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Viagem para Namíbia: tudo o que você precisa saber para planejar a sua aventura

Sonhando com uma viagem para Namíbia? Aqui você encontra um relato de viagem em família pela Namíbia completo, com todas as dicas para você planejar e organizar a sua viagem!
Namíbia
Sonhando com uma viagem para Namíbia? Aqui você encontra um relato de viagem em família pela Namíbia completo, com todas as dicas para você planejar e organizar a sua viagem pela África!
Vocês não podem imaginar como eu fico feliz quando alguém entra em contato e me diz que usou todas as nossas dicas e fez uma viagem maravilhosa. Alguns me escrevem dizendo "copiei e colei o teu roteiro, foi perfeito!"

Esse é justamente o objetivo do blog 😆

E mais feliz ainda eu fico quando esses leitores acabam virando colaboradores do blog! É o caso do Leandro Tangari e da Fabiana que, mais do que colaboradores, já viraram amigos virtuais! 

As 1ªs colaborações deles aqui no blog foram em 2 posts sobre as viagens da família para o Alaska e para a Ilha de Páscoa, que é um sonho de consumo meu. Vejam aqui:


E agora chegou aqui esse relato incrível sobre a viagem da família pela Namíbia

É impressionante a riqueza de detalhes e informações que esse casal querido está compartilhando conosco - aproveitem e comecem já a planejar essa viagem espetacular!

Leia mais sobre Namíbia, África do Sul e Suazilândia aqui no blog

Roteiro de viagem pelo sul da África, incluindo Lesoto, Botswana, Zimbabwe, Zâmbia, Malaui, Moçambique, Suazilândia e África do Sul

Namíbia
viajando de camper 4x4 com barracas no teto pela Namíbia

Namíbia
viagem em família pela Namíbia
Com a palavra, o Leandro e a Fabiana:

A ideia de uma viagem pela Namíbia começou pelos relatos da Claudia em 2018.

Em janeiro de 2019, ao pesquisarmos um roteiro para as férias de julho, não conseguimos pensar em outra coisa. Hoje, em 2020, um ano depois, tenho a nítida impressão de que a nossa aventura na Namíbia foi a nossa melhor viagem...temos essa gratidão com a família FPV.

A Namíbia vai reunir muitos ingredientes das férias perfeitas: natureza, liberdade, cultura, experiências em família, e muito churrasco!

Nós planejamos a viagem baseados quase que completamente no roteiro sugerido no blog, pernoitamos na maioria dos campings indicados, e fizemos o mesmo trajeto.

Algumas mudanças foram feitas e vou comentando sobre elas ao longo do texto. Mas já digo antecipadamente: podem seguir o roteiro da Claudia de olhos fechados - vai dar certo!!!

Veja aqui:

Namíbia com criança: roteiro de 16 dias

Namíbia
uma das paisagens mais icônicas da Namíbia, em Sossusvlei

Namíbia
safari na Namíbia

Sobre a Namíbia

O país é grande, com a área semelhante à do sudeste brasileiro e a forma parecida com a do Nordeste.

Um país muito pouco povoado, com cerca de 2 milhões de habitantes.

A imensa maioria do território é tomada por desertos e savanas.

A população se divide na minoria branca, descendente dos alemães que colonizaram o país no final do século XIX, e a maioria negra. Sim, lá já houve muitos problemas de brigas raciais, bem parecido com o que aconteceu na África do Sul.

A língua oficial é o inglês (pois é, depois dos alemães, vieram os ingleses), mas com muitos dialetos africanos também falados. Os nomes das ruas e cidades são em alemão, tudo que é impresso vem em inglês, e a população fala várias línguas africanas. Mas calma, falando o inglês você se vira bem lá.

Dos ingleses também ficou, de herança, a direção à esquerda, com os carros invertidos (como na África do Sul).

O que me surpreendeu muito foram as múltiplas vezes em que alguém nos atendeu falando português - são imigrantes angolanos, bem comuns lá, e abrem um sorriso enorme quando acham uma família brasileira.

Namíbia

Namíbia
vista do alto da Duna 7 na Namíbia

Segurança na viagem para Namíbia

É o que todo mundo me pergunta: “Mas não é muito perigoso?”. A resposta é: “Não, não é um destino arriscado".

Pesquisei em uma lista enorme de locais (sites de governos, blogs de viagem, seguradoras, etc.) sobre ocorrências com turistas e não encontrei nada relatado de assaltos, sequestros ou assassinatos. Apesar de estar na África subsaariana, é um país seguro.

Leia mais:

Quais os países mais seguros do mundo para viajar

A coisa muda se passar da fronteira com a África do Sul ou Angola, mas não há motivos para isso.

Tudo lá é muito aberto, sem muros, e mesmo nas cidades maiores também não vi muito esforço com segurança.

O que preocupa alguns são ataques de animais. A gente via javalis na beira das estradas com muita frequência, uns bichões de 70Kg, mas não há perigo, eles fugiam quando nos aproximávamos! Acho muito pouco provável um ataque de leão a um turista lá (não há relatos também).

Dentro da reserva de Etosha sim, há perigo, não pode sair do carro.

O maior risco que os animais trazem, na realidade, é de atropelamento na estrada. São animais grandes (víamos avestruzes e oryx quase sempre), que podem fazer um bom estrago numa colisão. Durante o dia, não há muito perigo, mas à noite os bichões podem ser atraídos pelos faróis e causar uma tragédia. Então TODOS lá te dão esse conselho: “Nunca dirija à noite na Namíbia”.

Namíbia
é tenso cruzar com uma placa dessas à noite na Namíbia!
Preocupações com cobras e escorpiões também veem à cabeça, mas não vi nenhum dos dois em 15 dias lá.

Muitos me questionaram sobre o perigo de o carro estragar no meio do nada. É um perrengue e tanto, não dá para negar, mas, nas estradas, apesar de vazias, tem sempre alguém fazendo uma road trip como você, de 20 em 20 minutos vai passar alguém.

O espírito de ajudar o “colega” de viagem é muito forte ali. Uma vez paramos numa estrada para beber água e tirar umas fotos e pararam dois grupos para oferecer ajuda, achando que estávamos com o carro quebrado.

Quando nosso pneu furou, no tempo em que eu trocava, outros também pararam para oferecer socorro. Nós mesmos socorremos uma família de belgas com 4 filhos pequenos com um pneu rasgado, e não conseguiam trocar porque a chave deles não funcionava (detalharei à frente).

Leia também:

Viajando de campervan pela Namíbia: como armar barracas, trocar pneu, dirigir na mão inglesa e carregar equipamentos eletrônicos

Namíbia
vá preparado para protagonizar esta cena pelo menos uma vez na sua viagem pela Namíbia!
Quanto à saúde, não existe ebola, febre amarela ou malária nas áreas em que circulamos. 

A baixa densidade demográfica torna as infecções transmissíveis pouco prováveis (como diarreia, gripe e outros).

Há hospitais bem equipados em Windhoek e em Swakopmund e, como o trajeto da viagem é circular, você nunca se afastará muito destes centros.

Sempre levamos um kit bem completo de medicações e primeiros socorros (somos um casal de médicos...), e desta vez até material para uma pequena sutura levei (não usamos nada, aliás, nunca usamos) e nossas dores, alergias e piripaques em geral passam completamente nas férias...

Resumindo, uma road trip na Namíbia pode parecer uma loucura completa, só que não, é muito segura. Exige planejamento, um pouco de experiência e muita tolerância.

Planejando uma viagem para Namíbia

A Namíbia é um país enorme e as atrações estão muito longe umas das outras. Você vai precisar de pelo menos 15 dias para ver tudo (aconselho 20, se possível).

A melhor forma de conhecer é alugar uma caminhonete 4x4 com barracas no teto e uma carroceria com geladeira e fogareiro (que eu vou chamar de camper), e ir percorrendo de camping em camping. 

Existem muitos resorts na Namíbia, daqueles de alto luxo, de mil dólares a diária, que te pegam no aeroporto, você fica num bangalô com jardins com elefantes soltos e daí você dá uma volta na fazenda no Jeep deles para ver algumas girafas.

Se for para fazer isso, fique na África do Sul, não vale a pena ir até a Namíbia. A gente não gosta deste esquema, mas quem gosta vai encontrar muito mais opções deste estilo na região do Kruger Park.

Percorremos 4.300Km em cerca de 15 dias. A grande maioria de estradas sem asfalto, mas em excelente condição (chegava a 100Km/h nos trechos de reta) e algumas para rodar a 10Km/h. Sinceramente não vi passar esses 4.300Km, andava mais 2.000 numa boa.

Veja também:

Como é viajar de campervan 4x4 com barracas no teto pela Namíbia

Namíbia
roteiro de viagem pela Namíbia

Namíbia
região de Damaraland na Namíbia

Melhor época do ano para viajar para Namíbia

O inverno é o melhor período, fomos em julho.

A temperatura é amena com frio à noite, e não chove nunca.

Ir no verão não é uma boa ideia. O calor nos locais deve inviabilizar os passeios, a areia deve ferver, e imagino como deve ser impossível dormir na barraca quente que ficou sob o sol o dia inteiro.

Acrescente o fato das poucas chuvas caírem em dezembro e janeiro, danificando as estradas e criando lama.

Concluindo, planeje em junho, julho ou agosto, que aí não tem erro.

