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Etiópia: tudo o que você precisa saber sobre a capital Adis Abeba e muito mais

Etiópia: tudo o que você precisa saber sobre a capital Adis Abeba e muito mais
Etiopia Adis Abeba

Etiópia: tudo o que você precisa saber sobre a capital Adis Abeba e muito mais

Como eu queria poder visitar as aldeias dos povos nativos etíopes! Mas a região norte da Etiópia é constantemente palco de conflitos étnicos e, de acordo com relatos que li antes de viajar, a região ao sul do país também não estava muito segura para viajantes ultimamente - isso sem falar que a estrada para o Djibouti está praticamente intransitável no momento.

Sendo assim, não tínhamos muitas expectativas: o melhor era mesmo aproveitar a oportunidade para conhecer a capital do país, Addis Ababa ou, em português, Adis Abeba.

E, para começar, preciso dizer que, embora muitos digam que a capital etíope é somente o ponto de chegada e de partida da Etiópia, já que muitos voos fazem conexão lá, inclusive voos diretos de São Paulo, eu acredito que uma visita a Adis Abeba vale muito a pena sim!!

Assim como Nairobi no Quênia, Dar es Salam na Tanzânia, Windhoek na Namíbia ou Johannesburgo na África do Sul, por exemplo, a capital etíope tem muito a oferecer para que você possa entender um pouco mais da cultura desse país tão mal compreendido.

Neste post eu te explico tudo o que você precisa saber sobre a capital da Etiópia, Adis Abeba, e muito mais.

Comece por aqui: 

Leia mais sobre as nossas aventuras na África aqui:

Outros links úteis:


Etiopia Adis Abeba
em Adis Abeba, a exótica 'faranj' com quem as mulheres locais queriam tirar fotos na rua era eu

Etiopia Adis Abeba
reunião de etíopes muçulmanos em Adis Abeba

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Shola Market, meu mercado favorito para visitar na capital etíope

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a sorte de sermos convidados a participar de um típico casamento ortodoxo etíope

Porque viajar à Etiópia

A Etiópia mistura e confunde, com orgulho, as linhas entre presente e passado. 

É o estado soberano mais antigo da África, e derrotou com sucesso os exércitos italianos que tentavam a sua colonização - sendo assim, é compreensível que os etíopes ainda respeitem os seus antigos rituais e todas as relíquias associadas a uma civilização que conta mais de 2 mil anos de idade. 

As famosas igrejas ornamentadas e escavadas nas rochas, que datam do 1° milênio d.C., não são simplesmente amostras da grandeza do passado para os turistas - elas são locais ativos de culto diário, que acolhem cerimônias tradicionais para os habitantes locais. 

Os tesouros históricos enfeitam uma paisagem montanhosa dramática, onde é possível ver espécies de animais não encontradas em nenhum outro lugar do planeta. 
O turista de Instagram só vê o caos, a miséria e a sujeira. Mas, para o viajante de coração, entrar neste mundo único, que tem uma identidade cultural, língua, escrita, calendário, horário e vida selvagem próprios, é emocionante.
Sim, a pobreza é generalizada na Etiópia, mas a tristeza e a carência não.

As terríveis realidades da fome e das guerras ainda assolam partes da África, mas são tudo menos lugar-comum. Entretanto, a fome na África ao longo dos anos alcançou tamanha notoriedade, que o continente ficou totalmente estereotipado e muitos países permanecem marcados pelas imagens de crianças desnutridas, fome e seca ainda hoje em dia - muito tempo depois de a fome ter acabado. 

A maior vítima desse fenômeno é justamente a Etiópia.

Apesar de ser uma das nações africanas mais tradicionalmente férteis e bem irrigadas, um país muito verde e montanhoso - que fornece mais de 80% da água do Rio Nilo - os viajantes, certamente com as imagens do famoso concerto Live Aid ainda em mente, continuam telefonando para a companhia aérea Ethiopian Airlines para perguntar se haverá comida disponível durante o voo - sendo que nunca vi tanta comida num avião como vi nos voos da Ethiopian Airlines! 
Parece até que eles estão fazendo um esforço proposital para se descolar da imagem de país de famintos enchendo a barriga dos passageiros nos seus voos! 

Infelizmente, o país ficou mundialmente conhecido e associado à fome e à miséria nas décadas de 80 e 90 por causa de uma seca arrasadora que ocorreu nessa época, comprometendo completamente as plantações de teff, um cereal bem comum na Etiópia e na Eritréia, mas pouco conhecido em outras partes do mundo, que é a base da injera, o prato nacional etíope - uma espécie de pão, que faz parte de todas as refeições do povo etíope.

Hoje em dia, contudo, a economia da Etiópia é uma das que mais crescem no continente africano, embora mais de 30% da população do país ainda viva numa enorme pobreza, perceptível a olho nu quando você anda, como eu andei, pelas ruas de Adis Abeba.

Uma coisa é certa: se os tesouros históricos e naturais da Etiópia recebessem tanta atenção da mídia quanto as imagens do passado de guerra e fome, o país teria a mesma importância turística que têm o Egito, o Marrocos, a Tanzânia ou quaisquer das nações mais cativantes da África.

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os etíopes respeitam antigos rituais religiosos e relíquias associadas a uma civilização com mais de 2000 anos

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as pessoas nem imaginam que a Etiópia seja uma das nações africanas mais tradicionalmente férteis e bem irrigadas, um país muito verde e montanhoso

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mais de 30% da população etíope ainda vive na pobreza

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a pobreza é perceptível a olho nu quando você anda pelas ruas de Adis Abeba

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o importante significado simbólico de fontes e chafarizes num país marcado pelas secas

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a Etiópia carrega o estereótipo da fome ainda hoje em dia, muito tempo depois de a fome ter acabado

Melhor época para visitar a Etiópia

A melhor época para viajar à Etiópia é de outubro a janeiro, quando as terras altas florescem.

Fomos em junho porque o maior foco da nossa viagem era ver os gorilas em Uganda, cujo melhor mês para visitar é junho, mas, se o foco da nossa aventura fosse viajar pelo interior da Etiópia, teríamos certamente ido entre outubro e janeiro.

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pegamos dias de calor e chuvas rápidas em Adis Abeba em junho

Vistos para Etiópia, Uganda e Ruanda

Já contei neste post tudo o que vocês precisam saber para providenciar vistos para viajar para a África Oriental (Uganda e Ruanda) e a Etiópia: Vistos Etiópia, Uganda, Ruanda e África do Sul


Etiopia Adis Abeba
carimbo de entrada na Etiópia

Como chegar à Etiópia

Como chegar na Etiópia: Como é voar Ethiopian Airlines para Addis Ababa

Veja aqui como planejar a sua viagem de safari para a África: Uganda, Ruanda, Etiópia e África do Sul: planejando uma aventura na África

Etiopia Adis Abeba
 voamos Ethiopian Airlines para Addis Ababa

Qual dinheiro levar numa viagem à Etiópia

Numa viagem à Etiópia, as melhores moedas que você pode levar são U$ dólares e € euros, que você vai poder trocar pela moeda local e até usar para fazer alguns pagamentos, inclusive para gorjetas

Já no que toca a cartões de crédito e de débito, aí depende de para onde você vai viajar, capital ou interior - alguns lugares simplesmente não aceitam cartões de crédito ou de débito, ou cobram taxas de 5 a 10% a mais para pagamentos com cartões. 

De modo geral, cartões de crédito e de débito, como Nomad e Wise, são aceitos na capital Adis Abeba e também em outras cidades um pouco mais turísticas, mas, como expliquei acima, é fundamental carregar também dinheiro vivo na moeda local, de preferência em notas pequenas, para emergências com cartões ou para usar em quaisquer situações onde cartões não sejam aceitos, como em mercadinhos ou pequenos comércios, por exemplo, ou onde eles cobram taxas extras para pagamentos com cartões. 

Numa cidade como Adis Abeba, por exemplo, você consegue usar cartões de débito facilmente.  

Já no interior do país, quase tudo o que você pagará será em dinheiro vivo, já que muitos locais - mesmo hotéis ou restaurantes - não aceitam cartões.
Sabendo disso, o melhor é levar o dinheiro que você acha que vai precisar para a viagem em dólares ou euros e em notas de 100 que sejam de boa qualidade e novas, emitidas depois de 2009 (pois, se forem velhas ou em mau estado de conservação, eles não aceitarão), e então trocar os seus U$ dólares e € euros pelas moedas locais e carregar a moeda local em notas pequenas.
A dica de levar notas de U$ 100 é porque eles pagam menos na cotação por notas menores. 

E não deixe de levar o seu cartão de débito internacional, caso um dia precise sacar dinheiro em caixas eletrônicos, e o seu cartão de crédito internacional, para uma emergência ou despesa inesperada, e especialmente porque é fundamental em aluguéis de carros.

Etiopia Adis Abeba
no aeroporto de Adis Abeba você já vai encontrar ATMs para sacar dinheiro local com seu cartão de débito, se quiser, mas os limites diários para saques são pequenos - menos de U$ 100

Adis Abeba
a moeda da Etiópia é o Birr

Moeda da Etiópia e o câmbio paralelo do dólar

As cotações da moeda etíope informadas abaixo são de junho de 2024, época da nossa viagem, OFICIAIS:
U$ 1 = BIR 57
R$ 1 = BIR 11
  • Moeda da Etiópia: Birr etíope. 
  • O código da moeda é ETB e é uma das moedas mais fortes da África. 
  • O símbolo para o Birr é Br.
Antes de viajar à Etiópia, li sobre o mercado paralelo do dólar no país, mas, estando lá, não vi, nem me ofereceram, nenhum lugar onde pudesse trocar os meus dólares no tal 'black market'. 
Para trocar seus dólares no mercado paralelo, você vai ter que perguntar pros locais (taxistas, recepcionistas) onde fazer isso - como nós ficaríamos pouco tempo no país e gastaríamos pouco $$, não achei que valia a pena perder tempo indo atrás disso, mas, se você for ficar mais tempo, vale a pena sim, pois a diferença do câmbio paralelo pro oficial pode chegar a 50%! 
Dizem que U$ 1 chega a valer 110 ou 115 Birr no mercado paralelo e que o governo está adotando medidas extremas para acabar com esse câmbio não-oficial, inclusive exigindo que os hotéis só aceitem pagamentos de diárias em cartões (e não em cash). 

Dizem até que, para que você possa destrocar seus Birr restantes no final da viagem para U$, você precisa apresentar uma nota que comprove que fez o câmbio de moeda oficialmente

Se isso é verdade, eu não sei, mas, nas ocasiões em que fizemos câmbio de U$ para Birr no nosso Hayes Hotel Addis Ababa, eles de fato nos entregaram um comprovante do câmbio feito. Como não nos sobraram Birr para serem destrocados no final da viagem, não posso dizer se eles realmente exigem ver o comprovante/recibo para destrocar.

Disso tudo, ficam 2 dicas:
  1. Se você vai viajar por mais tempo pela Etiópia, dê uma boa pesquisada para saber onde trocar seus dólares no câmbio paralelo - pode render uma boa economia, de 50%, na sua viagem!
  2. Sempre é bom fazer pelo menos um câmbio de, por exemplo, U$ 100, no câmbio oficial, para ter um comprovante em mãos, caso precise, até para comprovar que você fez câmbio legal!
Adis Abeba
trocamos U$ pela moeda etíope na recepção do hotel em Adis Abeba pela cotação oficial de U$ 1 = BIR 57

Adis Abeba
é bom fazer pelo menos um câmbio oficial para ter um comprovante em mãos, caso precise

Quanto custa viajar para a Etiópia

Acima eu já expliquei sobre a moeda usada na Etiópia, o Birr, e as cotações OFICIAIS desta moeda na época da nossa viagem, em junho de 2024:
  • U$ 1 = BIR 57
  • R$ 1 = BIR 11
Nós trocamos U$ 100 por 5700 BIR no Hayes Hotel Addis Ababa. Depois trocamos mais U$ 30 por 1700 BIR.
Não esqueça de guardar o recibo da sua operação de câmbio, como expliquei acima, caso depois você precise destrocar os seus Birr restantes para U$ de novo.
Abaixo, fiz uma listinha de alguns custos que tivemos durante a nossa estadia na Etiópia, para que vocês possam ter uma ideia de quanto custa viajar para a Etiópia:
  • 3 noites de hotel em Adis Abeba: R$ 814 = U$ 158 = BIR 9022
  • 2 vistos da Etiópia (meu e do Peg): U$ 164 (Tourist Visa Single Entry 30 Days)
  • Jantar no hotel em Adis Abeba: U$ 16
  • Cerveja long neck no hotel: BIR 90
  • Ingressos no Museu Nacional: BIR 50 por pessoa
  • Ingressos na St George's Cathedral: BIR 200 por pessoa
  • Táxis do hotel ao centro e vice-versa: BIR 400, 300 e 250
  • Café na cafeteria Tomoca: BIR 70
  • Táxi do hotel ao Yod Abyssinia Traditional Restaurant e volta: BIR 200 e 300 
  • Jantar no Yod Abyssinia Traditional Restaurant: BIR 2000 = U$ 35
  • Garrafa de água mineral com gás no hotel: BIR 60
  • Almoço no hotel: BIR 1170 = U$ 21
  • Táxi do hotel ao Museu Etnológico: BIR 250
  • Ingresso no Museu Etnológico: BIR 250 por pessoa
  • Táxi do Museu Etnológico ao Merkato: BIR 150
  • Táxi do Merkato ao hotel: BIR 300
  • Almoço no hotel: BIR 1220
  • Táxi de/para hotel/Fendika Cultural Center: BIR 160 + 250
  • Jantar com bebidas no Fendika Cultural Center: BIR 1120 (U$ 20)
  • Ingressos no Fendika Cultural Center: BIR 100 por pessoa
Com certeza devo ter esquecido de incluir alguns gastos nesta lista acima, mas já dá para ter uma boa idéia de quanto custa viajar pela Etiópia, né?!

Para mais informações sobre os preços dos vistos e das passagens aéreas desta viagem, veja estes posts abaixo, onde expliquei tudo:
Adis Abeba
menu de restaurante etíope - note que, em todos os cardápios etíopes, existem opções de pratos "fasting", o que significa que são pratos de jejum, para servir pessoas que estão fazendo jejum de produtos de origem animal (esse é o jejum realizado pelos ortodoxos etíopes), e por isso a Etiópia é um excelente país para vegetarianos/veganos viajarem, pois sempre existem pratos sem nenhum produto de origem animal nos cardápios de restaurantes na Etiópia

Adis Abeba
conta de jantar em Adis Abeba

Adis Abeba
cerveja long neck no hotel: BIR 90

Adis Abeba
ingressos no Museu Nacional

Adis Abeba
cardápio de restaurante em Adis Abeba

Adis Abeba
conta do jantar no Yod Abyssinia Traditional Restaurant

Adis Abeba
garrafa de água mineral com gás no hotel: BIR 60

Adis Abeba
cardápio de restaurante na capital Adis Abeba

Adis Abeba
pagamento do jantar com bebidas no Fendika Cultural Center, com cartão de débito: BIR 1120 (U$ 20)

Onde ficar em Adis Abeba na Etiópia

Não foi difícil escolher um hotel com bom custo-benefício na capital etíope, porque a oferta de hospedagem de Adis Abeba é enorme. 

