco-da-terra (aardvark), mais conhecidos por seus nomes em inglês, que são as primeiras palavras em quase todos os dicionários sul-africanos.
E ainda há o
Fynbos, sobre o qual comentei no post sobre nosso roteiro pela
Península do Cabo, uma vegetação baixa do Cabo, que não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo.
Devido à sua história de colonização, os sul-africanos receberam muita influência inglesa e holandesa, e são famosos por gostarem de praticar esportes britânicos e de usar palavras holandesas - você vai perceber isso com certeza quando estiver lá!
Outras marcas registradas da África do Sul:
- Nelson Mandela
- Safaris no Parque Nacional Kruger
- Table Mountain, a "Montanha da Mesa"
- Apartheid, o regime que desapareceu, mas não foi esquecido
- Braai, o churrasco sul-africano
- Time de rugby Springboks
- Mergulhos em gaiolas
- Vinhos do Cabo
Com certeza não citei todas - se você lembra de alguma marca registrada da África do Sul que não mencionei aqui, deixa lá nos comentários!
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uma das maiores surpresas para quem vai à África do Sul é encontrar pinguins por lá |
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Table Mountain, a "Montanha da Mesa", na Cidade do Cabo, é um dos pontos turísticos mais famosos da África do Sul |
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Robben Island, um dos símbolos do regime do Apartheid na África do Sul |
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Apartheid, o regime que desapareceu, mas não foi esquecido |
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devido à sua história de colonização, os sul-africanos receberam muita influência holandesa, e ainda hoje usam muitas palavras holandesas no dia-a-dia |
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cerca de 80% da população da África do Sul - de aproximadamente 50 milhões de pessoas - são negros africanos |
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80% dos sul-africanos são cristãos |
Por que viajar à África do Sul
Vocês sabem porque a gente vê tantos arco-íris espalhados na África do Sul? Bandeiras, poster, murais...
Não tem nada a ver com a bandeira do movimento gay!
O arcebispo Desmond Tutu chamou a África do Sul de Nação Arco-íris, e o apelido se deve à mistura de povos e culturas, ao multiculturalismo que se vê no país!
Quando Desmond Tutu chamou a África do Sul de 'Nação Arco-íris', ele estava resumindo a essência do que torna a África do Sul tão extraordinária para o visitante.
O multiculturalismo, a mistura de povos e culturas a que esse apelido se refere é evidente, mas a diversidade da África do Sul vai muito além das pessoas e também além das paisagens.
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foi o arcebispo da Igreja Anglicana Desmond Tutu, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid, quem apelidou a África do Sul de 'Nação Arco-íris', devido ao seu multiculturalismo |
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está vendo que tem um arco-íris ali na fachada da igreja, em um poster - viajando pela África do Sul você encontrará este símbolo em vários lugares, e agora já sabe o porquê |
Numa viagem à África do Sul, você pode dormir debaixo das estrelas no deserto ou escalar picos nevados.
Se você gosta mais de natureza, pode explorar as montanhas da Zululândia e a Wild Coast; se prefere grandes cidades, tem Johanesburgo e Durban à sua disposição.
Se o que você espera de uma viagem à África é observar vida selvagem, você pode escolher desde estradinhas remotas de safari no meio do Kruger Park até encontros de pertinho com pinguins fofíssimos, ou mesmo passeios para ver lobos-marinhos ou mergulhos com tubarões brancos em águas geladas.
A variedade de opções continua na gastronomia, que inclui desde os ensopados da cozinha malaia do Cabo, aos curries de Durban; dos frutos do mar em West Coast até os banquetes de carne do Karoo.
E, para completar, não deixe de visitar a Cidade do Cabo, onde você pode escolher entre conhecer vinícolas centenárias ou simplesmente surfar e tomar banhos de sol em paisagens estonteantes; visitar Robben Island, ilha onde Mandela ficou preso por muitos e muitos anos, ou ver a vista de Table Bay do topo da Table Mountain; ver o local onde 2 oceanos se encontram no Cabo da Boa Esperança ou morrer de fofura vendo os pinguins africanos correndo em direção ao mar em Boulders Beach.
Leia mais:
A África do Sul ofusca quase todos os outros países do continente africano com a sua economia, a sua influência no mundo e a turbulência da sua história, mas é no microcosmo do dia a dia que transparece o verdadeiro espírito do país - seja tomando uma bebida com os nativos em um shebeen (botequinhos que vendem bebidas ilegalmente) com telhado de zinco, conhecendo uma escola de uma township, bebendo uma taça de vinho em um dia de céu azul numa vinícola com arquitetura holandesa em Winelands Cape, vendo o dia amanhecer em um dos water holes de qualquer parque nacional da África do Sul, passando uma manhã apreciando a paisagem dos Three Rondavels, passando uma tarde em Soweto ou assistindo ao por do sol na lindíssima Cidade do Cabo.
Aonde quer que você vá, o drama humano pelo qual a África do Sul passou recentemente - com toda a sua dor, a sua injustiça e a sua esperança - se mistura com uma beleza natural quase inesperada, que bate na sua cara com desertos, pinguins, praias, montanhas e leões.
O resultado do que vemos numa viagem à Africa do Sul nos entristece e nos desafia, é fascinante e inspirador - e atraente o suficiente para fazer com que a maioria dos visitantes queira voltar outras vezes, de novo e de novo, como aconteceu conosco, que já estivemos 2x em terras sul-africanas e ainda não nos despedimos do país!
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lobos-marinhos estão por todos os lados no litoral sul-africano |
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vista de Table Bay do topo da Table Mountain |
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por do sol na lindíssima Cidade do Cabo |
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o drama humano pelo qual a África do Sul passou recentemente deixou marcas que eles não querem esquecer, para nunca mais repetir os erros do passado |
Nossa 1ª vez na África do Sul
Na nossa 1ª viagem à
África do Sul, em
abril de 2004, há mais de 20 anos, focamos nosso roteiro entre Johanesburgo, Pretória, Kruger Park e arredores.
Ficamos 6 dias no país e rodamos 1534Km na mão inglesa - foi nossa 1ª vez dirigindo do "lado errado" da rua, e éramos tão inexperientes!
Queríamos conhecer Soweto, alugar um carro e percorrer o país até Pretória, o Kruger National Park e o Blade River Canyon, que ficam no nordeste do país.
Em Soweto, bairro no sudoeste de Jo’burg cujo nome significa SOuth WEst TOwn, que foi o epicentro de todos os acontecimentos políticos-raciais que a África do Sul atravessou durante o regime de Apartheid, vimos as casas de Desmond Tutu, Nelson e Winnie Mandela.
Fomos também ao Hector Pieterson Museum, onde entendemos a história da imposição da língua Afrikaans (ou Africâner) aos negros e tivemos um banho de cultura sul-africana.
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Soweto, Johanesburgo
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apresentação de dança Zulu em Soweto, África do Sul |
Johanesburgo não nos impressionou muito positivamente, então seguimos viagem para a capital Pretória, que é uma cidade linda, bem menor do que Johanesburgo, e onde é tudo muito bem cuidado - uma cidade que tem um grande valor histórico desde a colonização da África do Sul.