Namíbia
imagine passear sob esse sol escaldante no verão!?

O que levar numa viagem para Namíbia

A temperatura lá varia muito no inverno, se comportando como o clima do deserto: frio à noite e calor ao longo do dia.

Então é necessário levar agasalhos para a noite, inclusive roupas quentes para dormir e, ao mesmo tempo, levar roupas leves para o calor do meio dia.

Os tênis de trekking também ajudam muito.

Tudo o que você levar para a Namíbia será sujo pela poeira fina que reina lá e penetra em qualquer coisa ou mala. Abstraia e divirta-se. Se não quiser chegar imundo em São Paulo, deixe uma roupa separada num saco plástico para o dia da volta.

Lanternas são importantes, e uma frontal (daquelas que prendem na cabeça) ajuda muito.

Namíbia
frio à noite e calor ao longo do dia

Antes de sair do Brasil

Já saí do Brasil com tudo reservado e pago (todos os campings e hotéis). É importante ter um itinerário bem planejado para não precisar dirigir à noite lá. Todos os dias saíamos já com o destino certo para pernoitar.

Há muitos campings na Namíbia, e de qualidade surpreendentemente boa. Existem duas grandes redes de campings: a NWR (Namíbia Wild Resorts) e a Gondwana. Procure reservar com eles.

O sistema de reserva é mega confuso, mas consegui realizar todas com antecedência. Em 2019 já tinham um sistema de cobrança de cartão de crédito que facilitou, a Claudia em 2018 narrou que teve um pouco mais de dificuldade nos pagamentos (queriam transferência bancária).

Leia mais aqui:

10 campings em que ficamos na nossa viagem pela Namíbia

Alguns poucos disponibilizam pelo Booking, aí fica bem fácil.

Cuidado com golpes nessas reservas!!!! Fiz uma reserva pelo site Afristay.com e paguei 40 dólares, debitou no cartão certinho. Dois dias depois, me avisaram que não estava disponível aquela vaga e, como não era reembolsável, não poderiam devolver a quantia. Como o site é baseado na África do Sul, eu teria que entrar com ação judicial lá (por 40 dólares, a opção foi ficar no prejuízo), e muita gente relata este mesmo problema no Tripadvisor.

Então, antes de dar o número do cartão de crédito, dê uma pesquisada, e prefira os campings das redes maiores (NWR e Gondwana), ou reserve pelo Booking.

O aluguel da camper foi feito com a Britz (empresa local), por intermédio da Motorhome Trips, com a qual foi nossa 2ª experiência, e zero problemas (a 1ª foi quando pegamos um RV em Utah).

O preço do aluguel é meio salgado mesmo, não adianta correr muito disso. Só falo uma coisa: vale a pena cada centavo.

Baixe todo o mapa da Namíbia no Google Maps para ficar offline, em dois telefones - ele será o seu GPS. Sem ele é impossível, serão poucos locais com acesso à internet.

Namíbia
fizemos todas as reservas de campings antes de sair do Brasil

Como chegar à Namíbia

Estou escrevendo este relato durante a pandemia, e assim, me referindo à aviação pré-pandemia, que não será mais a que conheceremos no pós-pandemia.

Existiam 4 maneiras de chegar à Namíbia do Brasil.

Fomos pela South African, com escala em Johannesburg, que era a opção mais barata quando fiz o negócio e é onde se tem mais conforto.

O voo Guarulhos-Johannesburg-Windhoek ficou em torno de 750 dólares com taxas por pessoa ida e volta (Mariana pagou um pouco menos).

Outra opção é a TAAG (angolana), com escala em Luanda, costuma ser mais barata do que a South African (mas quando comprei estava mais cara), o serviço de bordo é bem pior e o Aeroporto de Luanda é um caos. Mas, para falar a verdade, hoje fico com remorso de ter optado pela mais confortável e não ter pisado em Angola (viciados em viagens me entenderão kkk).

Leia mais:

Como é voar TAAG até a Namíbia e o Aeroporto de Luanda em Angola

A 3ª opção é a Latam, que tem um voo GRU-Johannesburg, mas não sei se existe um codeshare para a conexão até Windhoek.

Outra opção mais remota seria a Ethiopian (com conexão por Addis Abeba) - certamente terão um preço mais caro, mas não custa dar uma olhada, pois já consegui uma pechincha com eles para a Ásia.

Com a pandemia, a South African, que já estava ruim das pernas, encerrou as operações no Brasil, e a Latam pedindo concordata nos EUA. Não sei como as coisas estarão em 2021...

Namíbia
chegando à Namíbia

Dinheiro numa viagem para Namíbia

Mesmo na capital e na movimentada Swakopmund, não vi muita opção de pagamento com cartão de crédito. Leve dólares americanos e troque quando chegar pelos dólares da Namíbia (abreviarei como NAD).

Um conselho muito valioso: existe uma pequena casa de câmbio no aeroporto (Nova Cambio Exchange) onde a cotação é até um pouco melhor do que a encontrada no resto do país. Quem está acostumado a viajar tem horror de trocar dinheiro no aeroporto, mas ali é diferente. Arrependi muito de não ter trocado o dinheiro todo.

Fazer câmbio na Namíbia fora do aeroporto é pior do que abrir uma empresa - você vai ter que achar um banco aberto, ficar numa fila de 876 pessoas e passar por uma burocracia infernal. E, para acabar, te cobram taxas e mais taxas. Descobri isso em Swakopmund, e o pior é que estava só com uma nota de 50 dólares, e longe do carro para pegar o resto.

Tive que trocar outra vez em Keetmanshoop e foi a mesma via sacra, mas ali já troquei uma quantidade maior, que daria até o final da viagem.

No último dia, precisamos de mais um pouco de dinheiro - no centro de Windhoek há ATM, saquei no cartão de crédito e funcionou bem (dei os 6,85% para o Bolsonaro né...), mas essas ATMs não existem no resto da Namíbia.

Resumindo, troque TODO o seu dinheiro no aeroporto. Reconheci a casa de câmbio pela foto que a Claudia deixou no blog, e deu certo. Aproveita e compra o chip do celular na loja ao lado.

Namíbia
a pequena viajante Mariana conhecendo novas culturas na Namíbia

Documentos para viagem à Namíbia

Mais uma vez, lembro que estou me referindo ao período pré-pandemia.

Brasileiros não precisavam de visto para entrar na Namíbia. Só um passaporte válido por 6 meses.

Uma coisa importante, se estiver com crianças e for fazer conexão na África do Sul: a imigração da Namíbia vai exigir o “Birth Certificate” de crianças em todos os voos indo ou vindo da África do Sul! Na companhia avisam que precisa somente se o passaporte não mostrar a filiação, só que não. Sempre viajamos com a certidão de nascimento, identidade e passaporte da Mariana, então não teve stress.

Na volta, tentei sair da Namíbia mostrando a filiação no passaporte. Nada feito, o oficial só liberou depois de ver a certidão de nascimento.

Se for passar pela África do Sul, leve a certidão de nascimento das crianças. Aliás, sempre levamos os 3 documentos, não custa nada.

Vale a pena dar uma ligadinha na Embaixada da Namíbia em Brasília antes de ir (ou na embaixada brasileira em Windhoek). As coisas podem ter mudado.

Namíbia
Aeroporto de Windhoek

Últimas dicas para uma viagem para Namíbia

Os campings têm uma estrutura muito boa na Namíbia. Todos tinham local para churrasco, pia e iluminação na vaga, além de uma tomada de energia.

Os banheiros e chuveiros também são bem confortáveis. É plenamente possível passar as 2 semanas somente dormindo nas barracas e utilizando a estrutura dos campings.

As barracas são confortáveis, o colchão que vem dentro é surpreendentemente bom. Dá um trabalhinho para montá-las, mas o pior é para fechar. O tal do zíper é de chorar, mas, com o passar dos dias, vai ganhando experiência (a vida melhorou muito quando coloquei um plástico prolongando o puxador do zíper).

Na nossa camper, vieram 2 barracas no teto. Em cada uma cabem 2 pessoas um pouco apertadas. Se for viajar um casal sem filhos ou com uma criança bem pequena, vale a pena um modelo de uma só barraca maior, vi muitas assim lá.

A Britz fornece cobertores, sacos de dormir e travesseiros, muito importantes, faz MUITO frio à noite...

Veja também:

Viajando de campervan pela Namíbia: como armar barracas

A Namíbia é um país muito pobre, dê gorjeta às pessoas. Eu não dei esmola em nenhum momento, mas deixei muita gorjeta para quem me atendeu de alguma forma.

Os namíbios são sorridentes e solícitos, vale a pena ajudar um pouco.

Numa vez, estava abastecendo a camper e conversando com o frentista que falava bem inglês (a conversa flui bem, principalmente quando descobrem que você é brasileiro/a), e a conta deu uns 1.000 NAD, que corresponde a cerca de 250 reais, ele comentou: “É mais do que eu ganho em um mês...”

Namíbia
a pobreza na Namíbia surpreende até a nós brasileiros
A Britz vai te entregar a camper de tanque cheio. Os pneus dela são um pouco maiores e com travas mais profundas do que estamos acostumados no Brasil, e são necessárias para aguentar aquelas estradas. 

Pegamos uma Nissan (mesmo modelo da Frontier no Brasil). Todas são com câmbio manual, 4X4 e à diesel.