Eu tinha lido que o ideal seria ficar hospedado perto de Bole, bairro onde fica o aeroporto, no caminho entre o aeroporto e o centro da cidade, onde ficam situados os pontos turísticos de Adis Abeba. 

A distância entre o Bole Addis Ababa International Airport e o Museu Nacional da Etiópia, por exemplo, é de 10Km, ou seja, o aeroporto não fica situado tão distante do centro da capital. 

Todos os preços pesquisados abaixo são para 3 diárias em junho de 2024, época da nossa viagem, em quartos duplos:
  • Hayes Hotel Addis Ababa, transfer aeroporto, Yeka, R$ 814, café da manhã, nota 87 nas avaliações dos hóspedes no Booking, recepção 24hs
  • Check Inn Hotel, transfer aeroporto, Bole, R$ 864, café da manhã, nota 86, recepção 24hs
  • AYA Addis Hotel, transfer aeroporto, Bole, R$ 881, café da manhã, nota 85, recepção 24hs
  • Goha Addis Hotel, transfer aeroporto, Bole, R$ 927, café da manhã, nota 88
  • Kefetew Guest House, transfer aeroporto, Bole, R$ 978, nota 95
  • Stay Easy Plus Hotel, transfer aeroporto, Gulele, R$ 801, café da manhã, nota 87
  • Elmos Hotel, transfer aeroporto, Kirkos, R$ 927, café da manhã, nota 87
  • Sabon Hotel, Bole, R$ 910, café da manhã, nota 87
  • C Fun Addis Hotel, Bole, R$ 795, café da manhã, nota 86
Hayes Hotel Addis Ababa
em Adis Abeba escolhemos o Hayes Hotel Addis Ababa, localizado no coração maior do mapa

Hayes Hotel Addis Ababa

Depois de muito comparar, acabamos escolhendo o Hayes Hotel Addis Ababa.

Eles ofereciam transfer grátis de/para o aeroporto. 

Me disseram que o motorista do hotel estaria nos esperando no estacionamento de carros de hotéis do aeroporto ('airport hotel cars parking lot'), saindo do prédio do terminal à minha direita, com uma placa com o meu nome e, de fato, lá estava ele quando chegamos! 

Endereço do hotel: Mickey Leland Street 22, 400m de Lex Plaza, Yeka.

Note que esse hotel não fica em Bole, mas sim em Yeka, o bairro vizinho, um pouco mais próximo do centro. Gostei muito dessa localização porque pude ir caminhando de lá até o Shola Market, mas a região de Bole é realmente um pouco mais desenvolvida, com alguns restaurantes de fast food conhecidos e até uma loja de maquiagem da M·A·C, embora eu queira acreditar que quem vai à Etiópia não está exatamente interessado em ver maquiagem e fast food americana, né!?

A localização do hotel é meio 'estranha', porque ele fica a uns 50m da avenida principal que passa por ali, mas o acesso é pela rua de trás, uma estrada de chão toda esburacada kkkkk...mas isso é só porque a fachada do hotel fica virada para a rua de trás, não precisa se assustar 😜

Pagamos R$ 814 = U$ 158 = BIR 9022 por 3 diárias em quarto duplo com café da manhã incluído. 

Não, eu não acho que seja necessário ficar 3 dias inteiros em Adis Abeba - na verdade, nós chegamos à noite, e ficamos 2 dias inteiros na cidade, por isso tivemos que reservar o hotel por 3 noites, entendeu?

Tem café da manhã incluído no hotel (aproveite para experimentar a injera e outras comidas típicas etíopes!), nota 87 nas avaliações dos hóspedes no Booking, restaurante e recepção 24hs bem simpática - fizeram reservas em restaurantes para nós, ligaram para o museu para saber o horário de funcionamento, etc.

E uma outra coisa que também achei bem boa neste hotel: eles fazem câmbio de moeda na recepção, e a cotação que estavam usando para o dólar e para o euro era a mesma de outros locais, então é uma facilidade poder trocar os seus dólares já na recepção do hotel!

Nosso quarto tinha banheiro privativo, produtos de higiene pessoal, roupão e chinelos, cofre, mesa de trabalho, cadeiras, televisão com canais a cabo, frigobar, telefone, comodidades para passar roupa e ferro de passar, chaleira elétrica, secador de cabelos, serviço de despertar, guarda-roupas, era acessível para cadeira de rodas, tinha ar-condicionado e cama grande e confortável. 

Super aprovado!

Hayes Hotel Addis Ababa
o hotel oferecia transfer grátis de/para o aeroporto

Hayes Hotel Addis Ababa
nosso quarto no Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa
banheiro no Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa
pagamos R$ 814 = U$ 158 = BIR 9022 por 3 diárias em quarto duplo com café da manhã incluído

Hayes Hotel Addis Ababa
Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa
café da manhã no Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa
recepção do Hayes Hotel Addis Ababa

Hayes Hotel Addis Ababa
a localização do hotel é bem boa, embora a 'vista' do nosso quarto fosse meio 'estranha' 

Hayes Hotel Addis Ababa
o hotel fica a uns 50m da avenida principal que passa por ali, mas o acesso é pela rua de trás, uma estrada de chão toda esburacada kkkkk...

Chip de celular para usar na Etiópia

Uma das dúvidas mais frequentes que sempre chegam por aqui quando viajamos é sobre qual chip de celular nós usamos na viagem.

Para esta viagem pela África, encomendamos online com antecedência (quando ainda estávamos em casa no Brasil) 2 chips de celular da OMeuChip para termos internet de dados móveis nos nossos telefones celulares assim que desembarcássemos no 1º destino da nossa viagem.

Ocorre que, embora esse simcard tivesse cobertura em 165 países mundo afora, incluindo a África do Sul, Ruanda e Uganda, países que íamos visitar nesta viagem pela África, ele incrivelmente não tinha cobertura na Etiópia, e já sabíamos disso, pois o país não estava na lista dos 165 países com cobertura!
Depois, durante a viagem, ficamos sabendo que a Etiópia tem um problema sério e crônico de conexão à internet, em função de desmandos do governo, e praticamente não existe simcard internacional que funcione lá, dentre todos os que pesquisei!
Detalhe: o fornecimento de energia elétrica no país também é problemático (a luz cai com frequência).

Então, se você faz questão de ter uma internet que funcione no seu celular o dia todo, o jeito é chegar lá e adquirir um chip local - recomendo que você já procure ao desembarcar no aeroporto, pois vi uma loja no saguão de desembarques!

A rede que vi que tinha a melhor cobertura na Etiópia era a operadora local Ethio Telecom - acredito que é a única, inclusive!

Nós ficamos sem internet no celular nos dias em que estávamos em Adis Abeba, e não morremos! Usávamos o wifi do hotel e, para andar na rua, baixei o mapa offline da capital Adis no meu celular. 

Claro que, como eu uso bastante a internet, inclusive para postar stories, e tenho um filho adolescente em casa, eu não viajaria por muito tempo sem ter um simcard no meu celular, mas, sendo por apenas 2 ou 3 dias, garanto que dá para sobreviver bem passando umas horinhas offline!

Só não vá contando em encontrar wifi na rua! Mesmo em Adis Abeba, capital do país, não se encontrava wifi na rua em lugar nenhum, nem para chamar um carro de aplicativo! Aí o jeito é usar táxi mesmo!

ethio telecom
a rede que vi que tinha a melhor cobertura na Etiópia era a operadora local ethio telecom

Como se deslocar em Adis Abeba

A melhor forma de se deslocar em Adis Abeba é usando o aplicativo Ride. É a mesma lógica do Uber e é mais barato do que os taxis convencionais.
O Ride é o equivalente ao Uber local, mas você tem que baixar o app no seu celular ainda no Brasil, porque é um daqueles apps que te mandam um SMS pro celular com código pra confirmar a instalação, então, se você está viajando, não vai ter como receber o SMS no seu telefone! Daí o jeito vai ser usar táxi mesmo!🚕
Várias vezes já me aconteceu isso, de não conseguir usar determinados aplicativos em viagens porque precisaria receber um SMS no telefone para confirmar a instalação do app! 

Às vezes até algumas compras feitas com cartão de crédito online exigem confirmação por meio de SMS, e daí é sempre esse mesmo perrengue! 

Já me disseram que existe uma forma de resolver isso, mas, viajando com os simcards da OMeuChip, como nós viajamos, eu não sei como faz para receber SMS durante a viagem no celular - se alguém souber e puder nos explicar nos comentários, eu agradeço muito!

Por ora, a melhor solução é já viajar com os aplicativos que você sabe que vai precisar pre-instalados no seu telefone!

Como expliquei antes, só não espere encontrar wifi na rua para chamar um carro de aplicativo! Nem em Adis Abeba, a capital, não se encontrava wifi na rua em lugar nenhum, nem para chamar um carro de aplicativo!
Adis Abeba
esse é o logotipo do app Ride

Adis Abeba
esse outro aplicativo Feres também me recomendaram para chamar táxis baratos em Adis Abeba, mas deu o mesmo problema na hora de instalar

Adis Abeba
todos os táxis de Adis Abeba eram assim - azul e brancos

Adis Abeba

O que comer na Etiópia

O prato típico da Etiópia, que faz parte de todas as refeições do povo etíope, é a injera, um grande crepe (ou seria uma panqueca?!) feito com farinha fermentada em água durante 2 a 3 dias e depois assado numa chapa de ferro ou numa placa de barro, que é colocada sobre um fogão. Devido à fermentação, as injeras são úmidas e fofas, e são colocadas sobre um prato, onde se serve o seu principal acompanhamento, o wot.

O wot é um ensopado picante de carne de cordeiro e lentinha, bem como outros legumes.

Tradicionalmente, a injera era feita com farinha de tefe (teff), um cereal cuja produção não é muito grande, especialmente em tempos de seca. Inclusive foi por causa da falta desta farinha, durante um período de grande seca nas décadas de 80 e 90, que a Etiópia ficou conhecida mundialmente por uma época de muita fome e miséria: o prato base da alimentação do etíope sempre foi a injera (assim como o nosso arroz com feijão) e, de repente, por causa desta grande seca arrasadora, que comprometeu as plantações de teff, faltou a principal matéria-prima da injera (a farinha de tefe). Resultado: um período de muita fome.

Assim como se, de repente, faltassem arroz e feijão nos supermercados brasileiros.

Como esta farinha tornou-se relativamente cara, em razão da pouca oferta X alta demanda, eles passaram a misturar com farinhas de outros cereais cultivados na região, como trigo, cevada, milho ou arroz e, devido a essas variantes, hoje existem vários tipos de injera, basicamente brancas (nech), vermelhas (kay) ou escuras (tikur).

A injera, que parece uma massa de crepe, meio esponjosa, é sempre servida com um recheio que é uma carne temperada com especiarias berbere e gomen (espinafre). Ela parece um panquecão, com recheios de lentilha, batata, repolho, beterraba, pasta de grão-de-bico, etc.
  
A forma de comer a injera também é especial: o prato pode ser individual ou servir várias pessoas simultaneamente, que vão tirando pedaços da injera e, com esses pedaços, eles agarram uma porção de comida (do recheio) para levar à boca. A injera funciona como talheres (ou como um guardanapo), para segurar a comida, e aí vai tudo junto pra boca. Você não usa talheres - garfo e faca - para comer a injera.

Se você estiver num restaurante etíope e quiser experimentar a injera, peça como acompanhamento um Mahaberawi (prato com diversos ensopados com carne) ou um Beyaynetu (versão do ensopado apenas com legumes, para vegetarianos).

comida etiopia
o prato típico da Etiópia, que faz parte de todas as refeições do povo etíope, é a injera ou, como às vezes eles escrevem, 'enjara'

comida etiopia
a injera, que parece uma massa de crepe, meio esponjosa, pode ser branca ou escura, como na foto, ou ainda avermelhada  

comida etiopia
a cor da injera que você vai comer depende se ela foi feita apenas da original farinha de teff ou se foi misturada com farinhas de outros cereais cultivados na região, como trigo, cevada, milho ou arroz   

comida etiopia
convidados de casamento mandando ver na injera - não há refeição na Etiópia sem injera

comida etiopia
os pratos na Etiópia podem ser individuais ou servir várias pessoas simultaneamente - como nesta ilustração em um restaurante

comida etiopia
as refeições na Etiópia são servidas nessas cestas, cuja tampa se abre e elas viram mesas

comida etiopia
você vai encontrar estas cestas-mesas tipicamente etíopes à venda em todos os mercados, e vai ficar morrendo de vontade de trazer uma pra casa 

comida etiopia
as injeras são úmidas e fofas, e são colocadas sobre um prato, onde se serve o seu principal acompanhamento, o wot, um ensopado de carne de cordeiro, lentinha e outros legumes

comida etiopia
Chechebsa, ou Kita Firfir, como também é conhecido, é um prato típico de café da manhã na Etiópia

comida etiopia
Kinche é um outro prato típico etíope de café da manhã, consistente em trigo rachado

Outra versão da injera que se vê dos cardápios de café da manhã até o jantar é o Firfir, um prato tradicional etíope que existe há séculos, feito com pedaços de injera misturados com molho berbere apimentado.

Uma particularidade da gastronomia etíope é que eles costumam comer carne crua!

Pois é! Depois de ver - como eu vi - um carneiro inteiro pendurado num cabide de um açougue numa calçada de Adis Abeba, sem nenhum tipo de refrigeração, e sem proteção contra as moscas, por exemplo, eu não tive nenhuma vontade de experimentar carne crua na Etiópia - não dava para arriscar contrair uma Salmonella logo no início de uma viagem pela África, né!?

Mas, se você quiser experimentar, os pratos de carne crua mais populares servidos na Etiópia são o Tere siga, que significa literalmente "carne crua", e são tiras de carne cortadas em nacos e mergulhadas em vários molhos, como mitmita (um molho preparado com um pó avermelhado que leva pimenta-malagueta, semente de cardamomo, cravo-da-índia, cominho, gengibre e sal) ou awaze (uma espécie de pasta de chili) e o Kifto, uma carne crua picadinha misturada com manteiga temperada e servida com awaze ou queijo frescal derretido de leite de cabra.