Em Pretória, fomos à Church Square, no coração da cidade, vimos a estátua de Paul Kruger e seguimos para o Voortrekker Monument, um prédio altíssimo, com apenas 3 andares, construído em memória dos holandeses que morreram no Great Trek - a grande caminhada para colonizar o norte - e dos peregrinos que morreram na Guerra dos Bôeres.
É um parque fechado que tem um cemitério, cabanas Zulus como aquelas que se vê em filmes e um forte, chamado Fort Schanzkop. É um ponto turístico importante na cidade, e Pretória fica ainda mais bonita lá de cima.
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em Pretória, fomos à Church Square, no coração da cidade |
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cabanas Zulus no Voortrekker Monument |
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Voortrekker Monument em Pretória |
De lá, seguimos para Hazyview, cidade que é porta de entrada para o Kruger National Park. Entramos no parque nacional mais famoso da África do Sul pelo Numbi Gate, portão de entrada situado no sudoeste do parque.
Não demorou muito para encontrarmos uma diversidade enorme de animais: tartarugas, pássaros de todos os tipos, veados às centenas, zebras, bestas, hienas, esquilos, furões, javalis, babuínos, lagartos, hipopótamos, rinocerontes, leões, águias, tucanos, kudus, girafas, elefantes...
Exploramos as áreas de Skukuza e Lower Sabie do Kruger Park e, no dia seguinte, seguimos viagem de Hazyview em direção ao Blade River Canyon.
Fomos até God’s Window, Berlin Fall’s e seguimos para Bourke’s Luck Potholes, no Mpumalanga National Park.
Mais adiante, encontramos o incrível Blyde River Canyon e seus Three Rondavels.
Por último, ainda paramos em Lisbon Fall’s e Graskop.
Leia mais - com todos os detalhes sórdidos - sobre a nossa 1ª vez viajando pela África do Sul: 6 dias na África do Sul e 1534Km rodados na mão inglesa
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na época, em 2004, não tínhamos GPS, e usávamos esses mapas impressos |
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entramos no Kruger Park pelo Numbi Gate |
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mapa da área que percorremos no Kruger Park |
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exploramos as áreas de Skukuza e Lower Sabie no Kruger Park e encontramos hienas |
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kudu - uma espécie de antílope africano, com longos chifres espiralados e listras verticais brancas - no Kruger National Park |
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um emocionante encontro com leões no Kruger Park |
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Three Rondavels no Blyde River Canyon |
Nossa 2ª vez na África do Sul
Na nossa 2ª viagem à África do Sul, em
junho de 2024, queríamos explorar somente a Cidade do Cabo e seus arredores.
Desbravamos Cape Town a pé, de carro, de barco, de Uber, de funicular e de bondinho, fizemos 2 roteiros maravilhosos pela Península do Cabo e pela região vinícola (Stellenbosch, Franschhoek e Paarl), fomos até Robben Island, subimos a Table Mountain e ainda escalei a espetacular trilha até o alto de Lion’s Head.
Ficamos no total 6 noites em Cape Town e foi apenas o suficiente para que a cidade entrasse na minha lista de top 5 cidades mais bonitas do mundo no quesito beleza natural, no mesmo nível de Dubrovnik, do Rio de Janeiro ou de Istambul, por exemplo!
Leia mais sobre a nossa 2ª vez na África do Sul:
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Bo-Kaap visto da sacada do nosso hotel em Cape Town |
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fizemos um roteiro maravilhoso pela Península do Cabo, com direito a pinguins! |
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fomos várias vezes ao Waterfront |
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encontramos uma mamãe-babuíno e seu filhote no Cabo da Boa Esperança |
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subimos a Table Mountain de bondinho |
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encarei a espetacular trilha até o alto de Lion’s Head, e posso garantir que foi uma das trilhas mais bonitas que já fiz na vida, top 10! |
Principais coisas para ver e fazer na África do Sul
Eu não experimentei todas essas atividades, mas adoraria!
De tudo o que eu já pesquisei sobre a
África do Sul, esta é a minha lista definitiva de tudo de melhor que já experimentamos lá e de vários motivos que eu ainda tenho pra voltar!
Se você está procurando uma lista das principais coisas para ver e fazer na África do Sul para te ajudar a montar o teu roteiro, pode ir com fé!
- 12 Apóstolos e Table Bay vistas do topo da Table Mountain na Cidade do Cabo
- Lion’s Head Hike em Cape Town
- Encontro de 2 oceanos no Cabo da Boa Esperança
- Daytrip na Cape Peninsula, com pinguins e estradas espetaculares
- Experimentar um Pinotage local num passeio pelas Vinícolas do Cabo entre Stellenbosch e Franschhoek
- Conhecer a cela de Nelson Mandela em Robben Island
- Safari ao amanhecer, procurando Big 5 no Parque Nacional Kruger
- Soweto, a alma sombria de Joanesburgo
- Blyde River Canyon e seus Three Rondavels
- As areias movediças no Parque Transfronteiriço de Kgalagadi, no Kalahari
- Picos e vales da Cordilheira do Drakensberg, Patrimônio da Humanidade
- Trilhas na Wild Coast
- Mergulhar com grandes tubarões brancos em Hermanus
- Trilha Otter Trail na Garden Route, com 42Km
- Tapetes de flores de Namaqualand na primavera
Ah, e não esquece que, encravadinhos dentro do território da África do Sul, você ainda vai encontrar a antiga
Suazilândia, hoje chamada
Essuatíni, e o
Lesoto, que também merecem visitas!
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procurando Big 5 no Parque Nacional Kruger |
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a maior parte da população negra da África do Sul ainda hoje vive em townships como Soweto, em condições sociais e econômicas bem difíceis
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Blyde River Canyon no nordeste da África do Sul |
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conhecendo a cela de Nelson Mandela em Robben Island |
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experimentando vinhos locais num passeio pelas Vinícolas do Cabo |
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pinguins em Cape Peninsula |
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procurando o encontro do Atlântico com o Índico em Cape Point na África do Sul |
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Table Bay vista do topo da Table Mountain na Cidade do Cabo |
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Lion’s Head Hike em Cape Town |
Breve história da África do Sul
Os 1ºs sul-africanos foram os San, uma tribo de caçadores-coletores que colonizou o extremo sul da África há 40 mil anos.
No sul, os San viviam da agricultura, enquanto que o norte recebeu povos de língua bantu vindos do Delta do Níger.
Mas você sabe o que são "línguas bantas"?
A palavra Banto é usada pra designar um conjunto de povos e culturas da África Central que viviam nas regiões que hoje formam Angola, Congo e Gabão (região da África situada ao sul do Deserto do Saara), e que possuem em comum um mesmo grupo linguístico "banto", que inclui centenas de línguas africanas com determinadas características parecidas.
A língua banta com o maior número de falantes atualmente é o Suaíli (Swahili). Outra língua banta importante é o Zulu.
Apesar das diferenças étnicas (mais de 400 grupos étnicos diferentes falam línguas bantas), esses povos tinham todos o mesmo tronco linguístico: eram falantes das línguas bantas.
É mais ou menos como ocorre com o latim: tanto o português, quanto o francês e o espanhol, por exemplo, se originaram do latim. O mesmo ocorre com o "banto", do qual se originaram centenas - mais de 500 - línguas e dialetos.
