Que língua se fala em Ruanda
Os idiomas usados em Ruanda são Francês (por causa da colonização belga), Inglês (pros turistas), Swahili e, especialmente, a língua local, Kinyarwanda.
O Quiniaruanda ou Kinyarwanda é uma língua banta falada principalmente em Ruanda, onde é considerada uma das línguas oficiais junto com o inglês e o francês. Também é falado no sul de Uganda, no leste da República Democrática do Congo e no Burundi.
Mas você sabe o que são "línguas bantas"?
A palavra Banto é usada pra designar um conjunto de povos e culturas da África Central que viviam nas regiões que hoje formam Angola, Congo e Gabão (região da África situada ao sul do Deserto do Saara), e que possuem em comum um mesmo grupo linguístico "banto", que inclui centenas de línguas africanas com determinadas características parecidas.
A língua banta com o maior número de falantes atualmente é o Suaíli (Swahili).
Outra língua banta importante é o Zulu.
Apesar das diferenças étnicas (mais de 400 grupos étnicos diferentes falam línguas bantas), esses povos tinham todos o mesmo tronco linguístico: eram falantes das línguas bantas.
É mais ou menos como ocorre com o latim: tanto o português, quanto o francês e o espanhol, por exemplo, se originaram do latim. O mesmo ocorre com o "banto", do qual se originaram centenas - mais de 500 - línguas e dialetos.
Antes de viajar, aprenda pelo menos a dizer Muraho, que significa Olá, em Kinyarwanda!
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placa escrita em Kinyarwanda em ponto turístico de Kigali |
Genocídio em Ruanda: Tutsis e Hutus, uma longa história
Para a maioria das pessoas, Ruanda é sinônimo de uma terrível guerra tribal entre Hutus e Tutsis, que culminou no genocídio de 1994.
É possivelmente uma das únicas coisas que o resto do mundo sabe sobre o país. Ruanda infelizmente é mais conhecida pelo genocídio dos Tutsis do que pelos gorilas das montanhas, seu maior tesouro.
Então eu não poderia deixar de falar sobre o genocídio de 1994 aqui.
Mas senta porque a história é longa: o genocídio de 94 tem suas origens pelo menos uns 200 anos antes, no século 18, houve o surgimento de uma certa rivalidade entre Tutsis e Hutus, ainda na época da formação do Reino de Ruanda.
Começando pelo começo: Ruanda é um pequeno país habitado há muito tempo por 3 etnias - Hutus e Tutsis, que representam a maior parcela da população ruandesa, e os Twa, representantes de uma minoria de pigmeus no país.
Na verdade, os habitantes originais de Ruanda, os pigmeus Twa, foram dominados por agricultores Hutus do sul e por pastores Tutsis do norte do século 16 em diante.
Até o início das colonizações alemã e belga na região, as etnias Tutsi e Hutu viviam em relativa harmonia no território que hoje é ocupado por Ruanda e Burundi.
Tutsis e Hutus partilham, em geral, da mesma cultura, têm tradições similares e falam o mesmo idioma, o Kinyaruanda. Não tinham maiores razões para brigar, ou diferenças entre si.
Mas, ainda na formação do Reino de Ruanda, no século 18, houve o surgimento de uma certa rivalidade entre Tutsis e Hutus: naquele momento, o governo do país estava nas mãos de um Rei Tutsi e a elite econômica do país era majoritariamente composta por Ttutsis criadores de gado. Nessa época, inclusive, a palavra 'Tutsi' tornou-se sinônimo de elite política e econômica do país.
Assim, a rivalidade entre Tutsis e Hutus vem de antes da colonização, mas hoje em dia não é mais segredo pra ninguém que o terrível conflito havido entre Tutsis e Hutus foi um efeito retardado da política colonial européia no continente africano, já que foi durante o período de dominação dos colonizadores que as hostilidades entre Tutsis e Hutus acentuaram-se.
O conflito foi gestado durante o período de colonização, especialmente por "culpa" dos alemães e belgas. Com o processo de neocolonialismo, a rivalidade entre os 2 grupos étnicos - Tutsi e Hutu - cresceu consideravelmente.
Vou explicar: os Tutsis eram predominantemente pastores, criadores de gado, e apresentavam maior estatura física.
Já os Hutus, de pele mais escura, e menor estatura física, eram agricultores.
Os primeiros colonizadores que se estabeleceram na região foram os alemães, ao final do século 19 - os alemães chegaram a Ruanda em 1894. Houve resistência inicial à colonização, mas sem muito sucesso.
O domínio dos alemães sobre Ruanda aconteceu em parceria com os Tutsis, que ocupavam os principais cargos da administração colonial e gozavam de uma série de privilégios.
Essa etnicização de Ruanda, dividindo Tutsis e Hutus cada vez mais, intensificou-se ainda mais quando os belgas assumiram a colonização do país a partir da década de 1910 - os Tutsis permaneceram como a classe possuidora de privilégios em detrimento dos Hutus, porque os europeus consideravam os Tutsis mais "europeizados", em razão de seus traços finos no rosto e da pele mais clara e, por isso, foram considerados "superiores" pelos belgas.
Em 1923, os belgas assumiram o território, depois do fracasso alemão na 1ª Guerra Mundial.
A separação étnica foi acentuada a partir da década de 1930, quando os belgas passaram a classificar o povo de Ruanda em Tutsis, Hutus e Twa (pigmeus), exigindo a emissão de carteiras de identidade que informavam a etnia dos habitantes de Ruanda. Aí foi que a coisa começou a degringolar de vez.
Qualquer família que tivesse mais de 10 vacas, era considerada Tutsi, independentemente da sua origem. Os que não tinham pelo menos 10 vacas, eram considerados Hutus. Um troço absurdo.
A classificação do povo em diferentes grupos étnicos nesta época criou uma enorme divisão social.
Então, em resumo, a partir da colonização alemã, e depois belga, esses 2 povos tiveram sua organização social modificada: os Tutsis foram escolhidos para assumirem cargos da administração pública, fazerem treinamento militar, e tinham acesso exclusivo à educação, uma vez que as escolas pediam uma estatura mínima, visando justamente impedir o ingresso de Hutus.
Assim, inicialmente os Tutsis eram claramente favorecidos pelos colonizadores.
Com o processo de descolonização da África, que ocorreu na década de 1950, os movimentos de independência ganharam força no país, liderados por Hutus, que desejavam a independência do país para dar um fim aos privilégios dos Tutsis.
Durante esse processo revolucionário, surgiu no país um movimento supremacista, o qual defendia a prevalência dos Hutus - que eram a imensa maioria da população - sobre os Tutsis.
Como eu já disse, os colonialistas belgas favoreceram os Tutsis durante a maior parte do seu governo colonial (que começou após a 1ª Guerra Mundial), mas mudaram de lado para favorecer os Hutus em 1956, quando os Tutsis tentaram conseguir a independência. Neste período, a partir de 1956, que antecedeu a independência em 1962, os belgas passaram a apoiar os Hutus, preparando o terreno para décadas de conflitos e brutalidades que se seguiriam.
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no Memorial aos Soldados Belgas em Kigali você entende o contexto que levou ao genocídio |
Em 1959, os ressentimentos acumulados pelos Hutus, que eram bem prejudicados no período colonial, explodiram. Nesta 1ª rebelião, militares Tutsis foram aprisionados e tiveram seus pés cortados a golpes de facão, com o objetivo de diminuir a diferença de estatura - e simbolicamente, diminuir as diferenças sociais.
