No interior do Peru, a aproximadamente 400Km de Lima, ficam situadas algumas das trilhas mais bonitas do mundo: a Travessia Santa Cruz-Llanganuco, na Cordilheira Blanca, e o Circuito Huayhuash, sobre o qual vamos falar aqui
Como já contei lá nos stories, esta foi a nossa 4ª viagem ao Peru e, cada vez que voltamos ao país, ficamos querendo mais! O Peru tem uma infinidade de lugares incríveis para conhecer, e nós amamos estar lá!
Quando fizemos a
Trilha Inca e a
Trilha de Salkantay, ouvimos muitas vezes que tínhamos que voltar ao Peru para fazer trekking na Cordilheira Blanca, no Parque Nacional Huascarán, tombado como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, e também na Cordilheira Huayhuash, que já entrou várias vezes em listas de "um dos trekkings mais bonitos do mundo", sendo frequentemente comparada em beleza com a Cordilheira do Himalaia no Nepal.
Nossa ideia inicial era fazer a famosa Travessia da Quebrada Santa Cruz na Cordilheira Blanca, um trekking bem popular em Huaraz, de 4 dias e 50 a 55Km, com altitudes entre 2.900 e 4.800m.
Mas, quanto mais eu pesquisava, mais me impressionava com o que lia sobre a Cordilheira Huayhuash, um lugar realmente espetacular e muito mais inóspito, sem tantos turistas.
Como não tínhamos tempo para tudo, adivinha o que escolhemos? O caminho menos percorrido, claro!
Acontece que o Circuito Huayhuash completo é um trekking de 10 a 12 dias, entre 113Km e 180Km, com altitudes entre 3.300 e 5.000m, sem energia elétrica ou qualquer tipo de conexão com internet no caminho 😳
Como é que alguém com um filho adolescente fica 10 dias isolado do mundo no meio das montanhas peruanas, incomunicável!?
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majestoso e incomunicável |
Se você realmente quiser fazer o Circuito Huayhuash completo, saiba que é possível investir num telefone ou rastreador via satélite (tipo Spot) ou algo do gênero para se manter "contatável" durante o trekking.
Então qual foi a solução que encontramos?
A solução que encontramos para o dilema pouco tempo × muita coisa para fazer × não poder se dar ao luxo de ficar incomunicável por muito tempo foi dividir a nossa estadia em Huaraz entre aventuras de 1 dia na Cordilheira Blanca e um Mini Circuito Huayhuash de apenas 3 dias, para ter pelo menos um aperitivo desse paraíso das montanhas peruanas, uma mistura do que há de mais lindo no Canadá, Suíça e Himalaia.
O que fizemos, a bem da verdade, não foi sequer um Mini Circuito Huayhuash.
Como o Trekking Huayhuash completo leva de 10 a 12 dias, o que eles consideram Mini Huayhuash são roteiros abreviados de 5 a 7 dias, e nós fizemos um roteiro de apenas 3 dias - foi realmente apenas um micro aperitivo!
E já foi assim, como vocês veem nas fotos que ilustram esse post! Imagina o roteiro completo!?
Eu adoraria ter ficado pelo menos uns 5 dias no Circuito Huayhuash, mas o nosso roteiro de 3 dias foi um aperitivo perfeito, de copiar e colar, para quem não tem muito tempo ou energia para fazer o circuito completo. E quer voltar logo para saber se o filhote não quebrou o braço, ou não foi expulso da escola, ou...tantas coisas doidas que a gente fica matutando quando estamos incomunicáveis né!?😳
Já fica o recado para você que ainda não tem filhos: o maior limitador que existe na maternidade/paternidade é nunca mais conseguir ficar com o coração tranquilo estando sem comunicação com os filhos 😞
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fizemos um Mini Circuito Huayhuash de apenas 3 dias |
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montanhas de 6.000m+ por todos os lados |
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um aperitivo desse paraíso das montanhas peruanas |
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paisagens de tirar o fôlego |
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montanhas refletidas nos lagos de águas cristalinas |
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Laguna Carhuacocha |
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Laguna Siula |
Melhor roteiro Mini Circuito Huayhuash
Num roteiro de trekking de 10 a 12 dias, como escolher a "melhor parte", para fazer em apenas 3 dias??
Depois de muito pesquisar (vocês já sabem que eu sempre faço a lição de casa para montar os roteiros mais top, modéstia à parte), nós escolhemos simplesmente os dias mais bonitos desse trekking - e a minha recomendação é que você não caia no conto das agências mais baratinhas de Huaraz, que querem te vender de qualquer jeito um Circuito Huayhuash de 3 ou 4 dias que é mais "fácil" (+ barato) para elas, começando em Llamac.
Nós tivemos que andar muito mais (8hs de van a partir de Huaraz, saindo às 2hs da manhã) para começar nosso trekking em Queropalca, mas juro que vocês não vão se arrepender.
Quando forem negociar um roteiro de 3 ou 4 dias no Circuito Huayhuash, só fechem negócio com uma agência se o trajeto incluir um pernoite na Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula.
Nos roteiros mais longos, esses pontos, que são alguns dos mais bonitos do Trekking Huayhuash, estão sempre incluídos, mas, se você vai negociar com uma agência um roteiro Mini Huayhuash, na maioria das vezes as agências deixam esses pontos de fora, porque são mais distantes e mais complicados (caros) para se chegar.
Não deixe eles te enrolarem 😜
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tem que fazer a lição de casa e "estudar" bem o roteiro para não deixar o melhor de fora - ou então simplesmente "copiar e colar" a lição de quem já estudou heheheh... |
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um pernoite na Laguna Carhuacocha é fundamental na sua vida! |
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só feche negócio com uma agência se o trajeto do Trekking Huayhuash oferecido incluir o Mirante dos 3 Lagos Siula |
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para fazer o nosso roteiro, é necessário encarar um looongo trajeto de van até o início da trilha, em Queropalca, passando por diversos outros povoados no caminho, mas vale a pena! |
O roteiro Mini Circuito Huayhuash 3 dias que nós fizemos foi assim:
- Huaraz - Queropalca (começa) - Laguna Carhuacocha
- Laguna Carhuacocha - Siula Lakes - Paso Siula - acampamento Huayhuash
- Acampamento Huayhuash - Tupac (termina) - Huaraz
Outras opções de roteiros curtos em Huayhuash são:
Mini Circuito Huayhuash 5 dias
- Huaraz - Queropalca - Laguna Carhuacocha
- Laguna Carhuacocha - Siula Lakes - Laguna Carhuacocha
- Laguna Carhuacocha - Punta Carhuac - Laguna Mitucocha - Cuartelwain
- Cuartelwain - Rondoy - Jahuacocha
- Jahuacocha - Llamac - Huaraz
OU
Mini Circuito Huayhuash 4 dias
- Huaraz - Queropalca - Laguna Carhuacocha
- Laguna Carhuacocha - Siula Lakes - Paso Siula - acampamento Huayhuash
- Acampamento Huayhuash - Paso Trapecio - Elephant Camp - San Antonio Pass - Elephant Camp
- Elephant Camp - Huayllapa - Lima
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começando o seu Trekking Huayhuash em Queropalca, você já inicia o dia com essa visão! |
Nosso guia também nos falou de um lugar chamado Cuyoc, das águas termais...enfim, como vocês podem ver, existe uma infinidade de roteiros mais curtos e lindos que vocês podem escolher na Cordilheira Huayhuash, inclusive alguns deles finalizando em Lima!
Na minha opinião, qualquer roteiro que inclua a Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula será maravilhoso.
Claro que, quanto mais dias você puder ficar, mais chances terá de incluir outras paisagens espetaculares no teu roteiro pela Cordilheira Huayhuash!
A verdade é que existem inúmeras opções diferentes de trajetos, dependendo da quantidade de dias que você quer ficar perambulando pelas montanhas e do nível de dificuldade que está disposto a encarar.
A altimetria diária pode variar entre 500 e 1.200m, e alguns dias de trekking em Huayhuash envolvem descidas que podem ser ainda mais difíceis que as subidas!
Normalmente, caminha-se algo em torno de 12Km por dia, entre 4 e 8hs de caminhada, mas alguns dias mais longos podem se estender por até 12hs nas trilhas!
Muitas pessoas optam por deixar um dia livre no meio do percurso, quando vão fazer o circuito completo, para poder descansar.
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antes de chegar ao Mirante dos 3 Lagos Siula, uma paradinha estratégica no Mirante dos 2 Lagos Siula! |
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os lagos glaciais da Cordilheira Huayhuash são um abuso - coloque o máximo de lagunas possível no seu roteiro! |
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nós optamos por encerrar nosso Trekking Huayhuash em Tupac, mas eu adoraria ter ficado mais uns 3 dias caminhando naquelas montanhas! |
Melhor época para fazer o Trekking Huayhuash
A melhor época para viajar a Huaraz é entre entre maio e setembro, que é a época seca no Peru, quando as chuvas são mais raras e as vistas mais claras.
Dos 11 dias que estivemos lá, pegamos chuva apenas em um fim de tarde em Huaraz.
Já viajamos ao Peru em outras épocas - fizemos a
Trilha Inca em fevereiro, por exemplo - mas, de fato, pegamos muito mais chuva.
Não é impossível ir ao Peru entre outubro e abril, mas também não é recomendado, pois são os meses mais úmidos, chuvosos, nublados e, por isso, as trilhas ficam mais cheias de lama também.
Se puder escolher, vá para Huayhuash entre maio e setembro, que você não vai se arrepender. Faz bastante frio, mas o clima é uma delícia!
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uma mistura do que há de mais lindo no Canadá, Suíça e Himalaia |
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a melhor época para viajar a Huaraz é entre entre maio e setembro |
Cuidados na hora de escolher a agência que vai te levar para Huayhuash
Para qualquer trekking que você decida fazer na Cordilheira Blanca ou em Huayhuash, o ideal é fazer como na
Trilha Inca e na
Trilha de Salkantay: contratar uma agência que organize toda a alimentação, acampamentos, guia, transporte e mulas para carregar o peso extra das mochilas.
Muita gente estranhou termos feito esse trekking através de uma agência, e não por conta própria, como costumamos fazer - como fizemos no Everest, por exemplo.
Abaixo eu vou explicar melhor como é perfeitamente possível fazer o Trekking Huayhuash por conta própria, mas vale esclarecer desde já que, diferente do Trekking ao Everest, onde você fica em alojamentos e come em restaurantes, só precisando carregar um saco de dormir, em Huayhuash não existe nada disso - você tem que carregar todo o seu "acampamento" e alimentação nas costas!
Por isso, nem cogitamos fazer o trekking em Huayhuash por conta própria, e fui à cata de uma agência que oferecesse o roteiro em Huayhuash que nós queríamos fazer.
Abaixo vou te indicar 4 opções, com os pros e contras de cada uma:
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contrate uma agência que vai organizar toda a alimentação, acampamentos, guia, transporte e mulas de carga do trekking Huayhuash |
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você chega no acampamento e as barracas já estão montadas |
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seu único trabalho no fim do dia é se esticar no seu isolante/saco de dormir e relaxar |
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as mulas serão suas melhores amigas num trekking em Huayhuash |
1 Caleb Expeditions
Acabamos escolhendo fazer nosso Mini Circuito Huayhuash com a
Caleb Expeditions justamente pelo roteiro: eles eram os únicos que encontrei na internet que ofereciam um roteiro curtinho e que incluía a Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula, lugares que nós queríamos muito conhecer.
Várias agências oferecem roteiros mais curtos, de 4 a 7 dias pela Cordilheira Huayhuash, e até bem mais baratos, mas a questão é que quase nenhum desses roteiros incluem a Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula, pois esses pontos ficam bem mais distantes de Huaraz, e aí o transporte até o início da trilha fica bem mais caro para as agências.
Em geral, as agências de Huaraz preferem oferecer pacotes mais baratos, que vendem muito mais para os desinformados, óbvio!
Não tenho reclamação nenhuma da
Caleb Expeditions - nosso trekking foi perfeito, o proprietário da agência, Abel, nos atendeu muito bem, eles entregaram tudo o que prometeram, a comida era ótima, barracas e equipamentos também.
Para negociar com o Abel, dono da agência Caleb Expeditions, a minha dica é entrar em contato pelo WhatsApp +51 964338502.
Abaixo vou explicar em detalhes quanto custou nosso trekking, no capítulo Gastos no Trekking Mini Huayhuash 3 dias.
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Mirante dos 3 Lagos Siula |
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Laguna Carhuacocha |
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sede da agência Caleb Expeditions em Huaraz |
Só faço uma ressalva: o Abel tem muitos clientes israelenses e, pelo que soube, esse roteiro que inclui a Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula está se tornando muito popular entre os muitos turistas israelenses na região, o que pode se tornar um problema.
Explico: os israelenses são como os brasileiros - se juntam em bandos e perdem um pouco a noção, podem ficar fazendo barulho, incomodando com música alta nos acampamentos, bebendo demais e sendo mal educados.
Então, quando você for fazer uma reserva para um Trekking Huayhuash com a agência Caleb Expeditions, tenha o cuidado de verificar com o Abel se esse não será um grupo com muitos israelenses.
Ouvi relatos de uma alemã que foi com um grupo de 6 israelenses e se incomodou com eles o tempo todo. Mais ou menos como poderia acontecer com uma alemã perdida num grupo de brasileiros sem noção, sabe? Imagina passar vários dias num trekking com um grupo de israelenses falando apenas Hebraico o tempo todo? Te olhando e rindo, sem que você saiba o que eles estão dizendo?! De lascar, né?
Esse é o único cuidado que você precisa ter com a agência do Abel. Eu não sabia de nada disso antes de ir - fiquei sabendo por conversas que ouvi lá no meio do trekking - e, por sorte, não tivemos nenhum problema: nosso grupo era composto por gringos de vários países europeus (Alemanha, Holanda, Inglaterra) e apenas uma israelense super querida, a Dana (que inclusive sabia desse 'probleminha' dos seus compatriotas kkkk).
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a israelense Dana, nossa companheira de trekking, sabia desse 'probleminha' dos seus compatriotas kkkk |
2 Inkaland Treks
Como já comentei aqui no blog em vários posts, fizemos alguns passeios em Huaraz com a
Inkaland Treks e sabemos, por experiência própria, que é uma das agências mais top de lá. Eles também oferecem pacotes para o Trekking Huayhuash, tanto em grupos quanto privados, e encontramos um grupo de brasileiros fazendo o Circuito Huayhuash completo com eles - acamparam conosco tanto na Laguna Carhuacocha quanto no acampamento Huayhuash!