Poucas coisas mudaram na África do Sul até o século 17, quando chegaram os colonizadores holandeses atrás de terras para chamar de suas.
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a colonização holandesa é evidente na arquitetura do Cabo, especialmente em cidades como Stellenbosch e Franschhoek |
O Império Britânico anexou a África do Sul em 1814, e então os conflitos aumentaram com os agricultores Bôeres de língua Africâner sobre a abolição da escravatura e a importação de trabalhadores indianos - incluindo um então desconhecido Gandhi.
Depois da Guerra dos Bôeres, os nacionalistas Africâners ganharam vantagem.
A África do Sul se tornou uma República em 1961 e o novo governo introduziu uma terrível política de Apartheid - ou separação forçada das raças - dando início à era mais sombria da África do Sul.
O Congresso Nacional Africano liderou a luta pela liberdade, finalmente alcançada por Nelson Mandela em 1991.
O Congresso Nacional Africano é um partido político sul-africano fundado em 1912 para defender os direitos da população negra do país. Desde o fim do Apartheid, em 1994, o CNA (ou African National Congress em inglês) é o principal partido político da África do Sul, e Nelson Mandela foi a figura mais influente do partido, assim como de todo o continente africano.
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desde o fim do Apartheid em 94, o African National Congress é o principal partido político da África do Sul |
A política de reconciliação de Mandela foi continuada pelo seu sucessor, o presidente Thabo Mbeki, embora ele tenha recebido muitas críticas, especialmente quando se recusou a reconhecer a crise de AIDS no país, que afetava mais de 1/3 da população.
Outra questão complicada é a redistribuição de terras e empregos de cidadãos brancos para cidadãos negros 😏
Pois é, a África do Sul progrediu a passos largos desde a queda do Apartheid, mas ainda existem vários contratempos no caminho para a democracia.
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'curar as divisões do passado e estabelecer uma sociedade baseada em valores democráticos, justiça social e direitos humanos fundamentais' |
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curandeiro na África do Sul |
Para entender a África do Sul
- Para ler - Longa Caminhada Até a Liberdade, a autobiografia inspiradora de Nelson Mandela
- Para ouvir - Nkosi Sikelel' iAfrika (Deus Abençoe a África) - o hino nacional sul-africano de unidade
- Para comer - Biltong (carne seca e curada) e Boerwors (salsichas)
- Para beber - vinhos das vinícolas do Cabo, chás de ervas Rooibos ou uma Castle Lager
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a cerveja Castle Lager começou a ser produzida em Johanesburgo em 1895 por Charles Glasso e logo se tornou muito popular entre a classe trabalhadora |
Filmes passados na África do Sul
Lá eu citei alguns excelentes filmes passados na África do Sul que você simplesmente precisa assistir antes de viajar ao país - são filmes que realmente ajudam a entender a história recente da África do Sul e o regime de Apartheid - como 'Invictus', 'Mandela - Longo Caminho para a Liberdade' e 'Infância Roubada'.
E tem também um filme que não está naquela lista, que eu revi recentemente e que vale muito a indicação aqui: Um Grito de Liberdade, que conta a história real, passada na África do Sul dos anos 70, do corajoso ativista negro que lutava contra o regime do Apartheid Steve Biko e de seu amigo jornalista branco Donald Woods.
Biko foi executado em 1977 e Donald, exilado, se dedicou a divulgar a luta do amigo pela liberdade.
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autobiografia de Nelson Mandela - Longa Caminhada Até a Liberdade - que se transformou num best-seller internacional e, depois, num filme maravilhoso |
Qual dinheiro levar numa viagem à África do Sul
Numa viagem à África do Sul, as melhores moedas que você pode levar são U$ dólares e € euros, que você vai poder trocar pela moeda local, o Rand sul-africano.
De modo geral, cartões de crédito e de débito, como Nomad e Wise, são bem aceitos na África do Sul, mas também considero importante carregar um pouco de dinheiro vivo, de preferência em notas pequenas, para emergências com cartões ou para usar em quaisquer situações onde cartões não sejam aceitos, como em gorjetas na rua ou com vendedores ambulantes, por exemplo, ou onde eles cobram taxas extras para pagamentos com cartões.
Em cidades como Cape Town ou Johanesburgo, por exemplo, você consegue usar cartões de débito em quase todo lugar.
Caso você precise sacar dinheiro com seu cartão de débito em caixas eletrônicos, também é possível encontrar ATMs em aeroportos ou em shoppings na África do Sul, por exemplo, mas não achei que essa opção fosse boa quando fui fazer uma simulação em Cape Town, num ATM no Waterfront: a cotação era ruim e as taxas cobradas eram altas - valia muito mais a pena gastar direto no cartão de débito!
Na minha opinião (é o que nós temos feito há alguns anos), o melhor é levar o dinheiro que você acha que vai precisar para a viagem em um cartão de débito, como Nomad ou Wise (eu tenho um e o Peg tem o outro), e levar também um pouco de dólares ou euros (dependendo do destino) em notas de 100 que sejam de boa qualidade e novas, e então trocar, em casas de câmbio, os seus U$ ou € pela moeda local e carregar a moeda local em notas pequenas.
E, claro, não deixe de levar o seu cartão de crédito internacional, devidamente habilitado para uso no exterior, para uma emergência ou despesa inesperada, e especialmente porque quase sempre é necessário ter um cartão de crédito para aluguéis de carros.
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casa de câmbio Travelex no shopping Victoria Wharf no Waterfront de Cape Town |
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caso você precise sacar dinheiro com o seu cartão de débito em caixas eletrônicos, é possível encontrar ATMs em aeroportos ou em shoppings na África do Sul |
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não achei que essa opção fosse boa - fiz uma simulação em Cape Town, num ATM no Waterfront, e a cotação era ruim e as taxas eram altas - valia mais a pena gastar direto no cartão de débito |
Moeda na África do Sul
A moeda usada na África do Sul é o Rand.
O código de moeda é ZAR e o símbolo é a letra R.
Cotação:
- U$ 1 = R 18,46 (quando voltamos a Cape Town pela 2ª vez, a cotação estava em R 17,79)
- R$ 1 = R 3,55 (rands)
As cotações da moeda informadas acima são de junho de 2024, época da nossa viagem.
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o ingresso para o Robben Island Museum Tour, por exemplo, custou ZAR 600, ou seja, 600 Rands (R$ 170,00 por pessoa) |
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usamos sempre esse aplicativo 'currency converter' para ter ideia das taxas de conversão aceitáveis em cada moeda
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Como chegar à África do Sul
Já escrevi posts específicos sobre como chegar à África do Sul via seus principais aeroportos, que são o Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo (de sigla CPT) e o Aeroporto Internacional Johannesburg O.R. Tambo (de sigla JNB), considerado o mais movimentado do continente africano.
Para chegar à África do Sul, existem 2 aeroportos internacionais:
👉 Aeroporto Internacional O. Tambo, em Johannesburgo
👉 Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo
Veja todas as dicas aqui:
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no seu voo para a África do Sul, especialmente para Cape Town, escolha um assento na janela |
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estátua artesanal de Mandela em aeroporto da África do Sul |
Documentos para viajar à África do Sul
Cidadãos brasileiros
não necessitam de vistos até 90 dias (turismo e/ou negócios) para ingressar na
África do Sul.
