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Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara
Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara
Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Neste post vou contar a vocês, com todos os detalhes, como foi nossa experiência no Deserto do Saara

Para começar esta viagem pelo Marrocos junto conosco, recomendo que você veja primeiro estes posts que já publicamos sobre o país:

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Marrocos: como é acampar no Deserto do Saara

Como organizar uma viagem ao Deserto do Saara


Já expliquei no primeiro post desta série que nós não organizamos nada com antecedência para esta viagem ao Marrocos. Estávamos fazendo uma volta ao mundo, e em viagens longas assim é difícil fazer muitos planejamentos com antecedência - a gente simplesmente "vai indo", como se fazia nos 'good old times', quando mochilávamos pelo mundo sem internet e sem muita organização, aproveitando as oportunidades que surgiam, no máximo com um guia Lonely Plantet para ajudar a se encontrar.

Esse ainda é meu tipo de viagem preferido. E, com um pouco de experiência, é fácil criar coragem para embarcar numa aventura assim com uma criança.  

Já escrevi sobre isso muitas vezes, mas vou repetir aqui porque isso é especialmente importante para essa experiência no deserto: já li comentários de muita gente que foi ao Saara e teve experiências decepcionantes. Li, há poucos dias, inclusive, uma pessoa comentando que não achou o Saara "grande coisa", que mal se afastaram da cidade no passeio de camelo e que as dunas do Saara pareciam "montinhos de areia". 

Gente, esse é um dos grandes disparates que eu já li. 

Realmente sinto muito por pessoas que tiveram experiências ruins assim, mas, por favor, não repitam ou acreditem nesse tipo de bobagem. 

O Saara é o 3º maior deserto do planeta Terra, com uma área de aproximadamente 9.200.000 km², e o mais quente. Ele só perde, em tamanho, para o Ártico e a Antártida, que também são considerados "desertos". Ou seja: o Saara é, sim, o maior deserto do mundo se considerarmos aquilo que a gente imagina como um deserto: grandes extensões de terra seca, árida, dunas de areia, enfim...aquilo que o nosso imaginário tem por "deserto". 

Só o Saara é quase do tamanho do continente europeu inteiro, ou dos EUA. Ele é bem maior que o Brasil, a Austrália ou a Índia, para vocês terem uma noção. Vivem no Saara cerca de 2,5 milhões de pessoas, e o deserto se espalha por diversos países e territórios, como Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia - e a área que visitamos, no Marrocos, bem perto da fronteira argelina, é uma das únicas áreas seguras e acessíveis para turistas.

Entende porque eu digo para pensar 2 vezes antes de abrir a boca para dizer que o Saara não é "grande coisa", ou que suas dunas são só um "montinho de areia"?

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

Como conhecer e dormir nas tendas no Deserto do Saara

acampamento no Saara

Bonita essa minha defesa do Saara, né?? Hahahahah, é que eu ficou louca quando ouço bobagens assim, de pessoas que se julgam muito sábias e experientes, e na verdade não entenderam nada. 

Mas eu entendo perfeitamente porque alguns turistas acabam espalhando essas bobagens: o que acontece é que elas caem nas mãos de picaretas, de agências que nunca colocaram os pés na areia do deserto, e acabam tendo uma péssima experiência turística. 

Os turistas, seja por medo, por inocência ou precaução, fazem questão de reservar 'pacotes' antes de viajar, e compram um "tour ao deserto", normalmente um bate e volta desde Marrakesh, com um pernoite em um acampamento no deserto.

Aí, leem várias recomendações no Trip Advisor e confiam que estão fazendo uma boa escolha. Então, chegam lá, montam em um camelo perto de Rissani, Erfoud ou Merzouga e são levados de camelo por uns 30 minutos até um acampamento um pouquinho afastado da cidade (mas onde ainda é possível avistar as luzes do vilarejo), passando por pequenas dunas de areia, e lá têm a sua grande experiência no deserto.

Na verdade, uma fraude, uma porcaria de passeio. E voltam para casa acreditando que conheceram de fato o Saara, e que o deserto é uma grande porcaria. 