Assim, tive a oportunidade de ver que o serviço da
Inkaland Treks no Trekking Huayhuash é tão top quanto nos passeios que fizemos com eles em Huaraz - desde Nutella no café da manhã até as barracas mais bonitonas do acampamento. Se você é um trilheiro mais Nutella, vai adorar ir com a
Inkaland Treks!
Mas, é claro, como tudo na vida, o luxo tem seu preço! Os valores cobrados pela Inkaland Treks também são bem acima das outras agências.
Para negociar um "pacote" Huayhuash, que pode ser customizado de acordo com os seus interesses de roteiro, seja privado, seja em grupo, o melhor é entrar em contato pelo WhatsApp +51 943332193 com a Edita, dona da agência Inkaland Treks.
Você pode combinar um pacote de passeios de aclimatação com eles também! Informe os dias que você vai estar lá, os passeios que quer fazer, o roteiro que gostaria de fazer em Huayhuash e peça um preço especial pelo combo!
Mesmo em grupo, o serviço deles é excelente - não vejo necessidade de fazer privado, que, obviamente, custa bem mais caro.
O único motivo para fazer privado, pagando mais caro, na minha opinião, seria no caso de você ter algum problema de mobilidade, ou de querer ir com seus filhos, por exemplo, num ritmo próprio, sem ter que acompanhar um grupo. Nessa situação, acho que valeria a pena pagar pelo serviço privado.
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acampamento da Inkaland Treks em Laguna Carhuacocha |
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no trekking Huayhuash, eles mantêm o padrão de chegar cedo nas áreas de acampamento para pegar os melhores lugares |
3 Krusty Travel
Uma outra agência que é bem conhecida em Huaraz pelos pacotes de trekking que oferece em Huayhuash é a
Krusty Travel.
Eles oferecem trekkings Mini Huayhuash mais curtos, de 3 e de 6 dias, mas, na época que fomos, eles não tinham nenhum pacote que incluísse os pontos que nós queríamos conhecer (Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula), então nem me informei muito mais.
O que eu sei deles é que é uma das agências mais baratas. Quanto ao serviço que eles oferecem, não sei de nada, não posso opinar.
Só não esqueça da minha dica, que não canso de repetir: é possível conseguir pacotes de trekkings mais baratos do que o valor que nós pagamos com várias outras agências que oferecem pacotes mais em conta, só que você precisa prestar muita atenção no roteiro que eles estão te oferecendo - o roteiro que nós fizemos (que é de longe o mais bonito) é mais caro, pois fica mais distante de Huaraz, e o transporte até o ponto de início e final custa mais caro.
Então tenha muito cuidado na hora de negociar o seu trekking, para não comprar gato por lebre!
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é possível conseguir trekkings mais baratos com outras agências, mas tenha cuidado para não comprar gato por lebre! |
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tenha o cuidado de verificar também tudo o que está - e principalmente o que NÃO está - incluído no seu pacote de trekking |
4 Guia Eliseo
Embora eu não tenha reclamações da Caleb Expeditions, que organizou o nosso trekking Mini Huayhuash no Peru, hoje em dia eu faria o Trekking Huayhuash de forma diferente, e essa é a sugestão que eu deixo aqui para vocês: ao invés de contratar uma agência para te levar, contrata diretamente um guia para organizar todo o Trekking Huayhuash para ti!
Eu sempre prefiro fazer isso - foi o que fizemos no Everest, por exemplo: desviar das agências, dos intermediários, e ir direto na fonte, nos guias que estarão contigo na trilha. Ninguém melhor do que eles para saber como as coisas funcionam em Huayhuash e organizar o seu trekking.
E, desta forma, a maior parte do dinheiro que você paga fica diretamente na mão da pessoa que estará lá, trabalhando para você. Do contrário, a agência fica com a maior parte dos lucros, e só paga uma merreca para os guias, que trabalham como freelancers.
Foi o que fizemos também na
subida ao Nevado Mateo em Huaraz, por exemplo. Encontrei a dica do nome de um guia bom num blog gringo e fui atrás dele e contratamos ele direto.
Desta forma, você terá exatamente o mesmo serviço que uma agência oferece, mas vai pagar um pouco menos e o seu guia estará mais satisfeito, pois estará recendo mais! É uma relação ganha-ganha (menos para os intermediários).
O difícil é a gente conseguir encontrar essas pessoas na internet, antes de viajar!
Você lê blogs e mais blogs e quase ninguém coloca as informações sobre os guias e seus contatos - todo mundo acaba indicando agências, até porque a maioria dos blogueiros fazem parcerias com as agências para fazer esses trekkings pagando menos, ou de graça mesmo, e depois precisam "pagar" as parcerias indicando as agências que usaram - sejam elas boas ou ruins.
Mas vocês têm a sorte de terem vindo pesquisar aqui no Pequeno Viajante, e eu vou deixar toda a dica mastigadinha aqui pra vocês, porque não devo pagamento de parceria a nenhuma agência, já que nós pagamos em cash pelo nosso trekking 😅
Alguns dos guias freelancers têm uma ótima capacidade de organização e conhecem os meios para organizar um trekking super tranquilo e customizado pra ti.
É justamente o caso do guia Eliseo, que foi nosso guia no Mini Huayhuash e foi excelente, super sério, responsável e organizado.
Se você entrar em contato via WhatsApp +51 978704471 com o Eliseo, ele pode organizar todo o trekking Mini Circuito Huayhuash pra ti! E ninguém melhor do que ele para contratar os melhores 'arrieros', o melhor cozinheiro, reunir bons equipamentos, etc.
Ele conhece a Cordilheira Huayhuash como a palma da mão e, se você disser que tem x dias disponíveis para fazer o trekking e que quer incluir a Laguna Carhuacocha e o Mirante dos 3 Lagos Siula no seu roteiro, não tem ninguém melhor do que ele para te ajudar a montar o roteiro mais bonito e perfeito em Huayhuash. Muito recomendado!
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ao invés de contratar uma agência para te levar, contrata diretamente um guia para organizar todo o Trekking Huayhuash para ti |
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eu, nosso guia Eliseo e o Peg |
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ninguém melhor do que o guia Eliseo para contratar os melhores 'arrieros', o melhor cozinheiro, reunir bons equipamentos, etc |
Perguntas a fazer sobre o Trekking Huayhuash
Independente de quem você contratar para te levar para Huayhuash - seja um guia ou uma agência - a principal recomendação, para não ter nenhuma dor de cabeça depois, é sempre deixar muito claro o que está - e, principalmente, o que NÃO está - incluído no seu pacote de trekking!
Veja se todo o equipamento (barracas de casal, colchonete ou isolante e coberta) e alimentação necessários estão incluídos, se o saco de dormir para temperaturas negativas (-15ºC), garrafa de oxigênio de emergência e kit de primeiros socorros estão incluídos, se eles vão te fornecer a duffel bag e se o transporte de 5Kg extra de bagagem por pessoa nas mulas está incluído, se estão incluídos os serviços do guia, do tratador das mulas e do cozinheiro, se o transporte de van no início e no final da trilha estão incluídos, etc.
Pergunte TUDO e peça que coloquem tudo no papel - ou, pelo menos, numa mensagem de WhatsApp! Peça recibos de todos os valores que pagar.
Normalmente só o que não está incluído, e que você tem que pagar por fora, são os ingressos nas comunidades campesinas (explico melhor abaixo), as gorjetas e alguma refeição no 1º ou último dia, durante a viagem ao ponto de início e no final da trilha.
Bastões de caminhada e itens pessoais normalmente também não são incluídos!
E seguro também não está incluído 😜
Outras perguntas que você pode (e deve) fazer:
- Haverá um briefing antes da trilha?
- Que tipo de transporte será usado (público, privado, carro, van, ônibus)?
- Quantas refeições teremos por dia? (se você for vegetariano, eles fazem comida especial, sem custo extra, é só avisar com antecedência)
- Quantas pessoas dormirão em cada barraca/vou dividir barraca/com quem?
- Teremos snacks/lanches na trilha?
- A água fervida será fornecida na trilha? (normalmente você leva água apenas para o 1º dia)
- O guia fala qual/quais línguas?
- O grupo será de quantas pessoas/quantos clientes por guia?
- Haverá um cavalo de emergência que poderá ser usado (por uma taxa extra) se você se sentir mal?
- Teremos um cozinho e um arriero (tropeiro)?
- Está incluído o equipamento para cozinhar e a tenda refeitório (mesa, cadeiras)?
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van de transporte da Caleb Expeditions |
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lanchinhos para a trilha |
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barraca, isolante térmico, saco de dormir para temperaturas negativas e cobertas |
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verifique se está incluída a tenda refeitório (com mesa e cadeiras) |
Trekking Huayhuash por conta própria
Obviamente também é possível fazer o Trekking Huayhuash por conta própria, sem guia e sem agência, se você tem bastante experiência em trekking, os equipamentos necessários e condições físicas de carregar todo o seu equipamento sem a ajuda das mulas.
Eu não sei como o pessoal que vai fazer o Circuito Huayhuash completo se organiza, porque levar nas costas todos os mantimentos para 10 dias de trilha e mais equipamentos é bem complicado - tem que ser experiente mesmo!
Água não é um problema, porque é fácil conseguir e purificar água na Cordilheira Huayhuash.
Se você tem todo o equipamento necessário e mantimentos (barraca, isolante térmico, saco de dormir para temperaturas negativas, um bom GPS, cozinha de camping, etc), mas não se sente apto a carregar tudo em 'pasos' de montanhas acima dos 5.000m, acredito que também seja possível contratar apenas um 'arriero' com mulas para te ajudar com o carregamento.
Lembre que, mesmo que você já tenha feito uma PCT (Pacific Crest Trail) da vida, na PCT você não anda a mais de 5.000m de altitude! Não subestime a altitude!!
De Huaraz, você pode contratar um veículo particular para te levar diretamente ao 1º acampamento, Cuartelwain (uma viagem de aproximadamente 150Km), ou você pode pegar o ônibus direto de Huaraz para a aldeia de Llamac (135Km).
Pelo que pesquisei (confirme, pois esses horários sempre mudam), o ônibus público leva cerca de 5hs, saindo todos os dias às 5hs da manhã, e chega a Llamac por volta das 10h30min.
Para a maioria dos trekkings na Cordilheira Huayhuash, se você estiver usando transporte público, a vila de Llamac será o seu ponto de partida, mas tenha em mente que, neste caso, para chegar ao 1º acampamento, em Cuartelwain, você terá que caminhar algumas horas numa uma estrada empoeirada, que foi construída por uma empresa de mineração.
Você também pode fazer o mini roteiro que nós fizemos em Huayhuash por conta própria, começando em Queropalca (224Km de Huaraz) e terminando em Tupac (222Km de Huaraz), mas, nesse caso, prepare o bolso, pois o transporte até essas localidades é mais caro, longo e escasso, já que ficam mais distantes de Huaraz.
Nós nem cogitamos fazer esse trekking por conta própria, primeiro, porque não tínhamos o equipamento necessário; e, segundo, porque não teríamos condições físicas de carregar todo o equipamento e alimentação sozinhos na altitude, mas vimos lá um casal de israelenses fazendo o trekking por conta própria, bem tranquilos, com sua barraquinha e seu fogareiro 💪
E tem mais um detalhe que merece consideração também: muita gente pensa em fazer o Trekking Huayhuash por conta própria para economizar, mas aí vale a pena calcular antes se você realmente está fazendo um bom negócio, porque, como falei acima, dependendo do transporte que você for pagar até o ponto de início e no final da trilha, pode acabar ficando mais caro fazer sozinho do que com um grupo!
Se você pegar o transporte público até Llamac, a economia certamente vai compensar; mas, se você quiser começar o trekking em Queropalca, como nós, um transporte privado até lá vai custar bemmmm caro e, nesse caso, indo com um grupo, as despesas de transporte são divididas, entende?
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não é difícil encontrar água ao longo da trilha, mas você sempre precisa purificá-la, pois existem muitas vacas, mulas, cavalos e outros animais defecando ao longo do Circuito Huayhuash |
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muitos animais ao longo da trilha, de propriedade das comunidades campesinas da região de Huayhuash |
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a verdade é que esse trekking é cansativo (e fica mais cansativo a cada dia que passa), então é muito bom chegar ao acampamento no final do dia e encontrar tudo pronto te esperando |
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se você tiver um bom GPS, não será difícil seguir sozinho as trilhas em Huayhuash (pelo menos nos trechos pelos quais nós passamos) |
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se você tem o equipamento e gostaria de ir sozinho, mas não se sente apto a carregar tanto peso na altitude, é possível contratar um arriero e suas mulas para te ajudar |
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este casal de israelenses da barraca Quéchua azul estava fazendo o trekking por conta própria |
Véspera e pos-trekking Circuito Huayhuash
Na véspera do trekking, às 19hs, tivemos um briefing com o Abel, da agência
Caleb Expeditions, para acertar com ele o Trekking Huayhuash, que começaríamos no dia seguinte. Já tínhamos ido até a agência uns dias antes tirar dúvidas e acertar o pagamento.
A bem da verdade, neste briefing, quem nos explicou tudo, mostrando nosso roteiro em um mapa e nos dando todos os detalhes sobre trajetos, acampamentos e altitudes foi o guia Eliseo, que também respondeu todas as nossas perguntas, conferiu se tínhamos tudo o que precisávamos nas nossas mochilas e nos mostrou os equipamentos que eles levariam (sacos de dormir, etc).
É bem importante participar desse briefing, pois é o momento que você tem para fazer todas as perguntas, esclarecer as dúvidas que você ainda tem, conferir checklists de equipamentos, etc.
Foi nesse momento que pegamos a duffel bag (mochila) fornecida pela agência, onde colocaríamos todas as coisas que seriam carregadas pelas mulas na trilha. Cada cliente tem direito de colocar 5kg nessas mochilas, que serão carregadas pelas mulas ao longo do trekking.
Uma mochila comporta 10Kg, ou seja, 1 mochila destas serve para 2 pessoas - tudo o que eu e o Peg levamos no trekking coube nesta mochila (e ainda sobrou espaço, mas você precisa ser bemmmm econômico no que vai levar!).