O tanque é estendido para um compartimento extra, que demora a abastecer, mas no final cabem 140 litros, tornando a autonomia enorme, mas ainda assim é melhor não dar bobeira com combustível nessa viagem - sempre que víamos um posto, reabastecíamos.

Quase todos os campings têm um posto de combustível ao lado e alguns dentro do próprio camping, mas não há postos no meio do caminho. Então comece o dia sempre com o tanque cheio. Fizemos cerca de 9Km/litro, e o preço variou de 13,07 a 14,53 NAD/litro.

As tomadas da Namíbia são iguais às utilizadas na África do Sul, que são diferentes do mundo inteiro. Compre adaptadores no aeroporto de Johannesburg ou no supermercado no 1º dia (não se esqueça disso!!).

Por último, se gosta muito de uma cerveja ou vinho, lembre-se que, na Namíbia, a venda de bebida alcoólica é proibida nos finais de semana.

Namíbia
pé na estrada de camper 4x4 pela Namíbia afora

Dia 1 - Saindo do Brasil

Saímos de Ribeirão Preto pela manhã em direção ao Aeroporto de Guarulhos, deixamos o carro num dos mil estacionamentos ali perto e chegamos ao terminal 3 com bastante antecedência.

O voo da South African para Johannesburg saiu no final da tarde, no horário.

Usavam um A330 bem novo, com espaço bom para as pernas. A companhia era excelente, vai fazer falta...

E assim atravessamos o Atlântico.

embarcando em Guarulhos no voo da South African Airways

Dia 2 - A chegada na Namíbia

Pousamos no OR-Tambo Intl. em Johannesburg de manhãzinha.

Engraçado que, mesmo em trânsito, na África do Sul, você passará pela imigração e terá um carimbo no passaporte.

Fomos para a área de conexão internacional regional (cheia e sem cadeiras suficientes), e de lá embarcamos para Windhoek (capital da Namíbia).

O voo é curto, menos de 2hs.

Uma aeromoça nos atendeu em português (era de Moçambique) - engraçado como os africanos lusófonos ficam felizes quando acham brasileiros...

Pousamos em Windhoek ainda antes do meio dia e passamos pela imigração, tendo que mostrar o “birth certificate” da Mariana.

O aeroporto é bem simples e pequeno, nada de fingers, e tem um único pavimento.

Logo fomos atrás da casa de câmbio (à direita, em frente ao desembarque), do chip de celular (à esquerda), e do balcão da locadora parceira da Britz, que nos levaria ao estacionamento das campers (o pessoal da Motorhome Trips já tinha deixado todas as coordenadas).
O estacionamento da Britz fica logo ao lado do aeroporto (uns 300m, mas é inviável chegar lá andando com as malas), e um funcionário te leva de carro. O lugar é enorme, com dezenas de campers com barracas no teto aguardando um locador.

O processo da locação da camper demora muito...a burocracia na Namíbia reina forte, então são papéis sobre papéis...

Uma hora imprimindo e assinando coisas...terminada a jornada de assinaturas, uma funcionária bem simpática foi nos apresentar o carro. Ensinou a armar e desarmar as barracas, onde estão os dois pneus reserva e como trocá-los. Deu instruções sobre a geladeira, o fogareiro e para a bomba de encher pneus que vem junto. Nos ensinou também a manejar a mudança para tração 4x4. Foi uma aula que durou mais de uma hora (rola até um filminho na televisão).

Foi minha primeira experiência com direção à esquerda, estava tenso...principalmente porque os carros não são automáticos (a marcha você passará com a mão esquerda).

Veja também:

6 dias na África do Sul e 1534Km rodados na mão inglesa

O Aeroporto de Windhoek fica bem afastado da cidade, uns 40Km de estrada sem muito trânsito, o que é bom para passar o choque inicial da mudança de lados. Nesse caminho até a cidade, já avistamos vários javalis (enormes), achamos o máximo!!! Ainda não tínhamos ideia do que nos aguardava...

primeira experiência com direção à esquerda na Namíbia
Saímos da Britz e miramos no supermercado dentro de um shopping em Windhoek (a santa Claudia indica no blog 😜) para comprar os suprimentos necessários para as próximas semanas. 

O supermercado era ótimo, tinha tudo que um bom Carrefour daqui tem. Compramos desde carne para churrasco, vegetais, frutas, macarrão e lanchinhos, até alguns fardos de cerveja e vinho sul-africano (baratíssimo lá). Não esquecendo de bucha para lavar os pratos, detergente, pano de prato, fósforos...e, claro, carvão!!!

A camper já vem bem equipada com panelas, copos, pratos e talheres, não precisa levar nada. Compre água mineral e sempre leve uma boa quantidade extra. Não usamos o reservatório de água da camper para beber, serve apenas para água não potável.

Saindo do shopping, miramos para o nosso 1º camping, o Urban Camp Windhoek, reservado pelo Booking.

Não é bem um camping...você estaciona o carro e fica em barracas armadas fixas bem grandes e confortáveis (até cobertores aquecidos tinham).

Os banheiros compartilhados eram bem tranquilos de usar.

Fizemos o check-in já no final da tarde, bem cansados e com fome, organizamos as compras e fomos ao Joe’s BeerHouse (Nelson Mandela Av. 160), um restaurante bem famoso, que fica a uns 600m do Urban Camp.

Nem pense ir a pé à noite, é uma escuridão total no caminho.

O restaurante tem estacionamento próprio com vigias, fique atento às placas, pois antes de chegar vários flanelinhas voam no carro para você estacionar fora, ignore-os.

O restaurante é aberto, ao ar livre, com mesas ao redor de fogueiras, e servem carnes de zebra, oryx, springbok, massas...

A comida é boa (não se se foi a fome que melhorou o gosto kkkk), o preço não é muito alto, e o atendimento é rápido. Em Windhoek, não deixe de dar uma passadinha no Joe’s, vale a pena.

conhecendo a nova 'casinha' na locadora Britz em Windhoek

Dia 3 - Pé na estrada na Namíbia

Caímos na estrada cedo.

O fuso horário é de 5 horas à frente do Brasil, e planejamos conhecer Windhoek na volta.

Achamos o café do camping caro para pouca coisa.

Rumamos ao norte em direção ao Etosha National Park.

A distância não é longa - uns 400Km de estrada asfaltada - mas demoramos o dia inteiro para percorrer.

Era o nosso primeiro contato com o interior da Namíbia. Parávamos de dez em dez minutos para ver cupinzeiros gigantescos, famílias de javalis, bandos de macacos e tudo o que se pode imaginar na beira da estrada.

Paramos também para almoçar. Existem vários pontos de descanso nas estradas da Namíbia com um pequeno telhado, mesa e bancos. Paramos num deles e inauguramos nosso fogareiro, o macarrão ficou ótimo! E continuamos até o camping, que fica nos limites do Etosha: Etosha Safari Camp.

Chegamos no meio da tarde, planejamos esse tempo maior para montarmos com calma as barracas pela primeira vez. Fique atento para a cidade de Outjo no meio deste caminho, abastecemos a camper ali.

O camping era grande, com boa estrutura, até uma piscina tinha. Estava um pouco cheio e talvez não encontrasse vaga se não tivesse reservado com antecedência. Existe um restaurante meio temático nesse camping que a Claudia recomendou muito, mas tamanha era a nossa empolgação que resolvemos fazer churrasco, tinha até achado uma peça de picanha (com esse nome) no supermercado.

As vagas do camping têm churrasqueiras móveis e iluminação. Conhecemos uma família de finlandeses da vaga ao lado, tinham um filho pequeno de uns 3 anos. Estavam morando em Botswana há alguns meses, nos deram muitas dicas do Etosha e até presentearam a Mariana com um livro ilustrado com os animais da Namíbia (foi extremamente útil no dia seguinte). Nórdicos sendo nórdicos...

Conheci também uma família de israelenses que estavam vindo de Angola numa camper. Esses campings são excelentes locais para troca de experiências, todo mundo muito aberto à conversa...

Foi nossa primeira noite nas barracas...Bia e Mariana ficaram numa e eu sozinho na segunda (eu ocupava uma inteira kkk).

À noite, um javali começou a revirar a lata de lixo ao lado do carro, fazendo um barulho estranho. Foi meio bizarro, mas não deu medo não, eu só fiquei tenso dele comer meu chinelo, que tinha deixado no chão, ao lado da escada. A Fabiana me mandou mensagem pelo celular, achando que tinha alguém mexendo no carro kkk.

No dia seguinte, encontrei o pé direito do chinelo a alguns metros de distância, mas o javali foi comportado, não mastigou o coitado.

pelas estradas da Namíbia

no nosso primeiro contato com o interior da Namíbia, parávamos de dez em dez minutos para ver cupinzeiros gigantescos, famílias de javalis, bandos de macacos e tudo o que se pode imaginar na beira da estrada

Dia 4 - Parque Nacional Etosha

Acordamos bem cedo (ainda sob efeito do fuso), ainda escuro, e entramos no Etosha National Park pelo Anderson Gate (o nosso camping Etosha Safari Camp fica somente 10Km ao sul desse portão).

São 4 portões de entrada no parque, e quem vem da capital, entra por esse portão sul.

A permanência no parque só é permitida das 7hs às 18:30hs.

Uma opção é pernoitar em um dos 3 campings de dentro do Etosha (Okaukuejo, Halali e Namutoni), mas difícil é conseguir reservar, mesmo um ano antes.