É isso o que acontece. Essas pessoas simplesmente tiveram azar. Escolheram mal quem as levaria para conhecer o verdadeiro deserto. E aí abrem a boca e seguem "denegrindo" a imagem do Saara hehehe, dizendo que o 3º maior deserto do planeta não passa de um montinho de areia, sem perceber que fizeram papel de bobos (e continuam fazendo, ao espalhar bobagens) 😓 

Mas porque essa defesa minha do deserto? 

Bom, primeiro, porque estive lá 2 vezes, as 2 vezes num esquema independente, indo sem agências, sem intermediários, contratando cameleiros por conta própria, ao chegar lá, que nos levaram para experiências que nunca mais esqueci. 

Ainda hoje lembro da minha primeira vez no Saara, aos 20 e poucos anos, mochilando com a minha mãe e uma turma de europeus que conhecemos no caminho para o deserto. Lembro até hoje do som da percussão dos berberes tuaregues tocando dentro da barraca onde dormimos.

Na segunda vez, a experiência foi melhor ainda, pois tivemos a sorte de encontrar um cara muito legal em Hassilabied, que organizou tudo para nós da melhor forma possível, nos deixando com as melhores lembranças de uma experiência maravilhosa no deserto em família. Mais adiante explico como foi e como vocês podem contatar ele. 

E a outra razão dessa minha defesa apaixonada é o fato de que conheci razoavelmente bem aquele lugar, e sei como eles precisam do turismo para sobreviver. Eles, os berberes, tuaregues, que vivem no cotidiano a vida difícil do deserto. Não as grandes agências de turismo, com sede em São Paulo ou em Marrakesh, que exploram os tuaregues, mesmo sem ter essa intenção, ou até sem saber. 

Eles precisam muito que mais turistas independentes cheguem lá e acertem esse tipo de passeio diretamente com eles, para que o $$$ chegue direto neles. 

Vou repetir: sei que muita gente pesquisa em 1000 blogs de viagem, lê 500 reviews no Trip Advisor, contrata agências do Brasil ou de Marrakesh para levá-los a Merzouga e fazer o passeio ao deserto, contrata guias turísticos para guiá-los nas Medinas, contrata motoristas para levá-los de carro de um lugar a outro. Sem querer desestimular ninguém, mas, na minha opinião, são gastos desnecessários e perda de tempo.

Claro que ler e pesquisar sobre viagens é legal - eu adoro fazer isso e, se não gostasse, não teria um blog sobre viagens! Leio tudo o que me cai nas mãos sobre todos os lugares que eu tenho vontade de conhecer, e aí, quando vou montar um roteiro, levo apenas algumas horas para me decidir, pois já tenho tudo armazenado na cabeça, já sei quais são os principais lugares que quero conhecer em cada país, e os pontos turísticos que quero visitar em cada cidade.

O que eu acho estressante e desnecessário é contratar uma agência/guia/motorista no Brasil ou no Marrocos para fazer por você o que você pode fazer sozinho, de forma independente (gastos extras com intermediários desnecessários), e também fazer muitas reservas com antecedência, pois você nunca sabe se não vai se encantar com algum outro lugar no caminho e querer estender a sua estadia por lá. 

Nós mesmos chegamos ao deserto depois que escureceu, vindos de Fèz - se estivéssemos cansados, poderíamos ter parado para dormir em Erfoud ou Rissani no caminho, pois não estávamos amarrados a reservas.

Viajando com crianças, principalmente, eu acho essa liberdade/flexibilidade fundamental. 

Ok, se você gosta de reservar tudo com antecedência, vá em frente. Eu entendo que tem gente que fica NER-VO-SA se não tiver tudo reservadinho meses antes (eu sou o contrário - fico nervosa com muitas reservas e roteiro amarrado).

Só aviso o seguinte: foi a 2ª vez que fui ao Saara nesse esquema de chegar no deserto e encontrar um dromedário para chamar de meu, sem nenhum problema. 

Se é fazendo 1000 reservas que você fica confortável, dou o maior apoio, mas as dicas que você vai encontrar por aqui são para o viajante independente, que gosta de fazer as coisas por conta própria e economizar. Prometo explicar como fizemos e como vocês podem fazer também para entrar em contato com o Ibrahim. 

