Fèz, Marrocos: o maior labirinto do mundo |
Para mim, Fèz é o lugar mais incrível do Marrocos. Adoro as outras cidades imperiais marroquinas - Marrakesh, Rabat e Meknès - mas ainda acho que Fèz é a mais autêntica, mais genuína, mais verdadeira. Estava louca para ir lá com o Peg e com o Lipe.
Fèz é conhecida como a cidade mais marroquina do Marrocos, e é lá que se encontra o centro histórico mais bem preservado do mundo árabe - não é por nada que foi reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO. No passado, Fèz era tão cobiçada e tão importante no mundo árabe quanto Bagdá, Jerusalém ou Damasco.
Chegamos em Fèz, vindos de Rabat, às 4 da tarde. Alguns trechos da estrada que nos levou até lá foram excepcionalmente bonitos e incrivelmente verdes. Neste trecho de estrada de 200Km entre Rabat e Fèz, o pedágio custou MAD 50.
Chegando em Fez, fomos direto ao McDonald's na cidade nova - Ville Nouvelle, pro Lipe se gastar um pouco no brinquedão que tem lá (depois de tanta estrada, ele precisava), e também porque eu já pressentia que, depois que nos embrenhássemos na Medina de Fèz el-Bali, não sairíamos mais lá de dentro kkkk...
Para começar esta viagem pelo Marrocos junto conosco, recomendo que você veja primeiro estes posts que já publicamos sobre o país:
aproveitando o brinquedão do McDonalds´s para deixar a criança gastar as energias acumuladas na viagem de carro até Fèz |
as muralhas da Medina de Fèz vistas por fora |
um dos portões de entrada na Medina de Fèz |
Fèz vista do alto |
Fèz, Marrocos |
Chegando no maior labirinto do mundo
Foi super fácil encontrar o nosso riad (pousada típica marroquina) porque, embora localizado dentro da Medina de Fèz el-Bali, ele fica a apenas 200m de um estacionamento público colado nas muralhas (o car park 'Aïn zleten') - foi bem mais fácil do que esperávamos, já que a Medina de Fèz é considerada o maior labirinto do mundo.
A medina é o maior ponto turístico da cidade, Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO e, na minha opinião, para sentir o verdadeiro gostinho de Fèz, é imprescindível se hospedar lá dentro.
São em torno de 9000 ruelas e, aproximadamente, 150 mil moradores lá dentro - com essas informações, dá para entender porque o lugar é conhecido como "o maior labirinto do mundo", né?
Lá dentro, não circulam automóveis - é a maior área 'car free' (livre de carros) do mundo - mas, mesmo assim, nem pense em desgrudar da mão do seu filhote: todo o transporte é feito nos lombos das mulas, burros, bicicletas, motocicletas, carinhos de mão e carroças, que dividem as ruelas estreitas com milhares de pessoas - sentiu o drama? Prepare-se para pegar congestionamento na certa!
Nosso plano era deixar o carro no estacionamento, pagar os € 3 por noite que eles cobram e pegar um 'petit' táxi (tipo um carrinho de mão, cobram € 2) para nos guiar e levar nossas malas pela medina até o hotel, mas nada disso foi necessário, pois vimos uma placa indicando a ruela do nosso hotel e decidimos ir até lá por conta própria.
Nota 1000 para a localização do Riad Toyour Fez 😆
os pobres burricos da medina carregam o peso do mundo nas costas |
e também tem tabuleiro, carrinho de mão, bicileta... |
mas são as mulas que fazem o maior sucesso na Medina de Fèz |
dia e noite pelos corredores estreitos da Medina de Fèz |
Fèz, a cidade mais marroquina do Marrocos |
Hotel em Fèz
Quando decidimos passar reto por Meknes, já no caminho para Fèz, abri o app do Booking no celular e fiz uma reserva num riad na Medina de Fèz.
Ficamos num riad lindo, o Riad Toyour Fèz, muito recomendado!
Endereço: 22 derb el Miter, Ain Zleten.
Preço: € 66 (com café da manhã incluído/estacionamento custa € 3 por dia a 200m de distância).
Ma-ra-vi-lho-so!
Localização, recepção, café da manhã, quarto (na verdade eram 2 quartos, um de casal e outro com 2 camas de solteiro), banheiro e decoração - tudo perfeito!
Esse riad foi um verdadeiro oásis em meio ao turbilhão que é a Medina de Fèz. Depois do ataque aos sentidos que é um passeio pelo maior labirinto do mundo, chegar nesse riad era como entrar num mundo à parte, um oásis de paz e silêncio, perfeito para recarregar as energias.