A independência do país veio em 1962, e a minoria Tutsi ficou então à mercê dos Hutus, sendo obrigados a migrar para Uganda, a fim de organizarem uma nova tomada de poder.
O próprio presidente eleito após a independência, Grégoire Kayibanda, deu início a uma política de perseguição aos Tutsis - uma verdadeira vingança - que levou milhares de Tutsis a se refugiarem e exilarem em países vizinhos, como Uganda e Burundi.
Entre 1959 e 1973, estima-se que quase um milhão de Tutsis foram para o exílio.
Em 1973, Juvénal Habyarimana assumiu o controle do país após um golpe militar. O Hutu Habyarimana manteve a perseguição aos Tutsis e liderou um governo extremamente corrupto e ditatorial. O governo de Habyarimana tinha o apoio dos governos francês e belga ao longo das décadas de 1970 e 1980.
As relações entre as 2 tribos permaneceram tensas ao longo das décadas de 1970 e 1980, e massacres periódicos eram comuns.
Durante o governo de Habyarimana, houve uma grande crise econômica que contribuiu para o crescimento do discurso de ódio contra Tutsis e para a exaltação dos Hutus com a ação de uma organização extremista chamada Akazu, que deu origem ao Poder Hutu, grupo responsável pelo genocídio dos Tutsis em 1994.
Esse grupo foi criado pela esposa do presidente Habyarimana, Agathe Habyarimana, e era composto por membros do governo e da elite econômica e política do país.
O discurso de ódio foi disseminado pela Akazu por meio de um jornal governamental chamado Kangura e, a partir de 1993, foi também transmitido por um canal de televisão, chamado Radio Télévison Libre des Milles Collines - RTLM.
O barril de pólvora finalmente pegou fogo no início da década de 1990, quando a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), composta por Tutsis, invadiu Ruanda, tentando derrubar o governo para permitir que os refugiados Tutsis em Uganda pudessem retornar ao país.
A RPF foi fundada em 1987 por Tutsis ruandeses que haviam migrado e estavam exilados em Uganda por causa da violência étnica que sofreram em Ruanda. Em 1990, a RPF (Ruanda Patriotic Front) iniciou a Guerra Civil Ruandesa na tentativa de derrubar o governo, que era então dominado pelos Hutus.
Ocorrida entre 1990 e 1994, a Guerra Civil em Ruanda começou quando tropas rebeldes formadas por Tutsis e Hutus moderados, refugiados que viviam no exílio em Uganda, iniciaram ataques contra as tropas do governo de Juvénal Habyarimana com uma milícia armada.
Mas o exército de Ruanda recebeu o apoio dos exércitos da Franca, da Bélgica e do Congo. Inicialmente, milhares de Tutsis e Hutus moderados que colaboraram com a invasão de Ruanda foram massacrados. Muitos foram presos em estádios de futebol superlotados, sem comida nem água. Mais Tutsis se refugiaram nos países vizinhos, e iniciou-se uma série de matanças de Tutsis em pequenas cidades.
O ministro da defesa de Ruanda, Coronel Bagarosa, ajudou no treinamento da milícia chamada Interahamwe - “aqueles que lutam” - uma forma 'não-oficial' de matar os Tutsis. O exército francês também apoiou essa matança de Tutsis. As milícias Interahamwe receberam armamentos enviados pela França.
Em 1991, a RPF, com o apoio de Uganda, invadiu novamente Ruanda, desta vez melhor armados e treinados, e foram conquistando territórios no norte do país, até que, em 1993, já estavam próximos de Kigali. Os massacres esporádicos contra Tutsis em outras regiões foram se tornando cada vez mais frequentes.
A guerra civil se estendeu até 1993 sem muita definição, quando o Presidente Habyarimana aceitou assinar um cessar-fogo com a RPF e estabelecer alguns acordos entre as partes. Criou-se a Convenção de Arusha, na Tanzânia. Além do término do conflito, Habyarimana concordou com o retorno dos refugiados Tutsis para Ruanda. Também foi estabelecida a formação de um exército conjunto entre as tropas governamentais e a RPF, além de marcar novas eleições.
Esse breve período de 'paz', contudo, ficou marcado pelo enorme clima de tensão no país, com o 'Poder Hutu' disseminando discurso de ódio e incentivando a população Hutu a se armar. Nessa época foi registrado o desenvolvimento de inúmeras milícias populares - as Interahamwe - que se armavam de todas as maneiras possíveis.
Tudo isso a olhos vistos e com o total conhecimento da ONU, que ignorou todos os avisos recebidos e não tomou absolutamente e nenhuma ação preventiva.
Conforme as conversações de paz iam se arrastando, uma minoria de extremistas do governo, dominado pelos Hutus, decidiu levar a cabo uma espécie de solução final para o problema Tutsi. Acho que já ouvimos falar de "solução" parecida para o "problema" judeu, não é?
A assinatura do cessar-fogo de Arusha irritou grupos de extremistas Hutus, que passaram acusar o presidente de traição.
Então os Presidentes de Ruanda e do Burundi, que eram Hutus, foram mortos em abril de 1994 num atentado que derrubou o avião onde viajavam juntos, voltando da Tanzânia. O avião foi atacado nas proximidades do aeroporto da capital Kigali: a aeronave estava prestes a aterrissar quando foi derrubada por um míssil.
Como resultado desse incidente, em que todos os tripulantes do avião morreram, o Poder Hutu imediatamente acusou os Tutsis de terem realizado o ataque contra o Presidente. Isso foi utilizado como pretexto para retomar os conflitos e incitar a população Hutu a promover ataques contra os Tutsis.
Hoje em dia, muitos acreditam que provavelmente o avião em que eles viajavam foi abatido por extremistas Hutus, que já estavam com o genocídio cuidadosamente planejado, justamente para colocar lenha na fogueira, fazendo todos acreditarem que o atentado foi planejado por Tutsis.
Ninguém nunca vai saber com exatidão o que de fato aconteceu naquele dia de abril de 1994, mas foi o estopim para o genocídio de Tutsis pelos Hutus, com quase 1 milhão de mortos e mais de 2 milhões de refugiados.
Nos 100 dias de sede de sangue e de terror que se seguiram à queda do avião e à morte do Presidente Habyarimana, calcula-se que cerca de 800 mil pessoas, entre Tutsis e seus apoiadores, inclusive Hutus moderados, perderam a vida, enquanto o mundo - e a ONU - assistiam inertes.
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no Memorial aos Soldados Belgas você entende como o discurso de ódio foi disseminado pelo canal de televisão Radio Télévison Libre des Milles Collines - RTLM, que incentivava os Hutus a eliminarem as "baratas Tutsi" |
Os extremistas Hutus tomaram o poder e promoveram um grande genocídio no país. Armados principalmente com facões, martelos e porretes, realizaram uma perseguição horrível contra os Tutsis e efetuaram grandes massacres por todo o território de Ruanda.
Matavam inclusive Hutus moderados que davam abrigo aos Tutsis. Vizinhos matavam vizinhos, amigos de anos. Hutus que não participavam das matanças eram acusados de traição e eram assassinados também.
No Memorial do Genocídio em Kigali ficamos sabendo de histórias horrendas.
O discurso de ódio era tão terrível que Hutus eram convencidos a matar os padrinhos Tutsis dos seus filhos.