Se você chegar lá em Hassilabied ou Merzouga sem nada reservado e combinar na véspera, direto com as pessoas que vivem lá, vai certamente ter uma experiência muito mais autêntica e genuína. Vai ter a oportunidade de conhecer as famílias deles, tocar batuque com eles, conhecer o pedaço de terra da família no oásis da vila, comer pão saído quentinho do forno comunitário...

Especialmente se for no inverno (melhor época do ano para este passeio) - não tem perigo de faltar dromedários!

acampamento no Saara
a todo instante passam cameleiros para lá e para cá - querendo, é só abordar um deles!

acampamento no Saara

Erg Chebbi, o melhor lugar para ver dunas


Então como ter certeza de que você vai ver as grandes dunas de areia alaranjada do Deserto do Saara, e não só uns "montinhos de areia"?

A melhor forma é fazer eles garantirem que te levarão até a área conhecida como Erg Chebbi!

O Erg Chebbi, também conhecido como Dunas de Merzouga, é um dos 2 grandes ergues (conjunto de dunas) do Deserto do Saara no Marrocos. 

Erg Chebbi fica perto de Merzouga, Rissani e Erfoud, na região de Tafilalet, perto da fronteira com a Argélia. Mas o vilarejo mais próximo é Hassilabied, que fica a menos de 2Km das dunas de Erg Chebbi. 

Esse erg tem aproximadamente 5Km de largura máxima e 22Km de comprimento. As dunas mais altas chegam a ter 150m de altura.

O local é uma das principais atrações turísticas da região. E a principal atividade lá são justamente os passeios em dromedários, que incluem pernoites em tendas (acampamentos berberes) no meio das dunas.

A extensão de dunas é minúscula perto da imensidão do deserto, mas posso garantir que, se te levarem no lugar certo, você vai realmente ter a sensação de que está no meio de um enorme deserto de areia, pois só é possível ver dunas para onde quer que se olhe.

Em Erg Chebbi não tem essa de ver as luzes da cidade! Só o que a gente vê à noite é o luar e um enorme céu estrelado sobre nós!

acampamento no Saara


Onde ficar em Hassilabied


Como falei, escolhemos ficar em Hassilabied, que é o vilarejo mais próximo das dunas, a "porta de entrada" do deserto.

Nos decidimos pela Casa Hassan, e não poderíamos ter feito escolha mais feliz!

Dando uma pesquisada no Booking na viagem, depois que escureceu (não tínhamos nenhuma reserva de nada), decidimos ficar numa pousada que ficava não em Merzouga, mas no povoado vizinho (que fica uns 5Km antes de Merzouga), chamado Hassilabied - um pouco mais 'roots', menos turístico e mais próximo das dunas.

Na 1ª vez em que estive lá, fiquei em Erfoud e fui a Merzouga, que era pouco mais que um povoado. Mas, passados quase 20 anos, Merzouga já virou um pequeno vilarejo, e queríamos ficar em um lugar que fosse beeeem 'roots', bem autêntico.

Foi fácil encontrar a pousada Casa Hassan em Hassilabied, com a ajuda da gurizada da vizinhança, e logo já tínhamos acertado a hospedagem com o Ibrahim, por MAD 500 (150 a menos do que o preço do Booking - se tivesse feito reserva, pagaria bem mais caro!).

O Ibrahim é o filho do Hassan (que dá nome à nossa pousada Casa Hassan), e foi um anjo para nós. 

Ele fez janta (tajine, claro), e já acertamos com ele nossa aventura no deserto no dia seguinte. 

Ele, é claro, conhecia um cameleiro de confiança e também o proprietário das tendas do Moda Camp Merzouga, um acampamento que tinha boas reviews no Booking, e foi ele quem acertou dromedários, hospedagem, jantar e café da manhã para nós.

O café da manhã na Casa Hassan foi uma coisa à parte, no terraço do Ibrahim. Tem noção do que é tomar um café da manhã maravilhoso vendo o dia nascer num terraço de uma casa de adobe no meio do Saara?