Mais adiante vou deixar dicas de restaurantes onde me garantiram que é mais "seguro" experimentar o Kifto.

Também é interessante notar que, em todos os cardápios etíopes, sempre existem opções de pratos fasting, o que significa que são pratos de jejum, para servir pessoas que estão fazendo jejum de produtos de origem animal - esse é o jejum realizado pelos ortodoxos etíopes. Por isso, a Etiópia é um excelente país para vegetarianos/veganos viajarem, pois sempre existem pratos sem nenhum produto de origem animal nos cardápios de restaurantes na Etiópia.
A culinária da Etiópia é completamente diferente da gastronomia do resto da África, assim como tantos outros aspectos da vida etíope - língua, alfabeto, calendário, etc - que são únicos do país. Pratos, tigelas e até talheres são substituídos pela injera, uma panqueca de enormes proporções. Em cima desta panqueca (a injera) pode-se colocar qualquer coisa, desde ensopados de carne picantes até pedaços coloridos de vegetais cozidos ou mesmo cubos de carne crua. 
comida etiopia
esse é o Firfir vegetariano, para pessoas que estão fazendo jejum de alimentos de origem animal

comida etiopia
esse é o Firfir com carne - note na foto os pedaços de injera misturados com molho

comida etiopia
no cardápio deste restaurante havia várias opções diferentes de Kifto, um prato tipicamente etíope de carne crua picada

O que beber na Etiópia

Entre as bebidas que você vai encontrar na Etiópia, não deixe de experimentar uma típica cerveja etíope, o famoso Tej (esse sim, eu gostei muito!) e o suco de abacate, super comum na Etiópia, que mais parece um mousse de abacate no copo, com um limãozinho...que delícia!

O 'Tej', ou simplesmente Honey Wine, é um vinho feito de mel fermentado, tipo hidromel, que é considerado a bebida nacional da Etiópia

Ele é considerado uma das bebidas alcoólicas mais antigas já produzidas, e geralmente é servido em uma jarrinha chamada Berele, e você toma no bico do frasco.

Adis Abeba
jarrinha chamada Berele onde geralmente é servido o Tej

Adis Abeba
cerveja etíope pro Peg, honey wine pra mim

Adis Abeba
o vinho de mel fermentado, tipo hidromel, considerado bebida nacional da Etiópia, também é vendido em garrafas maiores, mas sempre servido nos franquinhos pequenos, onde você toma no bico

Adis Abeba
não deixe de experimentar um suco de abacate na Etiópia

Adis Abeba
o 'avocado juice' está em todos os cardápios na Etiópia

Adis Abeba
cerveja local

Uma tradição bem rara que eles têm nas refeições na Etiópia, sobre a qual eu havia lido (mas não presenciei, porque não deu tempo de fazer amigos etíopes kkkkk...) é o ritual da Gursha, um costume que simboliza a hospitalidade e generosidade etíopes.

Gursha é o ato de alimentar alguém com um pequeno pedaço de comida usando a mão. Sabe aqui no Brasil, quando a gente faz "aviãozinho" para dar comida na boca de uma criança? A 'Gursha' etíope é mais ou menos assim! É um ato de partilhar alimentos com um profundo significado na cultura etíope, que vai muito além de satisfazer a fome: simboliza amizade, respeito e gratidão.

E, por último, é importante observar 2 coisas sobre a comida na Etiópia: 
  1. Eu não curti muito a injera, embora tenha tentado experimentar várias vezes, tanto a mais clara quanto a escura: a massa me pareceu um pouco azedinha, não gostei muito do sabor. Mas...
  2. Assim como é muito fácil encontrar e experimentar comidas típicas etíopes em restaurantes, também é muito fácil encontrar comidas "ocidentais" nos cardápios dos restaurantes da Etiópia, como pizzas, burgers, wraps e batata-fritas!
Uma coisa é certa sobre a comida na Etiópia: apesar dos estereótipos, a maioria dos etíopes não costuma passar fome! Mesmo que, como eu, você não se apaixone pela injera, não há o menor perigo de não encontrar outras comidas boas para comer na Etiópia!

Adis Abeba
é muito fácil encontrar comidas "ocidentais" nos cardápios dos restaurantes da Etiópia, como burgers, wraps e batata-fritas

Adis Abeba
comendo uma pizza vegetariana em restaurante de Adis Abeba

Lendas etíopes sobre a invenção do café

Não posso falar de bebidas etíopes e não escrever mais sobre o café

Pelo menos 1000 anos antes de a Starbucks produzir o seu 1° cappuccino em 1971, Kaldi, um esperto pastor etíope, notou que as suas cabras se comportavam com bastante 'entusiasmo' depois de comerem uma determinada planta. 

Ele então levou a notícia às pressas ao mosteiro mais próximo, apenas para ser repreendido pelos monges por “comer da fruta do diabo”. 

No entanto, os monges rapidamente seguiram pelo mesmo caminho depois de sentir o aroma que emanava do fogo no qual haviam jogado os feijões de Kaldi. Logo eles estavam enviando feijões para mosteiros em todos os lugares. Afinal, eles concluíram que uma planta que os ajudava a rezar até de madrugada deveria certamente ser obra de Deus, e não do Diabo!

E foi assim que surgiu o café que tomamos hoje, na Etiópia!

É importante explicar que o café que se toma na Etiópia é quase sempre da espécie Robusta, muito forte, bem diferente do café Arábica com que estamos acostumados no Brasil, principalmente porque tem muito mais cafeína e é muito mais amargo - é quase impossível tomar um café Robusta sem açúcar, como agora está na moda com o café Arábica. 

Ainda bem, porque detesto essa mania nova de tomar café sem açúcar! 

Adoro o fato de que, na Etiópia, as xícaras de café (o café é sempre servido em xícaras sem alças pequenas - como o nosso cafezinho) vêm sempre acompanhadas de muito açúcar (e às vezes de sal) e também, às vezes, de pipoca!!

O café etíope é sempre fresco. 

Numa cerimônia do café na Etiópia, você vê as mulheres tirarem a casca dos grãos de café no pilão, escolherem os grãos, tostarem na hora, moerem no pilão, peneirarem o café moído, e toda a função que é para preparar algumas xícaras de café! É um verdadeiro ritual, sempre feito por mulheres, do início ao fim. 

Adorei o tanto que aprendi nesta viagem! Você sabia, por exemplo, que, dependendo do quão tostados forem os grãos, mais ou menos forte será o café?

Outra coisa interessante que aprendi foi que as mulheres usam folhinhas de arruda no café etíope. Eu sempre via umas folhinhas quando as mulheres estavam preparando o café, e não entendia para que elas serviam. Com muito esforço de comunicação de parte a parte, e ajuda do Google Translate, acabei entendendo que elas usam folhas de arruda no preparo do café para equilibrar a acidez do estômago!

Ainda sobre o café etíope, não posso esquecer de registrar aqui a dica para que você não deixe de visitar a cafeteria mais antiga, mais famosa e mais turística de Adis Abeba - a Tomoca. Conto mais sobre ela no capítulo "10 coisas para fazer em Adis Abeba na Etiópia". 

Talvez por ter sido na Etiópia que tudo começou, é interessante também o fato de que o Amárico (língua mais falada na Etiópia) é a única língua no mundo (além do Armênio), em que a palavra "café" não soa como "café". Os falantes de Amárico chamam café de buna ቡና.

cafe etiopia
na Etiópia, onde tudo começou, o café é sempre servido em xícaras pequenas sem alças

cafe etiopia
Kaldi, o esperto pastor etíope que 'inventou' o café, dá nome a cafeterias até hoje!

cafe etiopia
esta é a Jebena, a cafeteira típica etíope feita de cerâmica, que você vai encontrar à venda em todos os mercados que visitar na Etiópia

cafe etiopia
outro produto que você vai certamente encontrar à venda em muitas lojas de souvenirs é o café etíope

cafe etiopia
Jebena, a cafeteira etíope de cerâmica, num fogareiro, numa cerimônia de café, com as folhinhas de arruda ali atrás

cafe etiopia
uma das milhares de cafeterias da Etiópia, em Adis Abeba

cafe etiopia
até nos museus você vai ver exibições sobre a cerimônia do café, um importante ritual etíope

cafe etiopia
o café etíope vem sempre acompanhado de muito açúcar e também, às vezes, de pipoca!

cafe etiopia
nas Terras Altas da Etiópia eles plantam o café Arábica, que é mais valioso que o Robusta

cafe etiopia
mapa do café na Etiópia na parede da cafeteria Tomoca, a mais antiga e mais famosa de Adis Abeba

hábito de mascar Khat

Aliás, falando em café, quero contar que 80% da população etíope trabalha na agricultura, e os 2 maiores produtos de exportação da Etiópia são o café e o qat (ou khat) - uma folha levemente intoxicante que é ilegal em muitos países, mas usada legalmente na Etiópia. 

O Khat vem sendo cultivado para uso como estimulante/euforizante por muitos séculos no Chifre da África (região que abrange a Etiópia, Somália, Eritréia e o Djibouti) e na Península Arábica. 

Muito usado na Etiópia, o hábito de mascar o khat é ainda mais antigo que o hábito de tomar café, e a folha de qat é usada num contexto social parecido também em algumas zonas do Quênia, da Somália e do Iêmen. 
As folhas de khat são mascadas devido às suas propriedades 'moderadamente' estimulantes e, para muitos, esse consumo é totalmente normal na vida em sociedade.
Adis Abeba
na Etiópia, as folhas de Khat são legalmente vendidas nos mercados

10 coisas para fazer em Adis Abeba na Etiópia

 A minha lista do que fazer em Adis Abeba na Etiópia não era longa:
  1. Museu Etnológico
  2. Museu Nacional da Etiópia
  3. Merkato
  4. Sholla Market
  5. Piazza
  6. Catedral da Santíssima Trindade
  7. Catedral de São Jorge
  8. Tomoca
  9. Yod Abyssinia Traditional Restaurant
  10. Fendika Culture Center
Passamos por várias outras igrejas, mesquitas, praças e monumentos pelas ruas de Adis Abeba, mas quero recomendar aqui especificamente a visita a estes 10 lugares turísticos de Adis Abeba que realmente valem a pena!

E também quero acrescentar aqui algumas curiosidades interessantes sobre a capital Adis Abeba:
  • Addis Ababa significa Nova Flor em amárico 💛
  • A cidade de Adis Abeba fica na altitude, cercada pelas Montanhas Entoto - com 2.600m de altitude, é a capital mais alta da África!
  • Quando os tanques da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope chegaram a Adis Abeba em 1991, navegavam a cidade usando o mesmo mapa que nós usamos, do guia de viagens da Lonely Planet!
  • Não é incomum faltar luz em Adis Abeba, e os lugares (hotéis, restaurantes) com mais estrutura têm geradores, mas é bem comum ficar sem água quente e sem internet - 2 coisas com as quais não dá para contar como garantidas numa viagem à Etiópia.
Adis Abeba
Addis Ababa significa Nova Flor em amárico

Adis Abeba
mapa de Adis Abeba do guia de viagens da Lonely Planet

Adis Abeba
um grande complexo foi construído no coração da capital etíope para celebrar a vitória do país na Batalha de Adwa em 1896

Adis Abeba
o Adwa Victory Memorial em Addis Ababa celebra o triunfo histórico da Etiópia sobre os invasores italianos

Adis Abeba
Mesquita Azul de Adis Abeba

Adis Abeba
passamos por várias mesquitas, praças e monumentos pelas ruas de Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba

O Museu Etnológico da Etiópia fica situado no antigo palácio do imperador Haile Selassie, rodeado pelos jardins e fontes da Universidade de Adis Ababa.

O ingresso no Museu Etnológico custa 250 birr por pessoa, e a máquina de cartão de crédito não estava funcionando (coisa comum na Etiópia), então o pagamento tinha de ser feito em cash. 

Esse museu funciona das 8 às 17hs de segunda a sexta, e das 9 às 17hs nos sábados e domingos (confirme antes de ir, pois os horários mudam com frequência). 

Mesmo mal organizada, a exposição fornece grandes insights sobre as diferentes culturas e povos da Etiópia, e a história da Etiópia é tãooooo interessante, desde as lendas da Rainha de Sabá e do Rei Salomão até os tempos mais recentes da dominação fascista, que não tem como um museu que conta um pouquinho desta história não ser interessante! 

Mas eu recomendo veementemente ler mais sobre a história e a cultura da Etiópia antes de ir: desde as lendas sobre a Arca da Aliança, relíquia mais sagrada dos judeus, que continha as 2 tábuas dos 10 Mandamentos, até a cultura Rastafari, o hábito de mascar qat e o Prêmio Nobel etíope, vá sabendo um pouco, para aproveitar mais a sua viagem e a visita a este museu! 
Foi no Museu Etnológico que descobrimos que, justamente numa viagem do Ras Tafari (Haile Selassie) ao Brasil, numa visita a Juscelino Kubitschek em Brasília em 1960, houve uma tentativa de golpe de estado na Etiópia!
Eles têm objetos incríveis no museu que, se estivessem expostos num British Museum da vida, fariam o maior sucesso. Mas, neste museu de Adis Abeba, os objetos são tão mal expostos (e empoeirados!) que dá até pena. 

Opinião polêmica: nessas horas eu tenho minhas dúvidas se realmente é o caso de torcer para que as peças sejam retornadas aos seus países de origem, de onde foram saqueadas, porque certamente essas obras de arte tão importantes para a humanidade estão muito mais bem preservadas e guardadas e acessíveis a um público muito maior nos British Museums da vida...

Museu Etnológico de Adis Abeba
Museu Etnológico da Etiópia em Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba
sabia que numa viagem de Haile Selassie ao Brasil, durante uma visita a Juscelino Kubitschek em Brasília em 1960, houve uma tentativa de golpe de estado na Etiópia?