Brasileiros não precisam de visto para viajar à África do Sul.
Precisa apresentar apenas:
- Passaporte com validade de até 1 mês (da data de retorno ao Brasil), com pelo menos 1 página em branco
- Certificado Internacional da Vacina contra febre amarela, que deve ser tomada pelo menos 10 dias antes do embarque
- Passagens aéreas de ida e volta
- Declaração do viajante preenchida neste site
- Permissão Internacional para Dirigir, caso você vá alugar um carro
Outros países que visitamos na África sem precisar de vistos foram o Marrocos e a Namíbia!
Até onde sei - sempre tem que se informar antes de viajar, pois essas informações mudam com frequência - alguns países africanos que não exigem vistos são:
- África do Sul - 90 dias
- Botswana - 90 dias
- Ilhas Seychelles - 30 dias
- Marrocos - 90 dias
- Namíbia - 90 dias
- Senegal - 30 dias
- Tunísia - 90 dias
Publiquei posts aqui no blog específicos sobre os vistos necessários para viajar a alguns países africanos:
Leia mais:
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para viajar pela África, é imprescindível ter a vacina contra a febre amarela no seu Certificado Internacional de Vacinação |
Melhor chip de celular pra usar na África do Sul
Publiquei aqui no blog um post completíssimo sobre o melhor chip de celular para usar numa viagem pela África, então não vou repetir tudo aqui - confere lá que a dica é boa:
Foi esse simcard que usamos na
África do Sul, e funcionou perfeitamente!
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chip de celular para usar na África do Sul |
Melhor época para viajar à África do Sul
Durante todo o ano, sendo a primavera (setembro a novembro) e o outono (abril a maio) ideais em quase todos os lugares.
Nesta última viagem, visitamos Cape Town em junho, que definitivamente não é o mês ideal para se viajar à cidade. Junho é um mês bem chuvoso para se visitar Cape Town. Só fomos nesta época porque era o melhor mês para encontrar os gorilas em Uganda, foco principal da nossa viagem! Se nosso objetivo fosse visitar principalmente Cape Town, eu escolheria outro mês mais propício, de menos chuvas!
O lado bom de visitar a Cidade do Cabo nesta época do ano é que é a baixa temporada, tudo está vazio (sem filas na Table Mountain!), mais barato, e você consegue ótimos hotéis por preços excelentes - o hotel em que nos hospedamos, por exemplo, custa no mínimo 3x mais caro no verão, de dezembro a março, quando é alta temporada!
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nossa 1ª vez na África do Sul, em 2004, foi no mês de abril |
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em junho, Cape Town pode ser bem chuvosa |
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mas, quando realmente precisávamos de tempo bom, São Pedro colaborou! |
O que comer e beber na África do Sul
Os europeus que foram colonizar a África do Sul levaram com eles os hábitos europeus, incluindo o amor pela boa comida e pelo vinho, e a comida sul-africana de hoje em dia é uma mistura da gastronomia europeia, africana e indiana, com algumas carnes incomuns e os vinhos lendários do Cabo.
Como vocês já sabem, a África do Sul foi colonizada pela Holanda, Alemanha, Inglaterra e Índia, e todos esses países tiveram influência na cultura e, consequentemente, na gastronomia sul-africana. Além disso, eles também receberam influências gastronômicas de muitas tribos indígenas africanas. Com tantas diferentes influências, a culinária na África do Sul é tão variada quanto os seus costumes.
Por outro lado, a culinária Africâner (explico melhor sobre esse povo mais abaixo) tem uma história diferente: foi criada para ajudar esse grupo étnico a suportar as dificuldades das longas viagens pela savana africana e, por isso, o prato Africâner mais famoso é o Biltong, que merece um capítulo à parte (abaixo).
Entre alguns dos principais pratos sul-africanos estão o Braai, churrasco feito com vários tipos de carnes, herança dos holandeses, as Boerwors (salsichas) e o Bunny Chow, pão sem miolo recheado com feijão e chilli, herança dos indianos - e o mais estranho é que nunca vi essa comida na Índia - é uma tradição dos indianos do Cabo!
Entre os temperos, o mais tradicional é o curry.
Não deixe de experimentar também a Chakalaka, um molho com feijões e legumes típico do África do Sul.
Outro prato típico da gastronomia da África do Sul é o Bobotie, preparado à base de carne moída, especiarias, damascos e passas - segundo os sul-africanos, era o prato preferido do ex-Presidente Nelson Mandela.
Entre os doces sul-africanos, os mais famosos são os Koeksisters, uma espécie de bolinho de origem indígena, bem parecidos com os nossos bolinhos de chuva.
Para beber, vinhos das vinícolas do Cabo, uma Castle Lager ou chá de ervas rooibos, que supostamente são ótimas para a saúde!
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para beber, vinhos das vinícolas do Cabo |
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as ervas rooibos, que supostamente fazem bem à saúde, estão presentes nos cardápios sul-africanos |
Na África do Sul, a água da torneira é boa para beber nas grandes cidades. Para economizar, é só encher a sua garrafa de água na torneira do hotel. Por precaução, nós ainda fervíamos a água da torneira na jarra elétrica do quarto do hotel, e aí era bem tranquilo tomar a água da torneira fervida.
Vale a pena também comentar aqui ainda sobre a famosa gastronomia de Cape Malay, que você vai encontrar em Bo-Kaap.
Os Malaios do Cabo, também conhecidos como Muçulmanos do Cabo, ou simplesmente "Malaios", são um grupo étnico muçulmano na África do Sul.
Eles são descendentes de muçulmanos de diferentes partes do mundo, especialmente da Indonésia e de outros países asiáticos, que foram para o Cabo durante os domínios holandês e britânico.
Embora os membros iniciais da comunidade fossem provenientes das colônias holandesas do Sudeste Asiático, como a Indonésia, por volta de 1800 o termo 'malaio' já abrangia todos os muçulmanos do Cabo, independentemente da origem.
Inicialmente, eles usaram o malaio como língua, e provavelmente foi por essa razão que a comunidade acabou chamada de "malaia" - e não porque fossem provenientes da Malásia.
Os "malaios" vivem majoritariamente na Cidade do Cabo hoje em dia.
A culinária do Cabo Malaio é uma parte importante da gastronomia sul-africana, e a comunidade desempenhou um papel importante na história do Islã na África do Sul, e no desenvolvimento do Africâner como língua escrita, inicialmente usando a escrita árabe.
Na época do Apartheid, os "Malaios do Cabo" eram legalmente considerados uma subcategoria do grupo racial "de cor".
Quando estivemos em Jakarta, na Indonésia, aprendemos sobre a época do domínio holandês por lá, mas até então eu não tinha ideia de que os holandeses tinham trazido muçulmanos indonésios para colonizar a África do Sul!
Vocês sabiam disso??