Casa Hassan
nosso querido anfitrião Ibrahim na Casa Hassan

Casa Hassan
quarto na Casa Hassan


Casa Hassan

Casa Hassan
os banheiros são sempre lindossss...

Casa Hassan
sala onde eles nos serviram o jantar, café da manhã e almoço


Casa Hassan


Casa Hassan

Casa Hassan
o simpático Ibrahim fala espanhol, então é bem fácil se comunicar com ele


Casa Hassan

Casa Hassan
tem idéia de como é incrível tomar café da manhã no terraço de uma casa de adobe olhando a paisagem das dunas do Deserto do Saara?

Casa Hassan
esta é a mãe do Ibrahim, esposa do Hassan, que nos levou para conhecer o forno comunitário da aldeia, onde eles assam pães


Casa Hassan

Casa Hassan
o vilarejo de Hassilabied é o mais próximo que se pode chegar das dunas do Deserto do Saara sem estar montado em um camelo


Casa Hassan


Conhecendo os arredores de Merzouga e Hassilabied


Depois de um ótimo café da manhã no terraço do Ibrahim, fomos passear com ele pelo vilarejo.

Sim, nem pense em chegar lá e ir correndo desbravar as dunas de areias alaranjadas! Você estaria perdendo a melhor parte deste passeio!

Existem muitas coisas interessantes para conhecer ali pelos vilarejos! É uma cultura de milhares de anos, vale aprender um pouquinho! Sabia que os berberes são os povos mais antigos do continente africano??

acampamento no Saara
casas de adobe nos vilarejos próximos ao Saara

passeando de carro pelos arredores de Hassilabied


conhecemos até um camping, em Hassilabied, cheio de motorhomes europeus!

acampamento no Saara


acampamento no Saara


acampamento no Saara

acampamento no Saara

Oásis em Hassilabied


Primeiro, fomos a pé conhecer o oásis, que é de propriedade de 50 famílias, que fazem rodízio para usar a água para irrigar suas plantações. 

Você imaginava como é que funcionava um oásis? Nós já tínhamos conhecido um outro oásis no Egito (o de Siwa, quase na fronteira com a Líbia), mas, naquela oportunidade, não tinham nos explicado tão direitinho como é que funciona. 

É como se fosse uma pequena cooperativa: essas 50 famílias mantém o oásis e cada uma delas tem direito de usar a água durante um determinado período de tempo, como num pequeno sistema de comportas, em que eles desviam o curso da corrente de água para as plantações de suas famílias. 

É incrível ver todo aquele verde ali no meio do deserto e, em fevereiro, as castanheiras estavam florescendo, uma coisa linda de se ver!


acampamento no Saara

acampamento no Saara

Dar Gnawa Khamlia


Depois, fomos de carro até Dar Gnawa Khamlia, passando Merzouga, ver uma apresentação musical do Groupe Des Bambaras

Eles vêm do Mali, descendentes de tribos de origem sub-sahariana, de escravos da África Negra, e têm na música sua única fonte de renda. Se apresentam para turistas por alguns trocados. Nós preferimos comprar o CD deles, que custa MAD 100. 

Claro que é uma coisa "para turista ver", afinal, é da música que eles vivem, mas foi lindo de assistir, uma grande oportunidade! 

Em alguns momentos, a apresentação nos lembrou dos dervixes rodopiantes turcos!

acampamento no Saara







Panorama Kasbah


Na volta, fomos até o Hotel Kasbah Panorama, 1Km ao norte da vila de Merzouga. 

Esse hotel é uma boa opção de hospedagem também (eles também organizam direto com você as viagens de dromedário pelo deserto).

Nós fomos até lá especialmente pelo mirante do hotel, que tem uma vista linda da região.






Organizando suprimentos para a viagem ao deserto: água, comidinhas e turbantes


Depois dos passeios, fomos conseguir os suprimentos que precisávamos para o passeio pelo deserto. 

Primeiro, o principal: fomos à lojinha do Ibrahim pegar uns turbantes emprestados para a viagem de dromedário pelo deserto. Você simplesmente não pode embarcar num safari de camelo pelo deserto sem o seu próprio turbante. 