Museu Etnológico de Adis Abeba
o Museu Etnológico em Adis Abeba fornece bons insights sobre os diferentes povos da Etiópia

Museu Etnológico de Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba
o Museu Etnológico fica situado em Adis Abeba no antigo palácio do imperador Haile Selassie

Museu Etnológico de Adis Abeba
olhando na foto, parece bonito, mas achei os objetos mal expostos e com pouca informação interessante

Museu Etnológico de Adis Abeba
o ideal é que você já chegue ao museu com uma noção básica pelo menos da história e cultura etíopes

Museu Etnológico de Adis Abeba
eles têm objetos e obras de arte incríveis no museu que, se estivessem expostos num British Museum da vida, fariam o maior sucesso

Museu Etnológico de Adis Abeba
a história da Etiópia é tãoooo interessante, que não tem como um museu que conta um pouquinho desta história não ser interessante

Museu Etnológico de Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba

Museu Etnológico de Adis Abeba
no último piso do museu há uma exposição de instrumentos musicais etíopes

Museu Etnológico de Adis Abeba
o antigo palácio do imperador Haile Selassie em Adis Abeba, que abriga o Museu Etnológico, é muito bonito 

Museu Nacional da Etiópia

A Etiópia foi, de fato, o berço da humanidade, e uma área do Museu Nacional da Etiópia explica (muito superficialmente) a evolução da espécie humana, com vários fósseis encontrados na Etiópia. 
Lucy, a tatatatatataravó de todos nós, o mais antigo fóssil humano já encontrado, descoberto em 1974 na Etiópia, com mais de 3,2 milhões de anos, está em exibição no Museu Nacional, na exposição de Paleontologia.
O famoso hominídeo vertical fossilizado é chamado 'Dinknesh' na Etiópia, que significa "Você é Maravilhosa". 

Lucy tinha 105cm de altura, e era considerada 'petite' para a sua espécie - pelo formato da pelve - o grupo de ossos entre os quadris - os paleontólogos sabem que ela era uma fêmea.

Embora seja menos visualmente estimulante do que o Museu Etnológico, o Museu Nacional também merece uma visita - mesmo eu tendo achado as exibições muito mal organizadas (é ainda pior do que o Museu Etnológico), sua coleção está entre as mais importantes da África Subsaariana. 

No andar de cima do museu tem algumas obras de arte etíopes célebres. 

Museu Nacional da Etiópia não abre nas segundas-feiras. Abre de terças a domingos, das 9 às 17hs.

O ingresso para adultos estrangeiros custa 50 birr por pessoa, menos de U$ 1, e só para ver a Lucy de pertinho já valeria a pena!

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Museu Nacional da Etiópia

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
estátuas nos jardins do Museu Nacional da Etiópia

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
edifício do Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
embora seja menos visualmente estimulante do que o Museu Etnológico, o Museu Nacional também merece uma visita

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
achei as exibições do Museu Nacional da Etiópia muito mal organizadas

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Lucy, a tatatatatataravó de todos nós, o mais antigo fóssil humano já encontrado, descoberto em 1974 na Etiópia, com mais de 3,2 milhões de anos, está em exibição no Museu Nacional

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
exposição de Paleontologia no Museu Nacional da Etiópia

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Lucy tinha 105cm de altura, e era considerada 'petite' para a sua espécie - pelo formato da pelve, o grupo de ossos entre os quadris, os paleontólogos sabem que ela era uma fêmea

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Lucy, o famoso hominídeo vertical fossilizado, é chamado 'Dinknesh' na Etiópia, que significa "Você é Maravilhosa" 

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Awash é um rio etíope que corre por um vale, na Fenda de Afar na Etiópia, local onde foram encontrados os mais importantes hominídios, como este crânio

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
uma das peças Axumitas mais bonitas do Museu Nacional da Etiópia 

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
traje típico usado pelos imperadores etíopes em cerimônias de coroação

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
o famoso imperador Menelik II, que venceu os italianos na Batalha de Adwa em 1896, depois de proclamar "morrer, antes de ceder uma polegada de terra etíope", foi também o fundador da capital Adis Abeba

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
a coleção do Museu Nacional da Etiópia está entre as mais importantes da África Subsaariana

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
trono de imperador etíope

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
vestimentas nobres etíopes

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
no andar de cima do Museu Nacional da Etiópia, tem algumas obras de arte etíopes célebres

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
noutro piso, exibições etnográficas, sobre artesanato, cultura das tribos nativas da Etiópia, hábitos, etc

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
exibições etnográficas no Museu Nacional da Etiópia

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
tabuleiro de Gabata (também escrito "Gebeta"), um tipo de jogo de mancala disputado na Etiópia, em exposição no Museu Nacional

Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba
Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba

Catedral da Santíssima Trindade

A Holy Trinity Cathedral em Adis Abeba é a sede da Igreja Ortodoxa Etíope Tewahedo.

Localizada na Niger Street, é enorme e toda ornamentada.

O horário de funcionamento é das 7 às 18hs, de segunda a sexta-feira, e das 9 às 18hs, nos sábados e domingos. Infelizmente, ela estava sendo restaurada quando estivemos lá, e só pudemos vê-la por fora. 

É o 2° local de culto mais importante da Etiópia. E é também o local de descanso final do Imperador Haile Selassie e sua esposa. 

Os grandes túmulos de granito, no estilo Axumita, com pés de leão e tudo mais, são supostamente impressionantes - uma pena que não nos deixaram entrar!

Holy Trinity Cathedral Adis Abeba
a Catedral da Santíssima Trindade de Adis Abeba estava sendo restaurada quando estivemos lá, e só pudemos vê-la por fora

Holy Trinity Cathedral Adis Abeba
a Holy Trinity Cathedral em Adis Abeba é a sede da Igreja Ortodoxa Etíope

Holy Trinity Cathedral Adis Abeba
a Catedral da Santíssima Trindade é o 2° local de culto mais importante da Etiópia

Catedral de São Jorge

A Catedral de São Jorge é uma catedral ortodoxa etíope conhecida por sua forma octogonal.

Construída na Piazza pelo imperador Menelik para comemorar a impressionante derrota dos italianos em Adwa em 1896, a construção da Catedral de St George, na Fitawrari Gebeyehu Street, no extremo norte da Churchill Road, foi concluída em 1911. 

Dizem que ela foi projetada por Sebastiano Castagna e construída pelos prisioneiros de guerra italianos.

As paredes externas do Santo dos Santos são cobertas de pinturas e mosaicos de artistas etíopes renomados, como Afewerk Tekle.

Do lado de fora da Catedral, noutro edifício, fica situado o Museu, que tem a melhor coleção de parafernália eclesiástica da Etiópia, depois da Igreja de Santa Maria de Sião em Axum. 
Atenção: não é permitido entrar com calçado em NENHUMA igreja ortodoxa etíope - tire seus sapatos antes de entrar e deixe do lado de fora.
Os ingressos custam 200 birr por pessoa e dão direito a uma visita guiada pela Catedral e à visita ao Museu. 

O horário de funcionamento é das 9 às 12hs e das 14 às 17hs, de terça-feira a domingo.

São Jorge é o santo padroeiro da Etiópia, e ele dá nome a várias outras catedrais e igrejas, incluindo um dos templos escavados na pedra em Lalibela, times de futebol e até a uma popular cerveja etíope.

Conta a lenda que a arca da igreja foi levada para a Batalha de Adwa, e então os etíopes garantiram a vitória contra os italianos. Os fascistas italianos incendiaram o edifício da Catedral durante a guerra em 1937, mas ela foi posteriormente restaurada pelo imperador após a libertação em 1941.

St George Cathedral Adis Abeba
a Catedral de São Jorge é uma catedral ortodoxa etíope conhecida por sua forma octogonal

St George Cathedral Adis Abeba
a Catedral de São Jorge em Adis Abeba foi construída para comemorar a derrota dos italianos na Batalha de Adwa

St George Cathedral Adis Abeba
interior da Catedral de São Jorge em Adis Abeba na Etiópia 

St George Cathedral Adis Abeba
tambor litúrgico chamado "Kebero", usado para tocar música tradicional nas cerimônias da Igreja Ortodoxa Etíope

St George Cathedral Adis Abeba
um "sistro etíope - tsenasil", o mais antigo instrumento musical idiofone de percussão, usado em cerimônias reliosas ortodoxas na Etiópia, durante cânticos e danças litúrgicas

St George Cathedral Adis Abeba
o ingresso dá direito a uma visita guiada pela Catedral, e acredito que não é possível para um viajante visitar por conta própria, pois foi o guia quem abriu a igreja e acendeu as luzes para mim

St George Cathedral Adis Abeba
cena da coroação do imperador Haile Selassie I na Catedral de São Jorge em Adis Abeba, pintura de Afewerk Tekle de 1960

St George Cathedral Adis Abeba
entrada para o Santo dos Santos da Catedral de São Jorge em Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba
as paredes externas do Santo dos Santos são cobertas de pinturas e mosaicos de artistas etíopes renomados, como Afewerk Tekle

St George Cathedral Adis Abeba
Museu da Catedral em Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba
dizem que o Museu da Catedral de Adis Abeba tem a melhor coleção de parafernália eclesiástica da Etiópia

St George Cathedral Adis Abeba
cruz etíope no Museu da Catedral de São Jorge

St George Cathedral Adis Abeba
o ingresso da Catedral dá direito à visita ao Museu

St George Cathedral Adis Abeba
artefatos religiosos no Museu da Catedral de São Jorge em Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba

St George Cathedral Adis Abeba
São Jorge é o santo padroeiro da Etiópia, e ele dá nome a várias outras igrejas, times de futebol e até a uma popular cerveja etíope

Merkato Market

O Merkato Market é um dos maiores mercados da África.

Entrar no caos conhecido como Merkato, a oeste do centro de Adis Abeba, pode ser tão gratificante quanto é exasperante - você vai encontrar os aromas mais incríveis de incenso, mas também pode acabar pisando num monte de bosta fedorenta e ter a sua carteira furtada se não ficar muito alerta com batedores de carteiras.

Algumas pessoas dizem que é o maior mercado do continente africano, mas, como os limites desse mercado são tão obscuros quanto alguns dos personagens que você vai ver por lá, é difícil afirmar que o Merkato seja de fato o maior - vamos combinar apenas que é muito, muito grande!

Embora eu quisesse muito conhecer o mercado que supostamente é o maior da África, o Merkato é um lugar meio barra-pesada, nada turístico (é um mercado bem voltado para locais) e não é um lugar fácil de navegar por conta própria. Além disso, como já mencionei, tem que ter muito cuidado com batedores de carteira.

A maioria dos turistas que visitam o Merkato vão lá com guia - o que não é muito a nossa praia. 

Se, como eu, você prefere fazer as coisas por conta própria, pelo que conversei com um local, a estratégia ideal é pedir pro taxista te levar até o Merab Hotel e, de lá, você desembarca do táxi para explorar parte do Merkato, munido de muita coragem e tomando bastante cuidado com os seus pertences 😅

O horário de funcionamento do Merkato é das 8h30 às 19hs, de segundas a sábados. Não funciona aos domingos.

Merkato Market
para conhecer o Merkato, a melhor estratégia é pedir pro taxista te levar até o Merab Hotel e, chegando lá, você desembarca e explora o mercado a pé, munido de muita coragem

Merkato Market
visitar o Merkato pode ser tão gratificante quanto é estressante

Merkato Market
dizem que o Merkato é o maior mercado do continente africano

Merkato Market
 a melhor recomendação para uma visita ao Merkato é tomar bastante cuidado com os seus pertences, pois existem muitos batedores de carteira por lá  

Sholla Market

Sholla Market foi de longe meu mercado favorito em Adis Abeba. 

Depois de uma experiência um pouco estressante no Merkato, resolvi tentar uma visita ao Sholla Market, e a-do-rei - é um mercado tipicamente africano, com os produtos separados por áreas. Tem a área das roupas femininas, a parte das frutas e verduras, de utensílios domésticos e até a parte onde eles vendem galinhas vivas - a única parte que não gostei 😞

Eu sempre gosto de visitar as áreas que vendem comidas, temperos, frutas - pra mim, essas são sempre as partes mais interessantes e fotogênicas de qualquer mercado africano - até porque não costumo visitar esses mercados para fazer compras, e sim para conhecer mais da vida local.

Como o Sholla Market não é um mercado muito visitado pelos turistas - embora eu tenha achado ele muito mais interessante de visitar, turística e antropologicamente falando, do que o Merkato - os vendedores de todas as bancas ficavam muito interessados em mim, por não estarem tão acostumados a ver muitos turistas independentes por lá. Como eu sei que um sorriso e um olhar fazem mágica nessas situações, consegui ter alguns contatos interessantes com as mulheres do mercado usando apenas essas armas (sorrisos e olhares). 

Muitos ficavam me gritando e me chamando de faranj, que significa 'estrangeiro'. 

Assim como em Uganda, onde todo mundo nos chamava de mzungu (pessoa branca, gringa), na Etiópia eles chamam os turistas brancos, que eles acham que são todos europeus, de 'faranj'!

Esse é, definitivamente, um lugar onde é impossível uma pessoa branca passar despercebida 😳

Você certamente passará muito tempo nesse mercado, não só porque é divertido (como experiência antropológica, muito mais do que turística), mas também porque, uma vez perdido lá dentro, é muito difícil encontrar a saída!

Importante: não tire foto de ninguém sem pedir antes - embora não pareça, porque eles não ficam posando para as fotos e às vezes parecem até estar com cara de poucos amigos, eu SEMPRE pergunto antes de fotografar! 

É até engraçado, porque às vezes eles estão rindo e brincando comigo, me chamando de 'faranj', e aí quando eu puxo o celular, e pergunto se posso tirar fotos, eles autorizam e fazem uma cara séria para as fotos!😅

Fui caminhando do nosso Hayes Hotel Addis Ababa até o Sholla Market, e foi uma caminhada de quase 6Km bem "ilustrativa" da capital etíope - veja o registro aqui no meu Strava.

Quando mostrei nos stories minhas andanças pelos mercados de Adis Abeba ou Kampala, muitos me perguntaram se eu não me sentia "desconfortável" ou "estranha" perambulando por esses lugares não-turísticos, onde 99% das vezes sou a única pessoa branca num raio de quilômetros e todos ficam gritando e me chamando "Mzungu" ou "Faranj", que, como falei, se traduz por "estrangeiro", mas, ao pé da letra, significa "pessoa branca". 

E a minha resposta é não. Não MESMO.
Pode parecer mentira, mas eu raramente me sinto desconfortável viajando e me enfronhando em lugares assim; pelo contrário: eu me sinto em casa, totalmente confortável! Parece que foi pra isso que eu vim ao mundo, me sinto totalmente "na minha pele", no meu lugar no planeta.
Desconfortável, estranha mesmo, eu me sinto quando chego em casa depois de uma viagem dessas - colocando roupas na máquina, lavando louça, tirando o lixo, fazendo compras no supermercado...

ESSA não sou eu, me sinto totalmente desconectada de mim mesma fazendo essas coisas que a gente faz todo dia, na vida cotidiana, quase que sem pensar, sem nenhum prazer, por pura obrigação e necessidade.  