Os Tutsis eram desumanizados, chamados de 'baratas'.
Em todo o país, estradas foram fechadas por milícias, e todos que passavam deveriam mostrar suas identidades - que, àquela época - já registravam a etnia, por imposição dos belgas, lembra? As milícias Hutus tinham listas de pessoas Tutsi que deveriam ser presas e assassinadas.
Hoje em dia se sabe que foi tudo meticulosamente planejado nos meses que antecederam à "queda" do avião do Presidente.
Vilas Tutsi inteiras foram atacadas e arrasadas por tropas Hutus - com informações que o próprio governo Hutu fornecia para ajudar a localizar e matar Tutsis.
No interior do país a situação era ainda pior do que na capital Kigali, pois todos se conheciam e sabiam quem deveria morrer, sabiam quem era Tutsi e quem era Hutu.
Dados do governo da RPF dizem que 90% dos Hutus participaram do genocídio, 5% ficaram neutros e 5% colaboraram.
Viajando pelo interior de Ruanda, passamos por muitos 'memoriais do genocídio' - praticamente todas as igrejas e escolas do país onde vítimas Tutsis tentaram encontrar abrigo foram alvos de massacres e têm placas hoje em dia contando as terríveis histórias que ocorreram nos 4 cantos do país.
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o Hôtel des Milles Collines em Kigali foi um dos milhares de lugares onde Tutsis procuraram abrigo durante o genocídio de 1994 |
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placa da UNESCO no Memorial do Genocídio em Kigali, que homenageia 250 mil vítimas do genocídio de 1994 que faleceram na capital e estão sepultadas em covas coletivas na área externa do museu |
Na igreja de Nyamata, 6 mil pessoas estavam lá dentro e mais de 4 mil do lado de fora. Pessoas que buscavam abrigo, já que, em 1992, muita gente tinha conseguido se salvar se abrigando ali. Mas estes não tiveram a mesma sorte. Alguns morreram esmagados com o tumulto. Homens se posicionaram na entrada da igreja para proteger quem estava lá dentro, mas a barreira humana durou muito pouco, pois foram lançadas granadas - as marcas dos estilhaços podem ser vistas ainda hoje no chão, nas paredes, no portão e no toldo da igreja.
Histórias como a da igreja de Nyamata aconteceram às dezenas por todo o país.
Em alguns locais, os próprios padres colaboraram na execução de seus fiéis.
E não adiantava só matar, a morte tinha que ser cruel.
Os assassinos cortavam os tendões das vítimas para que não pudessem fugir. Homens com Aids estupravam mulheres.
Histórias de estupros coletivos de mulheres Tutsis.
Acho que nem em Auschwitz eu ouvi histórias tão horrendas - embora, como eles mesmos ensinam no memorial, seja impossível comparar genocídios para estabelecer qual o "pior".
Extremistas Hutus cortavam as barrigas de mulheres grávidas para matar os seus bebês Tutsis.
Maridos eram obrigados a matar suas mulheres antes de serem assassinados. Mulheres eram obrigadas a matar seus filhos antes de serem mortas - e, obviamente, o faziam porque sabiam que era preferível dar aos filhos uma morte rápida do que deixá-los à própria sorte para terem uma morte cruel nas mãos das milícias Hutus.
Matar um filho como ato de amor - alguém pode imaginar algo mais terrível, cruel e bárbaro do que isso?
Crianças eram forçadas a participar dos massacres também.
Mas o PIOR de tudo foi que, durante todo esse período de 100 dias de barbárie - e nos vários meses que antecederam as matanças, quando haviam inúmeros sinais claros do que estava prestes a acontecer - não houve nenhum tipo de mobilização internacional para impedir o genocídio em curso.
A ONU não moveu uma palha, mesmo estando em Ruanda na época com os seus boinas azuis - forças supostamente de manutenção da paz das Nações Unidas.
Funcionários da Organização das Nações Unidas que estavam 'in loco' tentaram avisar sobre o que estava por acontecer, mas nada foi feito.
Li em vários lugares que, mesmo as pequenas tropas que foram designadas para salvar os estrangeiros - principalmente europeus que se encontravam em Ruanda na época, seja a turismo ou trabalho humanitário, funcionários de embaixadas, etc - teriam sido suficientes para evitar o genocídio, se tivessem esse foco.
Mas não: nos caminhões enviados pela ONU para resgates, só permitiam que subissem pessoas brancas, independentemente de nacionalidade.
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na capital Kigali, no Memorial aos Soldados Belgas, há um extrato do "Fax do Genocídio" enviado pelo militar Romeo Dallaire à ONU, em NYC, ainda em janeiro de 1994, 3 meses antes do início do genocídio, alertando sobre os planos da milícia Hutu Interahamwe para a exterminação dos Tutsis |
Os massacres promovidos pelos Hutus somente tiveram um fim depois de 100 dias, quando a guerrilha da RPF finalmente conseguiu tomar Kigali e conquistar outros territórios, destituindo os extremistas do poder, e fazendo com que o exército e a milícia fugissem para o Congo.
Claro que, depois disso, nos anos seguintes, foram os Hutus que se tornaram refugiados. Foram registrados muitos ataques de Tutsis contra Hutus em represália, contabilizando-se pelo menos 60 mil Hutus mortos.
Os Tutsis afirmavam que os Hutus que voltassem a Ruanda seria mortos, em revanche. A Interahamwe, milícia Hutu então refugiada no Congo, fazia ataques a partir da fronteira.
Calcula-se que cerca de 1 milhão de pessoas tenham morrido no período de 1990 até 1994.
O governo Tutsi instalado pela RPF em Ruanda proibiu as divisões étnicas no país depois do genocídio. Paul Kagame era o líder da guerrilha Tutsi que tomou o poder após o genocídio.
Em 1996, o novo governo Tutsi da RPF empreendeu várias incursões na República Democrática do Congo, num esforço para expulsar extremistas que ali se escondiam - mas acabou desencadeando longas guerras civis na RDC, que depois ceifaram 4 milhões de vidas.
Em julho de 1998, foi elaborado um acordo de cessar-fogo, com o estabelecimento de um governo formado por representantes Tutsis e Hutus.
Um tribunal internacional foi criado em Arusha, na Tanzânia, para julgar os responsáveis pelo genocídio, e muitos foram condenados, mas muitos não foram sequer levados à Justiça. Até hoje.
Muitos responsáveis foram julgados, mas alguns conseguiram asilo em outros países.
Os tribunais não deram conta de tantos julgamentos. Reativaram a Gacaca, uma forma tribal de julgar problemas pequenos - tipo um juizado de pequenas causas. Até hoje são realizadas Gacacas: se o réu confessa o que fez, pega pena de prestação de serviços à comunidade; se não confessa, pode pegar prisão perpétua.
Só assim algumas famílias conseguiram encontrar e enterrar os seus parentes. Muitas famílias foram separadas.
Milhares de crianças ficaram órfãs.
Muitas famílias morreram inteiras, sem sobrar ninguém para contar a história.
Hoje em dia, pode-se dizer que Ruanda percorreu um longo caminho na estrada da reconciliação, e está provavelmente em melhor forma do que qualquer um poderia ter imaginado em 1994, logo após o genocídio.
Se você lembrar que, em termos históricos, 1994 foi ontem, e a maioria dos Tutsis que sobreviveram ao genocídio estão andando hoje pelas ruas de Ruanda, cruzando com os assassinos Hutus de suas famílias, é difícil entender como eles conseguem manter essa convivência pacífica, sem divisionismos, sem polarizações.