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uma mochila comporta 10Kg, ou seja, 1 mochila destas serve para 2 pessoas |
Além destes 5Kg que você pode "despachar" nos lombos das mulas, você carrega nas costas apenas a sua daypack - uma mochila pequena com as coisas que você precisa para a trilha do dia (uma jaqueta de chuva, powerbank, protetor solar, óculos de sol, Tylenol DC, água, etc).
Dica esperta do pequeno viajante: neste briefing, normalmente já fica combinado se eles vão passar para te buscar na tua hospedagem horas depois, no meio da madrugada, ou se você vai ir por conta própria até a agência para partir de lá.
É claro que você pode optar por aguardar a van passar no hotel/albergue, para não ter que sair andando pelas ruas de Huaraz no meio da madrugada carregando a sua mochila e duffel bag...masssss, nesse caso, você corre o sério risco de que, quando eles passem para te buscar no teu alojamento, a van já esteja cheia com o restante do pessoal do grupo, e que só tenha sobrado algum lugar horroroso no fundo da van, espremido entre as mochilas despencando na tua cabeça.
Por isso, a dica exxxperta de quem já tem muitos anos de estrada é que você se adiante e se ofereça para ir até a agência (no caso de ter contratado agência) - assim você pode chegar lá um pouco antes da hora marcada e escolher um lugar melhorzinho na van 😜
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gráfico de altimetria do trekking Huayhuash |
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no briefing que é feito na véspera do trekking, o guia Eliseo nos explicou tudo sobre o Circuito Huayhuash, mostrando nosso roteiro em um mapa e nos dando todos os detalhes sobre trajetos, acampamentos e altitudes |
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no briefing também verificamos se tínhamos todo o equipamento necessário desta lista que está no site da Caleb Expeditions |
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durante o trekking Huayhuash, você carrega nas costas apenas uma mochila pequena com as coisas que precisa para o dia |
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a dica é ir por conta própria até a agência para partir de lá, que assim você tem mais chances de conseguir um bom assento na van para a longa viagem até o ponto de início da trilha |
Outra coisa importante, como expliquei aqui -
roteiro de 11 dias em Huaraz - é que deixamos um dia livre no nosso roteiro em Huaraz pos-trekking - é fundamental ter um dia de descanso depois de um trekking puxado, seja de 3 ou 10 dias.
Você chega sujo, cansado, querendo lavar umas roupas, descansar, tomar uma Cusqueña...definitivamente não é uma boa idéia marcar um longo e cansativo passeio no dia depois de voltar de um trekking.
Além disso, neste dia também precisávamos devolver a duffel bag para o Abel da Caleb Expeditions.
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é fundamental ter um dia de descanso depois de um trekking puxado, para desfrutar de umas Cusqueñas em algum café de Huaraz |
Curiosidades do Trekking Huayhuash
Você sabia que não existe uma Montanha Huayhuash??
Resolvi colocar essa informação aqui como uma "curiosidade" porque isso me surpreendeu muito, e só descobri esse fato já lá no Peru, durante o trekking, ao perguntar pro guia 'onde, afinal, ficava situada a Montanha Huayhuash' 😜
Não sei porquê, mas eu sempre imaginei que Huayhuash fosse o nome de uma das montanhas da cordilheira, assim como o Nevado Huascarán, por exemplo, que dá nome ao Parque Nacional existente na Cordilheira Blanca.
Mas não: o guia riu e me explicou que "Huayhuash" é apenas o nome da cordilheira, e não existe uma montanha com este nome!
Viajando, passando vergonha e aprendendo hehehehe...
O nome "Huayhuash" possivelmente se origina da palavra quéchua "waywash", que significa doninha, ou da palavra quéchua "waywashi", que significa esquilo.
Outras curiosidades da Cordilheira Huayhuash:
Ali fica situada a 2ª maior montanha do Peru, Yerupajá, com 6.617m de altitude, que também é a 2ª maior montanha da zona tropical da Terra.
A Cordilheira Huayhuash tem 6 montanhas que ultrapassam os 6.000m de altitude:
- Yerupajá, com 6.617m
- Siula Grande, com 6.344m
- Sarapo, com 6.127m
- Jirishanca, com 6.094m
- Yerupajá Chico, com 6.089m
- Rasac, com 6.017m
Os rios que cortam a Cordilheira Huayhuash são bons para a pesca da truta.
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as trilhas do Circuito Huayhuash têm vistas de tirar o fôlego |
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a gente fica até sem saber se a falta de fôlego é devida às paisagens cinematográficas ou à altitude mesmo heheheh... |
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os rios que cortam a Cordilheira Huayhuash, como o Rio Carhuacocha, são bons para a pesca da truta
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eu estava curiosa para saber onde, afinal, ficava situada a Montanha Huayhuash! kkkk |
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as 2 maiores montanhas da Cordilheira Huayhuash são o Yerupajá, com 6.617m, e o Siula Grande, com 6.344m |
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no 1º dia de trekking já tivemos uma sucessão inacreditável de visões do paraíso, uma mistura de Suíça com Patagônia, de Canadá com Noruega, com a linda montanha Yerupajá à direita (o pico mais alto da Cordilheira Huayhuash) e o Siula Grande à esquerda, bem na nossa frente |
A Cordilheira Huayhuash foi usada como base remota pela guerrilha comunista do Sendero Luminoso até a derrota do grupo em 1992. Em julho de 1988, um grupo de alpinistas canadenses e peruanos foi mantido refém por 12hs depois de uma tentativa fracassada de assassinato de um grupo de policiais militares. Nenhum dos alpinistas ou policiais ficaram feridos, e apenas um Senderista foi morto.
No final dos anos 1980, um grupo de turistas europeus foi roubado e receberam ordens de retornar a Huaraz com a mensagem de que futuros intrusos seriam mortos.
Os restos de um acampamento guerrilheiro podem ser vistos perto da margem norte do Lago Viconga, e ainda podem ser visitados os restos de um antigo acampamento-base do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, incluindo um campo de tiro, quartéis e um campo de treinamento.
Já nos anos 2000, as comunidades locais passaram a cobrar uma taxa de "proteção" pela passagem nas propriedades privadas. Desde então, a área é considerada segura.
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hoje em dia eles têm até placas de boas-vindas aos visitantes |
Tocando o Vazio: sugestão de leitura
Acho que a 1ª vez na vida que ouvi falar sobre esta região do mundo foi quando li, anos atrás, o sensacional livro Touching the Void (Tocando o Vazio), de 1988, que conta a trágica história real de Joe Simpson e do seu amigo Simon Yates, depois de escalar o pico Siula Grande (6.344m) na Cordilheira Huayhuash, que você vai ver diversas vezes fazendo esse trekking.
Esse livro é um clássico da literatura de montanhismo/alpinismo/escalada/aventura, e conta como foi a descida - quase fatal - de Joe Simpson da 2ª montanha mais alta da Cordilheira Huayhuash.
Eu não vou dar mais 'spoiler' aqui - só posso dizer que a história é sensacional e uma leitura obrigatória para quem vai a Huayhuash! Como é um livro bem pequenininho, você pode até levar na sua duffel bag para ler na barraca durante a trilha!
Em 2003, o livro foi transformado em um documentário que ganhou diversos prêmios, mas eu nunca consegui encontrar o filme para assistir - se vocês encontrarem em algum lugar, POR FAVOR me falem aonde!
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li em espanhol porque essa foi a única edição que encontrei disponível online na Estante Virtual, onde sempre compro livros usados |
Diário de bordo Mini Circuito Huayhuash
Embora tivesse que economizar muito a bateria do meu celular, fui anotando algumas informações importantes do dia a dia do trekking, coisas que não queria esquecer de contar pra vocês, então aqui segue meu "diário de bordo":
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Mini Circuito Huayhuash |
1º dia Trekking Mini Huayhuash
Huaraz - Queropalca - Laguna Carhuacocha
Acordamos 1:30hs da madrugada e as 2:15hs eles passaram com a van da Caleb Expeditions para nos buscar no Krusty Hostel em Huaraz.
Nosso grupo era de 8 pessoas no total, contando conosco: 2 alemães, 2 ingleses, 1 holandês, 1 israelense e 2 brasileiros - 3 mulheres e 5 homens.
A van que fez nosso transporte de Huaraz até o micro vilarejo de Queropalca era ok, mas os bancos não reclinavam muito, e fez bastante frio durante a madrugada (vá bem abrigado nesta viagem). Sem falar na infinita musiquinha popular peruana de flautinha tocando a noite inteira, incansavelmente, que dá a impressão de ser sempre a mesma kkkk...
Às 7:45hs paramos no povoado de Baños para tomar café da manhã (não incluído no pacote da agência).
Tínhamos levado empanadas e suco de caixinha, então pedimos apenas café: 2 soles cada café, total 4 soles.
Seguimos por uma estrada linda no caminho entre Baños e Condorcancha, com criação de gado nas colinas, campos divididos por muretas de pedras, tudo muito verde, aquela sensação de fim de mundo, cholitas passando a cavalo com seus bebês nas costas.
Paramos na entrada da comunidade campesina de Queropalca para pagar os ingressos de 40 soles por pessoa na Área de Conservação Privada de Jirishanca (abaixo explico todos os detalhes sobre esta questão dos ingressos).
Leia também: Quanto custa uma viagem para Huaraz no Peru
Já havíamos conhecido o nosso guia, que seria o peruano Eliseo, no briefing na agência no dia anterior, e ali conhecemos aquele que seria o cozinheiro do nosso trekking, um cara super boa gente, chamado Hilário.
Chegamos ao começo da trilha em Queropalca às 9:30hs, e eles então descarregaram todo o material de acampamento da van e carregaram tudo nas mulas, que já estavam lá nos esperando, com seu 'arriero' (o tropeiro das mulas).
Também nos deram belisquetes para o dia: balinhas de chocolate, bergamotas, bananas e bolachinhas recheadas.
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leve fones de ouvidos para se 'proteger' da musiquinha peruana infinita que toca incessantemente nas vans |
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parada no povoado de Baños para café da manhã |
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adoro conhecer esses pequenos povoados no interior do país |
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Plaza de Armas do povoado de Baños |
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paisagens lindas pela janela da van a caminho de Queropalca |
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estrada linda no caminho entre Baños e Condorcancha, com criação de gado nas colinas, campos divididos por muretas de pedras e tudo muito verde |
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aquela sensação (boa) de que estávamos a caminho do fim do mundo |
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chegamos ao começo da trilha em Queropalca e então todo o material de acampamento foi descarregado da van... |
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...e carregado nas mulas, que estavam lá nos esperando, com seu arriero |
Começamos a caminhada na trilha às 10hs, com uma subida bemmmm íngreme e forte no início, e depois todo o resto do caminho neste 1º dia de trekking foi bem tranquilo, o que eles chamam de Peruvian flat.
No Peru, eles distinguem Peruvian flat (ou Tourist flat), que é uma trilha mais plana, com pouco sobe e desce e ganho de altitude, de Inca flat, que é um caminho que dá a impressão de ser majoritariamente plano, mas você está na verdade subindo e ganhando altitude sempre.
É o "plano que engana", pois a trilha não tem grandes subidas íngremes, mas a gente está sempre subindo um pouquinho e ganhando mais elevação.
É bom conhecer essas expressões, que os guias usam de brincadeira no Peru, para entender do que eles estão falando quando fazem os briefings para a trilha do dia seguinte todas as noites depois do jantar nas barracas-refeitório 😉
No Nepal também há o que eles chamam de 'Nepali flat', este mesmo plano que engana!
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Peruvian flat, ou Tourist flat, é uma trilha plana, com pouco sobe e desce e ganho de altitude |
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já nas trilhas do tipo Inca flat, às vezes surge um subidão assim |
No 1º dia em qualquer trekking, vale lembrar que você tem que estar bem preparado psicologicamente para não se assustar com essas primeiras subidas mais íngremes.
Se você chega lá meio assustado, desembarca da van e, nos primeiros 30min de trekking já se depara com uma pirambeira íngreme montanha acima, fica sem fôlego com a subida forte e com a altitude, pernas bambas, com os músculos queimando do esforço físico a 4.000m, e vê o resto do seu grupo de atletinhas de 20 e poucos anos subindo o morro como se fossem cabritos monteses...pode facilmente bater aquele #desespero de pensar: "eu não vou conseguir, já vou desistir aqui".
Com o ar rarefeito, a cabeça da gente não funciona direito, e é fácil faltar oxigenação no cérebro e dar um bug desses hehehe...
Por isso, eu sempre digo: esteja bem preparado psicologicamente, saiba do que você é capaz, confie no seu taco e lembre sempre que as tartarugas se dão melhor nas trilhas de montanhas do que os coelhos!
A preparação psicológica é tão importante quanto o preparo físico!
As trilhas no Peru sempre têm o complicador da altitude.
Como nós já tínhamos feito a Trilha Inca e de Salkantay no Peru, além da trilha na montanha do arco-íris e outras, e também já tínhamos a experiência da trilha ao Everest base Camp no Nepal, quando chegamos relativamente tranquilos aos 5.364m de altitude, já sabíamos como nossos corpos se comportariam a 4.100m de altitude, então não tínhamos essa preocupação extra.
Mas, se você nunca teve experiências de fazer trilhas em altitude antes, realmente precisa ter cuidado.
Meu pai adorava aquele velho ditado "o diabo é sábio não porque é diabo; o diabo é sábio porque é velho".
A gente não ganha experiência de graça, temos que passar por perrengues, caminhar muitos e muitos quilômetros em trilhas pelo mundo para sabermos do que somos capazes. Tudo o que eu aprendi não foi lendo livros, foi sentindo falta de ar mesmo!
Na Trilha Inca, láaaaa em 2005, eu tive uma crise de ansiedade no meio do trekking, um ataque de nervos, sentei numa pedra e chorei, chorei, achando que não ia conseguir. O ar simplesmente não vinha, parecia que meu pulmão estava vazio, eu achei que ia sufocar. O Peg teve que carregar minha mochila um dia inteiro, pelo "paso da mulher morta", até eu me convencer de que ia, sim, conseguir.
Em Salkantay, logo no começo da trilha, eis que surge uma pirambeira dessas de novo. Eu logo pensei que ia ter outra crise de choro, acreditando que não ia conseguir vencer aquele morro. Mas, desta vez, já tinha a experiência láaa da Trilha Inca, e me forcei a acreditar que eu ia conseguir sim - sufoquei o ataque de medo na casca e subi devagar, no meu ritmo!