#Verdades #realitybites

Sholla Market Adis Abeba
o Sholla Market é um mercado tipicamente africano, com os produtos separados por áreas - na foto, a área das roupas femininas

Sholla Market Adis Abeba
o Sholla Market foi de longe meu mercado favorito em Adis Abeba

Sholla Market Adis Abeba
eu gosto de visitar as áreas que vendem comidas, temperos, frutas - são sempre as partes mais interessantes e fotogênicas de qualquer mercado africano

Sholla Market Adis Abeba
só não curti a área do Sholla Market onde eles vendem galinhas vivas

Sholla Market Adis Abeba
entenda de antemão que uma visita a um mercado africano não é destinada a fazer compras de souvenirs, e sim a conhecer mais da vida local

Sholla Market Adis Abeba
achei o Sholla Market muito mais interessante de visitar, turística e antropologicamente falando, do que o Merkato

Sholla Market Adis Abeba
cestaria tipicamente etíope à venda no Sholla Market

Sholla Market Adis Abeba
o Mercado Sholla não é muito visitado pelos turistas

Sholla Market Adis Abeba
raramente me sinto desconfortável viajando e me enfronhando em lugares assim; pelo contrário: eu me sinto em casa, totalmente confortável

Sholla Market Adis Abeba
o Mercado Sholla é um lugar onde é impossível uma pessoa branca passar despercebida

Sholla Market Adis Abeba
você passará muito tempo nesse mercado, não só porque é divertido, mas também porque, uma vez lá dentro, é difícil encontrar a saída

Sholla Market Adis Abeba
não tire foto de ninguém no mercado sem pedir antes!

Sholla Market Adis Abeba
banca de temperos no Sholla Market em Adis Abeba

Sholla Market Adis Abeba
de diferentes variedades de pimentas a galinhas vivas, você verá de tudo à venda no Sholla Market em Adis Abeba

Sholla Market Adis Abeba
"Jebenas", as típicas cafeteiras etíopes de cerâmica usadas na cerimônia do café, à venda no Sholla Market em Adis Abeba

Sholla Market
os vendedores de todas as bancas do Sholla Market ficavam muito interessados em mim, por não estarem tão acostumados a ver turistas independentes por lá

Yod Abyssinia Traditional Restaurant

Fomos jantar no Yod Abyssinia Traditional Restaurant e resolvi colocar este restaurante na minha lista de 10 coisas para fazer em Adis Abeba na Etiópia porque, mais do que um simples restaurante, esse lugar é um verdadeiro ponto turístico da capital etíope. 

Na verdade, foi o lugar onde vimos o maior número de turistas em Adis Abeba, tanto gringos quanto africanos!

Na hora de pegar o táxi e ir pro restaurante, tenha cuidado, porque tem mais de uma filial do mesmo Yod Abyssinia em Addis Ababa, mas a mais legal é esta - a filial situada em Bole. A outra filial se chama "Cultural", ao invés de "Traditional". 

Fomos e voltamos de táxi ao restaurante. Pedi pro pessoal da recepção do nosso hotel fazer uma reserva para nós pras 19hs, e chegamos às 19h10min e eles tinham reservado uma mesa bem na frente do palco, muito boa. 

Recomendo fazer reserva cedo e chegar no horário marcado, porque o local fica lotado lá pelas 20hs, quando começam as danças típicas de quebrar pescocinho e encostar queixinho. 

Simmm, o jantar neste restaurante é acompanhado de um show ao vivo de músicas e danças típicas etíopes - uma coisa bem turística mesmo - mas foi muito legal! Achei um amor as danças etíopes: as mulheres têm um jeito de balançar os ombros e quadris e quebrar o pescoço impressionante!

Achamos o lugar super agradável, bonito e a comida bem boa. Aliás, pelo que me disseram, este é um bom lugar para experimentar Kitfo, os pratos de carne crua sobre os quais escrevi mais acima. 
A comida é bemmm cara, mas, na verdade, tem que entender que você está pagando pelo show, já que não se paga nada para entrar. 
Atenção que, nos preços que estão no cardápio, você ainda tem que acrescentar 15% de impostos e + 10% de gorjeta (taxa de serviço), ou seja, a conta sai 25% mais cara do que o valor que está no cardápio. Isso é bem comum nos restaurantes na Etiópia, fique ligado para não levar um susto na hora de pagar a conta!

Pagamos U$ 35 - isso porque pedimos apenas um prato para dividir e bebidas, pois tínhamos comido um lanche pouco antes de ir para lá!

Gostamos muito do Yod Abyssinia Traditional Restaurant e, embora seja um lugar bemmmm turístico, como falei, achei muito recomendável! 

Como na Etiópia se come tudo com as mãos, sem talheres, lavar as mãos antes de qualquer refeição é obrigatório! Neste restaurante, eles inclusive trazem uma jarra de água morna e sabonete na sua mesa para você se lavar, é bem interessante!

Yod Abyssinia Adis Abeba
Yod Abyssinia Traditional Restaurant em Adis Abeba

Yod Abyssinia Adis Abeba
achamos o restaurante Yod Abyssinia super agradável e bonito

Yod Abyssinia Adis Abeba
o jantar no restaurante Yod Abyssinia é acompanhado de um show ao vivo de músicas e danças típicas etíopes

Yod Abyssinia Adis Abeba
o teto e as paredes do restaurante são todos decorados com pinturas que contam passagens bíblicas envolvendo a Etiópia

Yod Abyssinia Adis Abeba
no restaurante Yod Abyssinia a comida é servida em uma típica mesa de cesta etíope

Yod Abyssinia Adis Abeba
junto com as bebidas, eles trazem um incenso cheiroso

Yod Abyssinia Adis Abeba
a comida é boa e cara no restaurante Yod Abyssinia

Yod Abyssinia Adis Abeba
na Etiópia se come tudo com as mãos, então é obrigatório se lavar antes de qualquer refeição e, noYod Abyssinia, eles trazem a jarra de água e sabonete na mesa! 

Yod Abyssinia Adis Abeba
show ao vivo no restaurante Yod Abyssinia em Adis Abeba

Yod Abyssinia Adis Abeba
apresentação de danças típicas etíopes no restaurante Yod Abyssinia

Yod Abyssinia
gostamos muito do Yod Abyssinia e, embora seja bem turístico, achei o lugar muito recomendável

Yod Abyssinia
a comida é cara, mas você está pagando pelo show, já que não se paga ingresso

Yod Abyssinia
achei um amor as danças etíopes - eles têm um jeito de balançar os ombros e quadris e de quebrar o pescocinho que é impressionante

Fendika Culture Center

Um lugar único, exclusivo, diferente, obrigatório para viver a noite Etíope! 

O Fendika Culture Center é um ótimo clube de Ethiojazz bem popular entre expatriados, turistas e moradores locais, com apresentações de excelentes músicos locais e visitantes ou bandas rotativas que se alternam durante a semana. 

Segunda-feira é a noite mais movimentada, com os melhores shows de jazz e com a participação do lendário baixista Henok

Tivemos a sorte de estar em Adis Abeba justamente numa segunda, e a noite que passamos ouvindo Ethiojazz no Fendika Culture Center já valeu a viagem! Só pra passar uma noite nesse lugar o stopover em Adis Abeba já vale a pena! Vai por mim 😅
Se você chegar por volta das 20h30min e pedir algo para comer, vai conseguir pegar um lugar com boa visão do palco. A música ao vivo começa lá por 21h45min. 
Atenção: eles abrem apenas 3 noites por semana - segundas, quartas e sextas - ligue antes para confirmar.

Atenção 2: fotos com flash não são permitidas!

Há uma galeria de arte nos fundos do centro cultural e uma loja de souvenirs. Na noite em que estivemos lá, havia uma fogueira em frente ao bar. 

É realmente um lugar com uma atmosfera única, uma experiência incrível e música de alta qualidade! Experimente um delicioso 'honey wine', tome uma cerveja local ou um suco de abacate, tudo é bom. A comida que pedimos também estava ótima. 

Em resumo, uma experiência obrigatória em Addis. 

O ingresso custa super barato: 100 birr por pessoa (menos de U$ 2).
 
Fomos e voltamos de táxi de/para o hotel/Fendika Cultural Center e pagamos 160 birr na ida e 250 birr na volta - é tudo uma questão de negociação com o taxista que você pega, horário e condições do trânsito. 

Se tiver um dos aplicativos de táxi que mencionei acima no seu telefone e dados móveis, fica mais fácil, e aí não precisa negociar antecipadamente o preço da corrida com o taxista. Para explicar ao motorista do táxi aonde você quer ir, esse é o nome do lugar em amárico 👉ፈንድቃ ባህል ማዕከል 

Nosso jantar com bebidas no Fendika Cultural Center custou U$ 20, muito bom!

Se você quer ter uma ideia do que é de maravilhoso o jazz etíope, ouça The Very Best of the Éthiopiques, uma compilação de Ethiojazz.

Aliás, aproveitando, vou deixar registrados aqui 2 nomes da música africana que você precisa baixar no seu Spotify: Mulatu Astatke, que é etíope mesmo, e Oliver Mtukudzi, também conhecido por Tuku, um cantor e músico do Zimbabwe super famoso em todo o continente.


Fendika Culture Center Adis Abeba
Fendika Culture Center em Adis Abeba

Fendika Culture Center Adis Abeba
interior do Fendika Culture Center em Adis Abeba

Fendika Culture Center Adis Abeba
o Fendika Culture Center é um clube de Ethiojazz popular entre expatriados, turistas e moradores de Addis

Fendika Culture Center Adis Abeba
por volta das 21hs, a platéia já estava lotada no Fendika Culture Center em Adis Abeba

Fendika Culture Center Adis Abeba
há uma galeria de arte nos fundos do centro cultural e uma loja de souvenirs

Fendika Culture Center Adis Abeba
recomendo chegar por volta das 20h30min, pedir algo para comer e pegar um lugar com boa visão do palco

Fendika Culture Center Adis Abeba
na noite em que estivemos no Fendika Culture Center havia uma fogueira em frente ao bar

Fendika Culture Center Adis Abeba
um lugar único, exclusivo, diferente, obrigatório para viver a noite Etíope! 

Fendika Culture Center Adis Abeba
o Fendika Culture Center oferece apresentações de excelentes músicos locais e visitantes ou bandas rotativas que se alternam durante a semana

Fendika Culture Center Adis Abeba
segunda-feira é a noite mais movimentada no Fendika Culture Center, com os melhores shows de jazz e a participação do lendário baixista Henok

Fendika Culture Center Adis Abeba
tivemos a sorte de estar em Adis Abeba justamente numa segunda, e a noite que passamos ouvindo Ethiojazz no Fendika Culture Center já valeu a viagem

Fendika Culture Center Adis Abeba
só pra passar uma noite no Fendika Culture Center, o stopover em Adis Abeba já vale a pena

Adis Abeba etiopia viagem
não deixe de baixar no seu Spotify um dos maiores nomes da música etíope, Mulatu Astatke

Tomoca

Já contei acima sobre a importância do café da Etiópia, e quero registrar aqui na minha lista de 10 coisas para fazer em Adis Abeba que você não pode deixar de ir conhecer a cafeteria mais famosa e antiga da capital etíope - a Tomoca

Ela fica situada na Wavel Street, perto da Piazza - fomos caminhando da Catedral de São Jorge até lá, é perto.

Pagamos 70 birr pelo café que você vê na foto abaixo. 

Fica o aviso: é uma típica cafeteria etíope, apenas com balcões (sem bancos) e sem wifi hehehehe...você vai lá pela experiência de provar um típico café etíope, e não para curtir um latte num lugar confortável com wifi estilo Starbucks 😜

Adis Abeba etiopia viagem
a Tomoca é uma típica cafeteria etíope em Adis Abeba

Adis Abeba etiopia viagem
não deixe de ir conhecer a Tomoca, a cafeteria mais famosa e antiga da capital etíope

Adis Abeba etiopia viagem
pagamos 70 birr pelo café na Tomoca

Adis Abeba etiopia viagem
você vai na Tomoca para experimentar um típico café etíope, e não para curtir um latte num lugar confortável com wifi estilo Starbucks 

Outras dicas de Adis Abeba

Alguns restaurantes que também são muito bem recomendados em Adis Abeba são o Addis Ababa Restaurant, perto da Piazza, e o Romina Restaurant.

Outros pontos turísticos interessantes de Adis Abeba que também me recomendaram, mas acabamos não visitando, foram o Addis Ababa Museum, o "Red Terror" Martyrs' Memorial, museu que retrata a época da ditatura militar na Etiópia, que foi de 1974 até 1987, e o Mausoleum of Menelik II (a Tumba do Imperador Menelik).

Além disso tudo, vale dizer que a capital etíope é cheia de praças, monumentos e estátuas que celebram momentos históricos ou figuras ilustres da Etiópia. 

São lugares que, no meu entender, não valem a pena pegar um táxi e ir até lá especificamente para visitá-los, mas, se você conhecer a história de cada um deles, quando passar por eles nas avenidas de Adis Abeba nas suas andanças entre um e outro dos pontos turísticos que listei acima, vai poder reconhecê-los - só é difícil fotografar de dentro do táxi!
 
O Monumento Yekatit 12 em Adis Abeba relembra o massacre de etíopes pelas forças italianas. O monumento serve como uma lembrança das brutalidades cometidas durante a ocupação italiana da Etiópia e homenageia as vítimas do massacre.

Adis Abeba etiopia viagem
Monumento Yekatit 12 em Adis Abeba

A Estátua do Leão de Judá é um dos maiores monumentos de Adis Abeba, criado à imagem de uma estátua dourada do Leão de Judá, num pedestal de granito. Os retratos dos maiores imperadores também estão próximos à estátua. É lá que começa a rua mais larga de Adis Abeba, e uma das mais conhecidas também, a Churchill Avenue. Esta estátua tem uma história interessante, viajou muito e foi levada para Roma pelos italianos. Durante uma cerimônia fascista em Roma, um líder etíope matou muitos fascistas italianos quando viu a estátua do seu país numa praça de Roma. O Leão de Judá representa a antiga monarquia do país, e hoje a estátua é dedicada àquele corajoso patriota etíope que tocou o horror nos fascistas em Roma.

O Derg Monument é um memorial ao regime totalitário mais implacável da história da África. O Derg é o nome abreviado do Comitê Coordenador das Forças Armadas, Polícia e Exército Territorial que governou a Etiópia de 1974 a 1987. Eles tomaram o poder após a deposição do imperador Haile Selassie I. O regime ditatorial militar comunista do Derg executou e prendeu dezenas de milhares de oponentes sem julgamento entre 1975 e 1987. O monumento é classificado como um dos principais marcos da cidade. É também chamado de Monumento Tigilachin. Possui uma coluna com uma estrela vermelha no topo e estátuas de 3 soldados na coluna. Este monumento foi recebido como presente da Coreia do Norte. Atualmente, o terreno do monumento está coberto de vegetação e o monumento está deliberadamente abandonado. 