O Presidente Kagame se empenhou justamente em promover essa nova identidade ruandesa, livre das divisões tribais do passado, sem Hutus, sem Tutsis, apenas Ruandeses.
Pode parecer um tanto idealista, mas, na realidade, é o único caminho a seguir neste país traumatizado, e parece que tem dado certo!
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Memorial do Genocídio em Kigali |
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Memorial aos Soldados Belgas em Kigali |
Um safari de trekking com gorilas é um encontro único com a vida selvagem, e era um dos grandes sonhos das nossas vidas (meu e do Peg), uma lembrança pra guardar no coração para a vida inteira e pra contar pros netos!
Imagine ficar cara a cara com um gorila da montanha, com um silverback, no seu habitat natural 😜
Uma grande parte do que torna os gorilas tão especiais é que esses grandes primatas estão intimamente relacionados aos humanos - a diferença no DNA é de apenas 1,6%! Mas o habitat natural dos gorilas está restrito a uma área relativamente pequena do planeta, numa região historicamente turbulenta. Esta região se estabilizou mais recentemente, e o turismo está aumentando por lá, o que torna os passeios com gorilas cada vez mais "possíveis" - e caros!
A perda de habitat é hoje em dia o principal obstáculo à sobrevivência dos gorilas, assim como de várias outras espécies, e o dinheiro gasto no turismo com gorilas contribui muito para garantir a sua preservação. Se você for lá, vai ouvir inúmeras vezes que, se não fosse pelo interesse turístico que estes animais despertam, eles já teriam sido completamente dizimados pelos caçadores e a espécie estaria extinta - se não está, se o número de gorilas na natureza está de fato aumentando nos últimos anos, é justamente em razão do interesse dos turistas e de todo o $$ que o turismo gera à população desta região.
Até onde eu pesquisei, é possível fazer trekkings para ver gorilas em 3 países diferentes:
- Uganda - especialmente no Parque Nacional da Floresta Impenetrável de Bwindi
- Ruanda - no Parque Nacional dos Vulcões
- Congo - no Parque Nacional de Virunga
Cerca de 1000 gorilas das montanhas vagam hoje em dia pelas florestas das Montanhas Virunga, ao longo das fronteiras da RDC (Congo), Uganda e Ruanda.
A principal diferença entre fazer trekkings (eles preferem usar a expressão 'tracking', de 'rastrear' gorilas) em cada um destes parques nacionais são os preços cobrados pelas taxas e a facilidade/segurança para viajar.
Com relação ao Congo, preciso alertar que o país tem agitação civil contínua, e os turistas não são aconselhados a se aventurar lá atualmente.
Restam na lista, então, Uganda e Ruanda.
Nestes 2 países, todos os grupos de rastreamento de gorilas estão limitados a 8 pessoas e são liderados por soldados do Exército e guarda-parques/guias dos respectivos parques nacionais, além de alguns rastreadores especializados.
As licenças precisam ser pré-reservadas, e custam:
- U$ 1500 em Ruanda
- U$ 800 em Uganda
Acho que agora ficou fácil de entender porque escolhemos rastrear gorilas em Uganda, ao invés de Ruanda, né?
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nossa experiência com os gorilas foi nada menos que excepcional! |
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um trekking com gorilas é um encontro único com a vida selvagem, uma lembrança pra guardar no coração para a vida inteira e pra contar aos netos |
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as regras do rastreamento de gorilas são exatamente as mesmas em Uganda e Ruanda |
Uganda tem um turismo voltado para seres humanos mais - digamos - 'normais'.
Ruanda está totalmente focada em atrair turistas de alto nível, eles têm como alvo atrair um público interessado em turismo de luxo, que não se importa de pagar praticamente o dobro (U$ 1500) para fazer rigorosamente a mesma atividade!
A vantagem que Ruanda tem sobre Uganda (mas que, no nosso caso, não justificava pagarmos U$ 700 a mais por isso) são as boas estradas e a facilidade de acesso: enquanto que em Uganda você fica horas sem fim sacolejando por estradinhas de terra infindáveis e cheias de curvas para chegar até o Parque Nacional Bwindi (são 9h30min/472Km da capital Kampala até Rushaga), em Ruanda o Aeroporto Internacional de Kigali fica a apenas 2h45min/116Km da sede do Parque Nacional dos Vulcões, por boas estradas completamente asfaltadas.
É importante lembrar que grande parte das taxas cobradas vão justamente para conservação, pesquisa, pagamentos de funcionários dos parques nacionais e apoio às comunidades locais.
Graças a diversos projetos de conservação da vida selvagem, à intervenção governamental e ao turismo responsável e estritamente regulamentado, a população de gorilas das montanhas em Ruanda e Uganda está aumentando - passou de 'Criticamente em Perigo' para 'Em Perigo' em 2018.
O dinheiro gerado a partir deste turismo contribui muito para a sua protecção contínua - fazendo um trekking para ver gorilas, você estará de fato fazendo a sua parte para garantir que nenhum gorila seja novamente colocado em risco.
Considerando que, em Ruanda, o valor da taxa para o trekking com gorilas era praticamente o dobro (U$ 1500) do valor cobrado em Uganda (U$ 800), não tivemos dúvidas em escolher Uganda para o nosso trekking. Até porque, de qualquer forma, iríamos ter que encarar as temíveis estradas de terra de Uganda no restante do safari!
E decidimos incluir no nosso roteiro uma passagem pelo Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda de qualquer jeito, mesmo que não fosse para ver gorilas, pois não tínhamos condições de pagar as salgadíssimas taxas nos 2 países, ou nosso orçamento ia explodir!
Mas, mesmo que você decida como nós, por ver os gorilas em Uganda, onde a experiência fica mais em conta, eu recomendo demais que você inclua o Parque Nacional dos Vulcões de Ruanda no seu roteiro, porque tem muitas outras atividades legais para fazer lá, que custam mais barato do que ver os gorilas hehehehe...
Para saber mais sobre os esforços de preservação de gorilas, ou para adotar um gorila, veja aqui:
Para adotar um gorila doando apenas U$ 10 por mês:
Virunga
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no Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund em Ruanda, você vai ter oportunidade de aprender muito mais sobre o habitat dos gorilas na África |
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recomendo demais que você inclua o Parque Nacional dos Vulcões de Ruanda no seu roteiro |
Ressalto que, nas capitais, como Kigali e Kampala, por exemplo, é fácil encontrar acomodações com ar-condicionado se você fizer questão, mas, no interior, ar-condicionado não é comum, pois a energia elétrica e o gás são, de um modo geral, artigos de alto luxo na África, e eles usam majoritariamente o fogo (lenha e carvão) para aquecimento.
Vou deixar registrados aqui alguns lugares que eu gostaria de ter conhecido em Ruanda, mas não tínhamos mais tempo de viagem para isso - se você for lá, por favor me conte como foi!
Nosso roteiro de 3 dias em Ruanda foi assim:
1 Gorilla Trekking em Uganda - Cruzamos a fronteira com Ruanda - Transfer para o Volcanoes National Park - Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund - Apresentações de músicas e danças típicas de Ruanda - Hotel: Da Vinci Gorilla Lodge
2 Golden Monkey Hike - Transfer para Kigali - Passeios em Kigali - Hotel: One Click Hotel
3 Passeios em Kigali - Voo para Cape Town à noite
Logo que cruzamos a fronteira terrestre entre Uganda e Ruanda e pegamos as estradas ruandesas, notamos a diferença e a semelhança com Uganda: as estradas em Ruanda são muito melhores, mas a quantidade absurda de gente caminhando pelos acostamentos era a mesma de Uganda!