Quando pesquisava, com 4 meses de antecedência, não achava vaga em nenhum, aí fui repetindo a pesquisa ao longo da semana e, por milagre, conseguimos uma vaga no Halali Camp, provavelmente de alguma desistência. A noite dentro do parque estava garantida!

O Etosha é enorme, tem o território do tamanho do estado do Sergipe.

Após a passagem pelo portão, que é o limite do parque, percorremos uns 30Km até uma pequena vila, onde está uma das administrações do parque (Okaukuejo).

Nesse caminho já cruzamos com girafas, muitas...manadas de 10 a 20 girafas!

Leia mais aqui:

Etosha National Park, Namíbia: como conhecer uma das maiores e mais incríveis reservas de vida selvagem da África


1º encontro com as girafas no parque Etosha
Na administração você paga a taxa de permanência (80 NAD/dia adulto, até 16 anos grátis, veículos até 10 assentos 10 NAD/dia).

Detalhe, a taxa é proporcional ao período que você fica na reserva - se tentar sair no portão com a estadia vencida, eles te fazem voltar os 30Km para pagar a estadia adicional. Custava colocar um local de pagar no portão? Coisas da Namíbia, a burocracia lá é impressionante. 

Ainda na administração, te fornecem um mapa da reserva e te orientam a nunca, JAMAIS, sair do carro quando estiver fora das partes protegidas. Não é exagero...

Começamos a rodar pelo Etosha. São estradas de terra onde percorríamos até 90Km atrás dos animais. Como julho é um mês muito seco, restam poucas fontes de água, concentradas nos 'waterholes', que ficam cheios de bichos com sede disputando espaço. Esses waterholes estão bem mapeados no parque.

Eu não imaginava que veria tanta coisa. Girafa ao lado da estrada, elefantes, manadas de zebras e de gnus, oryx em turmas de algumas dezenas, avestruzes, hienas, todos os tipos de antílopes! Só não achamos um leão...

É importante lembrar que você estará trancado dentro do carro o dia inteiro percorrendo o Etosha. Então lembre-se de levar água e comida DENTRO da cabine, pois não poderá descer e abrir a carroceria em qualquer lugar. Maneire na água, a parada para o número 1 fica difícil ali também!

E foi assim o dia inteiro - quando se aproximou das 18hs, fomos até o Halali Camp, cercado com muros altos. Uma vez lá dentro, é proibido sair à noite. Dentro do camping, há um local para observação dos animais, que vão em busca de um waterhole próximo.

Apreciamos o pôr-do-sol vendo uma manada de zebras, depois um bando de elefantes e, no final, rinocerontes, que só a Fabiana persistiu para ver!

O camping estava realmente lotado, e mesmo assim a estrutura foi suficiente, havia espaço, chuveiros e banheiros para todos.

A geladeira da camper parou de funcionar nesse dia, abri a carroceria e vi que os fios tinham se soltado da bateria. Precisava de um alicate para consertar. Olhei para o lado e vi um vozinho com a família numa camper enorme. Fui lá e pedi emprestado. Eram sul-africanos, e ele não só emprestou o alicate como ele mesmo consertou a geladeira e mais outras coisinhas na camper que estavam precisando!!! Morava em Cape Town e conhecia o Brasil...

A pedido insistente da Mariana, consegui cozinhar um risoto no fogareiro, e ficou bom...Fabiana ficou agarrada no waterhole vendo o rinoceronte até tarde. Montamos as barracas e dormimos.














waterhole no Parque Nacional Etosha

Dia 5 - Etosha Park e Himba Village

Coloquei o despertador para 6:30hs, mas, às 6hs, ainda escuro, acordei com o barulho de todo mundo desmontando barracas e saindo. A galera ali não brinca em serviço...

Às 7hs, quando estávamos saindo, já não tinha quase ninguém! Tínhamos planejado permanecer a primeira parte da manhã no parque e pegar a estrada até, no máximo, 10hs, rumo à vila dos Himba. Mas estávamos tão encantados com o Etosha, somado ao fato de ainda não termos visto leões, que fomos esticando, e rodamos a manhã inteira lá e nada deles...

Ao parar em Okaukuejo para almoçar, antes de partir e mandar cartão postal para os avôs, eis que um guarda do parque nos conta que um grupo de leões estava num waterhole a uns 15Km dali, na direção oeste, que não havíamos percorrido. Só cruzamos nossos olhares e não pensamos 2 vezes, partimos...e achamos os bichões...3 leões, a uns 150m do carro...inesquecível!



o Rei da Selva no Parque Nacional Etosha, na Namíbia
Saímos do Etosha e nosso dia acabaria em Khorixas, onde tínhamos reserva num camping. 

No caminho, tínhamos a esperada visita à vila dos Himba, certamente um dos pontos altos da viagem. Até lá, passamos por vários cupinzeiros gigantescos e carros antigos abandonados, que renderam muitas fotos...

É bem fácil de encontrar a vila dos Himba (Otjikandero Himba Village, está no Google Maps).

Chegando lá, pagamos 700 NAD e eles nos receberam com muita naturalidade. Uma habitante, que falava inglês, apresentou a vila, falou dos hábitos e cultura Himba (como a extração dos incisivos inferiores com 14 anos para melhorar a dicção) e, no final, as mulheres dançaram e venderam seu artesanato, claro, esperando doações!

Elas são super vaidosas, adoram ser fotografadas e pedem para ver como saíram nas fotos. Muitas crianças também. Viviam lá 36 mulheres, 9 homens e 55 serelepes crianças naquele momento, os Himbas nos encantaram...

Veja também:

Himbas e Damaras: visitando aldeias nativas na Namíbia

Himba Village na Namíbia - Mariana no colo da matriarca da tribo






mulheres Himba na Namíbia
Perdemos um pouco a noção de tempo lá, e saímos de tardinha, ainda faltando uns 130Km de estrada de terra até Khorixas!!! Precisamos abastecer no meio do caminho, o que tomou mais um pouco de tempo. Encaramos um trecho de cerca de 30Km à noite, tenso...

A família FPV visitou a fazenda das cheetas, que fica bem próxima dos Himbas - para nós não deu tempo, gastamos o tempo no Etosha de manhã.

Eu também não gosto muito de chegar perto de bichos que podem comer a gente kkkk, Mariana também tem pânico deles e, junto com a história da Claudia que o Felipe quase virou lanchinho de cheeta, acabamos deixando para a próxima (encarnação, kkkkk)...

Veja aqui:

Otjitotongwe Cheetah Farm, Namíbia: o dia mais emocionante e o maior perrengue do ano, tudo junto e misturado

Chegamos no camping de Khorixas - Khorixas Rest Camp, da NWR - à noite, éramos os únicos hóspedes.

Cozinhamos qualquer coisa, tomamos banho e dormimos.

um dos muitos carros abandonados pelas estradas da Namíbia

Dia 6 - Damaraland, Petrified Forest e Mount Brandberg

Acordamos cedo, pois o dia seria cheio e a distância considerável.

As estradas, desde a nossa saída do Etosha, foram sem asfalto. Não tente fazer esta viagem em um carro normal ou em uma SUV, precisa de uma caminhonete com pneus maiores que o normal para aguentar.

A nossa primeira parada foi na Petrified Forest, uma região com árvores fossilizadas, Patrimônio da UNESCO.

O governo toma conta deste lugar e somente se pode entrar na reserva acompanhado de um funcionário (entrada 100 NAD/adulto).

Ali vimos vários troncos de milhões de anos e alguns exemplares da planta típica da Namíbia, a Welwitschia (o vegetal mais antigo ainda não extinto, considerado um fóssil vivo).

O local é cênico, com uma vista legal, e 1h é suficiente.

Burnt Mountain

Petrified Forest

Welwitschia, o vegetal mais antigo do mundo ainda não extinto, considerado um 'fóssil vivo'
A segunda parada foi na aldeia dos Damaras

Não é tão 'real life' como a dos Himbas - é um local onde eles apresentam sua cultura - mas é para turismo mesmo.

Eles moram a 2Km dali, e se dividem em 4 grupos que revezam uma semana lá.

Tome cuidado porque vimos várias placas de outras 'Damaraland Villages' no caminho que são fakes, enganam o viajante desprevenido. Procure por “Damara Living Museum” no Google Maps, e ignore as placas que indicam outro local (entrada 90 NAD/adulto e 45 NAD/criança).

Apesar da falta de autenticidade da coisa, a visita foi bem legal, eles dançam, fazem demonstrações de como fazer fogo...

Leia mais aqui:

Himbas e Damaras: visitando aldeias nativas na Namíbia

aldeia dos Damaras



mancala, o jogo mais antigo do mundo ainda praticado, na Namíbia
Próximo destino foi Twyfelfontein, uma pequena reserva com várias inscrições rupestres, também Patrimônio da UNESCO

O lugar é bem organizado e você também deve ser acompanhado por funcionários do governo (entrada 100 NAD/adulto).

Eu nunca tinha visto pinturas rupestres tão bem preservadas e grandes. O lugar fica num vale onde a paisagem já vale a pena por si só.

Como tem que fazer uma caminhada de cerca de um 1Km em terreno de pedras sem nenhuma sombra, sofremos um pouco com o calor...imagino que ali deve ficar impossível de visitar no verão. 