A Meskel Square é uma praça na cidade de Adis Abeba, local de reuniões públicas, de manifestações e festivais, nomeadamente o Festival Meskel, que lhe dá o nome. Concertos, desfiles e vários outros eventos governamentais e públicos também são realizados lá. A palavra “Meskel” significa “cruz” e o festival comemora o momento em que o crucifixo foi revelado à Imperatriz Helena de Constantinopla. Após a queda da monarquia em 1974, a Praça Meskel foi renomeada como "Abiot" ou Praça da Revolução. Foi bastante ampliada para poder acomodar os desfiles anuais do Dia da Revolução. Três retratos gigantescos de Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir Lenin foram erguidos na praça. O monumento nacional em memória dos massacrados pelo regime Derg no "Terror Vermelho" da década de 1970 foi construído na entrada leste da praça.

Adis Abeba etiopia viagem
a estátua do imperador Menelik II no seu cavalo em Addis Ababa também comemora a vitória da Etiópia sobre os italianos na Batalha de Adwa

Adis Abeba etiopia viagem
Meyazia 27 Victory Statue, também chamada de Arat Kilo Monument

10 coisas para fazer na Etiópia 

Eu adoraria ter explorado mais a Etiópia, mas, como comentei antes, além de não termos muito tempo - a Etiópia é um país bem grande, com estradas beeem ruins, o que significa que as viagens por terra para o interior do país são loooongas, quase infinitas, pelo que li kkkk...- no momento em que planejamos a nossa viagem as condições de segurança não eram boas: tanto a região norte da Etiópia estava sofrendo com conflitos étnicos, quanto a região ao sul também não estava muito segura para viajantes, e as estradas para o Djibouti estavam terríveis.

Pois é, há uma tríplice fronteira entre o Sudão do Sul, Quênia e Etiópia em que eles vivem em pé de guerra por causa de brigas por água pro gado. Os etíopes também já tiveram guerras ou conflitos armados com o Sudão do Sul, Somália e Eritréia, ou seja, com todos os vizinhos 😞

Mas é claro que eu pesquisei TUDO o que eu gostaria de conhecer na Etiópia, até para descobrir se era possível fazer algo, e vou deixar tudo registrado aqui para mim mesma - no caso de eu ter a sorte de poder voltar à Etiópia em tempos mais pacíficos, ou com mais tempo, ou com mais dinheiro, para poder viajar de avião - sim, existem voos domésticos que "encurtam" consideravelmente as viagens para o interior do país!

👉Aliás, quero deixar registrada aqui uma dica MUITO importante para você que pretende se aventurar pelo interior da Etiópia: eu soube que, se você chega na Etiópia através de um voo da Ethiopian Airlines, você automaticamente terá direito a desconto nos seus voos domésticos da mesma companhia aérea!

Mas, para isso, você tem que ir pessoalmente, com dinheiro vivo (birr), numa loja da Ethiopian Airlines em Adis Abeba para comprar os seus bilhetes de voos domésticos! 

Vale muito a pena, pois os descontos são de 50%! E, se você tiver trocado os seus dólares no câmbio paralelo, como expliquei acima, a economia será dupla!!! 


Bom, pelo que pesquisei, o chamado Circuito Histórico é a principal atração da Etiópia.

Ao contrário da maioria dos países africanos, onde é a vida selvagem que comanda o show, na Etiópia, de maneira geral, a natureza fica quase que relegada a um 2º plano, mas, ainda, assim, crocodilos, hienas e os Ibex Walia me deixaram sonhando em voltar à Etiópia.

Fiz apenas uma lista de 10 coisas para fazer na Etiópia - recomendo que vocês dêem um Google e pesquisem mais sobre cada uma das incríveis atrações da minha wishlist etíope:

1 Visitar a igreja mais precariamente posicionada de Tigray - Abuna Yemata Guh - conhecida como a igreja mais inacessível do mundo.

2 Fazer uma expedição ao lago de lava de Erta Ale na Depressão de Danakil, que fica abaixo do nível do mar, e conhecer o Deserto de Sal e Dallol - no norte, perto da Eritréia. Esses passeios são realizados por agências com escoltas armadas (por isso custam caro). 

Cuidado: aventurar-se na Depressão de Danakil é um assunto sério e que deve ter tratado com bastante cuidado, pois as temperaturas diurnas podem ultrapassar os 50°C.

3 Conhecer Lalibela, a principal atração turística da Etiópia, e suas 11 igrejas medievais do século 13 escavadas e esculpidas na rocha de granito rosa - como a Igreja de São Jorge - um local sagrado do cristianismo ortodoxo etíope.

4 Curtir o ambiente durante uma tradicional cerimônia de café.

5 Conhecer os endêmicos Ibex Walia, parentes distantes das cabras, ameaçados de extinção, que vivem apenas no Parque Nacional das Montanhas Simien, nas terras altas do norte da Etiópia.

6 Visitar as tribos nativas do Vale do Rio Omo, no sul da Etiópia, conhecer as mulheres que usam os impressionantes alongadores labiais Mursi (também chamados de botoque ou disco labial), e os povos das etnias Mursi, Hamer, Karo ou Arbore, que representam alguns dos últimos povos nativos da África com pouca influência da cultura ocidental. 

7 Viajar até a 'Camelot da África' para conhecer os castelos africanos do século 17 construídos por imperadores em Gondar.

8 Ir no mercado de crocodilos de Lake Chamo.

9 Ver as hienas se alimentando do lado de fora dos lendários portões da cidade murada de Harar.

10 Conhecer as tumbas Axumitas e as estelas da antiga civilização de Axum, considerada hoje Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Adis Abeba etiopia viagem
a Etiópia é um país bem grande, com estradas ruins e frequentes conflitos étnicos

Adis Abeba etiopia viagem
eu adoraria visitar as tribos nativas do Vale do Rio Omo, que usam estes "travesseiros"

Adis Abeba etiopia viagem
os povos das etnias Mursi, Hamer, Karo ou Arbore representam alguns dos últimos povos nativos da África com pouca influência da cultura ocidental

A cidade murada de Harar

De todas as principais atrações turísticas da Etiópia - claro que eu também adoraria ter visitado as igrejas de Lalibela - o ponto turístico etíope que mais chamou a minha atenção nas pesquisas foi a cidade murada de Harar.

Eu amo uma cidade murada e, pelo que pesquisei, Harar é a 4ª cidade mais sagrada para os muçulmanos, depois de Meca, Medina e Jerusalém. 

As muralhas centenárias da parte antiga da cidade islâmica de Harar, construídas entre os séculos 13 e 16 para proteger a cidade dos ataques da tribo invasora Oromo, ainda guardam 1Km2 de puro fascínio e quase 100 mesquitas, 3 das quais datam do século 10, além de dezenas de santuários. 

Nas inúmeras vielas tortuosas da cidade velha, dizem que as mesquitas, santuários e jóias arquitetônicas têm um cheiro eterno de café. Fora dos muros da cidade, os homens continuam a tradição de alimentar hienas manualmente.

Sim, essa loucura é uma tradição em Harar: todos os dias, ao anoitecer, eles alimentam hienas na saída de um dos portões da cidade velha. Faziam isso em épocas de fartura, para que, em épocas de seca, as hienas não atacassem os homens e seus rebanhos de cabras e ovelhas. O truque aparentemente funcionou, porque hoje em dia as hienas circulam livremente durante a noite, sem causar problemas aos humanos. Esse "evento" de alimentação de hienas obviamente já se tornou um programa turístico, e hoje em dia eles pedem uma 'contribuição' aos viajantes para pagar pelos pedaços de carne que são dados às hienas - primeiro com a mão, e depois com a boca! Eu adoraria ter visto isso!

Do lado de fora dos muros, na parte mais nova da cidade, grande parte da população é cristã, e todos se entendem e convivem sem conflitos religiosos. Inclusive, na parte antiga, dentro da cidade islâmica murada, há uma Igreja Ortodoxa Etíope na praça principal. 

A cidade é pequena, cheia de ruelas estreitas com portões e muros coloridos e lindas mulheres Harari.

Harar parece ser uma delícia de cidade, daquelas onde o tempo não passa. 

O poeta francês Rimbaud viveu lá durante alguns anos no século 19, numa casa hoje transformada em museu, o que só comprova que a fissura dos turistas ocidentais pela região não é de agora 💁

Adis Abeba etiopia viagem
mapa da cidade murada de Harar na Etiópia

Tumbas Axumitas e estelas em Axum

Além de Harar, eu também fiquei interessadíssima em conhecer Axum, um lugar sobre o qual eu pouco tinha ouvido falar antes de pesquisar para esta viagem!

Você já ouviu falar dos Axumitas? Há quem escreva Aksumitas também...

Foi uma civilização tão importante quanto a Egípcia, e a grande diferença é que mais de 90% dos monumentos deixados pelos Axumitas nunca foram escavados! No dia em que forem finalmente tirados debaixo da terra, a Etiópia vai virar o maior ponto turístico do planeta 😅

Localizadas no norte da Etiópia, as ruínas da cidade de Axum estão situadas no local que era o centro de poder da Etiópia na Antiguidade, quando o Reino de Axum era o mais poderoso dos estados localizados entre o Império Romano e a Pérsia. 

As ruínas colossais de Axum incluem obeliscos monolíticos, tumbas reais e vestígios de castelos antigos. O maior dos monólitos tem 33m e cerca de 600 toneladas! Muito depois do declínio político de Axum, as cerimônias de coroação dos imperadores etíopes ainda eram realizadas nesta cidade.

Axum foi um grande império, supostamente criado por um descendente de Noé - sim, aquele mesmo Noé que construiu a arca.

A Etiópia aparece inúmeras vezes no Velho Testamento, você  sabia?

Segundo acreditam os etíopes, a Rainha de Sabá saiu da região de Axum para visitar o Rei Salomão em Jerusalém e voltou grávida. O filho deles foi chamado de Davi e, posteriormente, Menelik. Esse filho foi para Jerusalém mais tarde, para conhecer seu pai e aprender sobre as leis de Moisés, e voltou para Axum com a Arca da Aliança e as tábuas dos 10 Mandamentos, trazendo vários judeus com ele.
Para a Igreja Ortodoxa Etíope, a Arca da Aliança, relíquia mais sagrada dos judeus, que continha as 2 tábuas dos 10 Mandamentos e representava a aliança de Deus com o povo de Israel e a própria presença de Deus, construída por meio de instruções dadas por Deus a Moisés, foi levada à Etiópia por Menelik, filho do Rei Salomão de Israel e de Makeda, a Rainha de Sabá, que era etíope de Axum.
Ainda segundo a lenda, a Arca estaria guardada numa capela da Igreja de Santa Maria de Sião, em Axum, no norte da Etiópia.

Os restos do palácio da Rainha de Sabá, datados do século 10AC, foram encontrados em 2008 por pesquisadores alemães em Axum, cidade que é considerada sagrada na Etiópia, sob um antigo palácio real.
Por isso hoje existem muitos judeus etíopes - são todos descendentes desse 'caso' entre o Rei Salomão e a Rainha de Sabá.
Muitos etíopes também acreditam que um dos Reis Magos, que era negro - Baltazar - era o Rei de Axum, e foi da Etiópia visitar Jesus Cristo no seu nascimento.

Aliás, uma outra curiosidade interessante sobre a Etiópia é que, nas disputas com o país, a Itália nunca se deu muito bem

Primeiro que a Etiópia derrotou com sucesso os exércitos italianos que tentavam a sua colonização. E, depois de a Itália roubar uma stela Axumita em 1937, e de disputas diplomáticas que duraram décadas sobre a devolução da relíquia etíope, a Itália ainda teve que desembolsar 7,7 milhões de dólares para devolvê-la à Etiópia, mais de 67 anos depois!

Adis Abeba etiopia viagem
uma incrível relíquia Axumita na Etiópia

Adis Abeba etiopia viagem
eu não tinha ideia da importância da Civilização Axumita até começar a pesquisar para esta viagem à Etiópia

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maravilhosa escultura Axumita em museu de Adis Abeba, onde é possível ver até o estilo do cabelo e o padrão do tecido do vestido da mulher retratada

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mais de 90% dos monumentos deixados pelos Axumitas nunca foram escavados

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figura esculpida muito detalhada de uma mulher sentada encontrada num sítio arqueológico próximo de Axum, onde as escavações também revelaram um centro ceremonial com templos, artefatos, vasos de cerâmica, figuras femininas, de animais e fragmentos de estátuas

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as ruínas da antiga cidade de Axum foram inscritas pela UNESCO na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade

Adis Abeba etiopia viagem
fiquei interessadíssima em conhecer Axum

Judeus etíopes e o cinema

Como contei acima, hoje em dia existem muitos judeus etíopes.

Por mais de 2 mil anos, os judeus negros da Etiópia mantiveram sua fé e identidade - eles falam hebraico, guardam o Shabat e vêm seguindo os preceitos da Torá desde os tempos antigos.

Apenas em 1975 eles foram reconhecidos pelo Estado de Israel como descendentes de uma das 10 tribos perdidas. 

O grupo se autodenomina Beta Israel - a expressão falasha, usada para designá-los em Israel, é considerada pelos judeus etíopes como pejorativa, pois significa 'exilado' ou 'estranho'.

Ocorre que, durante a instabilidade civil que ocorreu na Etiópia, e especialmente a grande fome de 1984/85, os 'falashas' se obrigaram a emigrar do país. 

No início, mais timidamente, procuraram exílio em campos de refugiados no Sudão.

A história que contam é que, a partir de então, Israel "resgatou" milhares de pessoas em 2 gigantescas operações secretas.

A 1ª delas teria acontecido ainda em 1984, chamada Operação Moisés

Israel montou um plano de fuga em que milhares de pessoas foram caminhando até o Sudão e, de lá, foram levadas para Israel, primeiramente em navios da Marinha israelense. Com ajuda do serviço secreto israelense, o Mossad, também organizaram transportes aéreos, que permitiram a evacuação de 7700 etíopes. O restante adoeceu na viagem, e muitos acabaram voltando à Etiópia. Famílias acabaram sendo separadas.

Já na década de 1990, o governo comunista da Etiópia não autorizava a saída do país dos judeus etíopes. Supostamente, a Etiópia queria que Israel pagasse (como que um 'resgate') pelos falashas. 

Então, em 1991, aconteceu a 2ª operação de resgate: Operação Salomão

Durante uma brutal guerra civil na Etiópia, 14.200 judeus etíopes foram transportados de avião para Israel pelas Forças de Defesa do país.