Eu nunca entendi os motivos, parece até uma coisa contra a lei hahaha, mas nem cogite em tentar subir num dromedário sem um turbante na sua cabeça, eles simplesmente não permitem!

Talvez seja para proteger os cabelos e ouvidos da areia, ou talvez só para você sair com cara de turista na foto, mas não tem como fugir do turbante. Nem o Lipe conseguiu escapar. E, cada vez que o turbante dele ameaçava desmoronar, nosso cameleiro queridão arrumava o pano de novo, com todo carinho!

acampamento no Saara



acampamento no Saara

Você não é obrigado a comprar um turbante - eu já tinha comprado na 1ª vez que estive lá, e não queria comprar 3 novos turbantes desta vez, mas não teve jeito: o Ibrahim disse que se não quiséssemos comprar não tinha nenhum problema, mas que ele iria nos emprestar 3 turbantes de qualquer forma, pois não poderia nos deixar ir para o deserto sem turbantes kkkk.

Claro que acabei comprando um pelo menos, né!

E o Lipe ainda ganhou um dromedário de brinquedo de presente!  

Já mencionei que a hospitalidade marroquina não tem limites? 

Sim, eu sei que, se você esteve apenas nas grandes cidades marroquinas e em tours "empacotados", provavelmente não teve a chance de conhecer da hospitalidade dos marroquinos, mas, no interior do país, eles são incansáveis para te agradar. 

Nós mesmos tivemos experiências bem ruins com pilantras marroquinos em Marrakesh. Mas é muito triste quando os turistas vão embora do país com essa impressão terrível, porque, quando você encontra pessoas do bem, a hospitalidade deles é lendária e sem limites. 

Na primeira vez que estive no país, há quase 20 anos, viajando sozinha com minha mãe (2 mulheres sozinhas), as mulheres nos levavam para as casas delas, nos ofereciam comida, nos faziam tatuagens de henna e nos levavam ao hamam que a família frequentava, sem aceitar qualquer pagamento.

Hospitalidade de verdade, pura e simples.

Acredito que, hoje em dia, isso já não seja mais tão comum de acontecer, mas a hospitalidade é um dever sagrado para os muçulmanos. Tratar bem os convidados é uma obrigação no Islã, um dever com Deus.

Bom, voltando aos suprimentos, ainda fomos até o mercadinho da vila, onde compramos água mineral para levar e algumas porcarias extras para comer.

acampamento no Saara

acampamento no Saara
acampamento no Saara

acampamento no Saara

acampamento no Saara


Camelos ou dromedários 🐪


Como o carinha dos dromedários demoraria ainda um pouco a chegar, fomos dar um passeio à pé até o "estacionamento" de camelos e as dunas, a uma pequena distância da Casa Hassan

Vocês provavelmente já sabem disso, mas existem algumas diferenças básicas entre camelos e dromedários:

1. Os camelos têm patas mais curtas, enquanto que os dromedários têm pernas mais longas;

2. Enquanto os dromedários têm o corpo coberto por uma pelagem curta, os camelos têm pelos longos, principalmente nas coxas, na garupa e na cabeça. Durante o inverno, a pelagem pode chegar até o chão;

3. Essa características acima podem ser menos visíveis para nós que não conhecemos direito uma ou outra espécie, mas tem uma 3ª diferença entre eles que torna bem mais fácil identificar se você está frente a um camelo ou dromedário: pelo número de corcovas!

As corcovas são importantes depósitos de gordura e, enquanto os camelos têm 2 corcovas no dorso, os dromedários só têm uma. 

Além disso, o habitat deles não é o mesmo: os camelos vivem apenas na Ásia Central, enquanto que os dromedários vivem tanto na Ásia quanto na África. 

Então, todos os animais que você vai ver no Marrocos são, na verdade, dromedários, e não camelos!!

Então porque eu fico mencionando ora "camelo", ora "dromedário"? Simples, porque não é errado chamar dromedários de camelos, pois eles são também conhecidos como "camelo árabe".