O tanto de gente que caminha - aparentemente a esmo - pelas estradas é impressionante, e isso dificulta que a gente possa pegar uma velocidade maior na estrada, porque o motorista tem que ir sempre dirigindo com muito cuidado para não atropelar um doido caminhando pelas estradas!
A mão de direção em Ruanda é normal (não é mão inglesa como em Uganda) e é tudo mais bonito, sinalizado, arborizado...outro padrão!
As casas TODAS têm tijolinhos furados na fachada, tipo um cobogó! Imagino eu que seja para ventilar as moradias, para sair o calor, que sempre fica na parte alta - o ar quente sobe, não é?🤷♀️
Logo chegamos em Kinigi, Ruanda, por estradas bem arborizadas e asfaltadas. É neste vilarejo que fica situada a sede do Volcanoes National Park, nosso 1º destino em Ruanda, e também o lodge onde ficamos hospedados na nossa 1ª noite no país.
Veja também: Roteiro de viagem 21 dias África do Sul, Etiópia, Uganda e Ruanda
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as estradas em Ruanda são ótimas, mas a quantidade de gente andando pelos acostamentos é impressionante |
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todas as casas em Ruanda têm tijolinhos furados na fachada, tipo um cobogó |
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em Kinigi, Ruanda, fica a sede do Volcanoes National Park, nosso 1º destino em Ruanda |
Da Vinci Gorilla Lodge no Volcanoes National Park
Pernoitamos no Da Vinci Gorilla Lodge, em Kinigi, Ruanda, o alojamento com o cachorro mais fofo do continente africano, o Sparky!
O Volcanoes National Park em Ruanda não possui alojamentos DENTRO do parque nacional - você nem entra de carro dentro do parque.
O jeito é se hospedar em algum dos muitos lodges que existem ali pelos arredores, e nós ficamos no Da Vinci Gorilla Lodge, que eu recomendo muito, porque, além de ser um hotel muito bom, também fica BEM pertinho - a apenas uns 300m - do Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund, o museu sobre Dian Fossey e os gorilas que eu queria muito visitar. Fui caminhando! Foi excelente!
Fomos recebidos com as toalhas umedecidas e suquinhos de frutas naturais de sempre.
Nosso quarto era enorme, com direito a lareira e bolsa de água quente na cama, atendimento excessivamente simpático de sempre, chuveiro muito bom, um smoothie de avocado maravilhoso, apresentação de músicas e danças típicas ruandesas, cerveja local Virunga caríssima (U$ 5), artesanato à venda e muitas crianças locais pelos arredores 💙
Vale lembrar que o aquecimento na África é quase sempre à base de fogo, como no caso deste alojamento que, embora caro e chique, não tem ar-condicionado: o friozinho noturno é aplacado com lareiras!
Na África, poucos têm $$ para bancar contas altas de energia elétrica ou gás.
Ali pertinho tem também o One&Only Gorilla's Nest, que é um hotel 5 estrelas bem famoso. Se você puder esbanjar uma grana alta em hospedagem, é o seu lugar!
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Da Vinci Gorilla Lodge no Volcanoes National Park |
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o Da Vinci Gorilla Lodge fica situado em Kinigi, Ruanda, nos arredores do parque nacional |
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o Da Vinci Gorilla Lodge, em Ruanda, é o hotel com o cachorro mais fofo do continente africano, o Sparky |
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nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge, em Ruanda |
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nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge era enorme, com direito a lareira |
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quarto no Da Vinci Gorilla Lodge, em Ruanda |
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entrada do nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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banheiro do nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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banheiro do nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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banheiro no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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os quartos de hotel em Ruanda sempre têm garrafas de água como cortesia e jarra elétrica - levamos café solúvel e adoçante e sempre podíamos fazer um café quando dava vontade |
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estes são os quartos no Da Vinci Gorilla Lodge, em Ruanda |
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nosso quarto no Da Vinci Gorilla Lodge |
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o Da Vinci Gorilla Lodge também oferece quartos estilo barraca de safari, com a área do banheiro de alvenaria |
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área comum no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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lounge do Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda - note como todas as áreas comuns do hotel têm lareiras |
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área da recepção do Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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o Da Vinci Gorilla Lodge, além de ser um hotel muito bom, fica situado a apenas 300m do museu sobre Dian Fossey e os gorilas |
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o Da Vinci Gorilla Lodge não tem ar-condicionado nos quartos, mas tem bolsas de água quente nas camas |
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um suco de abacate e um por do sol nas Montanhas Virunga no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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área de café da manhã do Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda |
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café da manhã no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda - nos alojamentos de Ruanda e de Uganda, todos os cafés da manhã e refeições em geral são escolhidos em um cardápio na véspera |
Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund
Tenho certeza que poucas pessoas já ouviram falar deste lugar. Eu mesma só fui saber da sua existência pesquisando para esta viagem!
Chegando em Kinigi, vilarejo que fica situado na porta de entrada do Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda, mal fiz check-in no hotel e fui correndo conhecer o Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund.
O Ellen DeGeneres Campus é a nova sede do centro de pesquisas do Dian Fossey Gorilla Fund, uma fundação criada em 1967 pela própria Dian Fossey, com a missão de pesquisar e proteger os gorilas das montanhas.
A construção do campus foi possível graças a doações da atriz norte-americana Ellen DeGeneres e de Portia de Rossi, e ao apoio de doadores em todo o mundo. O museu foi inaugurado em 2022.
O ingresso custa U$ 20, que você pode pagar com cartão de débito - é caro, eu sei, mas vale a pena! Ainda mais se você considerar que o valor dos ingressos é revertido para o Dian Fossey Gorilla Fund, fundo de pesquisas sobre os gorilas.
O museu fecha às 17hs, e você vai querer ficar pelo menos umas 2hs lá dentro, então não chegue tarde!
Tem cinema 360º e até um simulador de realidade virtual fantástico (um passeio pela floresta com os gorilas), coisa de 1° mundo, alto padrão. Um lugar do tipo que eu não esperaria encontrar perdido num vilarejo num canto de Ruanda, mas sim em Londres ou Chicago 😆
Sou muito fã da Dian Fossey e foi emocionante aprender mais sobre ela e sobre os gorilas que ela tanto amava e trabalhou para proteger (para que nós pudéssemos estar lá agora). Sem falar na maravilhosa arquitetura do prédio e nos vulcões na paisagem por todos os lados!
Até as cartas que a Dian Fossey escrevia pro Dr. Leakey estão expostas lá! Fiquei encantada lendo tudo aquilo❤️
Como já mencionei, esse lugar que eu AMEI fica a apenas uns 300m do hotel onde nos hospedamos, o Da Vinci Gorilla Lodge!
Foi maravilhoso visitar este museu incrível para fechar com chave de ouro o capítulo dos gorilas na minha história!