As próximas atrações foram a Burnt Mountain e as formações de pedras chamadas Organ Pipes. As duas estão bem próximas e têm uma pequena guarita com uns 6 funcionários, que ficam de prontidão para te cobrar a taxa de entrada (50 NAD/adulto).

Um deles fez uma festa danada quando viu que éramos brasileiros, sabia o nome da nossa seleção  de futebol inteira da Copa de 2018 (eu mesmo não me lembrava da metade kkk).

A Burnt Moutain é um morro de terra bem preta, tipo um carvão mineral...

Assim...meio sem graça...mas Organ Pipes é bem interessante!

O ideal é ir à tarde, após as 15hs, quando as pedras ficam a favor da iluminação. 

É interessante como mudou tudo quando saímos do Etosha, fica tudo vazio...não tivemos companhia em nenhum lugar.

Veja mais dicas aqui:

Namíbia com criança: roteiro de 16 dias

Twyfelfontein e suas inscrições rupestres

pinturas rupestres na Namíbia

Organ Pipes



O dia estava programado para acabar na cidade de Uis, mas, no caminho, ainda tinha uma última atração, a vista do Mount Brandberg!!!

O problema é que o dia estava quase no fim, e o sol já se pondo. Tenho umas fotos do Mount Brandberg meio de longe - existe uma estrada que se aproxima um pouco mais e rende fotos melhores, mas não tivemos tempo...

Lembra dos avisos de não dirigir à noite lá...

O camping em Uis - Brandberg Rest Camp, reservado pelo Booking - tinha um pequeno hotel e restaurante anexos. Um posto de gasolina bem ao lado.

Dentro do camping, uma pequena vendinha com biscoitos, água mineral, chocolate...

Não havia ninguém no camping além de nós, novamente! Quando vimos o restaurante, bateu uma preguiça de cozinhar, e comemos nele mesmo.

Servem carnes de caça - comemos steak de oryx (muito boa a carne...).

Conhecemos, nesse restaurante, uma turma de 3 amigas inglesas, uma delas tinha uma filha da idade da Mariana e, ao nos ver fazendo a viagem com ela, ficou com remorso de ter deixado a filha em casa...

Eu tenho uma lembrança da Mariana fazendo uma exclamação: "Papai, olha ali! Batatinha frita!!! Aqui tem coisas normais para comer!!!" 😅

A noite nesse camping foi meio tensa, porque ouvimos passos ao redor do carro a noite inteira. Coloquei isso na avaliação no TripAdvisor, e o proprietário me explicou, no privado, que eram funcionários que passavam trabalhando, mas que iria dar um jeito de não acontecer mais.

Mount Brandberg

Dia 7- Spitzkoppe, Costa do Esqueleto e Colônia das Focas

Como sempre, acordamos e pegamos a estrada beeeem cedo. O dia era cheio...

Seria o momento de conhecer o parque de Sptizkoppe - Grosse Spitzkoppe Natural Reserve.

O relevo ali é bem especial, e se trata de uma região muito pouco habitada da Namíbia...

Bem de longe já se começa a ver as montanhas do Sptizkoppe, e que visão...

O parque é grande e, na entrada, te dão um mapa bem confuso.

Resumindo, existe um pico central, símbolo do lugar, que você não consegue parar de tirar foto, e ao redor dele as outras coisas.

Um ponto alto é a ponte natural.

Tudo é fácil de chegar, o carro vai bem perto, o problema é se encontrar naquele mapa sem nexo (abre o Google Maps que tem muita coisa mapeada).

O lugar foi um dos que mais me impressionou na Namíbia. Na minha opinião, o Spitzkoppe merece um dia inteiro de visita e, se fosse acrescentar mais um dia na viagem, certamente pernoitaria ali num camping. Mas tivemos que deixar o parque, porque teríamos bastante chão pela frente para alcançar o litoral e chegar em Swakopmund.

Se você puder pernoitar em Spitzkoppe, faça reserva no Spitzkoppe Tented Camp.

Saí do Spitzkoppe com vontade de ficar mais, mas paciência...

Spitzkoppe






E fomos rumo a oeste, em direção ao litoral.

Existe uma faixa desértica ao longo de todo o litoral da Namíbia, de cerca de 200Km, em alguns pontos mais extensa.

Ali, alguns navios encalharam, e todos a bordo morreram de sede nesta praia infinita, o que deu ao local o nome de Costa dos Esqueletos.

Atravessamos a infinita faixa de areia - tinha uma estrada compactada no meio da areia, nem liguei a tração 4x4, foi de boa...

A estrada chega no litoral na cidade de Hentiesbay, e o nosso destino - Swakopmund - estava ao sul, mas fomos conhecer o norte primeiro, em direção à Cape Cross, uns 60Km de distância, onde a atração é uma praia com focas.

Quase que não fomos, pois já vimos muitas focas na vida, mas o nosso anjo da guarda não nos deixou perder. Achei que seria uma praia com algumas pedras no mar com meia dúzia de focas...

Nada disso, descemos do carro e um cheiro horroroso de cachorro molhado nos recebeu. Sem exagero, devia ter mais de 100 mil focas ali na areia.

Algumas eram agressivas com a gente, e a Mariana ficou com um pouco de medo. Uma cena que eu nunca esperaria ver...

Tem uma passarela elevada e cercada, onde pode-se andar sem tomar uma dentada de foca. Mariana ficou mais calma nesse cercado, até que viu que uma foca conseguiu passar para dentro do cercado 😅

Não deixe de ir à Cape Cross - fica um pouco fora do caminho, rende uma volta maior que 100Km, mas vale a pena.

O lugar se chama Cape Cross Seal Reserve, fica dentro do Dorob Park (60 NAD/adulto), e é uma das maiores colônias de focas do mundo!

Encontramos uma família de brasileiros ali, um casal com um filho adolescente que não queria descer do carro por causa das focas. Quando fomos embora, ainda não tinham resolvido o impasse. Estavam a passeio pela África do Sul e fizeram um bate e volta por aquela região.

cena tragicômica na Colônia das Focas



focas na Namíbia
Saímos de Cape Cross e seguimos para o sul até Swakopmund, passando por Hentiesbay novamente, e pela simpática Wlotzkasbaken (casas coloridas na areia). 

No caminho é possível visualizar um dos muitos navios naufragados ali, o Zeila Shipwreck, vale a pena uma paradinha.

Ele está bem próximo à praia, é visível da estrada, está mapeado no Google Maps, mas não tem placa indicativa.

A visita ao naufrágio rende uma caminhada legal na areia da praia, mas NÃO nade ali, pois o mar é extremamente perigoso.

Zeila Shipwreck na Costa do Esqueleto
Em Swakopmund, com medo de estarmos cansados de dormir em barracas, havíamos reservado uma pousada pelo Booking - Swakopmund Sands

Sinceramente, não seria necessário, ficaria num camping de boa...

Era próxima à praia, bem confortável.

Já que a noite seria Nutella, fomos jantar em um restaurante muito bem avaliado, que fica na ponta de um píer - Jetty Restaurant.

Comemos muito bem, tomamos vinho sul-africano, tinham ostras sensacionais e camarões do tamanho de frangos. O preço de tudo não passou do que corresponde a 250 reais (em São Paulo, pagaria mais do que o triplo para ter o que tivemos ali).

Swakopmund é bem limpa e simpática durante o dia, mas nunca vi uma cidade tão escura e deserta à noite.

O estacionamento do hotel era num terreno separado, completamente não iluminado. Deixei a camper na área de desembarque na porta de entrada, ninguém reclamou...nós brasileiros sempre com um pé atrás!

Por outro lado, essa despreocupação com a escuridão e ausência de segurança deve refletir a baixa criminalidade que ocorre ali.

Eu sei, falei que eu nem me importaria de dormir em barracas naquele dia, mas que foi boa aquela cama de molas bem macia foi, viu!

Dia 8 - Swakopmund e Solitaire

Acordamos naquelas camas confortáveis do hotel. O hotel tem um café da manhã muito bom, tudo com qualidade. Saímos e fomos conhecer a cidade.

Swakopmund é a segunda maior cidade da Namíbia, é uma cidade de veraneio bem popular para os sul-africanos. Tudo ali é muito limpo e organizado, parece a Califórnia...

Havia um shopping aberto com lojas de artesanato (irresistíveis para a Fabiana) e um antiquário bem interessante (Peter´s Antiques).

O dono era um alemão, novo, bem culto e solícito em dar informações. Compramos uma mancala (o jogo de tabuleiro mais antigo ainda praticado atualmente), que nós tínhamos visto na aldeia dos Damaras.

Existe ali um supermercado bem organizado, onde fizemos um reabastecimento de nossas provisões que já estavam se esgotando.

Aproveitei também para trocar um pouco de dinheiro no banco (a história que já contei).

Demos uma voltinha pela orla, bem cuidada e arborizada...

No final da manhã, já era hora de deixar Swakopmund, aquela civilização toda estava cortando o clima da viagem.

Fomos até a vizinha Walvis Bay, cidade portuária importante no tráfego marítimo da região. Até pouco tempo atrás, pertencia à África do Sul.

Não há muito o que ver por lá, demos uma voltinha de carro e passamos pelo porto. Li muito a respeito de perigo de violência ali, comum em cidades portuárias. Se tiver tempo, pode contratar uma das múltiplas atividades radicais no deserto, passeios de quadriciclos, voos de ultra leve, etc.