A Operação Salomão foi contada em um livro - Salvando a tribo perdida. De acordo com os relatos, 35 aviões militares e civis fizeram 41 voos. Um dos Jumbos, com capacidade para 500 passageiros, transportou de uma só vez 1087 pessoas, num feito digno do Guinness Book.

Um filme interessantíssimo para assistir antes de viajar à Etiópia, e para entender melhor essa história, é Missão no Mar Vermelho. A história se passa no Sudão e na Etiópia.
'The Red Sea Diving Resort' (nome do filme em inglês) é um filme de espionagem e suspense de 2019 protagonizado por Chris Evans, que vive um agente israelense do Mossad chefiando uma das operações secretas realizadas para ajudar os refugiados judeus da Etiópia a fugirem para Israel. É um filme fantástico, baseado nesta história real!

Segundo alguns etíopes, Israel agiu motivado mais pela sua necessidade de mão-de-obra barata do que propriamente pelas razões religiosas mais nobres de levá-los de volta à Terra Prometida.

Ocorre que grande parte dos judeus etíopes nunca havia tido contato com uma civilização nos moldes ocidentais antes - eram membros de tribos. 

Muitos nunca haviam sequer sentado em uma cadeira ou mesmo usado sapatos, o que fez com que a adaptação à nova vida em Israel fosse bem difícil. 

Hoje, aproximadamente 90% dos etíopes judeus vivem em Israel, numa comunidade que reúne mais de 135 mil pessoas, dos quais mais de 50 mil nasceram já em Israel. 

Infelizmente, muitos são vítimas de racismo, e excluídos do processo de integração, sendo que mais de 1/3 das famílias de judeus etíopes em Israel vivem abaixo da linha da pobreza.

Missão no Mar Vermelho

Os etíopes, religião e etnias

A religião é o aspecto mais importante da vida etíope em sociedade. 

Os etíopes dividem-se assim, quanto à religião:
  • 43% são cristãos ortodoxos etíopes
  • 31% são muçulmanos
  • 22% são protestantes
  • outras crenças animistas tradicionais
A Etiópia foi a 2ª nação mais antiga do mundo a adotar o Cristianismo como religião oficial, depois apenas da Armênia. Foi o 1° reino a adotar o Cristianismo. 
O Império Etíope durou aproximadamente 705 anos, de 1270 até a abolição da monarquia em 1974, e foi herdeiro direto do Reino de Axum, que adotou o Cristianismo como religião oficial em 340, somente depois da Armênia - país que havia adotado o Cristianismo em 301 - e meio século ANTES do Império Romano. Inclusive, foi após a sua cristianização que os Axumitas pararam de construir stelas, infelizmente.
A Etiópia tem 120 milhões de cidadãos hoje em dia - o que é surpreendente, considerando que a população do país era de apenas 15 milhões em 1935. 

A população da Etiópia é altamente diversificada, contendo mais de 80 grupos étnicos diferentes, mas a maioria do povo etíope pertence a um dos 8 principais grupos étnicos:
  1. Oromo 34.9%
  2. Amhara 27.9%
  3. Tigrayan 7.3%
  4. Sidama 4.1%
  5. Gurage 2.8%
  6. Welayta 3%
  7. Somali 2.7%
  8. Hadiya 2.2%
Os Amharas ortodoxos têm tradicionalmente dominado o país e imposto sua língua e cultura à sociedade etíope em geral, causando, com isso, muitos ressentimentos por parte de outros grupos étnicos. 

O mesmo ocorre com relação aos Tigrayans ortodoxos, que dominaram o governo desde 1991.

Adis Abeba etiopia viagem
43% dos etíopes são cristãos ortodoxos

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mulheres cristãs ortodoxas na Etiópia

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31% dos etíopes são muçulmanos

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a religião é o aspecto mais importante da vida etíope em sociedade

Adis Abeba etiopia viagem
homens muçulmanos em Adis Abeba na Etiópia

Um país nunca colonizado e suas peculiaridades

A Etiópia é um dos únicos lugares da África que nunca foi colonizado e, por isso, eles têm várias peculiaridades locais, como um calendário próprio, uma língua e alfabeto super diferentes e até um horário que é só deles. Até a vida selvagem e a culinária da Etiópia são únicas!
Como já comentei acima, muitos monumentos em Addis Ababa comemoram o fato de que os etíopes colocaram os italianos para correr do país depois de um breve período de ocupação e, por isso, a Etiópia é um dos únicos países africanos que nunca foram colonizados por potências europeias e ficaram de fora da Partilha da África, junto com a Libéria.

Na Etiópia, o Ano Novo, por exemplo, começa em setembro. Quando aqui no Brasil estivermos no 9° mês de 2024, a Etiópia estará iniciando o ano de 2017. 

Lembra que falei que eles têm um calendário e um horário próprios? Pois é, ao desembarcar na Etiópia, viajamos pro passado e voltamos ao ano de 2016!

Isso ocorre porque eles usam o calendário da Igreja Ortodoxa Etíope - Calendário Juliano - que tem uma diferença de vários anos com relação ao nosso Calendário Gregoriano.

Até o horário é calculado de forma totalmente diferente na Etiópia - e não estou falando apenas de uma questão de diferença de fusos horários: lá, quando o sol nasce, é a hora zero deles! 

Explico melhor: nós começamos a contar as horas do dia a meia-noite, certo? Já os etíopes começam a contar as horas do dia quando o sol nasce, as 6hs da manhã! E não é que, depois que entendi os paranauês, cheguei à conclusão que o sistema deles faz o maior sentido!?

Adis Abeba etiopia viagem

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em todas as notas fiscais, recibos, etc, sempre vinham as 2 datas: a nossa, do Calendário Gregoriano, em 2024, e a do Calendário Juliano, usado na Etiópia, onde eles estão ainda em 2016!

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note a data deste recibo que me deram em junho de 2024 no canto superior direito: 2016!

O alfabeto e o idioma usados na Etiópia também são únicos!

As línguas oficiais da Etiópia são o Amárico, Oromiga, Tigrínia, Somali, Guaragigna, Sidama e Hadiyigna. No total, existem mais de 80 línguas e 200 dialetos diferentes são usados na Etiópia!

O idioma mais falado no país é o Amárico, mas é possível se virar com o inglês, embora você deva saber que a comunicação não é o forte dos etíopes. 

Uma dica importante: quando sair do hotel, leve num papel o endereço do seu hotel escrito EM AMÁRICO. Eu pensei: "ué, mas é só mostrar a localização do hotel no Google Maps pro taxista"...ocorre que eles não têm nenhum costume de usar o Google Maps, ficam olhando pro telefone como se eu estivesse mostrando outro planeta a eles, não adianta muito. 

Algumas vezes o Peg até guiou o motorista do táxi pelo Google Maps até o nosso hotel, mas, para podermos negociar antecipadamente o valor da corrida - o que é muito recomendado - é importante que o motorista saiba ONDE estamos indo! 

Também usamos várias vezes o Google Translate e o Google Lens para nos comunicarmos, mas, para endereços, é melhor ter o velho papelzinho na mão!

E outra dica boa: uma palavrinha que você precisa aprender antes de viajar à Etiópia: Ishee, que significa Ok, Olá, Tchau...quando acompanhada de um sorriso, é uma demonstração de simpatia e boa vontade.

O alfabeto Amárico é aquele em que as letras - ou seriam caracteres!? - parecem umas minhoquinhas. Mas atenção: não confundir o idioma amárico com o aramaico, língua que é falada ainda hoje em partes do Oriente Médio, especialmente na Síria. 

Veja um exemplo de amárico: እባክዎትን ቡና እፈልጋለሁ።

Se lê: Ebakewot buna efelgalehu. Fácil, né? 😝

Significa: "Eu gostaria de um café, por favor".

Encontrei uma tabelinha que ajuda bastante a identificar as letras do amárico, caso você queira se aprofundar:

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letras do idioma amárico, usado na Etiópia

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o Google Lens é uma ótima ferramenta para traduzir informações em qualquer língua!

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uma Coca-Cola "amárica"

A beleza das mulheres etíopes

Uma coisa que chama muita atenção numa viagem à Etiópia é a beleza das mulheres etíopes!

Que mulheres lindas! 

As etíopes têm uma cor de caramelo, uma estrutura óssea longilínea, um andar elegante, usam roupas lindas e super simples de algodão (aquele algodão de fralda de pano, sabe??), e sempre ganham concursos de miss!

E o mais impressionante é que eles cultuam uma imagem bem característica da mulher etíope, sempre com olhinhos redondos e o cabelo preso num coque! Em todas as imagens de mulheres etíopes que se vê em quadros em geral, as mulheres são retratadas dessa mesma forma! 

De uma forma geral, todas as mulheres de uniforme usam o cabelo preso nesse mesmo coque arredondado, desde as comissárias nos voos da Ethiopian Airlines, as garçonetes de restaurantes, as recepcionistas do nosso hotel...enfim, todas!

Eu não cheguei a descobrir se existe uma razão para isso - se alguém aí souber explicar pra nós, favor compartilhar conosco nos comentários!

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a beleza das mulheres etíopes chama a atenção

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as etíopes têm uma cor de caramelo maravilhosa e parecem sempre muito elegantes, mesmo as mulheres mais simples

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as mulheres etíopes usam roupas lindas de algodão

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aquele mesmo algodão que usamos em fraldas de pano, sabe?

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roupas femininas de algodão à venda num mercado de Adis Abeba

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note como, numa festa de casamento, todas as mulheres estão usando roupas brancas de algodão

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e todas as imagens que retratam mulheres etíopes têm as mesmas características

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os olhos amendoados e o cabelo preso num coque arredondado

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desde as imagens de mulheres dos tempos mais antigos

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até os rótulos de cerveja

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todas as mulheres de uniforme na Etiópia usam o cabelo preso nesse mesmo coque arredondado, inclusive as comissárias nos voos da Ethiopian Airlines

8 curiosidades sobre a Etiópia

1 Isolada do resto da África pelas suas montanhas, que mais parecem fortalezas, a vida selvagem da Etiópia também é única - assim como tantas outras coisas que são únicas da Etiópia! 

Existem 89 espécies na Etiópia que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta. O que é ainda mais impressionante é que não é difícil encontrar toda essa vida selvagem, até mesmo o altamente ameaçado e raro Lobo Etíope, o Ibex Walia, o Nyala da Montanha e o Babuíno Gelada, também conhecido como macaco-de-coração-em-sangue. Inclusive as aves: foram identificadas 842 espécies, das quais 21 são endêmicas da Etiópia.

2 Em 2019, o 1° ministro etíope ganhou o Prêmio Nobel da Paz, pelos seus esforços para resolver os conflitos com a vizinha Eritréia.

3 A Etiópia tem 11 sítios inscritos como Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo 9 sítios classificados como bens culturais e 2 sítios como bens naturais.

4 Os etíopes temem a movimentação do ar. Parece coisa de doido, mas eles não permitem, por exemplo, que você abra as janelas em um ônibus sufocante para ventilar!

5 Você já ouviu falar na Abissínia? Essa expressão é sinônimo do Império Etíope, um império no continente africano que teve início por volta de 1270 e durou aproximadamente 705 anos, ocupando os atuais territórios da Etiópia e da Eritréia. Sua queda foi em 1974, quando houve a abolição da monarquia e o último imperador etíope, Haile Selassie, foi deposto num golpe militar do regime ditatorial comunista Derg.

Como contei antes, foi a única monarquia africana que resistiu com sucesso às tentativas de colonização européias, com a vitória sobre a Itália na histórica Batalha de Adwa, e foi - junto com a Libéria - o único estado africano a garantir independência durante a Partilha da África.

6 Para ler sobre a Etiópia: Wax and Gold, livro de Donald N. Levine sobre a cultura Amárica. 

7 Para assistir: o documentário A Walk to Beautiful, que narra a jornada de 5 mulheres marginalizadas reconstruindo suas vidas depois de sofrerem terríveis lesões de partos na Etiópia.

8 A Etiópia, junto com o Quênia, são conhecidos como mecas dos corredores de média e longa distância, tendo os corredores dos 2 países batido todos os recordes mundiais possíveis. 

Existem várias explicações possíveis para esse sucesso dos corredores quenianos e etíopes nas provas de atletismo, incluindo predisposição genética, o fato de que eles começam a correr por necessidade quando são crianças indo pra escola e correm na altitude, as características dos membros inferiores, a composição favorável das fibras musculares esqueléticas, a dieta tradicional queniana/etíope, etc, mas, pra mim, a principal razão para o sucesso deles é a mesma dos meninos brasileiros que tentam o sucesso nas escolinhas de futebol: motivação muito forte para alcançar sucesso e riqueza fazendo o que gostam.

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a vida selvagem da Etiópia é única - assim como tantas outras coisas que são únicas da Etiópia
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a Etiópia foi, junto com a Libéria, um dos únicos países africanos a garantirem independência durante a Partilha da África

Geografia da Etiópia

A maior parte da Etiópia se situa no Chifre da África, a parte mais oriental do continente africano. 

O país faz fronteira com o Sudão e o Sudão do Sul a oeste, com Djibouti e Eritréia a norte, com a Somália a leste, e com o Quênia ao sul. 

O planalto central da Etiópia varia de 1290 a 3000m de altitude, com a maior montanha alcançando 4533m.

Com as Montanhas Simien e Bale a mais de 4000m de altitude e a Depressão Danakil abaixo do nível do mar, as paisagens da Etiópia são muito variadas. 

As terras altas apresentam alguns dos abismos mais impressionantes da África e, de lá, fluem 4 grandes sistemas fluviais, sendo o mais conhecido o Rio Nilo Azul

O famoso Vale do Rift divide o sul da Etiópia, criando vários lagos. 

Na Depressão Danakil, a crosta terrestre é muito fina, deixando o interior da Terra em permanente exibição.
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a maior parte da Etiópia se situa no Chifre da África

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a Etiópia faz fronteira com Sudão, Sudão do Sul, Djibouti, Eritréia, Somália e Quênia

Breve história da Etiópia 

Tudo começou com a Lucy, a ancestral ereta mais antiga de todos nós, como comentei acima. 

Depois dela, floresceu na Etiópia uma civilização com influências árabes, por volta de 1500AC. 

Em seguida, entre os séculos 4 e 2AC, a Civilização Axumita surgiu, dominando a região até o século 7DC e construindo ​​obeliscos, stelas e tumbas que sobrevivem até hoje. 

No século 4, o Cristianismo tomou conta da região e, apesar das terríveis guerras santas, com invasores muçulmanos e ataques da tribo dos Oromo - do norte do Quênia - ao longo dos séculos, esta é a religião que se tornou amplamente majoritária entre os etíopes.