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Ellen DeGeneres Campus of the Dian Fossey Gorilla Fund |
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os gorilas das montanhas têm sido monitorados e estudados de perto desde que Dian Fossey começou seu trabalho em 1967 |
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o campus é enorme, lindo, e tem algumas pequenas trilhas, café e loja de souvenirs |
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a maravilhosa arquitetura do prédio do Dian Fossey Gorilla Fund |
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arquitetura integrada à natureza e vulcões na paisagem por todos os lados |
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você sabia que os gorilas são identificados pelos cientistas pela sua impressão nasal? |
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entrada do museu no Dian Fossey Gorilla Fund |
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o museu conta a história de Dian Fossey desde suas origens até a criação do Gorilla Fund |
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todas as informações no museu vêm em inglês e também em kinyarwanda |
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no museu você fica sabendo a história pessoal de cada um dos gorilas que Dian Fossey estudou |
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linha do tempo da história de Dian Fossey e dos gorilas que ela amava |
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quem lembra do cartaz do filme 'Nas Montanhas dos Gorilas' e desta capa da revista National Geographic? |
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no museu existe inclusive uma réplica da cabana onde Fossey vivia nas montanhas |
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até as cartas que a Dian Fossey escrevia pro Dr. Leakey estão expostas lá |
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nas cartas que Dian Fossey escrevia pro Dr. Leakey, é possível sentir a empolgação dela com os progressos que fazia com os gorilas |
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o museu é dedicado a Dian Fossey e sua história de amor aos gorilas das montanhas em Ruanda |
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réplica da cabana onde Fossey vivia, no centro de pesquisas que ela mesma construiu nas montanhas, chamado Old Karisoke Research Center |
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você vai encontrar informações interessantíssimas sobre os gorilas, inclusive sobre as diferenças e semelhanças com seres humanos |
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você sabia que mais de 98% do nosso DNA é idêntico ao dos gorilas? |
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o ingresso custa U$ 20 - é caro, eu sei, mas vale a pena, ainda mais se você considerar que o valor é revertido para o Dian Fossey Gorilla Fund, fundo de pesquisas sobre os gorilas |
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comparando o tamanho da minha mão com o tamanho da mão de um gorila silverback |
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o museu fecha às 17hs, e você vai querer ficar pelo menos umas 2hs lá dentro, então não chegue tarde! |
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sou muito fã da Dian Fossey e foi emocionante aprender mais sobre ela e sobre os gorilas que ela tanto amava e trabalhou para proteger |
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Digit e Poppy eram alguns dos gorilas favoritos de Fossey - quem viu o filme 'Nas Montanhas dos Gorilas' deve lembrar deles |
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alguns dos gorilas, como Titus, que morreu em 2009, ficaram tão famosos que hoje estampam até cédulas de francos ruandeses |
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esse museu é do tipo que eu não esperaria encontrar perdido num vilarejo num canto de Ruanda, mas sim em Londres ou Chicago |
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o museu tem um cinema 360º e até um simulador de realidade virtual fantástico, coisa de 1° mundo, alto padrão |
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no local há ainda um café e uma loja de presentes |
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não deixe de experimentar este fantástico simulador de realidade virtual, que simula um passeio pela floresta com os gorilas |
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foi maravilhoso visitar este museu incrível para fechar com chave de ouro o capítulo dos gorilas na minha história! |
Apresentações de músicas e danças típicas de Ruanda
Jantamos no Da Vinci Gorilla Lodge e assistimos a uma apresentação de músicas e danças típicas ruandesas.
A estas alturas, eu já tinha perdido as contas de quantas apresentações de música e danças locais já assistimos! Você não precisa procurar muito para encontrar uma apresentação folclórica em Ruanda e em Uganda! Eles adoram, e os hotéis sempre oferecem essas apresentações aí pelas 19:30hs.
Importante: pelo que entendi, os hotéis não pagam nada a esses grupos folclóricos para eles se apresentarem - eles apenas "permitem" que o grupo faça a sua apresentação no hotel, o que significa que eles fazem isso simplesmente pelas gorjetas. Muitas pessoas que vivem nesta região sobrevivem das gorjetas destas apresentações para os turistas. Por isso, não seja muquirana: se você assistiu a apresentação, e gostou a ponto de tirar fotos e filmar, faça um favor e deixe uma gorjeta decente!
Os grupos que se apresentam nos hotéis normalmente são grandes, formados por pelo menos 10 músicos/dançarinos, e eles dividem as gorjetas recebidas entre eles.
Você pode colocar na caixinha tanto euros, quanto dólares, quanto francos ruandeses, mas, se for deixar dólares, procure deixar apenas notas bem novinhas, porque notas velhas, amassadas, riscadas ou rasgadinhas de dólar não têm nenhum valor em Ruanda, e eles não conseguem trocar por francos ruandeses depois.
Lembre que eles dependem disso e que a continuidade desses "shows gratuitos" para os próximos turistas que forem lá depende apenas da sua generosidade.
Esta apresentação no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda foi bem diferente de outras que eu tinha visto nos dias anteriores em Uganda, dos pigmeus Batwa!
Embora as músicas e danças sejam parecidas em Uganda e em Ruanda, você vai notar as diferenças na música, nos instrumentos, nos passos e até nas roupas e apetrechos que eles usam nas apresentações 👌
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apresentação de músicas e danças típicas de Ruanda no Da Vinci Gorilla Lodge |
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não seja muquirana: se você assistiu a apresentação, e gostou a ponto de tirar fotos e filmar, faça um favor e deixe uma gorjeta decente |
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embora as músicas e danças sejam parecidas em Uganda e Ruanda, você vai notar as diferenças na música, nos passos e até nas roupas e apetrechos que eles usam nas apresentações |
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a cerveja local Virunga é bem boa - como eu já disse, num país com colonização belga, a cerveja local não poderia ser ruim, né?! |
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jantar no restaurante do Da Vinci Gorilla Lodge |
Golden Monkey Hike
No 2º dia do nosso roteiro em Ruanda, tínhamos prevista uma caminhada guiada pela floresta até o túmulo de Dian Fossey, no antigo centro de pesquisas construído por Fossey, chamado Karisoke Research Center.
Fossey criou o nome 'Karisoke' para seu centro de pesquisas, que começou com apenas 2 barracas no meio das montanhas, unindo sílabas dos nomes de 2 dos vulcões onde estavam situados: Mt. Karisimbi e Mt. Bisoke.
Mt. Karisimbi + Mt. Bisoke = Karisoke
Essa é uma das atividades mais populares para se fazer no Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda - os 'permits' para esta caminhada com guia custam U$ 75/pessoa e têm que ser reservados com antecedência.
Mas, a estas alturas da viagem, nosso guia e motorista Charles já tinha percebido nossa paixão por primatas, afinal, já tínhamos feitos trekkings específicos para ver chimpanzés, gorilas e não foram poucas as vezes que pedimos pra ele parar nas estradas e nos safaris para vermos tropas de babuínos, macacos Colobos em preto e branco e quaisquer outras espécies de macacos que cruzassem pelo nosso caminho.
Então, o Charles nos fez uma sugestão irrecusável: ele perguntou se, ao invés de fazermos o trekking que estava previsto no nosso roteiro, não preferíamos fazer o Golden Monkey Hike, uma caminhada guiada pela floresta para encontrarmos os macacos dourados, uma espécie em risco de extinção que só vive nesta região.
Essa é outra das atividades oferecidas no Parque Nacional dos Vulcões - o Golden Monkey Hike - e é claro que já ficamos loucos de vontade de trocar a caminhada até o túmulo da Dian Fossey pela caminhada dos macacos dourados.