Depois, foi a vez da Duna 7. Uma atração bem famosa ali. Dizem que é a maior duna de areia móvel do mundo, 340m de altura!

O carro chega bem na base dela, depois é só escalar até o topo. Jesuix!!!! Como cansa aquilo...

A cada passo, a perna entra pela metade na areia. Estava uma ventania horrorosa, que jogava um quilo de areia nos olhos por minuto. Mas não se intimide, vá até o topo e dê uma caminhada lá em cima. Mariana subiu de boa...

Atenção, a areia é bem fininha e penetra nas câmeras e filmadoras. Leve somente seu celular ou a GoPro. Eu percebi isso logo no começo, fiquei com a câmera debaixo da camisa, e mesmo assim fiquei sentindo a areia no foco da lente muito tempo depois. 

Saímos da Duna 7 com areia em todos os poros. Antes de entrarmos no carro, tive que tirar areia dos bolsos da bermuda, da meia, de dentro da minha carteira. Tiramos areia do ouvido da Mariana várias semanas depois. Mas não deixe de subir, vale cada areia!

Duna 7 nos arredores de Swakopmund

vista do alto da Duna 7


Pegamos a estrada rumo ao interior novamente. Estava uma tempestade de areia que dificultava muito a visibilidade, e às vezes escondia a estrada, mas não ficamos com medo não...sei lá, talvez aquela coisa toda tenha nos deixado corajosos demais.

Pois é, eu tinha falado que há uma faixa desértica ao longo da costa, e agora teríamos que atravessá-la novamente, em direção ao interior, mas um pouco ao sul. O destino seria a pequena cidade de Soltaire, de onde, no dia seguinte, sairíamos para ver o Deadvlei.

Atravessamos um nada sem fim de retas sem nada no horizonte por algumas horas - Deserto Namib.

Depois, uma pequena cadeia de montanhas - Naukluft Mountains - com direito a algumas paradas para fotos...

No caminho, ainda tem uma placa que marca o Trópico de Capricórnio.

A família FPV havia deixado um adesivo na placa - até procuramos para fazer uma foto dele, mas o bendito não estava mais lá...

Chegamos em Solitaire (cidade fantasma) já quase de noite. Nesse trecho tem algumas centenas de quilômetros sem nenhum posto de gasolina, lá é uma parada obrigatória para reabastecimento.

Há vários carros abandonados aguardando fotos, e tem a Moose McGregor´s Bakery, com sua famosa torta de maçã, mas, para nossa frustação, já estava fechada quando chegamos (funciona das 6 às 17hs), ficou para a próxima...

Naukluft Mountains ao fundo

carros abandonados aguardando fotos em Solitaire
Reservamos um campsite no Soft Adventure Camp, também por indicação do FPV.

Fica bem perto de Solitaire. Chegamos lá com a noite escura. O lugar é meio confuso - o check-in é na área do lodge e o camping mesmo é distante deste local. Mas nos surpreendemos, pois já tem uma estrutura montada, e dormimos em camas novamente!

O lugar é tão isolado que tem uma escuridão completa - junto com a umidade zero e a lua nova, fizeram estrelas aparecerem de um jeito que nunca vimos.

Conseguimos fazer algumas fotos espetaculares do céu ali.

céu espetacular no Soft Adventure Camp

Dia 9 - Deadvlei

Acordamos ainda de noite (antes de 6hs), para chegar ao Namib Naukluft National Park bem cedo.

Pegamos uma estrada de cerca de 100Km de terra e chegamos até a entrada do parque nacional, na cidade de Sesriem.

Existe a opção de ficar em hotéis dentro da reserva, mas o preço é exorbitante, e os campings próximos são bem disputados.

A região a ser visitada deste parque se chama Sossusvlei, cuja principal atração é o Deadvlei, com as árvores mumificadas nas dunas alaranjadas. São as paisagens mais famosas da Namíbia. Estávamos com uma expectativa enorme para ver, que foi plenamente satisfeita!

O portão do parque abre com o nascer do sol. Pagamos a entrada (80 NAD/adulto e 10 NAD/carro) e começamos a explorar o local.

Dentro da reserva, tem 31Km de estrada asfaltada.

As dunas laranjas começaram a aparecer, algumas delas com grupos de oryx vagando, não dá para explicar a beleza daquilo.

A primeira parada foi na Duna 45, com aproximadamente 150m. Um terço da duna anterior, parecia fichinha! A temperatura era 7ºC, ventava muuuito, frio, nada do que esperávamos, pois sempre orientam ir cedinho devido ao calor intenso.

Subir aquela duna foi sofrido, parecia que o vento nos levaria! Mas a vista lá de cima é sensacional e imperdível! Valeu cada rajada!

Geralmente quem dorme no parque vai ver o sol nascer de lá, deve ser incrível. Suba somente essas duas dunas (7 e 45), é mais do que suficiente, nunca mais vai querer subir em outra duna rsrs!

fila de campers aguardando na entrada do parque nacional, em Sesriem




Duna 45 em Deadvlei
Continuando na estradinha, após 15Km, se chega em um 1º estacionamento, onde se deixa o carro e paga-se (150 NAD/pessoa) para ir em um trator até o 2º estacionamento.

Aqui começa a caminhada de cerca de 1Km para o Deadvlei. Eles falam que é possível andar os 4Km do trator com a camper. NÃO FAÇA ISSO, o caminho é de areia fofa, atola até pensamento.

Na volta, nós (dentro do trator) cruzamos com a família de brasileiros (aquela que conhecemos em Cape Cross) atolada nessa areia (brasileiros sendo brasileiros).

Os funcionários têm um esquema pronto para desatolar os carros, mas é um estresse desnecessário, né?

A caminhada pela manhã foi até agradável, mas, à tarde, deve ferver os neurônios e, no verão, deve ficar inviável a visita.

Chegar ao Deadvlei é impactante! Eu já esperava muito daquilo e me surpreendi positivamente. E todo mundo reclama do calor ali, mas não, naquele dia estava uns 20 graus...até uma brisa tinha...

Sei que perdemos um pouco a noção do tempo ali...ficamos horas curtindo e fomos dos últimos a ir embora...

Dali, retornamos pelo mesmo caminho e fomos ao Sesriem Canion, já próximo da entrada do parque.

O cânion tem uns 30m de profundidade e uma caminhada dentro dele é possível, mas certamente menos interessante que o Deadvlei.

acácias mortas em Sossusvlei







Bem satisfeitos com o dia, abastecemos dentro do parque e caímos na estrada novamente em direção ao Beta Camp, que ficaria a meio caminho do destino do dia seguinte: Luderitz, no litoral novamente.

A estrada tem vistas bem legais e paramos bastante para fotos. Cozinhamos num ponto de descanso da estrada, com uma paisagem de fundo sensacional.

Chegamos ao Beta Camp lá pelas 5 da tarde. O lugar fica no meio do nada, mas tem umas vagas bem legais, cada uma com um pequeno terraço e uma churrasqueira de alvenaria com pia e tudo.

Na casinha da administração funciona uma pequena vendinha. Foi indicação da Claudia e não faz parte de nenhuma rede de campings (não sei como ela achou).

Havia mais duas vagas ocupadas por casais jovens, um sul-africano e um da Suíça. Jantamos vendo o pôr do sol em cima do pequeno terraço - vocês acham que a Mariana iria dar sossego se não subíssemos com a mesa e tudo? Gostei muito do camping.

almoço num ponto de descanso da estrada

Dia 10 - Luderitz

Era o dia de atravessar a faixa desértica mais uma vez, para novamente chegar ao litoral sul da Namíbia. O destino seria Luderitz, cidade litorânea fundada pelos alemães.

No caminho, fizemos uma visita ao Duwisib Castle, uma construção de 1909, de um barão alemão, que está bem preservada.

Funciona hoje como um pequeno museu e tem quartos para pernoitar - a Duwisib Guest Farm é uma opção para quem quiser dar um tempo dos campings.

O pequeno palácio está bem preservado, com os móveis antigos no lugar. Um pequeno restaurante funciona lá dentro, mas não o utilizamos.

Duwisib Castle
Logo ao sair do Duwisib Castle, vimos uma van (daquelas que carregam crianças para a escola) parada na beira da estrada. Um casal e 4 crianças ao redor, a esposa começou a acenar para nós. 

Obviamente paramos para ajudar. Eram belgas e estavam fazendo uma road trip com os 4 filhos (uma escadinha de 6 a 12 anos) com uma van, daquelas de pneu fininho!!!

O resultado (bem previsível) foi um rasgo no pneu que dava para enfiar uma mão inteira dentro. Fico imaginando como deve ser rara uma troca de pneu na Bélgica, com aquelas estradas impecáveis deles - não foi à toa que não conseguiam tirar o pneu furado.

Some-se o fato de a chave que vinha na van deles não funcionar. Ajudei a trocar o pneu com a chave da nossa camper e ficou tudo bem. Eram donos de um hotel-spa na Bélgica, nos convidaram para uma visita quando aparecêssemos por lá!

Retomamos a estrada e, 20min depois, o nosso pneu que furou...foi a única vez, falam que é comum, nossa camper tinha 2 pneus reserva e uma bomba para encher.

Hora de manter o bom humor e trocar...na troca, os poucos que passaram ofereceram ajuda. Como eu disse, o espírito de ajuda ao colega ali é constante.