Ah, e por último, tenho que indicar 2 restaurantes de redes sul-africanas bem conhecidas, que vocês vão encontrar espalhados por todo país:
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restaurante de comida africana na Cidade do Cabo |
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Bo-Kaap é o melhor lugar para experimentar a famosa gastronomia de Cape Malay |
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na África do Sul não é difícil encontrar restaurantes típicos indianos, chineses, africanos, italianos e até...escoceses! |
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se quiser fast food, também tem! |
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Tiger´s Milk, restaurante de rede sul-africano que você encontra em várias cidades da África do Sul |
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Spur Steak Ranch no centro da Cidade do Cabo |
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cardápio do Spur Steak Ranch do Waterfront de Cape Town, cidade onde existem vários restaurantes desta rede sul-africana bem conhecida |
Biltong
O Biltong é um petisco tradicionalmente sul-africano, produzido de uma forma muito peculiar - são tiras de carne seca e curada.
Diversos tipos de carne são usados para produzir o petisco, como bovina, de caça (especialmente antílopes) e de avestruz. É normalmente feito a partir de filés crus de carne, cortados em tiras, seguindo o sentido das fibras do músculo.
A origem da palavra vem do holandês: Bil (cauda) + tong (tira), ou seja, 'tira de carne'.
E aí quem ainda não pesquisou sobre a colonização holandesa na África do Sul fica se perguntando "mas porquê o nome vem do holandês"?!
Acontece que os holandeses que foram colonizar o sul da África - chamados Voortrekkers - sobreviviam da caça, e o grande desafio durante as longas viagens pela savana africana era que a carne de caça estragava muito rapidamente, devido ao clima quente.
Foi assim que eles criaram técnicas de desbacterização, cura e desidratação de carnes, fazendo com que elas pudessem ficar preservadas por muito mais tempo, e ainda mais saborosas, além de serem muito ricas em proteínas e ferro, e com baixo teor de carboidratos.
Como a África oferece muitas carnes de caça, é comum encontrar Biltong feito à base de várias carnes, como por exemplo Kudu, Springbock e Gnu, além de carne bovina, de avestruz, tubarão e frango.
A iguaria acaba sendo um pouco cara, porque requer carnes de boa qualidade para sua produção, sendo que, depois de todo o processo, 1Kg de carne acaba se reduzindo a menos de 500 gramas de Biltong, pois a carne seca perde a umidade que lhe dá peso.
O Biltong é feito em 3 fases:
- CURADO à base de sal e vinagre (a carne fica mergulhada nesta solução durante várias horas), para eliminar bactérias e preparar a carne para receber os temperos;
- TEMPERADO: depois de curada, a carne é esfregada (para temperar) em uma mistura de especiarias, principalmente sementes de coentro, sal e pimenta - o Biltong é rico em especiarias (não adocicadas), o que lhe dá muito sabor;
- SECADO: é o processo mais longo, fundamental para obter o tradicional Biltong - a carne é colocada pra secar num ambiente com umidade controlada por vários dias, ao ar natural (por ventilação) - não é defumada, como ocorre com outras carnes secas.
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Biltong de Kudu e de frutas à venda por quilo |
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Biltong de carne bovina que compramos na Boschendal Wine Estate |
Dica de vinho sul-africano
Dentre os vinhos que experimentamos na nossa recente viagem à África do Sul, tem um especificamente que não posso deixar de recomendar: The Chocolate Block.
Além de ser um vinho delicioso, é uma oportunidade única de tomar um vinho de excelente qualidade que, no Brasil, importado, custa uma pequena fortuna (R$ 552,00 a garrafa), enquanto que, na África do Sul, onde é um vinho 'nacional', você compra facilmente em qualquer 'liquor store' por apenas U$ 14,89 = ZAR 275.
Para visitar a vinícola Boekenhoutskloof Winery, onde esse vinho é produzido em Franschhoek, e fazer uma degustação lá, faça reservas antecipadas aqui!
Contei muito mais sobre as vinícolas do Cabo aqui: Stellenbosch, Franschhoek e Paarl: passeio bate-e-volta à região vinícola perto de Cape Town
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no Brasil, importado, o vinho The Chocolate Block custa uma pequena fortuna (R$ 552,00 a garrafa) |
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na África do Sul, onde The Chocolate Block é um vinho 'nacional', você encontra facilmente em qualquer 'liquor store' por apenas U$ 14,89 = ZAR 275 |
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uma oportunidade de tomar um vinho de excelente qualidade por um preço maravilhoso |
O que comprar na África do Sul
Além dos vinhos do Cabo, sobre os quais já falei, que são uma compra praticamente obrigatória na África do Sul, tem também o Amarula Cream, que lá eles têm em inúmeras variações de sabores, de café a pimenta!
Você sabia que o licor Amarula é originário da África do Sul? Ele foi engarrafado pela 1ª vez em 1983. É feito com creme de leite e com o sumo do fruto da árvore maruleira (Sclerocarya birrea), também conhecida como "árvore do elefante".
A maruleira cresce nas planícies subequatoriais da África e só 1x por ano a espécie fêmea produz a fruta exótica, que é suculenta, cítrica, cremosa, com gostinho de nozes e chocolate, e tem 4x mais vitamina C do que uma laranja.
Em 1989, eles adicionaram creme de leite à fórmula do licor, dando origem ao Amarula Cream, que deu tão certo e acabou ficando tão popular que o produto original (o licor) deixou de ser produzido.
Hoje em dia, o Amarula Cream é a 2ª marca mais vendida de licores cremosos no mundo, com um teor alcoólico de 17% a 20% e uma cor cremosa e dourada.
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além dos vinhos, que são uma compra praticamente obrigatória na África do Sul, tem também a Amarula, que lá eles têm em inúmeras variações de sabores
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Mas o que eu realmente amoooo na África do Sul, além das bebidas alcoólicas, é o artesanato e os souvenirs!
Há tempos eu já não faço mais compras em viagens - comprei tanto nos primeiros 15 anos viajando que, nos últimos 10 anos, tenho evitado compras totalmente, até porque já não tem mais onde colocar nada aqui em casa! Tiro milhares de fotos das coisas que eu gostaria de ter e, depois de fotografadas, é como se elas se tornassem minhas, e de graça! 😂
Parece estratégia de doido, mas pra mim funciona!
Só que...já vou avisando: na África do Sul, é beeeem difícil se controlar nas comprinhas, especialmente pra mim, que AMO o artesanato africano - ainda mais que o asiático!
E pior do que isso: além de eu ter um gosto especial pelo artesanato africano, a África do Sul, e especialmente Cape Town, tem muitas lojas de decoração, souvenirs e artesanato espetaculares!
É uma tentação infinita!
Vou colocar aqui abaixo algumas fotos de lojas e de coisas que eu adorei - mas saiba que tem realmente de tudo lá! Até loja exclusiva de chinelos Havaianas brasileiríssimos eu encontrei no shopping do Waterfront!
Aliás, é claro que o lugar mais "fácil" para fazer compras na África do Sul é o shopping Victoria Wharf no Waterfront de Cape Town, bem localizado, enorme e com muitas lojas lindas, mas recomendo muito que você explore também o centro da Cidade do Cabo - o chamado City Bowl - especialmente as lojinhas da Long Street, se quiser encontrar umas coisas mais diferentes e autênticas, como tecidos e roupas diferentonas com estampas africanas, por exemplo!
E claro, não deixe de parar para ver o artesanato vendido em banquinhas pelos locais, em mercados e até na beira das estradas - são meus favoritos, e ainda temos aqui em casa a girafinha esculpida em madeira, o elefantinho esculpido em pedra, a máscara africana...tudo comprado de artesãos locais em banquinhas de estrada na nossa 1ª viagem à África do Sul em 2004!