E assim a gente vai aprendendo a conhecer nosso próprio corpo, nossos limites, e acreditar que, mesmo não sendo atletas, nós somos sim capazes de subir morro acima, é só ir devagar, respeitando teu tempo.
Não dá pra querer acelerar esse aprendizado com teoria. Não tenho como ajudar nisso aqui no blog. Pra ganhar confiança em nós mesmos, a gente precisa de tempo nas trilhas e de experiências práticas, precisamos conhecer nossos limites 'in loco'.
No post que publiquei sobre a trilha da Laguna 69, escrevi mais sobre isso, leia aqui: Como é a trilha à Laguna 69
Aliás, recomendo que você faça a trilha à Laguna 69 como aclimatação antes de fazer o Trekking Huayhuash!
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logo na saída de Queroplaca, início do Mini Trekking Huayhuash, já encaramos um subidão do tipo queima-coxas, e o povoado ficou láaaa embaixo |
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quando for encarar uma subida feroz como a do Paso Siula, você precisa estar bem preparado psicologicamente, saber do que você é capaz e confiar no seu taco |
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lembre sempre que as tartarugas se dão melhor nas trilhas de montanhas do que os coelhos! |
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a preparação psicológica é tão importante quanto o preparo físico! |
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as trilhas no Peru sempre têm o complicador da altitude |
E tenho que acrescentar aqui que, nesse sentido, o nosso guia era excelente!
Ele sempre insistia que todos fossem bem devagar, mais devagar do que "poderiam" ir.
Nosso grupo era cheio de jovens atletas, e todos eles estavam já bem aclimatados à altitude, depois de várias semanas viajando pelo Peru, então todos poderiam tranquilamente correr naquelas trilhas, mas o Eliseo insistia que fossem mais devagar, que fizessem paradas, que desfrutassem da paisagem.
Normalmente os guias são os primeiros a querer ir mais rápido nas trilhas, para chegar mais cedo e dar o trabalho do dia por encerrado, mas o Eliseo era o contrário: chegou a confidenciar comigo e com o Peg (os "velhos" do grupo) que ficava chateado pelos jovens clientes irem tão rápido nas trilhas, que aquilo não fazia bem, que o objetivo de um trekking é desfrutar da natureza e das paisagens o máximo possível, e não correr para chegar logo ao acampamento hehehehe...
Num determinado momento, ele nos disse, em tom de reclamação "os outros não param nem para tomar fotos!" 😝
Bom, eu certamente tomei fotos pelo grupo inteiro, foram mais de 1000 em 3 dias!
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o objetivo de um trekking é desfrutar da natureza e das paisagens o máximo possível, e não correr para chegar logo ao acampamento |
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vá devagar, mais devagar do que você "poderia" ir |
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para não acabar sendo resgatado no lombo de um cavalo ou, pior, de uma mula hehehehe... |
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faça muitas paradas e desfrute destas paisagens |
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eu tirei fotos pelo nosso grupo inteiro - foram mais de 1000 em 3 dias |
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muitas selfies, inclusive, porque eu sempre ficava para trás fotografando e depois não tinha a quem pedir que tirasse fotos de mim kkkk... |
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não entendo como alguém consegue passar reto por uma paisagem dessas, sem querer registrá-la de todos os ângulos possíveis! |
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Lagos Siula |
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paisagens da Cordilheira Huayhuash em um dia nublado |
Estávamos recém nas primeiras horas de caminhada do 1º dia de trekking e já tínhamos vislumbrado uma sucessão inacreditável de visões do paraíso, uma mistura inacreditável de Suíça com Patagônia, de Canadá com Noruega, com a linda montanha Yerupajá à direita (o pico mais alto da Cordilheira Huayhuash) e o Siula Grande à esquerda, bem na nossa frente.
O Yerupajá é um pico da Cordilheira dos Andes localizado no Peru, com 6.617m, sendo a 2ª montanha mais alta do país, atrás apenas do Huascarán, que fica situado na Cordilheira Blanca. Seu nome vem do quéchua “amanhecer branco”.
Tem o Yerupajá Grande e o Yerupajá Chico. Todos têm mais de 6.000m de altitude.
O Siula Grande, com seus 6.344 m de altitude, se tornou muito conhecido internacionalmente depois da publicação do livro do alpinista Joe Simpson (Touching the Void).
Vimos muitos cachorros no caminho. Muitas mulas também, e uns poucos cavalos. Casas muito simples, de adobe com teto de palha. Corredeiras. Foi um dia lindo de morrer, com céu muito azul, sem nuvens. Tivemos muita sorte com o clima, como sempre - São Pedro sempre colaborando!
Vou publicar abaixo uma sequência de fotos para vocês ficarem desejando o Trekking Huayhuash - lembrando que todas essas fotos são apenas das primeiras 2hs na trilha 🤩
Também lembro que coloquei algumas destas fotos lá nos destaques dos stories, já que o pessoal estava pedindo uns "fundos de tela" novos e inspiradores, então vai lá e manda ver no print!
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uma sequência de fotos para vocês ficarem desejando o Trekking Huayhuash |
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lembrando que todas essas fotos são apenas das primeiras 2hs na trilha |
Ao meio dia fizemos uma parada para almoço à beira do Rio Carhuacocha.
Almoçamos um quinotto (risotto de quinua) bem simples, mas estava delicioso, ainda mais com aquela paisagem ao nosso redor.
Era incrível testemunhar a habilidade do cozinheiro Hilário para parar em qualquer cantinho, estender uma toalha no chão e logo aparecer com pratos cheios de comida pra nós!
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almoçar cercados por essa beleza natural em Huayhuash 💓 |
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parada para almoço à beira do Rio Carhuacocha |
Às 14hs chegamos ao acampamento da 1ª noite do nosso Mini Circuito Huayhuash, em Carhuacocha. Maravilhoso lugar de acampamento, na beira da Laguna Carhuacocha.
Quando vi o cenário cinematográfico desse nosso 1º acampamento, tive a certeza que tínhamos feito a escolha certa: trekking certo e roteiro certeiro!
Havia ali mais alguns brasileiros, no acampamento da agência Inkaland Treks, e uns israelenses também. No total, contando com o nosso grupo, éramos 3 expedições acampadas ali.
Neste dia, saímos do vilarejo de Queropalca, a 3.900m de altitude, e chegamos ao acampamento da Laguna Carhuacocha, a 4.100m. Ganhamos 200m de altitude, mas a altimetria da trilha deste dia foi certamente bem superior a isso (eu não gravei nos meus aplicativos para economizar bateria do celular). Foram 11Km e 4hs na trilha (das 10 às 14hs), mas nesse tempo está incluída uma longa parada para almoço na metade do caminho.
Oficialmente, a Laguna Carhuacocha fica situada a 4.138m de altitude.
O fim de tarde tomando café e lendo meu guia Lonely Planet Peru foi inesquecível, com todas as montanhas de 6.000m ao meu redor refletidas na Laguna Carhuacocha. Arrisco dizer que esse lugar entrou para a lista dos meus top 10 no mundo!
Foi um dia cansativo, mas nada demais. Ficávamos comparando com a nossa última viagem de trekking, na Cordilheira do Himalaia, e achamos tudo tão lindo quanto o Ama Dablam.
A diferença maior é o 'exotismo' do Nepal, os alojamentos, estupas e vilarejos. No Peru é tudo muito mais 'natural', muito mais 'roots', sem vilarejos, só com acampamentos. Aí vai do gosto de cada um, mas a beleza natural dos 2 trekkings é equivalente.
Abaixo vou escrever um capítulo específico falando mais sobre as semelhanças e diferenças entre esses trekkings, já que muita gente me perguntou sobre isso.
Como chegamos ao acampamento bem cedo, às 14hs, tivemos bastante tempo para organizar nossas coisas na barraca, tomar um banho "tcheco" (de lencinhos umedecidos), tirar uma soneca e aproveitar a paisagem espetacular de Carhuacocha Camp.
Cada dupla tinha uma barraca, e havia também uma barraca-cozinha (onde, além de cozinhar, o guia, o cozinheiro e o arriero dormem) e uma barraca-refeitório, onde comíamos.
O cozinheiro e o arriero chegaram ao acampamento bem antes de nós e, quando chegamos lá, as barracas já estavam montadas.
No acampamento não existe chuveiro (em nenhum deles), apenas uns cubículos onde ficam os vasos sanitários e torneiras do lado de fora, ao ar livre, onde você pode se lavar (com água GELADA).
Como muita gente tem bastante interesse nessa questão dos banheiros, aviso que mostrei tudo em detalhes lá nos stories, está tudo salvo nos destaques do Peru.
Procure a hashtag #PVno Peru no Instagram e assista aos vídeos que estão salvos nos destaques dos stories, onde vocês encontram MUITAS dicas!!
No acampamento em Laguna Carhuacocha, teve café com batatas chips às 15:30hs e, depois, jantar às 18hs, logo que anoiteceu. O jantar consistiu em sopa de massa, arroz com frango xadrez e, de sobremesa, mamão com açúcar.
A noite estrelada estava um espetáculo, pena não termos levado um tripé para fazer fotos com exposição prolongada - sem tripé é praticamente impossível!
Também é importante levar uma lanterna (com pilhas suficientes) para economizar a bateria da lanterninha do seu celular - gosto daquelas lanternas de usar na testa, que deixam as mãos livres, são ótimas para se organizar dentro da barraca.
Lembre de fazer xixi antes de ir deitar no seu saco de dormir dentro da barraca, porque a pior coisa do mundo é ter que se levantar e sair da barraca no meio de uma noite gelada para fazer xixi.
Outra opção é ter à mão um 'pee bottle', ou seja, uma garrafinha de xixi, e fazer xixi na garrafinha dentro da barraca mesmo. Para os homens, é definitivamente a melhor solução; mas, para nós, é bem chato - se for fazer isso, leve na mochila uma embalagem plástica, tipo de Nescau, com a boca bem larga, para evitar que você erre o 'alvo' e espalhe xixi por tudo 😝
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Carhuacocha Camp |
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no acampamento não existe chuveiro (em nenhum deles), apenas torneiras ao ar livre, onde você pode se lavar, com água GELADA |
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cubículos onde ficam os vasos sanitários |
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mas essa paisagem certamente compensa a falta de um chuveiro! |
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havia também uma barraca-cozinha e uma barraca-refeitório, onde comíamos |
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Laguna Carhuacocha |
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cada dupla tinha uma barraca para chamar de sua |
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montanhas de 6.000m+ refletidas na Laguna Carhuacocha |
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a noite estrelada estava um espetáculo em Carhuacocha Camp |
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pena não termos levado um tripé para fazer fotos com exposição prolongada |
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sem um tripé é praticamente impossível fazer boas fotos noturnas |
2º dia Trekking Mini Huayhuash
Laguna Carhuacocha - Siula Lakes - Paso Siula - Huayhuash Camp
Acordamos às 5:30hs da manhã com o guia nos chamando com mate (chá) de coca na porta da barraca.
Nos lavamos nas torneiras que ficam do lado de fora dos banheiros.
Foi uma noite muito gelada, mas, dentro dos sacos de dormir, dividindo calor humano, e debaixo das cobertinhas que eles fornecem, deu para dormir direitinho.
Quando acordamos de manhã, havia geada do lado de fora das barracas - descobrimos depois que a temperatura havia caído a -5°C durante a noite.
O amanhecer na margem da Laguna Carhuacocha foi simplesmente espetacular, sem uma nuvem no céu, com as montanhas fazendo aquele contraste.
O café da manhã foi servido às 6hs.
Tivemos omelete com tomate e queijo e pão torrado quentinho com manteiga e geleia. Tinha café, chá e Nescau para beber.
Logo apareceu uma senhorinha para cobrar os ingressos da Comunidade Quishuarcancha. Pagamos 60 soles pelos ingressos deste dia.
É impressionante a quantidade de cachorros fazendo a ronda nas barracas atrás de comida, de cortar o coração. Eles vão de barraca-refeitório em barraca-refeitório, visitam cada um dos grupos de expedição, para ver se conseguem algo para comer.
O guia sempre pede que, antes de ir tomar café, todo mundo deixe as suas duffel bags prontas do lado de fora das suas barracas, pois o arriero já vai carregando os mochilões nas mulas enquanto tomamos café.
Eles fornecem água fervida para tomarmos durante o dia - recomendo que você leve recipientes para carregar uns 2L de água na sua backpack.
Nos deram lanchinhos para a trilha deste dia também: barrinhas de chocolate, uma fruta chamada "granadilla" (que eu não conhecia, e descobri que no Brasil se chama maracujá doce) e bolachinhas wafer.
Eles distribuem lanchinhos todos os dias pela manhã, antes de sairmos para caminhar, e você leva na sua mochila e vai consumindo conforme a sua necessidade na trilha durante o dia.
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amanhecer lindíssimo no campo-base Carhuacocha |
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quando acordamos de manhã, havia geada do lado de fora das barracas - descobrimos depois que a temperatura havia caído a -5°C durante a noite |
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o amanhecer na margem da Laguna Carhuacocha foi simplesmente espetacular |
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não havia uma única nuvem no céu, e as montanhas faziam aquele contraste que chegava a emocionar |
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momentos felizes da vida |
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tomar café da manhã nesse cenário cinematográfico |
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às margens da Laguna Carhuacocha |
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campo-base Carhuacocha |
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aproveitando a paisagem com o meu café da manhã, me alimentando com os olhos! |
Saímos para a caminhada às 7hs, e ainda estava BEM frio!
Nos primeiros quilômetros de caminhada, fomos contornando na Laguna Carhuacocha, que estava lindíssima banhada pela luz das primeiras horas da manhã, refletindo as montanhas ao seu redor.
Neste dia percebi que meu powerbank daria pro gasto até o dia seguinte, então resolvi registrar a trilha no Wikiloc - esses aplicativos de celular gastam muita bateria, porque ficam sempre procurando sinal de satélite.
Pouco antes das 9hs, chegamos nas primeiras 2 lagoas, uma delas - a Laguna Siula - visível da parte de baixo da trilha, e a outra, Laguna Ganrajanca, visível apenas da parte de cima do morro.
Para chegar lá, foram vários quilômetros de trilhas no estilo Inca flat.
Deixamos as mochilas na parte de baixo da trilha, aos cuidados do nosso cozinheiro Hilário, nas margens da Laguna Siula, e fizemos um desvio do nosso trajeto, subindo morro acima, para ver as 2 lagunas de cima.