Pneu trocado e belgas salvos, continuamos em direção a Luderitz.

Alcançamos antes a cidade de Aus, com a indicação do restaurante do Bahnhof Hotel Aus e a necessidade de consertar o pneu. Imaginava uma cidade, mas Aus é um pequeno aglomerado de casas (não passavam de 40).

Ao lado do restaurante tinha uma borracharia bem equipada, e o rapaz consertou eficientemente o pneu e me cobrou o que corresponde a 50 reais - uma fortuna - eu sei, mas, pelas circunstâncias, pagaria 100!

O restaurante é excelente, servem um spätzle com molho branco que foi o melhor da minha vida, na volta almoçamos novamente nesse lugar. Muito bom!

O caminho entre Aus e Luderitz é muito cênico. O deserto se alterna com montanhas de pedras bem escuras. No caminho há um ponto de observação dos cavalos selvagens - Garub observatory. Os primeiros foram deixados ali há um século e, de alguma forma, se adaptaram a viver no deserto. Conseguimos ver alguns bem de longe.

A cena deles no meio do nada vale o tempo da parada.

cavalo selvagem em Garub

Quase chegando em Luderitz, à esquerda da estrada, já vimos a esperada cidade fantasma de Kolmanskop, com as mansões abandonadas no meio da areia. 

Luderitz é uma cidade grandinha e funciona também como cidade de veraneio. Tem origem alemã e uma arquitetura bem característica, com casinhas coloridas enfileiradas. Uma voltinha despretensiosa na cidade antiga é obrigatória. O relevo é acidentado e, no alto de Diamond Hill, se vê toda a cidade e seu porto, onde também se encontra uma igreja luterana - Felsenkirche, que estava fechada, mas muito simpática para fotos.

Já no final da tarde, fomos à orla, onde funciona uma pequena marina. Tentamos comprar antecipadamente os bilhetes para Kolmanskop e Halifax Island no dia seguinte, mas os escritórios já estavam fechados.

Mari brincou no parquinho da marina (sob os olhares curiosos dos locais) e aproveitamos para ir ao supermercado que tem em frente.

A noite seria hora de mais um churrasco - achei algo que parecia muito com a nossa panceta - ficou ótimo na brasa!

Escolhemos o Shark Island Camping, numa península rochosa bem próxima da marina. Chegamos com o sol se pondo. A vista para o mar é total e, como estávamos do outro lado do Atlântico, o sol se põe no oceano...

Nunca vi um camping tão cênico! Venta MUITO, uma coisa bem feroz, então não pegamos uma vaga com vista para o mar, e sim atrás de uma pedra que nos protegeria.

O lugar é bem grande e estava vazio, caberiam uns 50 carros, mas havia só 5 ou 6. A estrutura das vagas era até boa, com churrasqueiras de pedra, mas os banheiros não estavam em bom estado e a água do banho era meio fria. Talvez tenha sido o camping com a pior estrutura, mas certamente com o melhor visual!

A noite de sono ali não foi muito boa, o vento balançou muito as barracas e um guarda começou a conversar alto no telefone bem perto do carro às 5hs da manhã.

A noite teria sido bem pior se eu tivesse lido sobre a história daquele lugar antes. A Shark Island foi utilizada como campo de concentração pelos alemães no começo do século XX, e mais de 3 mil namíbios foram executados dentro do que é hoje o camping.

Segundo o museu em Windhoek, muitas das cabeças dos executados foram enviadas para a Universidade de Munique para estudos. Para quem quiser dar uma lida nesta história, segue o link na Wikipedia, mas adianto que não é uma leitura agradável...

Leia mais:


Felsenkirche em Luderitz

parte alemã de Luderitz

Shark Island Campsite

Dia 11 - Halifax Island e Kolmanskop

Chegamos bem cedinho na marina para garantir o passeio do catamarã e embarcar às 8hs no Waterfront Jetty.

O capitão nos levou até a ilha dos pinguins africanos - Halifax Island.

Ali tem umas construções abandonadas do início do século XX, onde se escondem centenas de pinguins. Chega bem próximo da praia. É um barco bem aberto e fez muito frio, eles até fornecem cobertores no início da viagem e servem chocolate quente ao chegar na ilha.

Na volta, alguns golfinhos acompanharam o barco, Mariana achou um barato!

Havia outras famílias com crianças num clima muito bom. Vale a pena comprar no dia anterior para garantir o lugar.

Luderitz vista do passeio de barco



pinguins africanos em Halifax Island
Descemos do barco às 10:15hs e fomos direto para Kolmanskop, a cidade abandonada no deserto. 

É importante saber que o governo namíbio preserva o local e permite a entrada somente em determinados horários (tours às 9:45hs e 11hs, com duração de 45min) e mediante pagamento - 100 NAD/adulto e 20 NAD/crianças de 6 a 14 anos).

A administração do passeio de barco e de Kolmanskop é a mesma, e os horários dos 2 passeios se casam muito bem.

Chegamos no final da manhã nos portões de Kolmanskop.

Incialmente, um guia te mostra as construções, e a dica é esperar o final das explicações para rodar sozinho por lá.

A cidade foi como uma Dubai do início do século XX. Foram encontradas grandes quantidades de diamantes no deserto e, com o dinheiro vindo deles, ergueu-se ali uma cidade muito moderna e luxuosa. Os diamantes acabaram, e jazidas maiores foram descobertas em Botswana, levando ao abandono total da cidade na década de 50.

As casas eram enormes, e muitas delas já estão pela metade de areia. Havia escola, hospital, boliche, padaria, açougue, enfim, uma cidade. O abandono das casas e a visão desoladora do deserto que se tem pelas janelas faz de lá um ambiente único.

Sei que fomos os últimos a deixar o local! Já tinham fechado tudo quando fomos embora, inclusive o portão, tivemos que esperar voltar alguém para abrir...

Jamais passe pela região e deixe de ver Kolmanskop!!!! É imperdível.

Kolmanskop, a cidade-fantasma abandonada no deserto






Kolmanskop
Voltamos para a estrada, e o destino seria a região do Fish River Canyon. 

A previsão é que seria um trajeto bem longo e cansativo, mas as estradas de Namíbia nunca nos cansavam...é uma região com muitas fazendas de criação de oryx.

Paramos em Aus para comer novamente naquele restaurante da ida (quando a comida é boa o cliente sempre volta hehehe).

Chegamos no finalzinho da tarde no Canyon Roadhouse Gondwana Camping, que fica próximo ao Fish River Canyon (nosso destino do dia seguinte).

O camping (mais uma vez, indicação bem sucedida da Claudia) era uma propriedade bem grande, com vagas bem afastadas umas das outras.

Na sede tinha um restaurante todo estiloso, com carros antigos no meio da decoração.

O plano foi ficar 2 noites nesse camping antes de partir para o norte. Nessa primeira noite, fizemos um churrasco, e deixamos o restaurante para o dia seguinte.

Uma outra família de belgas estava próxima, com dois filhos adolescentes, estavam fazendo o trajeto no sentido oposto, iniciando a viagem, e agora foi a nossa vez de dar as dicas do que estava por vir para eles.

Com o extremo isolamento desse lugar, já bem no interior, com escuridão total, o céu deu show outra vez...e assim dormimos admirando a via láctea no nosso hotel de um milhão de estrelas.

Veja também:

Como é viajar de campervan 4x4 com barracas no teto pela Namíbia
Namíbia com criança: roteiro de 16 dias

voltando em direção a Aus

oryx no camping

vista noturna do nosso hotel de um milhão de estrelas

Dia 12 - Fish River Canion

Acordamos com uma multidão de pássaros remexendo no lixo e sobras que deixamos do churrasco no dia anterior, coisas da Namíbia...

Bom, foi melhor do que acordar com javali, né?

O destino foi o Fish River Canyon.

O cânion é o 2º maior do mundo em extensão e em profundidade, somente sendo superado pelo Grand Canyon no Arizona.

O lugar ficava a uns 40min de carro do camping. Para variar, tem um portão com um funcionário namíbio onde se preenche um formulário, pega-se 2 papéis que têm de ser mostrados na saída (haja burocracia) e paga-se uma taxa (80 NAD/adulto e 10 NAD/carro).

Funciona de maneira parecida com o Grand Canyon: uma estrada vai margeando o canyon, com locais de parada e mirantes. Pouco se caminha, mas, para quem se interessar, também existe a trilha que atravessa o cânion em 5 dias.

O local é muito bonito. Vale a pena esticar a viagem até o extremo sul da Namíbia para ver. O período da manhã é o melhor para as fotos!

Fish River Canyon






Saindo do cânion, andamos 100Km até as termas de Ais Ais - Ais Ais Hot Spring Spa, um lugar grande, com um hotel movimentado na alta temporada.

A taxa de entrada paga no cânion dá direito ao uso da piscina termal. Nadamos por horas naquela piscina de água corrente quentinha. Há vestiários para trocar de roupa e até tomar banho. Tem um restaurante e um mini mercado (bem inflacionados). Foi um dia relax!

Voltamos para o mesmo camping e jantamos no restaurante temático de lá. Muito bom o atendimento, e servem carnes sensacionais.

No dia seguinte, era o aniversário da Fabiana. Naquela manhã, eu tinha dado uma fugida da vista das duas e ido até o restaurante e encomendado um bolo de aniversário. Solicitei um “small cake for 3 people”, e a moça me cobrou NAD 200, o que corresponde a cerca de 50 reais.