Algumas lojas altamente recomendadas:
- Out Of Africa (várias lojas espalhadas pelo país daquelas que dá vontade levar tudo)
- African Trading Port (uma das lojas mais incríveis do mundo, no Waterfront de Cape Town)
- Water Shed (mercado com mais de 150 bancas de artesãos locais no Waterfront de Cape Town)
- African Image (souvenirs, roupas com estampas africanas)
- Mercado de Greenmarket Square no CBD em Cape Town (artesanato, pinturas, bijouterias)
- Cape Union Mart no Waterfront (roupas esportivas e equipamentos de aventura)
- Made in SA (lojas de produtos sul-africanos que você encontra em aeroportos e shoppings)
- H&M no shopping Victoria Wharf no Waterfront de Cape Town (para comprar roupas da marca sueca)
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há mais de 20 anos, na nossa 1ª viagem à África do Sul, quando ainda fazíamos compras, escolhendo máscaras africanas artesanais numa banquinha de beira de estrada |
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Cape Union Mart no Waterfront, loja de roupas esportivas e equipamentos de aventura |
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shopping Victoria Wharf no Waterfront de Cape Town, bem localizado, enorme e com muitas lojas lindas |
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H&M no shopping Victoria Wharf no Waterfront de Cape Town |
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adoro essas bolsas estampadas com provérbios africanos |
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ímãs de geladeira da África do Sul e de Cape Town |
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a Out Of Africa tem uma rede de lojas espalhadas pelo país, daquelas que dá vontade de levar tudo |
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artesanato do Mali |
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as cestas e almofadas me dão vontade de encher a casa |
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quem quer um moletom de Cape Town? |
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o Water Shed é um mercado com mais de 150 bancas de artesãos locais no Waterfront de Cape Town |
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no Water Shed vocês vão encontrar artesanato bacana (e um pouco mais caro) |
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Water Shed na Cidade do Cabo |
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o edifício da loja African Trading Port é um clássico do Waterfront de Cape Town |
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cadernos forrados à mão de tecido |
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ímãs de geladeira que são máscaras africanas esculpidas em madeira |
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ímãs de geladeira |
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essa loja definitivamente se tornou uma das minhas favoritas no mundo |
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amei esses tecidos feitos artesanalmente, fiquei sonhando com um deles para colocar numa parede |
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não deixe de subir nos andares superiores da African Trading Port - a loja tem 3 pisos |
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a loja African Trading Port parece uma caverna de Ali Babá, cheia de tesouros |
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quase todos os pontos turísticos - de Robben Island aos museus, de Cape Point à colônia de pinguins - têm lojinhas de presentes e souvenirs |
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lojas no City Bowl, o centrinho de Cape Town |
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já pensou comprar uma roupa tipicamente africana? |
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alguns tecidos eu acho chamativos demais - e até cafonas - para usar no dia a dia, sendo uma pessoa branca, sem herança africana (ia me sentir ridícula), mas outros, como este da direita, eu acho lindos para uma ocasião especial |
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mercado de Greenmarket Square em Cape Town, ótimo lugar para comprar artesanato, pinturas, bijouterias... |
Povo Africâner
Viajando pela África do Sul, se você se interessar um pouco pela história e cultura locais, e visitar alguns museus, certamente vai ouvir falar muitas vezes em Africâners, The Great Trek e nas Guerras dos Bôeres.
Então, achei que valia a pena escrever um pouquinho aqui sobre esse grupo étnico e sua história, para que vocês tenham uma ideia do que se trata quando chegarem na África do Sul - até para não chegarem lá mais perdidos que cego em tiroteio!
Originalmente chamados de Bôeres, os Africâners são um grupo étnico da África do Sul, descendentes dos colonizadores calvinistas, vindos principalmente da Holanda, mas também da Alemanha e da França.
Durante o século 17, esses descendentes de holandeses, alemães e franceses chegaram à África com o ideal de construir um 'novo' país.
Eles chegaram ao extremo-sudoeste da África, o Cabo da Boa Esperança, a partir de 1652, a serviço da Dutch East India Company (Companhia Holandesa das Índias Orientais).
A maioria dos migrantes/colonos eram fazendeiros. Criavam gado e produziam alimentos frescos que abasteciam os navios da Companhia Holandesa das Índias Orientais que rumavam para a Ásia. O lugar era um refúgio para os marinheiros na longa viagem marítima entre a Europa e a Ásia.
Os Africâners se organizaram em comunidades patriarcais muito fechadas, formadas por famílias compostas por vários membros - dentro de cada propriedade, o fazendeiro Africâner tinha autonomia total, até mesmo para utilizar trabalho escravo.
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Village Museum em Stellenbosch |
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a colônia de Stellenbosch no Cabo foi fundada em 1679 e a arquitetura tipicamente holandesa é bem preservada ainda hoje |
O isolamento dessa gente acabou dando origem a um novo idioma, o Africâner.
Hoje, a língua Africâner é uma mistura de 70% de holandês com um pouco de francês, português, alemão e inglês.
Além de terem uma língua e cultura próprias, eles criaram também a sua própria Igreja Reformada Holandesa, derivada do Calvinismo.
Foi inclusive com base nessa religião que os colonizadores recém-chegados se justificavam para ocupar e expulsar os antigos habitantes da região, os negros africanos. Eles acreditavam que eram os 'eleitos de Deus', o que os legitimava.
Mas...com a chegada dos ingleses, em 1806, os Africâners deixaram de ser os colonizadores para se tornarem colonizados, perdendo poder e os privilégios dos quais até então desfrutavam.
Revoltados com as leis britânicas que lhes foram impostas, que davam direitos a negros e mestiços, eles se organizaram em caravanas e resolveram partir rumo ao norte da África do Sul, onde poderiam recriar a sua própria sociedade e continuar desfrutando do trabalho escravo dos negros, longe das leis e da administração Britânica.
Neste verdadeiro êxodo, que durou de 1836 a 1843, e ficou conhecido como The Great Trek - Die Groot Trek em Africâner, ou 'A Grande Jornada' - 12.000 fazendeiros saíram do território considerado colônia britânica, que era demarcado pelo Rio Orange, e rumaram para o norte.
Os líderes da Grande Jornada reclamavam que os Britânicos os estavam colocando no mesmo nível dos negros, mas muitos deles na verdade não eram movidos por um ideal, e estavam simplesmente em busca de pastagens melhores para o gado e de um lugar novo, onde poderiam viver livres da interferência do governo, da justiça britânica e do pagamento de impostos.
Eles se autodenominavam Voortrekkers, palavra que pode ser traduzida como 'peregrinos'.
Alguns destes imigrantes chegaram até onde atualmente é Angola. Outros fundaram 2 repúblicas independentes: a República do Transvaal e o Estado Livre de Orange.
A Constituição do Estado do Transvaal, de 1858, que previa a preservação das diferenças 'naturais' entre as raças, foi o que marcou o início da institucionalização da segregação racial - para muitos, foi ali que teve início o Apartheid.