Forno comunitário em Hassilabied


Por último, fomos conhecer o forno comunitário da aldeia

No Marrocos, cada aldeia ou bairro das cidades maiores tem um forno comunitário, que eles usam para assar pães ou pizzas. 

Assim como os oásis, os fornos comunitários são usados por várias famílias, em rodízio, e a mãe do Ibrahim fez questão de nos levar para conhecer o forno usado pela família dela e, claro, já nos fez experimentar as delícias que ela estava assando! 

Eu amo conhecer gente! É a melhor parte das viagens, poder conhecer os nativos de cada lugar, sejam londrinos ou kiwis, hindus ou tuaregues! 

Esta mulher na foto abaixo é a mãe do Ibrahim, mulher do Hassan, vó da Mariem (o nome dela era muito difícil, não aprendi a escrever). 

Ela estava fazendo uma pizza berbere no forno comunitário do povoado, que é dividido entre 10 famílias e, claro, nos convidou para almoçar com eles! A pizza era uma delícia, eles a chamam de 'madfouna'.



Dica do pequeno viajante


Quando você for para lugares onde há pobreza extrema e falta de recursos, como o Marrocos ou a Mongólia ou a Namíbia, por exemplo, não dê esmolas - traga material escolar e brinquedinhos para as crianças (lápis de cor, canetinhas, borrachas), coisas que não pesam tanto na bagagem e que ajudam a evitar a evasão escolar. 

Turistas que dão esmolas para as crianças, ao invés de fazerem uma boa ação, estão contribuindo para tirar as crianças das escolas!

num lugar onde conseguir água é difícil, ganhar material escolar é um luxo!


O que levar para o deserto


Quando for 'camelar', não esqueça de levar:

* óculos de sol
* protetor solar
* garrafas de água
* turbante
* jaquetas (mesmo estando calor de dia, pode fazer MUITO frio à noite no deserto)
* máquina fotográfica e muitos gigas em cartões de memória
* lanterna
* powerbank (não há energia elétrica)
* um pouquinho de equilíbrio e coragem



Quanto custa


Na época em que estivemos no Marrocos (fevereiro de 2017), a cotação da moeda era em torno de MAD 10 = € 1.

No total, pagamos MAD 500 (200+200+100 pelo Felipe) pela diária na Casa Hassan, com 2 cafés da manhã (antes e depois do acampamento), mais MAD 900 pelo acampamento no deserto com camelos e jantar para nós 3 (350+350+200 pelo Felipe) e mais MAD 200 pelo jantar de tajine da noite em que chegamos em Hassilabied. 

O almoço de pizza berbere não teve jeito dele nos cobrar. 

Gastamos mais MAD 100 comprando o CD dos músicos de Dar Gnawa Khamlia e mais MAD 50 de gorjeta que quisemos dar para o Hassan (o queridão que guiou nossos dromedários até o acampamento).

Ah, e comprei um turbante - não lembro quanto custou, mas é bem baratinho, é só uma tira de pano comprida, tingida à maneira berbere. 

No fim, foi tudo bem mais barato do que esperávamos.



Passeando de dromedário pelo Deserto do Saara


Depois dos passeios em Hassilabied, almoçamos e descansamos até as 15hs, hora em que estava marcada a saída da nossa mini-caravana de dromedários rumo à tenda em que ficaríamos aquela noite no deserto. 

Como nosso acampamento não tinha outros turistas agendados para aquele dia, acabou sendo um tour particular

Não foi a nossa primeira vez montados num dromedário 🐪, ou num acampamento no deserto, e nem será a última, com certeza.

Já acampamos no deserto e participamos de caravanas de camelos na Índia, Jordânia e Egito - é sempre uma grande aventura! Mas trazer o Felipe junto e ver tudo através dos olhos dele é uma coisa totalmente nova - e ele simplesmente AMOU a experiência! 

Eu já tinha vivido uma aventura anterior no Saara, mas, desde então, a coisa evoluiu demais. 

O que antes era 'organizado' por uma gurizada muito louca que fumava hashish o tempo todo, e que funcionava como um acampamento mesmo, em tendas berberes e sacos de dormir fedidos, hoje virou um negócio de verdade, com bons hotéis localizados no meio do deserto, com direito a barraca-refeitório, e tendas-dormitório que, como a nossa, têm até cama de casal e banheiro químico! 