O problema era despistar as duas para pegar o bolo e guardar para o dia seguinte! Depois do jantar, quando elas foram ver um oryx que andava pelo quintal, busquei o bolo, mas o “small cake” pesava uns 4Kg e tinha uns 45cm de largura kkk...para esconder na carroceria da camper foi uma luta, mas deu certo!

Escondi da Mariana, porque senão a surpresa ia acabar ali - pela minha experiência prévia com ela, ia sair correndo e gritando para a mãe “mããããããeeee, compramos um bolo-surpresa e não vamos contar para você!” 😝

restaurante temático no camping do Fish River Canyon

Dia 13 - Mariental e Quiver Tree Forest

Sempre acordo primeiro e sempre a Fabiana é a última a acordar, então fiquei bem tranquilo para arrumar o café-surpresa de aniversário.

Armei a mesa, coloquei o bolo, fiz chá, ovos mexidos...quando acordaram, cantamos parabéns!

Poucas vezes na vida consegui surpreender a Fabiana (ela sempre descobre a surpresa antes), e essa foi uma!!! O bolo era até legal, escrito 'Happy Birthday', massa de limão, com cerejas por cima, mas deixei o bolo em cima da mesa ao ar livre e os passarinhos comeram todas elas, deixaram até umas pegadas na cobertura.

Não comemos nem 10% do bolo - guardamos um pouco na geladeira da camper, e os vizinhos belgas ganharam um pedaço, e sobrou mais da metade para o staff do camping! 'Small cake'...

deixei o bolo em cima da mesa ao ar livre e os passarinhos comeram as cerejas da decoração
Estávamos no extremo sul da Namíbia, e teríamos que alcançar Windhoek (uns 700Km ao norte) em 2 dias. No meio do caminho, está Mariental, uma cidade média sem muitos atrativos.

Optamos então por reservar a 40Km de lá, no Lapa Game Lodge, para uma noite especial de aniversário.

No caminho, passamos por Ketmanshoop, sem nada de muito interessante - apenas trocamos dólares e abastecemos.

Ali é uma região de 'quiver tree' - de lá, são 16Km até o Quivertree Forest Rest Camp, um camping com grande concentração destas árvores, que é aberto à visitação (60 NAD/adulto, 30 NAD/crianças de 6 a 12 anos, e 80 NAD/carro).

Chegamos próximo ao meio-dia. A floresta é bem diferente, com árvores de 200 a 300 anos. Vimos vários roedores correndo entre as árvores.

Vale a pena a parada se você está próximo da região.

Quivertree Forest Rest Camp



quiver tree
Almoçamos mais uma vez num ponto de descanso da estrada, cozinhando com o fogareiro.

Esse trecho de estrada até Mariental é pavimentado, corta o Deserto do Kalahari, que não é muito arenoso e tem relevo acidentado no horizonte (lembrou Utah). Um trecho cênico.

Lapa Game Lodge funciona como um pequeno resort, com quartos bem confortáveis, que se abrem para um grande pátio central. Esse pátio termina num 'waterhole' e, do outro lado, já começa a savana.

Quando chegamos, algumas zebras bebiam água ali, e depois vieram os rinocerontes!!!

O hotel tem um restaurante muito bom, nada rústico, com taças de cristal e tudo.

Tudo muito vazio, éramos nós e outra mesa ocupada apenas. Lembro que vendem um menu fixo com entrada, prato principal e sobremesa, a um preço não muito caro, com qualidade excelente.

Foi perfeito para um jantar de aniversário. Quis cantar parabéns, mas a Fabiana proibiu, o lugar era chique kkkkk...

Lapa Game Lodge

rinocerontes no 'waterhole' do Lapa Game Lodge

Dia 14 - Windhoek

Após o check-out, passamos novamente por Mariental, em busca das mulheres Herrera, mas a cidade estava deserta e não vimos nem mulheres Herrera, nem ninguém, talvez porque fosse domingo...

Partimos então para Windhoek. Estrada pavimentada e bem conservada. Chegamos rápido, ainda no começo da tarde, e já fomos conhecer Windhoek.

A cidade é limpa, organizada, com avenidas largas no centro. Não parece nem de longe estar na Namíbia.

Fomos à igreja luterana que fica no centro e que é símbolo da cidade, e ao lado está um museu de fachada muito imponente, que aparece em toda foto de Windhoek.

O museu conta a história da Namíbia, as lutas pela independência e os problemas que tiveram com o Apartheid, bem interessante! Ali que soubemos do ocorrido na Shark Island...

Não deixe de conferir o café no terraço, com vista de toda cidade.

Já era fim de tarde, e fomos para o hotel fazer o check-in. Não reservamos camping novamente, desta vez ficamos no Hilton Windhoek - eu achava que esse negócio de barracas ia acabar com a gente, e achei melhor reservar um hotel no final da viagem, mas não precisa gente!!

Ele tem o mesmo padrão dos Hiltons dos outros lugares, talvez com um pouco mais de pompa, mas com uma ótima e inusitada relação custo-benefício.

Chegamos com nossa camper IMUNDA, parei no local de desembarque e logo vi aquele tapetão vermelho...olhei para nós, IMUNDOS de terra, e nossas malas irreconhecíveis. Comecei a imaginar que não nos deixariam nem entrar no hotel (😅 ri alto escrevendo isso).

Desci do carro e logo vieram funcionários batendo nas malas para tirar o pó com sorriso no rosto, então pensei: deve ser normal isso para eles, né...

Depois de um bom banho, fomos curtir o pôr do sol no bar do terraço do hotel, e acabamos conhecendo outra família de brasileiros. Eram oficiais diplomáticos da embaixada brasileira em Botswana, e estavam de férias na Namíbia - iriam começar o tour no dia seguinte, mas no esquema de resorts, nada de barracas (era um povo muito chique...rsrs). A esposa do casal ficou meio abismada com o trajeto que tínhamos feito, e a conversa ali rendeu...

Até hoje damos risada de nós minimizando os perrengues para eles, para parecermos um pouco mais chiques kkkk...era um casal muito classudo, mas extremamente simpático.

Fomos jantar outra vez no Joe´s naquela noite. Foi bom como no primeiro dia, mas com aquele gosto de despedida...



Dia 15 - Windhoek

Seria nosso último dia na Namíbia.

O voo era às 6:30hs do dia seguinte, mas a camper tinha de ser devolvida no horário comercial de funcionamento da Britz, então marcamos para às 16hs.

Foi um detalhe bem ruim, porque o aeroporto é longe da cidade (1h de carro). Então, tivemos que devolver a camper, voltar de táxi para o hotel, e depois ir outra vez para o aeroporto de madrugada.

Assim, para fugir desse contratempo, prefira um voo no final da tarde, assim você consegue devolver a camper e já ficar no aeroporto.

Teríamos até as 15hs para conhecer Windhoek.

Fomos à uma feira de artesanato ao ar livre, que funciona bem perto do hotel (cheia de mulheres Himba vendendo seu artesanato), vagamos pelas ruas do centro, e fomos também no Namibia Craft Center, onde almoçamos.

Depois foi hora de faxinar a camper, para não pagar a taxa de limpeza. Achamos um posto de gasolina com lava-jato. Tiramos os 45Kg de terra de cima da coitada da caminhonete e passamos um aspirador de pó dentro...ficou limpinha! Se bem que a nossa percepção de limpo x sujo ficou alterada por muito tempo 😅

Fomos até a garagem da Britz devolver a camper. Odeio esse momento...a Claudia contou sobre uns abusos da funcionária com supostos danos no carro e cobranças injustas que ela teve que contestar (brigar) na hora. Então já fomos com o tamanco na mão para brigar também...

Entretanto, o senhor que fez a devolução estava num bom humor danado, e nem olhou nada no carro. Foi comigo na camper até o posto de gasolina ao lado (onde eu tinha acabado de abastecer), e me fez abastecer até não caber mais - coube uma dose (50ml) de diesel...

Me explicou que, se eu levasse a notinha fiscal do abastecimento, não teria precisado ir ao posto fazer esse abastecimento - fica a dica!

Retornamos ao hotel, jantamos lá mesmo (bem mais ou menos...não recomendo) e, às 2:30hs, com a Mariana apagada, fomos para o aeroporto.


feira de artesanato ao ar livre em Windhoek

Dia 16 - Volta para casa 

Saímos de Windhoek às 6:30hs, chegamos em Johanesburgo, e logo já embarcamos para São Paulo, num voo diurno, cerca de 8hs de duração. Mariana não fechou os olhos e cortou o Atlântico falando ininterruptamente.
Com a diferença de fuso horário, pousamos em São Paulo ainda de tarde, pegamos o carro e fomos direto para Ribeirão Preto (cerca de 300Km de retas e pistas duplicadas). Ainda na marginal Tietê meu cérebro já tinha saído da mão inglesa, e às 22hs estávamos em casa...

Eu sempre falo que a volta para casa de uma grande viagem é sempre triste. Aqui não foi...terminar essa viagem da Namíbia deu para nós uma sensação de superação. O legado foi grande, principalmente o crescimento da Mariana em aprender a lidar com o imprevisível e saber se divertir apesar dos problemas encontrados.

Certamente uma das nossas melhores férias...

voltando para casa...final de uma aventura muito bem sucedida!
💓💓💓💓💓

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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