Ocorre que esta caminhada com os macacos dourados é ainda mais disputada, e os nossos permits eram para o trekking do Karisoke Research Center, e não para o Golden Monkey Hike - são necessários permits diferentes para cada atividade, até porque o 'permit' dos macacos dourados é mais caro: custa U$ 100/pessoa.
Quando finalmente confirmamos pro Charles que pagaríamos a diferença e gostaríamos de trocar o nosso trekking pela caminhada dos macacos dourados, na véspera da atividade, o Charles tentou obter nossos permits e não conseguiu: as autorizações para essa atividade estavam esgotadas para o dia seguinte 😕
Ficamos chateados, porque o Charles tinha nos sugerido a troca de atividades no dia anterior e nós nos enrolamos para decidir e acabamos ficando sem permits, mas o Charles, sempre superrrr solícito e desenrolado, disse que ia "tentar a sorte" na manhã seguinte.
Então, no dia seguinte, tomamos um café da manhã bem reforçado no Da Vinci Gorilla Lodge em Ruanda às 6hs para sairmos às 6:30hs e chegarmos à sede do parque nacional antes de todo mundo, para colocarmos nossos nomes numa lista de espera. Caso houvesse alguma desistência, sobrariam permits pra nós, pois éramos os primeiros da lista de espera!
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chegamos à sede do parque nacional antes de todo mundo, para colocarmos nossos nomes numa lista de espera |
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sede do Volcanoes National Park em Ruanda |
Fomos para a sede do Volcanoes National Park, de onde partem todas as atividades do parque nacional - hikes, trekkings nos vulcões, rastreamento de gorilas, Golden Monkeys, etc - esperando conseguir trocar nossos permits, que eram para a caminhada guiada até o túmulo de Dian Fossey no Karisoke Research Center (U$ 75/pessoa) por permits para o Golden Monkey Hike (U$ 100/pessoa).
Depois de muita falacão com os militares e guarda-parques organizadores das atividades e correria pra lá e pra cá, não é que o Charles conseguiu mesmo as autorizações pra nós!!? Fiquei muitooo feliz, porque a caminhada ao túmulo da Dian Fossey teria sido legal e interessante, mas não tanto quanto os Golden Monkeys!!!
Eu tinha muita vontade de fazer o trekking até o túmulo dela no Karisoke Research Center, o centro de pesquisas que ela construiu, e que hoje está abandonado.
Ela foi enterrada ao lado do Digit, o seu gorila preferido, que ela viu crescer e foi assassinado por caçadores😔mas acabamos optando pelos macacos dourados e fiquei feliz por ter, pelo menos, aprendido tudo o que aprendi no museu na véspera.
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no museu você vai ver fotos do cemitério onde Fossey enterrava seus gorilas, e onde hoje ela mesma está enterrada, perto do seu centro de pesquisas nas montanhas, chamado Old Karisoke Research Center |
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no parque nacional você pode fazer uma longa caminhada até o local onde a antropóloga foi enterrada, ao lado de Digit, um dos seus mais amados gorilas
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Chegamos na sede do parque às 6:40hs e o troço só se desenrolou às 8hs, porque tínhamos que esperar pra ver se alguém iria desistir para sobrar 'permits' pra nós.
Daí o Charles ainda nos levou de carro até o início da trilha dos macacos dourados, que fica a uns 20min da sede.
Quando chegamos, o briefing já estava acabando, e saímos para a caminhada 8:30hs. Voltamos 11:30hs, ou seja, foram 3hs de atividade no total, e 1h com os macacos dourados na floresta de bamboo. Isso porque o povo é MUITO lento, pois dava tranquilamente para fazer a caminhada de ida e volta até a floresta em 1h, ao invés de 2hs!
No total, entre ida e volta, não chegou a 4Km de caminhada! Pouca altimetria também. A altitude, nessa parte do parque nacional, também não é nada demais: 2536m.
A maior parte da caminhada é pelo meio de plantações, até chegar nos limites do parque nacional. Depois que entramos de fato dentro da floresta de bamboo, não precisamos caminhar nem 5min para ver os macacos dourados. E, a partir daí, tivemos 1h para ficar curtindo eles dentro da floresta.
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quando chegamos ao local de início da trilha dos macacos dourados, o briefing já estava acabando |
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a maior parte da caminhada até a floresta onde vivem os macacos dourados é pelo meio de plantações |
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lindas paisagens dos Vulcões Virunga ao fundo |
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caminhamos pelo meio de plantações, até chegarmos aos limites do parque nacional |
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na trilha dos macacos dourados |
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foram 3hs de atividade no total, e 1h com os macacos dourados na floresta de bamboo |
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depois que entramos de fato dentro da floresta de bamboo, não precisamos caminhar nem 5min para encontrar os macacos dourados |
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tivemos 1h para ficar curtindo os macacos dourados dentro da floresta em Ruanda |
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a caminhada ao túmulo da Dian Fossey teria sido legal e interessante, mas não tanto quanto os Golden Monkeys |
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o Golden Monkey Hike é uma caminhada guiada pela floresta de Ruanda para encontrarmos os macacos dourados |
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os macacos dourados são uma espécie em risco de extinção que só vive nesta região |
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a caminhada com os macacos dourados é bem disputada - são necessários 'permits' que custam U$ 100 por pessoa |
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macaco dourado em Ruanda |
No meio da floresta de bamboo - habitat dos macacos dourados - tem urtigas doloridas, então proteja bem as suas pernas, seja com gaiters, perneiras ou meias altas!
O solo na floresta é meio embarrado, então seus tênis vão ficar embarrados, não tem como evitar!
No resto, o dress code para esta caminhada é igual ao das trilhas dos gorilas e dos chimpanzés: calça e blusa de manga longa de cores neutras, para proteger os braços e as pernas, tênis com boas agarradeiras para não escorregar e muito protetor solar/óculos de sol/boné.
Esta trilha é muito mais tranquila que as dos chimpanzés e gorilas. Aliás, pela minha experiência, as trilhas para ver chimpanzés são sempre as mais complicadas, por causa dos lugares onde eles vivem, mas também porque eles se movimentam muito mais rápido.
O legal desse trekking é que, diferentemente dos chimpanzés e gorilas, a gente fica livre pra andar pela floresta depois que encontramos os macaquinhos, e dá pra se aproximar mais deles, sem medo.
Um deles até passou pelo meio das pernas do Peg!
Somos acompanhados na caminhada por guias e também por rastreadores, que são os funcionários do parque nacional (do Exército de Ruanda) que acompanham os macacos e sabem onde eles estão. Tenha dinheiro trocado para dar gorjetas a eles. Se você só tiver uma nota grande, pode dar a gorjeta a um deles, que eles se dividem.
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esta trilha dos macacos dourados em Ruanda é muito mais tranquila do que as trilhas dos chimpanzés e gorilas |
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como o Peg não estava levando fé que conseguiríamos os permits, estava com o dress code todo errado: jeans, camiseta de manga curta e tênis claro (que ficou todo embarrado, óbvio!) |
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o legal desse trekking é que a gente fica livre para andar pela floresta depois que encontramos os macaquinhos, e dá pra se aproximar mais deles, sem medo |
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um dos macacos dourados até passou pelo meio das pernas do Peg! |
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leve dinheiro trocado na caminhada para dar gorjetas aos guias e rastreadores |
Garanto que a maioria de vocês nunca tinha ouvido falar dos macacos dourados de Ruanda! Eu mesma nunca tinha ouvido falar neles até o Charles nos sugerir esse trekking 🐵
O trekking é realizado numa floresta de bamboo nas terras altas (como falei, chegamos aos 2536m de altitude) do Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda, especialmente para podermos encontrar essa espécie de macaquinhos muito especiais!