Um verdadeiro luxo no meio do Saara! 

Nunca contei no blog sobre a minha primeira viagem ao Marrocos - que foi muito antes da era dos blogs de viagem - mas tem post de um querido casal lá no blog sobre a aventura deles, veja aqui: Uma noite no Deserto do Saara







Diário do Peg


Sempre sonhei com o momento em que traria o Lipe para andar de camelo no Deserto do Saara. 

Esse dia chegou, e ele curtiu cada segundo dos 45 minutos de percurso entre o "estacionamento de camelos" e o nosso acampamento. 

Imagens que ficarão gravadas na memória para sempre.





Acampamento no Deserto do Saara


No nosso acampamento no Saara, ficamos no Moda Camp Merzouga, um luxo no meio do deserto!

Se você assistir esse vídeo abaixo, verá direitinho como é esse acampamento de luxo básico no meio do deserto do Saara, que a gente recomenda muito!

Como o Peg escreveu no diário dele, sonhávamos com o dia em que iríamos lá com o Lipe - porque qualquer viagem, com ele, fica muito mais divertida. Então essa viagem foi, para nós, a realização de um antigo sonho - acho que neste vídeo dá para perceber o quanto estávamos emocionados e felizes em estar lá...


 

Abaixo, algumas fotos do Moda Camp Merzouga:

Moda Camp Merzouga
chegando ao acampamento no Deserto do Saara Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
eles têm sandboard para emprestar

Moda Camp Merzouga
lounge do Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
nosso quarto luxuosíssimo no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
dá para imaginar um acampamento com tapetes no meio do deserto? Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
nosso quarto/barraca no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
esperando o jantar no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
esta é a barraca-refeitório no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
jantar no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
e, claro, uma aulinha de percussão com o Ibrahim no Moda Camp Merzouga não poderia faltar!

Moda Camp Merzouga
amanhecer no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
pronto para dormir no nosso quarto bem quentinho no Moda Camp Merzouga

Moda Camp Merzouga
este é o banheiro do acampamento no Moda Camp Merzouga

Voltando para Hassilabied


Acordamos para ver o sol nascer no deserto sobre as dunas às 6:30hs e, pouco depois das 7hs, já estávamos montados nos camelos voltando para Hassilabied. 

O café da manhã normalmente é feito no hotel, no povoado onde tu te hospedou na véspera, e não no deserto. 

Chegando lá, voltamos ao nosso quarto na Casa Hassan, onde ainda estavam as nossas coisas (carro alugado, mochilas), e o Ibrahim nos ofereceu o quarto novamente, sem cobrar nada, para tomarmos banho antes de pegarmos a estrada.

Não poderia ter sido melhor! Depois do sandboard nas dunas, eu tinha areia do deserto do umbigo às orelhas...

Tomamos café da manhã e nos despedimos do Ibrahim e família, já com saudades e vontade de voltar. 

Ele foi realmente ótimo conosco e eu não poderia recomendar mais os serviços dele! Foi um querido com o Lipe, nos apresentou toda a família dele e nos sentimos em casa na Casa Hassan

Além disso, organizou o passeio com os dromedários e a hospedagem no deserto para nós sem cobrar nenhum tipo de comissão: sim, depois eu conferi no Booking, e o preço de uma diária no Moda Camp Merzouga era maior do que o valor que ele nos cobrou. 

E isso não foi tudo: lembre que ele usou o tempo dele para nos levar para passear por Hassilabied e arredores, nos emprestou turbantes, nos deu a oportunidade de comer as típicas pizzas berberes feitas pela mãe dele e ainda foi até o acampamento nos visitar e ensinar o Lipe a tocar o 'tamborim' tuaregue.

Eu fiquei realmente agradecida, e o melhor que posso fazer por ele e por vocês que leem o pequeno viajante é recomendar os serviços do Ibrahim. 

Infelizmente, não tenho o contato de email dele! A melhor maneira de acertar as coisas direto com ele, sem agências, é fazer uma reserva de hospedagem na Casa Hassan via Booking e, ali mesmo, no campo observações da reserva, você pode mandar uma mensagem direta para ele.