Em 1896, o imperador Menelik derrotou o exército colonial italiano, que tentava ocupar o país, mantendo a Etiópia a salvo do colonialismo, apenas com uma breve ocupação italiana na década de 1930.
A Etiópia é um dos países mais antigos do mundo, considerada não só o berço do café, mas também da humanidade. E, diferentemente de quase todas as demais nações africanas, não foi colonizada por europeus. Como um dos únicos lugares na África que nunca foi colonizado, a identidade cultural e os costumes na Etiópia são diferentes do que estamos acostumados e, como já comentei, o país tem o seu próprio horário, língua, alfabeto, calendário, gastronomia e até fauna! 
Já na década de 1970, os comunistas assassinaram o último dos imperadores 'salomônicos' da Etiópia - Haile Selassie, que, acredita-se, era o último descendente do Rei Salomão. 

A Etiópia sempre foi uma nação com grande potencial e boas taxas de crescimento, até os anos 1970, quando teve início um regime comunista, aliado a Moscou, que derrubou a monarquia e detonou o país.

Depois disso, o país viveu uma triste guerra civil, que durou uma década e só terminou em 1991.

Em 1998, 7 anos depois de finalmente se livrar do comunismo/socialismo, a Etiópia ainda teve uma guerra de 2 anos com a Eritréia, por disputas fronteiriças, e até hoje os 2 países vizinhos (a Eritréia fica ao norte da Etiópia) ainda não se entenderam.

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diferentemente de quase todas as demais nações africanas, a Etiópia não foi colonizada por europeus

Um casamento (nada) ortodoxo na Etiópia e uma reflexão

Sabe aquelas surpresas boas que acontecem nas viagens e tornam um lugar absolutamente especial pra gente? Foi o que aconteceu na nossa viagem à Etiópia, quando, visitando a Catedral de São Jorge em Adis Abeba, fomos convidados a participar de um casamento cristão ortodoxo etíope pelos familiares dos noivos!

Eu me arrepio com essas oportunidades que as viagens nos trazem!

Honestamente, não sei dizer se os caras que nos convidaram para entrar, sentar, comer e fotografar eram da família do noivo ou da noiva, mas o fato é que eles perceberam que estávamos espiando a movimentação da festa e nos chamaram - muito efusivamente, diga-se - para participar!
Em várias culturas - isso não é nenhum segredo - ter convidados "estrangeiros" participando da sua cerimônia de casamento é uma coisa bem auspiciosa! Tanto que essa não foi a 1ª vez que fomos convidados a participar de uma festa de casamento nas nossas viagens à África! Na 1ª vez que estivemos no Marrocos, eu e a minha mãe, no túnel do tempo, ficamos na casa de uma família que nos chamou para visitá-los, e participamos de uns festejos de pre-casamento e, na Tanzânia, mais recentemente, nos chamaram também para participar de uma festa de casamento tipicamente tanzaniana
Na festa em Adis Abeba, nos ofereceram comida (injera, claro!), insistiam para que sentássemos, quando viram que eu estava querendo tirar uma foto, me puxaram para mais perto do palco, onde estavam os noivos, para que eu pudesse fotografar melhor...enfim, fizeram de tudo para que nos sentíssemos bem-vindos!

Fiquei sem-graça porque absolutamente todas as pessoas lá estavam vestidas com as suas melhores roupas de algodão branco, e eu estava MEGA mal-arrumada, de legging e camiseta pretas 😝

O Peg ficou de gozação com as caras tristes dos noivos - na verdade eles não pareciam tristes, e sim com calor, cansados e emocionados, como todos os noivos do mundo ficam nos seus respectivos casamentos kkkkkk...

Mas aí, em um determinado momento, uns penetras tentaram invadir a festa para pegar a comida do casamento, e aí foi aquele Deus-nos-acuda, começou uma brigalhada, com os homens das famílias dos noivos lutando para expulsar os penetras da festa, uma confusão que deu até medo - ficamos encolhidos num canto, torcendo que ninguém percebesse que éramos penetras também!😅

Olha o Peg contando essa história lá nos stories dele:

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falando mal da festa alheia e escrevendo enchame com 'ch', né seu Pegoraro?!

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o Peg ficou de gozação com as caras tristes dos noivos

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até os convidados estavam com caras de poucos amigos...

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tive a impressão de que, na verdade, eles não pareciam tristes, e sim com calor, cansados e emocionados, como todos os noivos do mundo ficam nos seus respectivos casamentos kkkkkk...

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note como nesta sequência de fotos eles já estão todos mais sorridentes

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o noivo até sorriu pra minha foto com o bolo de casamento hehehe...

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e, depois de toda a parte litúrgica/religiosa, a festa deslanchou

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amigos e familiares dos noivos participando das danças litúrgicas da Igreja Ortodoxa Etíope em casamento em Adis Abeba

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mulher guardando os instrumentos musicais etíopes que seriam usados pouco depois na cerimônia

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casamento cristão ortodoxo etíope em Adis Abeba

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mulher tocando o tambor litúrgico chamado "Kebero", que é usado para tocar músicas tradicionais nas cerimônias da Igreja Ortodoxa Etíope
Mas o que eu gostaria de frisar neste post sobre a Etiópia é que esse é um destino muito mais interessante ANTROPOLOGICAMENTE falando do que turisticamente. 
Você tem que ir para a Etiópia se estiver de fato interessado em aprender mais sobre a cultura local, e não em fazer selfies em lugares bonitinhos - que praticamente não existem lá!

A Etiópia é um lugar para viajante raiz, e não para turistas que pesquisam suas viagens no Instagram...

Para amar a Etiópia, você tem que realmente GOSTAR de aprender e de se enfronhar em outras culturas, não dá para ser aquele turista que tem medinho e nojinho de tudo. 

Se você é desses, melhor nem ir, porque não é um lugar "fácil".

#ficaadica
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note que todas as mulheres têm nas mãos um sistro etíope, instrumento musical usado nas cerimônias reliosas ortodoxas na Etiópia, durante cânticos e danças litúrgicas

Imperador Haile Selassie e a religião Rastafari

Haile Selassie nasceu com o nome Tafari Makonnen e, posteriormente, recebeu o prefixo Ras, um título real conferido aos príncipes etíopes, passando a chamar-se Ras Tafari, ou seja, Príncipe Tafari.

Quando foi coroado imperador em 1930, recebeu o nome honorífico de Haile Selassie I, que, em Amárico, significa "o poder da Divina Trindade".

Tafari Makonnen = Ras Tafari = Príncipe Tafari = Haile Selassie = poder da Divina Trindade = Jah

Haile Selassie é uma figura crucial na história da Etiópia e da própria África e, no século 20, ele se tornou um símbolo da soberania e da resistência africanas ao colonialismo europeu, como imperador de uma das únicas nações africanas que nunca foram colonizadas. 

Tendo nascido filho de pais de 3 das principais etnias etíopes - Oromo, Amhara e Gurage - buscou unificar a Etiópia e reprimiu diversas rebeliões entre as diferentes etnias que compõem o país. 

É também considerado uma figura sagrada - a reencarnação de Jesus Cristo ou o próprio Deus encarnado - para os devotos da religião afro-jamaicana Rastafari.

Os Rastafaris também o chamam de Jah, que é uma forma abreviada de Jeová, Jah Rastafari, Leão de Judá e H.I.M., que significa "Sua Majestade Imperial" (do inglês His Imperial Majesty).

Segundo a tradição monárquica da Etiópia, Haile Selassie I era herdeiro da Dinastia Salomônica Etíope, uma linhagem real que remontava à antiga Rainha de Sabá da Etiópia e ao Rei Salomão de Israel, filho do Rei Davi. 

Ele seria o último descendente do Rei Salomão, razão pela qual os Rastafaris afirmam que Haile Selassie I cumpriria uma série de profecias bíblicas relacionadas à 2ª vinda de Jesus Cristo. 

Inspirados pela história bíblica do Êxodo, pelo Pan-Africanismo e pelo nacionalismo negro do ativista jamaicano Marcus Garvey, os Rastafaris acreditam que Haile Selassie I seria o aguardado messias negro que libertaria os afrodescendentes pelo mundo para repatriá-los à África.

A crença messiânica na figura de Haile Selassie I foi internacionalmente difundida através de artistas e letras de Reggae, gênero musical que surgiu nas favelas jamaicanas, na década de 1970, inspirado pela religião Rastafari. 

Bob Marley foi o devoto Rastafari mais famoso de todos os tempos.
Mas a verdade é que Haile Selassie I nunca se afirmou como Deus encarnado, e rejeitava a crença messiânica em sua pessoa. Ele era cristão ortodoxo e membro da Igreja Ortodoxa Etíope.
Quando visitou a Jamaica em 1966, surpreendido pela comoção nacional que causou e pela devoção espiritual dos Rastafaris, Haile Selassie I orientou que os Rastafaris se batizassem na Igreja Cristã Ortodoxa Etíope, motivo pelo qual muitos devotos da fé Rastafari se identificam como cristãos ortodoxos etíopes e consideram Haile Selassie I um representante de Deus, que teria sido enviado para proteger a África do colonialismo europeu e resgatar os africanos em diáspora.

Na Etiópia, como imperador, Haile Selassie tentou modernizar o país, e introduziu reformas sociais, incluindo a 1ª Constituição escrita etíope e a abolição da escravidão em 1942 (por pressão internacional). Mas ele fracassou nos esforços de defesa da Etiópia durante a 2ª Guerra Ítalo-Etíope, e acabou passando o período de ocupação italiana em exílio, na Inglaterra. 

Só foi retornar à Etiópia em 1941, depois que o Império Britânico derrotou os italianos na Campanha da África Oriental, durante a 2ª Guerra Mundial.

Durante o seu governo, Haile Selassie dissolveu a Federação da Etiópia e Eritreia, que tinha sido estabelecida na Assembleia-Geral da ONU em 1950, e integrou a Eritréia como uma província da Etiópia. Além disso, fracassou ao tentar modernizar adequadamente a Etiópia, o que lhe rendeu muitas críticas de historiadores.

Embora Haile Selassie tenha sido visto como um herói internacional, muitas críticas lhe são feitas, principalmente em função da escassez de alimentos, da incerteza a respeito da sucessão, das guerras fronteiriças e do descontentamento da classe média com a estagnação econômica do país.

O reinado dele finalmente chegou ao fim em 1974, quando uma junta militar comunista, chamada Derg, liderada por Mengistu Haile Mariam, o depôs e estabeleceu um estado unipartidário.

Curiosidade: se você quiser descobrir mais sobre a cultura Rastafari, deve visitar Shashamane, cidade no sul da Etiópia que é considerada o berço do Rastafarianismo, embora, pelo que eu pesquisei, não haja muito para ver lá. 

Outra curiosidade: o corpo desaparecido do imperador Haile Selassie foi encontrado enterrado debaixo do banheiro do escritório do presidente em 1992, 17 anos depois do seu assassinato.

Haile Selassie religião Rastafari
quarto do imperador Haile Selassie no seu palácio em Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
trono da imperatriz em Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
 closet do imperador Haile Selassie no seu palácio em Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
 banheiro do imperador Haile Selassie no seu palácio em Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
imperador Haile Selassie visitando os EUA em 1963

Haile Selassie religião Rastafari
 exposição sobre a religião e a cultura Rastafari em Adis Abeba 

Haile Selassie religião Rastafari
tambor Rastafari

Haile Selassie religião Rastafari
vestimenta Rastafari no Museu Etnológico de Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
 exposição sobre a religião e a cultura Rastafari em Adis Abeba

Haile Selassie religião Rastafari
vestimenta Rastafari no Museu Etnológico de Adis Abeba

Malária, dengue e chicungunha - para viagens fora de Adis Abeba

Quem vai viajar para o interior da Etiópia tem que tomar cuidado com a malária. A doença é endêmica na Etiópia.
Importante: não há registro de transmissão de malária na capital da Etiópia, Adis Abeba, ou em áreas com altitude maior do que 2500m acima do nível do mar.
Como não há vacina contra a malária, a forma mais eficaz de preveni-la é por meio de medidas para impedir a picada de mosquitos (uso de repelentes) enquanto permanecer em áreas com risco de transmissão da doença. Existem também tratamentos preventivos com medicamentos, para os quais é indispensável buscar a orientação de um médico semanas antes do início da sua viagem.

Em todos os casos, mesmo tendo retornado já há semanas de uma área com risco de transmissão de malária, é necessário permanecer atento à eventual aparição de sintomas da doença (parecidos com os de uma gripe), que deve ser considerada uma emergência médica. Nesse caso, é necessário imediatamente consultar um médico e informá-lo da viagem realizada para uma área endêmica de malária. Caso não seja logo diagnosticada e tratada, a doença pode evoluir muito rapidamente para um quadro grave e até letal.

Da mesma forma, o viajante que pretende se deslocar pro interior da Etiópia, em especial para as cidades de Dire Dawa e Harar, onde as transmissões têm sido mais frequentes desde 2019, deverão tomar as precauções cabíveis (uso de repelentes) para evitar o contágio pelos vírus de dengue e de chicungunha, doenças também transmitidas por picadas de mosquitos.

Escrevi muito mais sobre essas questões nestes posts:

Tomadas na Etiópia

As tomadas na África variam bastante. Leve um adaptador universal para não passar perrengue numa viagem pelo continente. 

Eu sempre levo um T: se o quarto do hotel tem apenas uma tomada, a gente conecta o T no adaptador e podemos usar as 3 entradas dele para carregar os nossos equipamentos. Desse jeito, preciso ter e carregar apenas um adaptador.

Tomadas na Etiópia
tomadas na Etiópia

Bandeira da Etiópia

Na bandeira nacional da Etiópia, o vermelho significa o poder e a fé, o amarelo representa a igreja e a paz, e o verde significa a terra e a esperança. 

Esta bandeira é a mais influente da África, tendo dado origem a toda uma linhagem de bandeiras verdes, vermelhas e amarelas, na África e fora dela, num movimento chamado Pan-Africanismo (que defende a unidade da África e dos africanos e seus descendentes espalhados pelo mundo, em especial nas Américas) - por isso mesmo se chama a estas 3 cores de 'Pan-Africanas'.

Etiópia
ímãs de geladeira com a bandeira da Etiópia no formato do mapa do país

bandeiras africa
bandeira da Etiópia

Guias de viagem para a Etiópia

Para pesquisar mais sobre os destinos que íamos visitar nesta viagem, inclusive sobre a Etiópia, usei os livros e guias que aparecem nas fotos abaixo:

Etiópia

guia África da editora Lonely Planet

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Nesta viagem pela Etiópia, Uganda, Ruanda e África do Sul, usei nas redes sociais a #PVEtiopiaUgandaRuandaAfricadoSul

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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