E, para subir o morro e poder enxergar as 2 lagunas, Laguna Siula e Laguna Ganrajanca, foi uma subidinha de tirar o fôlego, mas que compensou cada passo.
A vista lá em cima é simplesmente espetacular.
Uma paisagem de cair o queixo. Eu não queria mais descer de lá!
As 3 lagoas glaciais nesta região, que são visíveis em conjunto desde o famoso Mirador Las 3 Lagunas, se chamam Laguna Siula, Laguna Quisillacocha e Laguna Ganrajanca, mas são conhecidas, em conjunto, como Siula Lakes, porque são formadas pelo derretimento dos glaciares da montanha Siula Grande, ali ao lado, com 6.344 m de altitude.
Neste dia vimos muitas viscachas nesta região.
Viscachas são pequenos roedores sul-americanos pertencentes à mesma família das chinchilas. Elas se parecem com coelhos com o rabo grande, são muito ágeis, e eu pensei que eram algo como "coelhos do mato", mas depois, pesquisando, descobri que elas podem até parecer primas distantes e selvagens dos coelhos, mas, na realidade, vizcachas estão mais relacionadas com as chinchilas do que com coelhos, por incrível que pareça!
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registrei a trilha deste dia no Wikiloc |
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nos primeiros quilômetros de caminhada nesta manhã gelada, fomos contornando na Laguna Carhuacocha |
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a Laguna Carhuacocha estava lindíssima banhada pela luz das primeiras horas da manhã, refletindo as montanhas ao seu redor |
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neste dia vimos muitas viscachas, roedores que parecem primos distantes e selvagens dos coelhos, mas, na realidade, estão mais relacionados com as chinchilas do que com coelhos! |
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na foto é possível ver a israelense Dana começando a encarar a subida de tirar o fôlego para poder visualizar as 2 lagunas de cima, Laguna Siula e Laguna Ganrajanca |
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paisagens belíssimas da Cordilheira Huayhuash |
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a Laguna Siula fica situada na parte de baixo da trilha |
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do lado esquerdo, a Laguna Siula e, do lado direito, a Laguna Ganrajanca: engraçado perceber como a coloração de ambas é bem diferente, mesmo estando as 2 situadas uma bem ao lado da outra |
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Laguna Ganrajanca |
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Laguna Siula |
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do lado esquerdo, a Laguna Siula e, do lado direito, a Laguna Ganrajanca |
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Laguna Ganrajanca |
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Laguna Ganrajanca |
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Laguna Siula |
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Laguna Ganrajanca |
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Laguna Siula |
Depois descemos novamente, pegamos nossas mochilas e continuamos montanha acima, na parte mais difícil do dia, ganhando +300m de altitude em poucas centenas de metros.
Por volta das 10:30hs, chegamos finalmente ao Mirador Las 3 Lagunas, o lugar mais bonito do mundo.
Deste ponto é possível ver, ao mesmo tempo, as 3 lagunas azul turquesa/verde esmeralda brilhando sob o sol, rodeadas por montanhas com cumes nevados, uma coisa indescritível!
Ali você consegue enxergar, simultaneamente, a Laguna Quisillacocha, a Laguna Siula e a Laguna Ganrajanca. É de cair o queixo!
Ficamos muito tempo ali curtindo aquele cenário cinematográfico, tentando engolir cada detalhe com os olhos (e com a máquina fotográfica), para nunca mais esquecer!
Um colírio!
No caminho para o Mirador Las 3 Lagunas, ainda passamos por mais lagoas glaciais espetaculares, todas refletindo os picos nevados ao redor:
- Laguna Azulcocha
- Laguna Cajóncocha
- Laguna Pucacocha
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colírio ao longo de todo o trajeto deste dia em Huayhuash |
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no caminho para o Mirador Las 3 Lagunas, ainda passamos por mais lagoas glaciais espetaculares, todas refletindo os picos nevados ao redor |
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encontramos mais viscachas, pequenos roedores pertencentes à mesma família das chinchilas, que mais se parecem com coelhos, muito ágeis e com o rabo grande! |
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cenários capotantes |
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lagoas glaciais no caminho para o Mirador Las 3 Lagunas |
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do alto do Mirador Las 3 Lagunas, você consegue enxergar, simultaneamente, a Laguna Quisillacocha, a Laguna Siula e a Laguna Ganrajanca |
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Mirador Las 3 Lagunas |
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vistas do Mirador Las 3 Lagunas |
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ficamos muito tempo curtindo esse cenário cinematográfico, tentando engolir cada detalhe com os olhos (e com a máquina fotográfica), para nunca mais esquecer! |
Pensamos que a subida até o Mirador Las 3 Lagunas tinha sido a parte mais terrível do trajeto do dia, mas estávamos redondamente enganados, pois ainda tínhamos pela frente o temível Paso Siula.
Acho que o Paso Siula, a 4.800m de altitude, foi uma das coisas fisicamente mais desafiadoras que já fizemos na vida (junto com a subida ao Nevado Mateo).
Para ultrapassar esse paso de montanha, a gente precisa ganhar mais de 300m de altitude num trecho curto muito íngreme, numa trilha cheia de pedras soltas, que tornam esse percurso escorregadio e cansativo.
A gente olha pra cima e só vê um paredão de rocha à nossa frente, cheio de "falsos cumes". Pensamos "só pode ser ali" e, quando chegamos "ali", o paredão de pedra continua, num sem fim de ziguezagues montanha acima 😬
Malcomparando, achei os ziguezagues da Laguna 69 fichinha perto da subida ao Paso Siula, assim como o trecho de Lobuche ao Everest Base Camp.
Acho que o único lugar que achei mais difícil foi o Pico Nangkartshang no Nepal, que também era cheio desses falsos cumes que acabam com o psicológico da gente 🤣
Mas, como já sabemos, quanto mais difícil a subida, quanto maior o desafio, maior é a alegria de chegar! E o rush de adrenalina que a gente sente ao alcançar essa placa da foto abaixo vale cada passo sofrido do caminho 💪
Chegamos ao Paso Siula, a 4.800m, às 12:20hs, e fazia um frio do cão lá em cima, por causa do vento, como acontece em qualquer paso de montanha.
Como estava bem frio lá em cima, nem paramos para descansar - tiramos fotos e seguimos o nosso caminho, desta vez montanha abaixo.
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o Paso Siula, a 4.800m de altitude, foi uma das coisas fisicamente mais desafiadoras que já fizemos na vida |
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como estava bem frio lá em cima, no Paso Siula, nem paramos para descansar - tiramos algumas fotos e seguimos o nosso caminho, desta vez montanha abaixo |
Às 12:40hs paramos para almoço de massa com atum num local abrigado do vento, situado 10min abaixo do Paso Siula. De sobremesa, um abacaxi doce e delicioso!
E os cachorros seguiam atrás de nós. Que arrependimento não ter levado 2Kg de ração de cachorro na minha mochila!
Ao longo do Circuito Huayhuash, não existem banheiros - a não ser nos acampamentos - então o jeito é se acostumar a usar os famosos Baños Incas, vulgo "matinho" (pelo menos para fazer o número 1).
Leve sempre lencinhos umedecidos na sua mochila, eles serão os seus melhores amigos na trilha!
Neste trecho vimos também algumas pilhas de pedra, chamadas 'cairns' (em espanhol, 'mojones').
Esse 'mojones' são usados em toda a América Latina (em todo o mundo, na verdade), desde os tempos pré-colombianos, para marcar trilhas.
Ainda hoje, nos Andes, os quéchuas constroem montes de pedras como parte de suas tradições espirituais e religiosas.
No caminho para o acampamento Huayhuash, ainda passamos por mais uma lagoa, a Laguna Carnicero.
O mais legal deste roteiro no Circuito Huayhuash é que a paisagem muda o tempo todo, nunca fica enjoativa!
Neste dia, saímos de Carhuacocha a 4.100m, ultrapassamos o Paso Siula a 4.805m e descemos para o acampamento Huayhuash a 4.400. Foram 15Km e 8hs de tempo total de deslocamento. Segundo meu app Wikiloc, o tempo em movimento foi de menos de 5hs, ou seja, o tempo restante estávamos nos mirantes curtindo a paisagem ou almoçando. O desnível positivo foi de 785m e o desnível negativo de 615m.
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almoço delicioso de massa com atum num local abrigado do vento, situado 10min abaixo do Paso Siula |
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essas pilhas de pedra, chamadas 'mojones', são usadas em toda a América Latina, desde os tempos pré-colombianos, para marcar trilhas |
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quando descemos do Paso Siula, a caminho de Huayhuash Camp, passamos por este trecho alagado com uma paisagem bem diferente |
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o mais legal deste roteiro no Circuito Huayhuash é que a paisagem muda o tempo todo, nunca fica enjoativa - ao fundo, a Laguna Carnicero |
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as montanhas grandiosas continuavam nos acompanhando |
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experimentamos uma fruta que eu nunca tinha comido, chamada "granadilla" no Peru, que depois descobri que no Brasil se chama maracujá doce |
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vegetação típica desta região de altitude |
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Laguna Carnicero |
Chegamos ao acampamento Huayhuash às 15hs. Lá também havia banheiro com torneira para se lavar e vasos sanitários, mas sem chuveiro.
Às 16hs, tivemos um ótimo café da tarde, com direito a charutinhos de queijo e guacamole. Uma delícia!
Mais tarde, às 18hs, jantamos sopa de quinoa e macarrão com guisado. Pêssego em calda para sobremesa.
Os jantares eram sempre bem completos, com uma sopa de entrada, arroz ou macarrão com alguma proteína de prato principal e alguma fruta bem doce de sobremesa.
O dia havia sido bem cansativo, e precisávamos acordar muito cedo na manhã seguinte, então fomos dormir bem cedo, às 19:30hs, com mais uma noite super estrelada e muito frio.
Prepare-se para vivenciar em Huayhuash algumas das noites mais extraordinárias da sua vida. Como não há nenhum tipo de poluição luminosa ali pelos arredores, já que você estará muito distante dos povoados com energia elétrica mais próximos, o céu é sempre um espetáculo!
É...os dias foram absurdamente bonitos, com aquele céu azul retinindo nas vistas, mas as noites...ah, as noites nas montanhas! ❤️
Num lugar onde não há nenhum foco de energia elétrica poluindo a muitos quilômetros de distância, você verá os céus mais estrelados da sua vida ⭐️
Reforço aqui a dica que já dei acima: leve um tripé (nós não levamos, só tiramos fotos de celular) e luvas grossas para fotografar à noite, porque as temperaturas despencam bemmm abaixo de zero depois que o sol vai embora.
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acampamento Huayhuash |
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paisagem nos arredores de Huayhuash Camp |
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chegando ao Huayhuash Camp |
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Huayhuash Camp |
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acampamento da agência Inkaland Treks em Huayhuash Camp |
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deu tempo até de tirar uma soneca no acampamento Huayhuash |
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em Huayhuash Camp tivemos um ótimo café da tarde, com direito a charutinhos de queijo e guacamole |
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jantar em Huayhuash Camp |
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fomos dormir bem cedo, com uma noite super estrelada e muito frio |
3º dia Trekking Mini Huayhuash
Acampamento Huayhuash - Tupac - Huaraz
Acordamos às 4:30hs.
Tomamos um café da manhã de ovos mexidos com salsicha e pão com geleia às 5hs e nos aprontamos para partir em seguida, pois este seria nosso último dia de trekking.
Deveríamos sair para Tupac com o 'arriero' às 5:30hs, mas ele atrasou bastante para aparecer com as mulas e acabamos saindo às 6:30hs.
O guia ficou muito brabo com ele - acho que o guri se dormiu hehehe...o problema é que o guia não queria nos deixar ir sozinhos até Tupac, e ele tinha que continuar o trekking junto com os outros clientes do grupo que seguiriam em frente por mais dias.
Alguns integrantes do nosso grupo iam fazer o trekking de 4 dias, outros iam fazer de 5 dias e outros iam fazer de 6 dias. Ninguém ia fazer o Circuito Huayhuash completo.
A israelense Dana, que ia fazer o trekking de 5 dias, acabou desistindo e veio conosco, pois não estava se sentindo bem. Um outro integrante do grupo, um inglês, também não estava bem, pensou em desistir, mas acabou decidindo continuar adiante.
O "não se sentir bem" é um mal-estar genérico: você pode estar com uma mistura de resfriado, dores estomacais, dores de cabeça...são todos sintomas normais na altitude, mas não tem graça nenhuma passar o dia todo fazendo um baita esforço físico, caminhando pelas montanhas, quando você está se esvaindo numa diarréia sem ter sequer um banheiro para relaxar 😝
É por isso que desistências são bem comuns no Circuito Huayhuash, pelo que eu soube! O pessoal subestima a altitude, a necessidade de estar bem aclimatados antes de começar o trekking e bem preparados física e psicologicamente, e realmente não dá para brincar com a altitude.
Sentir os efeitos do mal da montanha num quartinho de hotel, com todo o conforto, um banheiro limpo por perto e devidamente medicado é uma coisa, mas sentir os sintomas do soroche no meio das montanhas, tendo que seguir em frente pirambeira acima para vencer o paso seguinte e conseguir chegar ao próximo acampamento para desabar numa barraca, aí é um assunto completamente diferente!
Neste dia novamente pagamos 60 soles pelos ingressos na comunidade.
O guia Eliseo nos deu lanchinhos reforçados para a trilha e também para a viagem de volta a Huaraz que teríamos pela frente (chocolate, peras, barrinhas de cereal e bolachinhas recheadas) e nos despedimos dos amigos que ficavam.
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café da manhã no acampamento Huayhuash |
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amanhecer em Huayhuash camp |
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outro dia nascendo feliz em Huayhuash camp! |
O caminho de Huayhuash Camp até Tupac foi do tipo Tourist flat (com muito mais descidas do que subidas), bem fácil.
A paisagem nesta região é muito verde, por vezes parecia que estávamos na Irlanda!
O dia amanheceu bem nublado, e mesmo assim as paisagens eram maravilhosas!
Vimos muitas alpacas e lhamas neste trecho de trilha, a caminho de Tupac (mas também poderiam ser guanacos ou vicunhas - de longe era difícil distinguir), e as montanhas gigantes com cumes nevados foram aos poucos ficando para trás.