Diga que leu a recomendação aqui no pequeno viajante e que quer que ele organize para vocês um passeio de dromedários com pernoite no deserto como ele organizou para nós. Ele certamente lembra de nós 😏

E o melhor: ele fala espanhol bem direitinho, então fica super fácil se comunicar, mesmo que você não fale inglês. 

Você não vai se arrepender 😇

Às 9hs da manhã, já estávamos na estrada, a caminho de Rissani.

Já esteve no Marrocos? Deixe a sua dica na nossa caixa de comentários! Adoramos as contribuições de vocês!

Durante esta viagem, nós usamos a hashtag #LipenoMarrocos nas redes sociais Facebook / Twitter / Instagram - é só ir na # e ver todas as muitas dicas que já postamos!

Acompanhe o nosso Instagram @claudiarodriguespegoraro - tem muitas dicas desta viagem por lá!

Na época em que estivemos no Marrocos (fevereiro de 2017), a cotação da moeda era em torno de MAD 10 = € 1.






Precisa reservar um hotel para a sua viagem ao Marrocos? Escrevi esse post super completo com muitas fotos de todos os hotéis em que ficamos na nossa viagem - dá para ter uma boa idéia:

Marrocos: onde se hospedar bem e barato em 12 cidades marroquinas

Em Casablanca, nós ficamos no La Petite Ferme.

Em Fèz, ficamos num riad lindo, o Toyour Fez, muito recomendado!

Em Marrakesh ficamos em 2 riads diferentes, e gostamos muito de ambos: o Le Bel Oranger e o El Wiam. Recomendamos os 2!

No Deserto do Saara, escolhemos ficar em Hassilabied, que é o vilarejo mais próximo das dunas, a "porta de entrada" do deserto. Nos decidimos pela Casa Hassan e não poderíamos ter feito escolha mais feliz!

No nosso acampamento no Saara, ficamos no Moda Camp Merzouga, um luxo no meio do deserto!

Na Garganta do Dadès, passamos a cidade de Boulmalne du Dadès e continuamos até o povoado de Tamellalt, onde nos hospedamos no Auberge Miguirne "Chez Ali", que fica no Km 14 da rota do Gorge de Dadès.

Em Ouarzazate, ficamos no Maison d'Hote Ecolodge l'île de Ouarzazate, que tinha nota excelente na avaliação do Booking e custava MAD 428 com café da manhã e estacionamento.

Clique abaixo para conferir os preços na data da sua viagem e fazer a sua reserva:



Mais fotografias das nossas viagens no Instagram @claudiarodriguespegoraro, na hashtag #Felipeopequenoviajante.

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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1 comentários:

  1. Excelente descrição do que é realmente o Deserto do Sahara. Gostava que todos os turistas que visitam Merzouga, tivessem tido uma experiência como vocês tiveram. Infelizmente e como escreve há muitas agências que eu apelido de "mafiosas" que vendem tours desde Marrakesh ao Deserto e que basicamente enfiam 15 pessoas numa carrinha e um motorista. Ninguém sabe para onde vai, nem o que vai fazer. Infelizmente tive esta experiência o ano passado, quando acompanhei um grupo a Merzouga. Sorte foi ter alguns contatos que me conseguiram dormida num acampamento, com jantar e passeio de dromedário no dia seguinte. E é mesmo assim como dizes. Acampamentos num parque de estacionamento colado a um hotel em Erfoud. Teria corrido muito mal... Mas falando de coisas boas, é uma experiência extremamente enriquecedora tanto para adultos como para crianças. O Deserto é mágico e a população de Merzouga e das localidades próximas tratam-nos como família. É extraordinária a hospitalidade que demonstram, especialmente com crianças. Recomendo a 200% esta viagem em família ou com amigos. E deixarem se ficar mais um ou dois dias e conhecerem os mercados típicos ou visitarem as localidades mais próximas. Erfoud, Rissani, Khamlia. Vim de Merzouga há um mês e voltava hoje. Muito obrigada pelo testemunho. O deserto é mágico♥️

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