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o Hector Pieterson Museum em Soweto é o lugar para entender a história da imposição da língua Afrikaans aos negros
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Voortrekker Monument em Pretória, construído em memória dos holandeses que morreram no Great Trek
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Apartheid
As Guerras dos Bôeres foram 2 confrontos armados que se seguiram, opondo os colonos de origem holandesa e francesa (Bôeres/Africâners) ao Exército Britânico, que pretendia se apoderar de minas de diamante e ouro recém descobertas - em resumo, se trataram de disputas entre o povo Boêr e os Britânicos pelo controle de partes do sul da África.
Mesmo tendo sido derrotados nas Guerras dos Bôeres, com a consequente anexação das novas repúblicas criadas novamente às terras das colônias britânicas na região, e com a criação de um novo país, a União da África do Sul, em 1910, os Africâners continuaram donos de grande parte das reservas minerais e das terras cultiváveis, mantendo grande influência política, tendo conseguido incluir na Constituição do novo país várias regras racistas, incluindo a segregação territorial de negros, mestiços e indianos, que eram então colocados em 'reservas', que totalizavam apenas 8% do território.
Já na década de 20, a política de opressão passou a proibir relações sexuais entre indivíduos de raças distintas. A partir daí, o que já era ruim ficou terrível.
Nos anos 30, muitos dos líderes Africâners estudavam na Alemanha, então governada por Adolf Hitler e seu Partido Nacional-Socialista. Foram eles que, em 1938, criaram o Partido Nacional Africânder, que tinha como missão 'proteger a integridade e a superioridade da raça e da cultura Africâner'.
Os nacionalistas chegaram ao poder em 1949 e criaram uma nova palavra para designar o sistema de separação das raças: Apartheid, que significa 'segregação' em Africâner.
O criador desse regime, Hendrik Verwoerd, teve a infeliz ideia de separar o uso de locais públicos, como cinemas, restaurantes, hotéis e ônibus, por pessoas de raças diferentes.
Os negros, mestiços e indianos eram obrigados a andar sempre com passes. Já os brancos tinham trânsito livre, educação e salários muito melhores que o resto da população.
Essas medidas cada vez mais duras de segregação racial só serviram para intensificar os protestos dos negros e mestiços e a consequente repressão pelo governo branco.
Em 1960, num dos momentos mais emblemáticos do regime de Apartheid, a polícia atirou em centenas de manifestantes negros em Sharpeville, matando 69 pessoas.
Em outra manifestação, em Soweto, foi morto um menino de 12 anos - ele e outros jovens pediam que o inglês, e não o Africâner - fosse a língua ensinada nas escolas.
O excesso de violência policial usada em manifestações pacíficas chamou a atenção da comunidade internacional e, em 1973, finalmente a Assembléia-Geral da ONU considerou o Apartheid um crime contra a humanidade.
Mas foi só em 1986, com a contínua resistência dos negros e um embargo econômico dos EUA, que as coisas começaram a mudar: a pressão da comunidade internacional fez com que o então Presidente Frederik de Klerk revogasse as leis de segregação racial no início dos anos 1990.
Aproximadamente 70% dos eleitores brancos votaram a favor da continuidade da nova política num plebiscito. Como falei lá no início desse texto, depois de décadas, ou melhor, de séculos de opressão, os negros e mestiços sul-africanos viam luz no fim do túnel.
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segregação racial no District Six Museum na Cidade do Cabo |
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entendendo a história do Apartheid em Cape Town no Nelson Mandela Gateway to Robben Island |
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história da luta contra o Apartheid |
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'nós não estávamos sozinhos na nossa luta; as pessoas decentes do mundo estavam do nosso lado' |
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placa explicando o Apartheid numa rua da Cidade do Cabo |
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famoso discurso de Nelson Mandela em 10 de maio de 1994, quando tomou posse como Presidente da África do Sul, em camiseta à venda na loja de Robben Island |
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segregação racial no café da manhã: na prisão de Robben Island, os "coloridos" (mestiços) e os asiáticos recebiam pão e geléia, os Bantus (negros africanos) não |
Para entender o Apartheid
Além do livro e dos filmes que já indiquei, que você deveria ler e assistir antes de viajar à África do Sul, para entender melhor o terrível regime de segregação racial chamado Apartheid, não deixe de visitar:
Em Johannesburgo:
- Hector Pieterson Museum em Soweto (estivemos lá em 2004 e foi uma aula!)
- Apartheid Museum
- Constitution Hill
- District Six Museum
- Robben Island
- Nelson Mandela Gateway to Robben Island
- Iziko Slave Lodge
Foi lá que eu aprendi a maior parte das coisas que contei pra vocês aqui!
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Hector Pieterson Museum em Soweto |
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pelos corredores do presídio em Robben Island |
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District Six Museum na Cidade do Cabo |
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'segure firmes os seus sonhos, porque se os sonhos morrem, a vida se torna um pássaro com asas quebradas, que não pode voar' |
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Nelson Mandela Gateway to Robben Island |
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Iziko Slave Lodge na Cidade do Cabo, edifício de 1660 que era o abrigo de 1000 escravos que vivam amontoados e sem higiene, em condições terríveis |
Nelson Mandela, uma lenda
Como recebedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, Presidente do Congresso Nacional Africano, e maior líder do movimento anti-Apartheid, Nelson Mandela é um dos mais conhecidos líderes políticos do mundo.
Nas suas famosas memórias, a autobiografia chamada Nelson Mandela: Longa Caminhada Até a Liberdade, que se transformou num best-seller internacional, ele conta a história extraordinária da sua vida - um épico de lutas, revezes, esperança renovada e finalmente de triunfo.
No livro "Long Walk to Freedom", que ele escreveu secretamente na prisão de Robben Island, escondendo as páginas escritas atrás de uma parede no pátio de exercícios, Mandela descreve em detalhes a sua jornada, desde o desenvolvimento de sua consciência política, seu papel essencial na formação da Liga da Juventude do CNA (partido político chamado Congresso Nacional Africano), seus anos dramáticos na clandestinidade - que o levaram a uma condenação à prisão perpétua em 1964, e o seu agitado quarto de século na cadeia.
Na autobiografia, que eu recomendo muito que você leia antes de viajar, Mandela também relembra os eventos importantes que antecederam a sua vitória na 1ª eleição multirracial realizada na África do Sul, em abril de 1994, depois do fim do Apartheid.
Ele foi o 1º presidente negro da África do Sul, 4 anos após a sua libertação da prisão. O líder negro anti-Apartheid ficou preso por 27 anos, a maior parte do tempo em Robben Island, uma ilha-prisão situada em frente à Cidade do Cabo, que visitamos em junho passado.
Por outro lado, é importante lembrar que Mandela nunca foi uma unanimidade.
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz foi de fato um grande defensor dos direitos humanos e, indiscutivelmente, um dos maiores nomes da luta do movimento negro. Mas, como todas as pessoas, ele tinha lá suas mazelas, e nunca esteve imune a críticas, sendo considerado por muitos como um terrorista, pois criou e liderou o braço armado do CNA - Umkhonto we Sizwe, ou Lança da Nação, que realizava atentados a bomba em marcos do Apartheid, como escritórios para a concessão de passes.
Sim, ele praticou atos terroristas. Sim, ele era comunista. E eu definitivamente não tenho procuração de Mandela para defendê-lo 😂 - mas o que as pessoas precisam entender é que 1960 na África do Sul era um mundo completamente diferente do mundo de hoje. As coisas que ele fez podem - ou não - ser justificadas dentro do contexto da época. Se você fosse um negro vivendo no District Six de Cape Town na década de 60, certamente estaria com Mandela.