Já começou a bater aquele banzo de fim de trekking...os consolos que tínhamos eram que logo teríamos sinal de internet para podermos falar com o Lipe e ainda teríamos algumas aventuras pela frente nos esperando nos dias seguintes em Huaraz!
Registrei tudo no aplicativo Wikiloc aqui.
Saímos de 4.360m no acampamento Huayhuash e seguimos por 6,2Km até Tupac, a 4.000m. Levamos 1h50min. O desnível negativo foi de 440m e o desnível positivo foi de apenas 62m.
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o caminho de Huayhuash Camp até Tupac foi do tipo Tourist flat |
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Tourist flat é o tipo de trilha que tem muito mais descidas do que subidas, bem fácil |
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o dia amanheceu bem nublado, e mesmo assim as paisagens eram maravilhosas |
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vimos muitas alpacas e lhamas neste trecho do Circuito Huayhuash, mas também poderiam ser guanacos ou vicunhas - de longe era difícil distinguir |
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sinais de "civilização" quando nos aproximamos do povoado de Tupac |
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as montanhas gigantes com cumes nevados foram aos poucos ficando para trás |
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já começou a bater aquele banzo de fim de trekking... |
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a paisagem nesta região é muito verde, por vezes parecia que estávamos na Irlanda! |
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criação de ovelhas na chegada a Tupac |
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saímos de 4.360m no acampamento Huayhuash e seguimos por 6,2Km até Tupac, a 4.000m |
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neste dia, o desnível negativo foi de 440m e o desnível positivo foi de apenas 62m |
Chegamos em Tupac às 8:20hs.
Tupac já é um vilarejo, assim como Queropalca, um povoado com várias casinhas de adobe e tetos de palha, com ruas de chão batido sem saneamento básico e uma praça principal com igrejinha e campanário.
É o centro administrativo de uma das 8 comunidades campesinas (distritos) que existem ao longo do Circuito Huayhuash - vou explicar melhor sobre essas distintas comunidades mais abaixo.
Fomos até a praça principal - uma imensa pobreza, como em todos os outros povoados no interior do Peru por onde passamos nesta região - e a van que nos levaria de volta até Huaraz ainda não havia chegado.
Pagamos 2 soles para um homem que estava por ali para nos conectarmos à internet pelo wifi da casa dele e ligamos pro Abel, proprietário da agência Caleb Expeditions, para termos notícias do nosso transporte, e logo a van chegou.
O 'arriero' que tinha vindo de guia conosco então voltou pelo mesmo caminho que tínhamos vindo (ele tinha que alcançar o grupo de volta) e eu, o Peg e a Dana seguimos viagem de van para Huaraz às 8:40hs.
No caminho, passamos novamente por Baños e paramos um pouquinho em La Unión.
Chegamos de volta em Huaraz às 16hs. Foram 7hs de viagem numa van inteirinha para nós 3 - esse retorno foi bem melhor do que pensávamos que seria!
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Tupac é um vilarejo na Cordilheira Huayhuash |
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um povoado muito pobre, com várias casinhas de adobe e tetos de palha, com ruas de chão batido sem saneamento básico |
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Tupac é o centro administrativo de uma das 8 comunidades campesinas que existem ao longo do Circuito Huayhuash |
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praça principal de Tupac, com igrejinha e campanário |
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crianças se manifestando por uma educação melhor em Tupac |
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parada rápida em La Unión no caminho de volta para Huaraz |
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van da agência Caleb Expeditions que foi nos buscar em Tupac ao fim do nosso Mini Circuito Huayhuash |
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tuc-tuc em La Unión, no interior do Peru |
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no caminho de volta para Huaraz não faltaram curvas-cotovelo nas 7hs de estrada |
Gastos no Trekking Mini Huayhuash 3 dias
Mas não custa repetir aqui os custos específicos deste Trekking Mini Huayhuash de 3 dias, lembrando que U$ 1 = 3,68 soles, e que todos os custos descritos abaixo são para 2 pessoas, ou seja, eu e o Peg:
- 1800 soles - pagos à agência Caleb Expeditions pelo Trekking Huayhuash de 3 dias para 2 pessoas (eram 900 soles por pessoa)
- 4 soles - café no caminho para Queropalca
- 80 soles - 2 ingressos 1° dia
- 60 soles - 2 ingressos 2° dia
- 60 soles - 2 ingressos 3° dia
- U$ 40 - gorjeta guia
- 20 soles - gorjeta 'arriero'
- 2 soles - conexão internet 30min em Tupac
Esses foram de fato os únicos gastos que tivemos no trekking de 3 dias. Todo o restante, como o transporte, equipamento (barracas, isolantes, cobertas), os sacos de dormir, o transporte das bagagens em mulas, toda a alimentação, guia, cozinheiro, etc, estava incluído no pacote da Caleb Expeditions.
As únicas coisas extras que você pode comprar para levar para Huayhuash são um bom
seguro,
powerbank solar,
medicamentos e
comidinhas energéticas que possam te ajudar nas trilhas, como expliquei aqui:
Compras para a viagem ao Peru.
Nesse mesmo post, também já comentei que, quando fui arrumar minha mochila para viajar ao Peru, percebi que a mochila estava quase idêntica à que levei para o Everest em 2021 - usei até o mesmo
checklist do que levar para o Everest que publiquei no blog pra não esquecer de nada.
Por isso, é inútil eu fazer outro
checklist do que levar para Huayhuash aqui - use meu
checklist do Everest que não te faltará nada.
As únicas coisas que eu levaria a mais pro Peru (e que no Everest não eram tão necessárias) são uma lanterna de cabeça (com pilhas extras) e um powerbank extra, assim você poupa a bateria do celular, não usando a lanterninha do seu telefone, já que, pra mim, o maior drama de Huayhuash era justamente não ter como carregar baterias!
Imagina ficar sem bateria no celular e não poder fotografar mais nada!? 😜
Como não tem sinal de internet na Cordilheira Huayhuash, a gente não gasta tanta bateria do celular, mas, de qualquer forma, eu uso o telefone para fotografar e fazer vídeos o tempo todo!
Também costumo usar o celular para fazer meu "diário", minhas anotações no aplicativo Google Keep, justamente para não esquecer todas as informações que eu quero compartilhar depois com vocês.
Pra nós, que levamos apenas celulares para registrar as paisagens do Circuito Huayhuash (não levamos máquinas fotográficas nesta viagem), não havia powerbanks que chegassem!
Por sorte, as nossas baterias portáteis duraram até o final do trekking Mini Huayhuash e ainda sobraram, mas, quem faz roteiros mais longos, de 6 ou 7 dias, realmente precisa economizar muita bateria!
Para ver nossas dicas para viajar só com bagagem de mão (10Kg), aqui:
Como viajar só com bagagem de mão
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a única refeição não incluída no trekking era o café da manhã no 1º dia, no caminho para o ponto de início da trilha em Queropalca |
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tudo o que precisávamos para o trekking estava incluído no pacote da Caleb Expeditions |
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a agência fornecia inclusive lanchinhos para a trilha |
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tínhamos café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar incluídos no pacote |
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todo o equipamento de acampamento está incluído |
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no final da trilha, no povoado de Tupac, pagamos para usar o wifi na casa de um senhor hehehe... |
Ingressos para fazer trekking na Cordilheira Huayhuash
Ainda falando sobre custos, uma informação importante sobre os ingressos que você precisa pagar para fazer trekking na Cordilheira Huayhuash:
Desde 2002, a Cordilheira Huayhuash está protegida como uma "Zona Reservada", que é uma medida transitória de proteção que proíbe certas atividades econômicas serem desenvolvidas na região, como mineração, por exemplo. Mas, desde então, o governo peruano vem se esquivando de assumir a gestão e manutenção desta área de 700Km2.
O que eles estão fazendo é estabelecer estruturas de conservação geridas pelas comunidades e por instituições privadas. Várias comunidades, cujos territórios ficam situados no coração da Cordilheira Huayhuash, foram formalmente reconhecidas como áreas privadas de conservação.
Assim, como o governo peruano não transformou essa área em parque nacional, quem explora a Cordilheira Huayhuash são as comunidades 'campesinas' (camponesas) que vivem na região e, desta forma, cada vez que você entra na área de conservação de uma nova comunidade, tem que pagar novos ingressos, cujos preços variam de 30 a 40 soles por pessoa.
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entrando na área privada de conservação Jirishanca |
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o bilhete de ingresso na área privada de conservação Jirishanca custa salgados 40 soles |
É também por isso que o governo só divulga - turisticamente falando - a Cordilheira Branca (que é parque nacional, cujos lucros de ingressos vão pro bolso do governo), e não a Cordilheira Huayhuash.
Acho que tem que pagar ingressos TODOS os dias de trekking - nós tivemos que pagar nos 3 dias em que estivemos lá, mas não posso afirmar que eles cobrem nos 10 dias do Circuito Huayhuash completo.
Para quem faz o Circuito Huayhuash completo de 10 dias, a brincadeira acaba ficando meio cara!
Veja que, em apenas 3 dias de trekking, nós pagamos salgados 200 soles em ingressos nas comunidades para nós dois. E soube que eles aumentam esses valores todos os anos!
São, ao todo, 8 distritos ao longo do Circuito Huayhuash, até onde eu consegui descobrir:
- Llamac
- Pocpa
- Jirishanca
- Quishuarcancha
- Tupac Amaru
- Guñog
- Huallapa
- Pacllón
Supostamente, esse dinheiro arrecadado com o valor do pagamento dos ingressos é usado para manutenção das trilhas, banheiros (vasos e pias) nas áreas de acampamento, recolhimento de lixo, limpeza, pastagem para as mulas, melhoria da segurança e conservação da área.
#oremos
Ah, e não esqueça de levar dinheiro trocado em soles para pagar os tais ingressos, porque os "cobradores" nunca têm troco, e aí fica aquela confusão na hora de pagar. Obviamente - não deveria nem precisar dizer - ninguém lá aceita reais, dólares, euros e muito menos cartões!
E mais: para não ter aborrecimentos, peça os recibos e guarde bem os comprovantes de pagamentos dos ingressos de cada dia de trilha, verificando se eles colocaram a data correta no papel - ouvimos falar que eles fiscalizam os comprovantes em alguns trechos da trilha e, se você não guardou e não tiver o papelzinho para apresentar, terá que pagar de novo, ou será multado!
Ouvimos falar de golpes do tipo os guardiães da comunidade campesina no Circuito da Cordilheira Huayhuash colocarem a data errada de propósito nos comprovantes (o dia anterior, por exemplo), para depois cobrarem uma multa numa das verificações aleatórias em algum acampamento, ou obrigarem os gringos a pagar de novo, pois não têm o comprovante com a data daquele dia!
O golpe está aí, cai quem quer! Todo cuidado é pouco, tem malandro em todo lugar! Fique atento!
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a comunidade campesina de Tupac Amaru administra o camping Huayhuash |
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cada vez que você entra na área de conservação explorada por uma nova comunidade camponesa, tem que pagar novos ingressos, cujos preços variam de 30 a 40 soles por pessoa |
Gorjetas nos trekkings no Peru
No Peru, assim como no Nepal ou na Tanzânia, por exemplo, é um costume bem importante dar gorjetas às pessoas que trabalham para ti nas trilhas (ou nos safaris, no caso da África), como, por exemplo, o guia, o cozinheiro e o tratador das mulas (assim como na maioria dos lugares do mundo, quando você recebe um bom serviço), e fica até feio não dar uma boa gorjeta, se o serviço de fato foi bom.
Então já considere o valor das gorjetas como parte dos custos do trekking: em média, nos trekkings mais longos que eu já participei no Peru (
Trilha Inca e
Salkantay), o pessoal costuma dar 10 soles por pessoa por dia de trilha.
Claro que isso depende muito das nacionalidades e também das idades e tipos de viajantes que integram cada grupo. É óbvio que um grupo de americanos mais velhos vai deixar uma gorjeta muito melhor que um grupo de mochileiros sul-americanos - ao fim e ao cabo, tudo depende das condições financeiras (e da generosidade) de cada um.
Deixamos U$ 40 para o guia e 20 soles para o 'arriero' (tratador das mulas).
Todo mundo estava p. da vida com o 'arriero', que se atrasou mais de uma hora para aparecer no nosso último dia, e acabou atrasando o grupo inteiro, mas fiquei com pena de não dar nada pro guri bocaberta.
Tínhamos separado um valor para deixar para o cozinheiro também, mas ele sumiu e não conseguimos nos despedir.
Como regra, o guia sempre fica com um valor um pouco maior que os outros.
Nós deixamos o que tínhamos de dinheiro trocado conosco, já que tínhamos esquecido totalmente da questão da gorjeta e só lembramos na hora de nos despedirmos, momento em que não tínhamos como trocar uma nota de U$ 100 😛
Se tivéssemos mais uns U$ 20 trocados, teríamos deixado mais, pois gostamos muito do nosso guia - por isso já fica o aviso aqui para você não esquecer dessa questão das gorjetas, como nós esquecemos!
Espero que alguns leitores sigam nossas dicas e, ao invés de contratar uma agência para levá-los, contratem diretamente o guia Eliseo (via WhatsApp +51978704471) para organizar todo o Trekking Huayhuash para eles, assim estarei colaborando um pouco mais divulgando o excelente trabalho dele!
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a felicidade de chegar no acampamento e encontrar a sua barraca já montada! |
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o Hilário, além de ser um excelente cozinheiro, era um querido |
Comparações
Detesto quando me fazem esse tipo de pergunta, quando querem saber qual o país que nós mais gostamos, quando me pedem comparações - é impossível escolher entre o Alaska e a Patagônia, entre a Nova Zelândia e a Noruega, entre a Suíça e o Canadá, por exemplo.
E, alguns mais entendidos do assunto, ainda me perguntaram "Travessia Santa Cruz ou Mini Huayhuash"?
Então não vou ter como fugir às comparações e à eleição de favoritos. Vamos lá 👇
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algumas paisagens da Cordilheira Huayhuash nos lembravam muito das Montanhas Rochosas Canadenses |
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outros trechos lembravam o Himalaia |
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Huayhuash é uma mistura de Alaska... |
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com Patagônia |
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uma mistura de Noruega, Nova Zelândia e Suíça, ou seja, uma mistura das paisagens mais bonitas que já vimos espalhadas pelo planeta |
Trilha Inca, Salkantay ou Mini Huayhuash
Esta é fácil.