Essa atividade é tão especial justamente porque essa espécie de primatas só existe nessa região do planeta, e está tristemente ameaçada de extinção.
O macaco dourado - Golden Monkey - é uma subespécie do macaco azul. É um macaco do Velho Mundo encontrado apenas nas montanhas vulcânicas de Virunga, na África Central, incluindo 4 parques nacionais: Mgahinga, em Uganda; Vulcões, em Ruanda (onde estávamos); Virunga e Kahuzi-Biéga, na República Democrática do Congo.
Seu habitat é restrito às florestas de terras altas, especialmente perto do bambu.
O macaco dourado tem uma mancha laranja-dourada na parte superior dos flancos e nas costas. Quando bate um raio de sol no macaquinho, filtrado entre os galhos da floresta, rapidamente a gente entende porque essa espécie ganhou esse nome.
Eles vivem em grupos sociais de até 30 indivíduos, e sua dieta consiste principalmente de bambu, folhas e frutas, embora também comam insetos.
Devido à destruição gradual do seu habitat natural e às recentes guerras que ocorreram na única região onde vivem, o macaco dourado está listado como ameaçado de extinção 😔
Visitar o Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda e pagar a taxa de U$ 100 cobrada por essa experiência não só vai te render memórias maravilhosas pro resto da vida, mas também vai ajudar no esforço de conservação dessa espécie, para que nossos netos e as futuras gerações possam ir até lá e sentir a mesma alegria que eu senti dividindo a floresta de bambu com eles!
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a floresta de bamboo é o habitat dos macacos dourados |
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o trekking é realizado numa floresta de bamboo nas terras altas, aos 2536m de altitude, no Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda |
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floresta de bamboo no Parque Nacional dos Vulcões em Ruanda |
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os macacos dourados são tão importantes em Ruanda que estão estampados até nas cédulas de francos ruandeses |
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eu nunca tinha ouvido falar nos macacos dourados de Ruanda até o Charles nos sugerir esse trekking |
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esta espécie de macaquinhos é tão especial porque só existe nessa região do planeta |
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os macacos dourados estão ameaçados de extinção |
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quando bate um raio de sol nos macaquinhos dourados, a gente entende porque essa espécie ganhou este nome |
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o macaco dourado tem uma mancha laranja-dourada na parte superior dos flancos e nas costas |
Mas, nesta experiência toda que tivemos em Ruanda, o que mais nos impressionou foi o mercado de turismo de luxo em Ruanda, coisa totalmente inesperada pra mim.
Os mesmos permits que estão custando U$ 800 para ver os gorilas em Uganda, custam U$ 1500 em Ruanda. Aí perguntei para um dos soldados: e por que os turistas vêm aqui e pagam o dobro para ver os mesmos gorilas que, ali em Uganda, do outro lado da fronteira, custam metade?
Eles me explicaram que é tudo uma questão de marketing do governo de Ruanda, que está divulgando muito o Visit Rwanda, propagandeando o país como um lugar mais seguro (que Uganda e o Congo) para ver gorilas (o que nem é verdade).
A única grande vantagem que eu vi em Ruanda é que as estradas são muitoooo melhores, e o acesso ao parque nacional, onde vivem os gorilas das montanhas, é muito mais fácil, comparado ao parque de Bwindi em Uganda! Em Ruanda, tu pegas uma estrada asfaltada no aeroporto e, em 2hs, estás com os gorilas. Em Uganda, para chegar aos gorilas, precisa pegar uma estrada sacolejante infinita pela Floresta 'Impenetrável' de Bwindi - o nome já diz tudo!
Mas ficamos muito impressionados com o público em Ruanda - só gente rica!
É fácil perceber, pelas roupas, equipamentos, etc. Só os chapéus que eles usam custam U$ 1500 - ninguém ali se importa de desembolsar U$ 1500 pelos 'permits' para ver os gorilas.
Vimos gorjetas de U$ 100 rolando soltas para os rastreadores de 'golden monkeys' (o que me deixou feliz, porque eles merecem). A gente fica até constrangidos com as nossas gorjetas de U$ 5 ou U$ 10!
O lado chato é que obviamente esses turistas não tinham nenhum costume de andar no mato! Acho que nunca andaram muito além de shopping centers, na verdade!
Era um tal de passar protetor solar, passar repelente, pegar bastão de caminhada, colocar luva, contratar 'porter' para dar a mão e carregar a mochila com 3Kg. Iam ali onde mijam as velhas ver uns macaquinhos no mato, mas parecia que estavam indo para a 3ª Guerra Mundial, pelo nível de ansiedade e preparação 😠
Simmm, é possível contratar um carregador para te dar a mão no mato e para carregar a tua mochila.
No trekking dos gorilas, que é um pouco mais difícil, e ninguém quer arriscar o $$ que pagou pelos 'permits' desistindo no meio da trilha, eu até compreendo investir na contratação de um 'porter', mas, na trilha dos macacos dourados, parece até piada tu pagar alguém para carregar uma mochilinha micro e para te dar a mão pra pular umas poças de barro.
Sério: se tu não pode carregar a tua mochila com 3Kg e desviar de uma poça de lama, então nem sai de casa!😝
Dá #medo dessa geração de pessoas.
Fico pensando o que será de nós com essa gente fraca e medrosa e desajeitada no comando do planeta kkkkk...
O Visit Rwanda está realmente focado em atrair esse público de luxo, o turista high-end, e fazem muito bem. Está dando certo, porque a sede do parque estava lotada e os 'permits' totalmente esgotados. Isso no começo de junho, que ainda nem era o auge da alta temporada! Reserve com antecedência!
Acredito inclusive que a própria Ellen De Generes ajudou muito nisso, fazendo divulgação e levando para Ruanda a sua turma de Hollywood e entorno, todos milionários!
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os turistas de luxo em Ruanda obviamente não tinham nenhum costume de andar no mato, nenhuma intimidade com a floresta, e muito menos com mochilas kkkk... |
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somos acompanhados na caminhada por guias e também por rastreadores, que são os funcionários do parque nacional (do Exército de Ruanda) que acompanham os macacos e sabem onde eles estão |
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devido à destruição gradual do seu habitat natural e às recentes guerras que ocorreram na única região onde vivem, o macaco dourado está listado como ameaçado de extinção |
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eles vivem em grupos sociais de até 30 indivíduos, e sua dieta consiste principalmente de bambu, folhas e frutas, embora também comam insetos |
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o habitat dos macacos dourados é restrito às florestas de terras altas, especialmente perto do bambu |
Na ida para Kigali, passamos novamente pela cidade-base para quem quer visitar o Parc des Vulcans de modo independente, e não tem o seu próprio meio de transporte - Ruhengeri. Você consegue chegar lá usando transporte público e, de lá, consegue transporte pro parque.
Chegamos na capital Kigali pouco antes das 14hs. Nos despedimos do Charles lá, pois lá terminou o nosso tour com a Ngoni Safaris. Ele voltou de Kigali para Kampala, em Uganda.
Praticamente ao lado da sede do Parque Nacional dos Vulcões, passamos no local onde acontecem as cerimônias de "batizado" dos bebês-gorilas, quando são dados nomes a cada novo bebê-gorila, numa solenidade muito importante.
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