É tudo uma questão de contexto. É fácil julgar sendo branco no século 21.
A partir de 1960, depois do massacre de Sharpeville, na província de Transvaal, sobre o qual comentei acima, quando a polícia abriu fogo contra manifestantes negros durante um protesto, deixando 69 mortos, incluindo crianças - um acontecimento terrível na história sul-africana - ficou claro para Mandela que não havia mais espaço para formas não violentas de luta.
O pacifismo de Gandhi não os estava levando a lugar nenhum, as coisas só pioravam para a população negra.
Foi aí que Mandela tomou a iniciativa de criar um grupo armado. O objetivo não era matar civis inocentes. As bombas eram colocadas à noite, em locais estratégicos, como cabines telefônicas e entradas de prédios públicos, quando estavam vazios.
O objetivo era abalar o moral do regime - mas, mesmo assim, essas ações deixaram 14 mortos e 86 feridos.
Considerado por muitos um guerrilheiro, Mandela era fã de Che Guevara, fez treinamento militar na Argélia, era um admirador confesso da Revolução Cubana e se identificava com Fidel Castro.
Na África, hoje em dia ele é considerado uma lenda, e perdi as contas de quantas estátuas e homenagens a ele encontramos espalhadas pelo país!
O ex-Presidente e ativista sul-africano continua a ser visto como um dos líderes mais carismáticos e inspiradores não só da África, mas do mundo.
Apesar de ter passado 27 anos na prisão, Mandela nunca cedeu à opressão do Apartheid, recusando ofertas de libertação antecipada enquanto não houvesse a promessa de eleições livres.
E o mais importante: como vocês vão perceber assistindo o filme Invictus, ele foi, quase que sozinho e muitas vezes contra os próprios negros, sendo alvo de muitas críticas por isso, o responsável pela política de paz e reconciliação que tornou a transição do regime de Apartheid para a democracia um processo de construção nacional, ao invés de uma busca por vingança.
Recentemente, a UNESCO acrescentou em sua lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade o local onde ocorreu o massacre de Sharpeville, além de outros lugares sul-africanos famosos pela luta que pôs fim ao domínio da minoria branca na África do Sul.
A aldeia de Mqhekezweni, onde Mandela passou grande parte de sua infância e juventude, na província do Cabo Oriental, também entrou na lista da UNESCO. Na sua autobiografia, Mandela explica que foi ali que nasceu o seu ativismo político.
Os 14 lugares recentemente acrescentados na lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO foram agrupados sob o título “Direitos Humanos, Libertação e Reconciliação: locais de memória de Nelson Mandela”.
Na mesma lista também está incluída a Universidade de Fort Hare (no Cabo Oriental), onde Mandela estudou, e os Edifícios da União, em Pretória, capital sul-africana que conhecemos na nossa 1ª viagem à África do Sul, como já comentei, onde Mandela tomou posse como 1º presidente eleito pelo voto universal, em 1994.
São locais de memória importantes, que testemunharam não só a luta contra o regime do Apartheid, mas também a contribuição de Nelson Mandela para a liberdade da população negra e os direitos civis.
25 anos depois da inscrição de Robben Island na lista como Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO, esta nova inclusão garante que a herança da libertação da África do Sul da opressão do Apartheid e os valores que ela representa serão preservados e transmitidos às gerações futuras.
Nelson Mandela morreu em 2013, com 95 anos.
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estátua artesanal de Mandela em aeroporto da África do Sul |
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Prefeitura de Cape Town |
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cela de Mandela em Robben Island |
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estátua de Mandela na Nobel Square em Cape Town |
Vale a pena levar drone para a África do Sul?
Não levamos o nosso drone nesta viagem para a África porque já sabíamos que não teria utilidade alguma.
Não é permitido usar drone em nenhum parque nacional na África e em nenhuma reserva que tenha animais selvagens (tanto para não incomodar os Big 5, quanto para evitar problemas com pássaros).
No Kruger Park, por exemplo, que é um parque nacional, você não vai poder voar o seu drone.
Em Cape Town, por exemplo, não apenas a cidade em si, mas também quase toda a Península do Cabo fica situada dentro de um parque nacional, o Table Mountain National Park, e não pode voar drone em nenhuma parte do parque nacional, nem em Robben Island, nem em Lion’s Head, nem em Signal Hill...então, pra quê levar drone?!?
Enfim, não leve o seu drone para a África, não é o lugar adequado para voar.
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placa de proibição de drones em Signal Hill, Cape Town |
Bandeira da África do Sul
A bandeira nacional da África do Sul foi adotada somente em 1994, em substituição à antiga 'Oranje, Blanje, Blou'.
Apesar de sua pouca idade, essa bandeira se revelou um excelente símbolo nacional, mesmo entre os sul-africanos brancos (que queriam manter a bandeira anterior), e hoje ela é vista por todos os cantos do país.
O vermelho significa o sangue do povo, o azul representa o céu, as cores preto e branco significam as raças negra e branca, o verde representa as florestas e o amarelo é ouro - a África do Sul é um dos maiores produtores do metal precioso no mundo.
A forma de Y da bandeira expressa um importante significado simbólico: traços opostos que seguem o mesmo caminho.
Dentro do contexto de derrubada do Apartheid, o símbolo traz a ideia de que brancos e negros, antes separados e diferentes, se unem para caminhar juntos.
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hoje em dia a bandeira sul-africana é exibida orgulhosamente até nas fachadas dos prédios |
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bandeira da África do Sul |
Tomadas na África do Sul
As tomadas na África variam bastante. Leve um adaptador universal para não passar perrengue numa viagem pelo continente.
Eu sempre levo um T: se o quarto do hotel tem apenas uma tomada, a gente conecta o T no adaptador e podemos usar as 3 entradas dele para carregar os nossos equipamentos. Desse jeito, preciso ter e carregar apenas um adaptador.
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tomadas na África do Sul |
Guias de viagem para a África do Sul
Para pesquisar mais sobre os destinos que íamos visitar nesta viagem, inclusive sobre a África do Sul, usei os livros e guias que aparecem na foto abaixo - eu já tinha todos eles em casa, de viagens anteriores:
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guias de viagem para a África do Sul |
E, quando chegou a hora de dar adeus ao meu continente favorito, não consegui vir embora sem grandes planos para uma próxima aventura!
Zâmbia, Zimbabwe, Moçambique, Malaui, Botswana, Madagascar...ainda tenho muita África para explorar!!
Então não é um adeus, tá mais para um "até breve"...
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ainda tenho muita África para explorar
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Está planejando uma viagem para a
África? Conta aí se este post ajudou a tirar as tuas dúvidas!
Já esteve na África? Deixe as suas dicas nos comentários abaixo aqui no blog!
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Nesta viagem pela Etiópia, Uganda, Ruanda e África do Sul, usei nas redes sociais a #PVEtiopiaUgandaRuandaAfricadoSul.
Também fiz várias pastas de destaques desta viagem lá nos stories do
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Leia mais sobre a África aqui no blog:
Para ler nossos posts específicos sobre a África do Sul:
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