Huayhuash, Huayhuash, Huayhuash. 3x Huayhuash, sem nenhuma dúvida!
Já fizemos os 3 trekkings e não teria nenhuma dúvida para escolher entre
Trilha Inca,
Salkantay ou
Huayhuash.
A beleza natural de Huayhuash é infinitamente superior. Tá certo, Salkantay tem a incrível Laguna Humantay, mas nem ela se compara à visão dos Lagos Siula!
E, ainda por cima, descobri que, hoje em dia, é possível fazer um tour de 1 dia à Laguna Humantay!!!
O que eu faria se não tivesse tempo para fazer os 3 trekkings?
- Iria a Machu Picchu de trem (ou com algum esquema mais barato, tipo van até a hidrelétrica e caminhada depois)
- Faria o day tour até Humantay Lake
- Encararia o Mini Huayhuash mais longo que eu pudesse (acho que o de 7 dias estaria de bom tamanho)
Minha opinião! Depois me conte qual foi a sua escolha!
Leia mais:
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Laguna Carhuacocha |
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Salkantay tem a incrível Laguna Humantay, mas nem ela se compara à visão dos Lagos Siula |
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entre a Trilha Inca, Salkantay ou Mini Huayhuash, nós não teríamos dúvida em escolher Huayhuash |
Travessia Santa Cruz ou Mini Huayhuash
Como comentei acima, quando começamos a planejar a nossa viagem a Huaraz, a ideia inicial era fazermos alguns passeios de aclimatação na Cordilheira Blanca, como fizemos (
Glaciar Pastoruri,
Laguna Parón,
Laguna 69 e Lagunas Llanganuco), e depois encarar a
Travessia Quebrada Santa Cruz de Llanganuco, um trekking bem famoso na Cordilheira Blanca há bastante tempo, provavelmente o mais popular de Huaraz.
A Travessia Quebrada Santa Cruz leva 4 dias (são aproximadamente entre 50 e 55Km), então é um trekking perfeito para quem não tem muito tempo.
O roteiro é assim:
1 Huaraz - Cashapampa (2.900m - começa o trekking) - Llamacorral (3.760m)
2 Llamacorral (3.760m) - Laguna Jatuncocha - Alpamayo Base Camp (4.300m) - Taullipampa (4.250m)
3 Taullipampa (4.250m) - Punta Unión (4.750m) - Paria (3.870m)
4 Paria (3.870m) - Quebrada de Hauripampa (povoado com casas quíchuas cobertas de palha e porquinhos-da-índia) - Vaqueria (3.600m - termina o trekking) - volta pelo Paso Portachuelo de Llanganuco (4.767m) - Huaraz
Há a possibilidade de fazer a travessia no sentido inverso também (começando em Vaqueria), e há uma possibilidade, que eu achei bem interessante, de
unir esse trekking com a trilha até a Laguna 69 + Lagunas Llanganuco, já que o início da trilha à
Laguna 69 fica logo após o Paso Portachuelo de Llanganuco, no fim (ou no início) da Travessia de Santa Cruz (veja no mapa abaixo):
Mas essa minha mania de ler TUDO sobre os destinos acaba sempre me enchendo de ideias loucas e, quando comecei a ler que a Cordilheira Huayhuash, ali pertinho de Huaraz, era considerada um dos trekkings mais bonitos do mundo, e começamos a ver fotos e vídeos de Huayhuash no YouTube, não tivemos dúvidas: era lá que a gente queria ir!
Logo deixamos de lado o plano de fazer a Travessia Quebrada Santa Cruz de Llanganuco, e não nos arrependemos nem um milímetro!
Sim, essa Travessia deve ser muito linda, e eu até gostaria de fazê-la, mas não tenho dúvidas de que o Trekking Huayhuash é infinitamente mais remoto, menos popular (com muito menos gente nas trilhas) e com uma beleza natural extraordinária.
Se tiver a oportunidade de voltar a esta região, vou para Huayhuash de novo, conhecer o que faltou, antes de pensar em fazer a Travessia de Santa Cruz - sem pestanejar!
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Circuito Huayhuash |
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se um dia voltarmos a esta região, iremos novamente para Huayhuash, conhecer o que faltou, antes de pensarmos em fazer a Travessia de Santa Cruz |
Trekking Huayhuash ou Everest Base Camp
Esta escolha é impossível.
Os 2 trekkings são maravilhosos, de uma beleza natural espetacular, realmente não consigo escolher um favorito entre eles, e acho que você também não deveria escolher UM deles. Deveria fazer os 2.
Primeiro um, depois o outro, simples.
Mas posso te explicar algumas diferenças, para talvez te ajudar a escolher qual o mais adequado pra ti, ou qual tu prefere fazer PRIMEIRO:
No que diz respeito à beleza natural, ambos são equivalentes.
A maior diferença é que o
Trekking ao Everest Base Camp oferece muito mais confortos "Nutella" - você fica hospedado em alojamentos com banheiros até bem decentes, come em restaurantes, pode carregar suas baterias na energia elétrica todos os dias e até fazer comprinhas nas lojinhas de Lukla e de Namche Bazaar; enquanto que o
Trekking Huayhuash é infinitamente mais "raiz", e muito mais "selvagem", num local com uma sensação de infinitamente mais remoto que o Everest, por incrível que possa parecer - você dorme em barracas, come a comida que o cozinheiro preparou na barraca-refeitório (no máximo pode pedir a opção vegetariana), e não vai ter quase nada de civilização no seu caminho (nenhuma lojinha ou farmácia, por exemplo).
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em Huayhuash você dorme em barracas |
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acampamento na Cordilheira Huayhuash, sem restaurantes nem wifi |
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no que diz respeito à beleza natural, Huayhuash e o Himalaia são equivalentes |
👉Vantagens que eu vejo no Trekking Everest:
- você consegue vivenciar muito mais a cultura local, a cultura Sherpa, a religião budista, tradições "exóticas"...enfim, é uma coisa muito mais "diferente";
- poder ter internet quase que a trilha inteira e carregar as baterias na energia elétrica (isso é muitoooo importante para quem tem filhos e não quer ficar incomunicável, como já destaquei);
- achei um pouco mais fácil, menos exigente fisicamente.
👉Vantagens no Trekking Huayhuash:
- é infinitamente mais "natureza selvagem" e tem um número absurdamente menor de pessoas nas trilhas - para quem quer se isolar na natureza bruta e se desconectar do resto do mundo, é o lugar perfeito;
- é uma viagem mais barata, a começar pelas passagens aéreas;
- você tem opções para fazer em menos tempo, não precisa necessariamente fazer o Circuito Huayhuash completo;
- para quem não fala inglês, o Peru tem a vantagem do espanhol, idioma em que é mais fácil se comunicar mesmo para quem não é fluente.
Uma outra vantagem do Trekking Huayhuash é que a questão da altitude não é tão preocupante aqui quanto no Everest, porque, enquanto na trilha do Everest você vai sempre subindo, mais a cada dia, até chegar aos 5.364m do Everest Base Camp, no Trekking Huayhuash você vai chegar no máximo aos 5.000m num 'paso' de montanha durante o dia, e sempre desce para dormir mais abaixo, seguindo fielmente a regra do "trilhe alto, durma baixo" (hike high, sleep low).
Mas, por outro lado, também é importante lembrar que, no Circuito Huayhuash, você já precisa chegar bem aclimatado (não pode ir aclimatando no caminho, como ocorre no trekking Everest), porque, em Huayhuash, você "sobe" (ganha altitude), muito mais rápido, pois no 2º dia do trekking já chegamos ao Paso Siula, com seus 4.800m de altitude, enquanto que, na trilha do Everest, é só lá pelo 7º dia de trekking que você vai alcançar os 4.800m de altitude!
Leia aqui para entender melhor sobre a estratégia de aclimatação que fizemos para nos preparar para o Mini Circuito Huayhuash em Huaraz no Peru:
Roteiro de 11 dias em Huaraz
E aí, te ajudei a escolher? Depois me conta qual você escolheu e como foi o seu trekking!
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é impressionante a diversidade de paisagens deslumbrantes na Cordilheira Huayhuash |
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na Cordilheira Huayhuash não víamos ninguém nas trilhas |
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o máximo que se vê de 'civilização' no Trekking Huayhuash são estas cabanas de palha e adobe |
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as montanhas Siula e Yerupajá nos acompanham por grande parte do roteiro |
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a belíssima Laguna Carhuacocha |
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paisagens estonteantes a cada curva no Trekking Huayhuash |
Experiências prévias na altitude
Huaraz fica situada a aproximadamente 3.090m de altitude.
No Huayhuash Trekking chegamos a 4.800m no Paso Siula e, na Cordilheira Blanca, chegamos a 5.000m de altitude no
Glaciar Pastoruri e a 5.150m de altitude no cume do
Nevado Mateo.
Para fins de comparação, a "temida"
Laguna 69, que derruba muita gente boa, tem "apenas" 4.607m!
Saiba mais aqui:
Fiz uma retrospectiva dos lugares "altos" por onde lembramos de ter estado nos últimos anos e, ao fazer a lista, me surpreendi ao descobrir que já sobrevivemos a alguns lugarzinhos bem altos, como
Chacaltaya, na Bolívia, onde eu cheguei a 5.300m me arrastando montanha acima, e o
Paso Salkantay, a 4.630m, no Peru.
Na nossa última experiência em altitude, quando chegamos ao
Everest Base Camp, fomos até os 5.364m, o que é muita coisa - e eu cheguei a ter um edema facial!
Este foi o nosso recorde em altitude.
Em Namche Bazaar, a capital Sherpa da Cordilheira do Himalaia, estávamos a "apenas" 3.450m.
Com o Lipe, pelo que eu lembro, nosso recorde foi 4.320m, nos
Geisers del Tatio, no Atacama.
Para vocês poderem comparar, já que muito mais gente já conhece ou ouviu falar da Trilha Inca Clássica até Machu Picchu no Peru, o ponto mais alto lá é Warmi Wañusqa, que tem o sugestivo nome de "Paso da Mulher Morta", a "apenas" 4.200m!
Muita gente já passa mal em Cusco, que está a "apenas" 3.450m!
O "problema" é que fazer trilhas acima dos 4.000m de altitude não é uma coisa "normal" pro organismo humano, já que a quantidade de oxigênio disponível a esta altura é muito menor do que no nível do mar, e o corpo começa a se deteriorar 🥵
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fazer trilhas acima dos 4.000m de altitude não é uma coisa "normal" pro organismo humano |
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a caminho do temido Paso Siula no Circuito Huayhuash no Peru |
Veja abaixo a nossa "lista de altitudes alcançadas", em ordem decrescente:
- Everest Base Camp (Nepal) 5.364m
- Chacaltaya Ski Resort (Bolívia) 5.300m
- Gorak Shep (Nepal) 5.160m
- Nevado Mateo (Peru) 5.150m
- Nevado Pastoruri (Peru) 5.000m
- Lobuche (Nepal) 4.940m
- Paso Siula (Peru) 4.800m
- Abra Salkantay (Peru) 4.630m
- Laguna 69 (Peru) 4.607m
- Ama Dablam Base Camp (Nepal) 4.600m
- Geisers del Tatio (Chile) 4.320m
- Warmi Wañusqa na Trilha Inca (Peru) 4.200m
- Palccoyo (Peru) 4.121m
- Paso de Jama (Argentina/Atacama) 4.200m
- Paso Sico (Argentina/Atacama) 4.092m
- Abra Blanca (Argentina) 4.080m
- Isla del Sol (Bolívia) 4.000m
- San Antonio de Los Cobres (Argentina) 3.775m
- La Paz (Bolívia) 3.640m
- Cusco (Peru) 3.450m
- Huaraz (Peru) 3.090m
- Lukla (Nepal) 2.860m
- Machu Picchu 2.300m
Na última vez que estivemos em Cusco, no Peru, chegamos voando, o que sempre complica um pouco a aclimatação, pois você sai praticamente do nível do mar e, do nada, desembarca a 3.450m.
O mesmo tinha ocorrido na nossa experiência anterior em altitude, no Nepal, pois saímos de Kathmandu, que não tem altitude significativa, e pousamos de repente em Lukla, a 2.860m.
Você pega sua mochila na esteira e já sai do aeroporto ofegante!
Desta vez, em Huaraz, eu tinha esperança que nossa aclimatação seria um pouco melhor, já que Huaraz (3.090m) não tem tanta altitude quanto Cusco (3.450m) - fica quase 400m mais abaixo - e chegaríamos lá de ônibus, saindo de Lima, a capital, que fica ao nível do mar, às margens do Oceano Pacífico, e subindo aos poucos, numa viagem por terra de cerca de 8hs.
Todas as vezes que subimos a altitudes maiores por terra, de carro, as nossas experiências foram tranquilas, e a aclimatação boa, como foi o caso dos Geisers del Tatio e do
Paso Sico e
Paso de Jama entre o norte da Argentina e o Atacama.
E, realmente, desta vez em Huaraz a aclimatação foi bem tranquila!
No 2° dia, subimos a 4.607m na trilha puxada de 14Km até a
Laguna 69, sendo que essa caminhada começa a 3.900m e você precisa ganhar 700m de altitude na trilha.
O Mini Circuito Huayhuash foi tranquilo pra nós porque, pelas nossas experiências anteriores, a gente já sabe como o nosso corpo se comporta na altitude e o que fazer para amenizar os sintomas de soroche. Mas vimos muita gente boa, jovem e super fitness passando bem mal no caminho - inclusive 2 "atletas" super jovens do nosso grupo de 8 pessoas no Huayhuash Trekking, como contei acima.
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Huayhuash foi tranquilo pra nós porque já sabemos como o nosso corpo se comporta na altitude e o que fazer para amenizar os sintomas de soroche |
Eu e o Peg éramos os "velhos" do nosso grupo, com 47 anos - todos os outros integrantes do grupo tinham de 31 anos para baixo 😅
O Peg reclama que sempre que nos metemos a fazer essas trilhas malucas em grupos, damos o "azar" de "cair" em grupos de jovens "atletinhas". Sabe gringos que praticam atletismo na universidade, ou europeus que cresceram subindo montanhas com os pais nos fins de semana? Esse tipo.
Eu já acho que não é bem "azar".
O fato é que todo mundo que se mete nessas empreitadas é fitness por natureza. Raros são justamente os sem-noção como nós, que se metem a fazer um trekking na Cordilheira Huayhuash só com a cara e a coragem 😅
Mas a questão é que, na maior parte das vezes, os jovens atletinhas não têm experiências prévias em altitude e, a 5.000m, a energia da juventude não basta.
No Everest Trekking, um guri indiano de 19 anos morreu de HACE (high altitude cerebral edema) na mesma época em que nós estávamos lá, porque não soube reconhecer os seus limites.
Muitos jovens atletas acabam desistindo no meio dos trekkings em altitude por problemas estomacais, resfriados, vômitos, náuseas, enjoos...vimos tudo isso acontecendo na nossa frente durante o Mini Circuito Huayhuash no Peru.
E a verdade é que sobreviver bem aos 4.000m e 5.000m não tem tanto mistério, é tudo uma questão de aclimatar direitinho, hidratar bem (tome muita água) e ir subindo bemmmm devagar, observando como o seu corpo reage e respeitando os seus limites.
Vamos falar um pouquinho mais disso?
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todos os outros integrantes do grupo tinham de 30 anos para baixo |
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lembre que, num trekking como Huayhuash, o que importa é o caminho, e não o destino |
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no Huayhuash Trekking chegamos a 4.800m no Paso Siula |
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repondo as energias com um almoço depois de transpor o difícil Paso Siula |
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desfrute da paisagem surreal ao seu redor, afinal, é pra isso que você foi até a Cordilheira Huayhuash |
Como se preparar física e psicologicamente para fazer trilhas na altitude
Várias pessoas me perguntaram se a gente faz algum treinamento específico para esses trekkings em altitude.
O que eu posso dizer a vocês é o que eu sinto que funciona melhor pra mim: treinar muito em escadas. É o exercício mais parecido com o que tu fazes nas trilhas em altitude.
Meu prédio tem 14 andares, e eu subo os 14 andares até 10x antes de um trekking como esse.
Começo subindo 4x por dia os 14 andares e vou aumentando o número de subidas todos os dias, até subir 140 andares de uma vez só.
E outra coisa importante de treinar são as caminhadas longas com mochila. Sair no fim de semana e caminhar 25km com uma mochila com 2 ou 3L de água nas costas. Se tu fizeres isso, vai ser bem mais tranquilo quando chegares aos 4.000 ou 5.000m de altitude, porque tu vais ter criado resistência.
O Peg ama correr e obviamente tem 10x mais fôlego e músculos do que eu. Isso ajuda, claro. Mas ele gosta de fazer exercícios rápidos e terminar logo, como é o caso da corrida. Quando vamos fazer uma caminhada de 4 ou 5hs, ele passa muito mais trabalho do que eu, sente muito mais, porque falta a tal resistência, paciência, começam a doer os joelhos, as cadeiras...
Tudo isso para que vocês entendam que, na minha concepção (de quem é totalmente leiga no assunto, que fique claro, mas que já passou muito perrengue nas trilhas mundo afora), não bastam força e fôlego, tem que ter persistência.
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para se preparar para um trekking em Huayhuash, é importante treinar caminhadas longas com mochila |
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eu treino bastante subindo as escadas do meu prédio |
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o Peg, que é muito mais forte e tem muito mais fôlego do que eu, se exauria muito mais na altitude, até porque ele não tem tanta paciência para ficar horas a fio numa trilha |
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subir escadas é o exercício mais parecido com o que tu fazes nas trilhas em altitude |
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se preparar fisicamente para fazer trilhas na altitude não tem mistério e é grátis: basta caminhar muito com mochila e subir muitas, muitas escadas |
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comece aos poucos e vá aumentando o número de degraus todos os dias |
De qualquer forma, uma coisa é importante repetir: mais do que o preparo físico, você tem que se preparar psicologicamente para essas empreitadas.
Pra mim, é 60% preparo psicológico, e apenas 40% o físico que importa.
Não só se preparar para as dificuldades que a altitude vai trazer, mas estar preparado e ciente do frio que você vai enfrentar, dos desconfortos de dormir numa barraca, dos banheiros Incas que você vai ter que "criar" pelo caminho, da comida que eventualmente você pode não gostar, da convivência com outras pessoas do seu grupo, etc.
Em síntese, o segredo para o sucesso nestas trilhas em altitude, para nós, é: muita água para hidratar, passos de tartaruga para o soroche não te pegar e um Tylenol DC se der dor de cabeça.
Mesmo que você se sinta muito bem e fitness, não vá rápido! O segredo da boa aclimatação, que eu aprendi depois de várias experiências na altitude, é subir a passos de tartaruga, mesmo que você se sinta como uma lebre!
Quem tenta subir no estilo lebre, não estando muito bem aclimatado, acaba passando mal ali na frente.
Já passei, no meu passinho-de-mula-manca, por várias lebres vomitando (inclusive o Peg)!
Sem falar que as tartarugas conhecem o caminho muito melhor do que as lebres, e chegam ao destino com as melhores fotos no cartão de memória.
Como eu sempre tento me lembrar, nas montanhas, seja uma tartaruga e vença as lebres 🐇🐢💪
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com essas paisagens para olhar em Huayhuash, para quê a pressa? |
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sou sempre a última na trilha, porque paro para fotografar a cada mudança de cenário |
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as tartarugas conhecem o caminho muito melhor do que as lebres, e chegam ao destino com as melhores fotos no cartão de memória (e muitas selfies!) |
Dicas para quem gosta de cachorros
Uma dica importante para quem é "cachorreiro": leve bastante petiscos para cachorros nas trilhas em Huaraz.
É impressionante a quantidade de cachorros queridos nos trekkings fazendo a ronda nas barracas atrás de comida, ou nos perseguindo nas trilhas...é de cortar o coração.
O guia nos explicou que, nesta região de vilarejos muito pobres encravados nas montanhas, os cachorros são criados como animais de guarda, e não de estimação, então os pobrezinhos nem sabem brincar, raramente ganham carinho 😭
Assim como em viagens pela África e no Nepal eu recomendo levar material escolar para dar para as crianças que você encontrar, para o Peru eu recomendo levar petiscos para cachorros. Se sobrar espaço na sua mochila, leve até 2Kg de ração - tenho certeza que você não vai se arrepender!
Mas atenção: alguns cachorros podem ser agressivos, principalmente quando você passa por lugares habitados (afinal, eles estão defendendo as suas casas).
Nesse caso, a melhor solução é se agachar e pegar uma pedra. Como pude comprovar 'in loco', o mero ato de me agachar para pegar uma pedra já espantava os doguinhos mais nervosos - portanto, se não for absolutamente necessário, por favor nem pense em JOGAR a pedra!
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outro doguinho querido fazendo a ronda nas barracas atrás de comida em Huayhuash |
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quem não leva ração na mochila, acaba compartilhando o almoço com os cachorros de Huayhuash kkkk |
Huayhuash com crianças
Eu já escrevi um pouco sobre isso
aqui, e não quero me alongar, porque a minha intenção nunca seria a de desestimular ninguém a levar os filhos numa aventura.
Só acho complicado pensar em fazer o Circuito Huayhuash com crianças porque a questão não é a quilometragem das trilhas, mas sim a altitude.
E mais: nós achamos o Huayhuash ainda mais difícil do que a
Laguna 69. Os pasos de montanha são bem difíceis de transpor, por causa da altitude envolvida.
Eu recomendaria muitas outras aventuras que não envolvem longas caminhadas com bastante esforço físico na altitude, porque a gente nunca sabe como o corpo de uma pessoa vai se comportar na altitude e, havendo um risco de SAÚDE numa aventura, eu nunca recomendaria a alguém que levasse crianças junto na empreitada.
Não vimos nenhuma criança lá em Huayhuash, nem mesmo crianças locais 😕
Mas, se vocês realmente querem fazer, se os filhos são experientes em trilhas, já estiveram na altitude antes sem problemas, então eu recomendaria que fossem com uma agência bem boa, tipo a Inkaland Treks, que é bemmm diferenciada, e que fizessem um Mini Circuito Huayhuash, um roteiro de menos tempo, tipo 5 ou 6 dias, talvez privado ou num grupo bem pequeno, com um roteiro aberto, do tipo que, se os teus filhos estiverem passando mal, vocês possam alterar a rota para aclimatar melhor, ou ficar um dia a mais em um mesmo lugar descansando, algo assim, bem flexível.
E com mulas ou cavalos de apoio! Mas, mesmo assim, esteja ciente de que existem muitos trechos do Trekking Huayhuash que são inviáveis de transpor com cavalos - nestes trechos, os 'arrieros' fazem trajetos diferentes com suas mulas e cavalos, eles não usam as mesmas rotas cênicas dos 'trekkers' - então, de qualquer forma, as crianças terão que vencer os 'pasos' mais difíceis a pé!
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a última criança que eu vi foi quando fizemos uma parada no povoado de Baños para tomar café da manhã - não havia nenhuma criança ao longo do Trekking Huayhuash |
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se você quer levar seu filho, recomendo que escolha uma agência que ofereça apoio de cavalos |
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mas, mesmo assim, esteja ciente de que existem muitos trechos do trekking que são inviáveis de transpor com cavalos |
Voando drone no Circuito Huayhuash no Peru
Segundo nos informou o guia Eliseo, de modo geral, não há vedação para se voar drones na Cordilheira Huayhuash, a não ser em algumas áreas, como a Laguna Carhuacocha, onde existem mais aves, e os drones podem espantá-las - nesses locais o uso de drones é proibido, para não incomodar os animais.
Mas, para voar na Cordilheira Huayhuash, você precisa de um drone capaz de voar acima dos 4.000m de altitude, pois no Circuito Huayhuash você estará, quase que todo tempo, acima desta altitude!
Pois é, muita gente não sabe, mas a maioria dos drones não voam no ar rarefeito! Por isso, muitas pessoas desavisadas tentam voar seus drones em Huaraz e acabam espatifando os pobrezinhos contra alguma montanha.
Nós já tivemos alguns diferentes modelos de drones, e havíamos vendido o último que tivemos, mas, quando decidimos ir para Huaraz, sabíamos que íamos querer ver aqueles lugares de cima, com a visão de um passarinho.
Ocorre que não é qualquer drone que consegue voar bem em locais que tenham altitude, já que, obviamente, o ar lá é rarefeito.
No Paso Siula, por exemplo, você estará a 4.800m de altitude no momento da decolagem, ou seja, para voar lá, você precisa de um drone que vá bem até acima dos 5.000m, e isso é raro.
Aliás, descobrimos que é raríssimo encontrar drones que voem nesta altitude! 😜
Pesquisando na internet, descobrimos apenas UM único modelo de drone capaz de voar com segurança até os 5.000m de altitude: o
DJI Drone Mavic Air 2S.
Se você olhar nas especificações dele, está expressamente descrito: "altura máxima de serviço acima do nível do mar - 5.000m".
Foi o único drone que encontramos com essa especificação, e ele custa mais caro que os outros por isso. Embora não estivéssemos planejando gastar tanto $$$ num drone quando começamos nossa pesquisa, resolvemos investir e realmente valeu a pena!
Ver aqueles lugares com a visão de um passarinho não tem preço!
PS. A gente imagina que até seja possível voar um drone comum lá, mas obviamente é um grande risco, pois eles não têm essas características especiais que têm o
Mavic Air 2S, que permitem com que ele voe até os 5.000m
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Laguna Ganrajanca vista pelo nosso drone |
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acampamento Huayhuash visto pelo drone |
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Lagos Siula vistos de cima |
Aprendizados de Huayhuash
Lembro bem de quando tínhamos uns 26 anos e viajávamos (eu e o Peg) e conhecíamos pessoas mais velhas viajando. Conversávamos com eles e nos surpreendíamos quando nos contavam que tinham estado 4 vezes na Tailândia, 2 vezes na China e estavam explorando o Peru pela 4ª vez.
Sonhávamos em conhecer o próximo país da nossa wishlist e aqueles loucos estavam voltando pela 4ª vez ao Peru, como assim!? Pois é, algumas décadas se passaram e hoje aquelas pessoas "mais velhas" somos nós 😳😅
E a idade chegou com 2 constatações:
1. Experiência não vem de graça. Como escrevi acima, para aprender tudo o que sabemos hoje, passamos muitos perrengues nessa vida de viajantes. A gente pode até tentar passar dicas adiante aqui e no blog, mas não adianta: para aprender, a gente precisa se ferrar uma, duas, às vezes 3 vezes.
Passei muito perrengue lá no Peru mesmo, na
Trilha Inca, e em
Salkantay, como contei antes, para poder chegar a Huaraz super tranquila para fazer a trilha até a
Laguna 69, subir o
Nevado Mateo e o trekking do Mini Circuito Huayhuash.
2. E disso decorre a 2ª (feliz) constatação: cheguei aos 47 anos me sentindo muito melhor do que aos 27! Em todos os sentidos. Não só fisicamente, mas também mais experiente, mais preparada psicologicamente para enfrentar os desafios.
Juro que, aos 26, eu não acreditava que chegaria aos 47 anos mochilando pelo mundo, me hospedando em albergues de U$ 12 e fazendo trilhas nas montanhas peruanas - Huayhuash é um dos trekkings mais bonitos e mais difíceis do mundo, pela altitude envolvida.
Isso é algo que eu diria para a Claudia de 20 anos atrás: não precisa ter medo do futuro, tu vais chegar lá muito melhor que hoje.
No mínimo, mais experiente 💪
Veja mais fotografias das nossas viagens no
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Encantadíssima com seu relato cheio de detalhes! Vou para o Peru em agosto e, até ler sua postagem, estava em dúvida sobre qual trilha fazer. Muito obrigada pelo incentivo e por todas as informações. Grande abraço!
ResponderExcluirDepois nos conta se deu tudo certo na tua viagem, Elisa! Obrigada!
ExcluirOlá! Acabei de fazer, com a minha esposa, o circuito Huayhuash de oito dias. Como usei muito as informações desta postagem, quis voltar aqui para um retorno.
ResponderExcluirFiz com a Krusty Travel que é realmente o pacote mais barato que se pode encontrar em Huaraz, e recomendo bastante o serviço deles. Vi que é bem parecido com o que a Cláudia relatou aqui na postagem. Inclusive muitas empresas de Huaraz revendem o pacote da Krusty com sobrepreço.
Se tiver tempo vale muito fazer todos os 8 dias, pois todos eles tem paisagens fantásticas!
Que ótimo que a Krusty Travel pode ser recomendada, o preço deles era ótimo mesmo! Obrigada pelo feedback, Thiago!
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