Claro que esta foi uma opção de hospedagem que estava dentro do nosso orçamento...se você puder esbanjar, recomendo que dê uma olhada também nestas opções mais luxuosas:
Já contei todos os detalhes sobre os hotéis em que nos hospedamos no Marrocos, inclusive sobre o riad de Fèz (com muitas fotos), aqui: Onde se hospedar bem e barato em 12 cidade marroquinas
Riad Toyour Fèz |
Sobre Fèz
A cidade é uma das maiores do Marrocos, com quase 1,5 milhão de habitantes, e foi fundada no ano de 789, tendo sido capital imperial do país muitas vezes ao longo do tempo. Lá pelo ano 1100, chegou a ser considerada a maior cidade do mundo, na época, com algo em torno de 200 mil habitantes.
Como falei antes, nós chegamos a passear um pouco de carro pela Ville Nouvelle, que é a 'cidade nova', do lado de fora da medina, mas não achei muita graça.
O interessante é realmente o que você vai encontrar dentro da Medina Fèz el-Bali: mercados vendendo prata, ouro, cabeças de cordeiro, curtumes, madrassas, lojas de roupas típicas marroquinas, sapatilhas de Aladdim, riads, especiarias, azeitonas, tâmaras, fontes, hammams, gatos, restaurantes servindo muito chá de menta, fornos coletivos de assar pães, souks de tapetes, oficinas dos mais diversos artesanatos...um verdadeiro ataque aos 5 sentidos!
Dá para imaginar perfeitamente como foi viver em uma cidade medieval islâmica!
o Palácio Imperial de Fèz não pode ser visitado, mas é lindo |
passeando pela Medina de Fèz, dá para imaginar como deve ter sido viver em uma cidade medieval islâmica |
os personagens da Medina de Fèz |
souk de especiarias na Medina de Fèz |
curtume em Fèz, Marrocos |
souk dos objetos de cobre na Medina de Fèz |
artesão trabalhando em oficina na Medina de Fèz |
o Lipe se impressionava com tudo, afinal, é tudo completamente diferente daquilo que estamos acostumados |
Passeio noturno pela Medina de Fèz
Saímos para uma primeira caminhada de 'reconhecimento do terreno' lá pelas 18hs e fomos caminhando pela Rue Talaa Kebira (ou Tala'a Kbira, uma das 2 ruas principais da Medina) até a Bab Mahrouk e depois até a linda Bab Boujloud (Portão Azul).
'Bab' significa porta, e esses são os principais portões de entrada na Medina de Fèz.
É uma ótima idéia fazer um primeiro passeio à noite, quando os caçadores de turistas já estão mais cansados e sossegados, e não incomodam tanto querendo te levar em lojas e oferecendo serviços de guia.
A noite termina cedo, em torno de 21hs já está tudo fechando, mas esse horário entre 18 e 21hs é ótimo!
um passeio noturno, quando a Medina de Fèz já está mais sossegada, é uma boa maneira de entrar no clima caótico da cidade |
Quando visitar Fèz e o Marrocos
O verão marroquino (de junho a agosto) é excepcionalmente quente, e você vai sentir como se estivesse cozinhando num caldeirão. Evite.
A primeira vez que estive no Marrocos, foi entre abril e maio, e pegamos um clima perfeito. Acho que abril, maio, setembro e outubro são os melhores meses do ano para se viajar para praticamente qualquer lugar. Mas, como eu sei muito bem, nem todo mundo consegue viajar nessas que são as melhores épocas - se fosse assim, essas seriam justamente épocas de alta temporada nos lugares turísticos, e não são!
Isso porque a maioria de nós, pobres famílias, só podemos viajar nas férias escolares dos nossos rebentos, o que nos deixa com apenas 2 opções: julho, impossível no Marrocos, e o inverno, de dezembro a fevereiro, ma-ra-vi-lho-so!
Nesta minha segunda vez no Marrocos, fomos em fevereiro, e foi muito, muito bom. Clima super ameno nas cidades, neve na Cordilheira do Atlas, calorzinho no deserto...amei! Recomendo muito!
Falando em roupas, uma jaquetinha de nylon com fleece por baixo é o máximo que você vai precisar, à noite. De dia, é possível passear de camiseta!
Onde comer em Fèz
Depois de umas 2hs de passeio e aproximadamente 200 fotos, fomos jantar no melhor lugar de Fèz: o Café Clock (prepara para a babação, porque foi amor à primeira vista!).
É um lugar que eu recomendo para TODO mundo - tem que ir! Até a Camila Parker-Bowles (sim, aquela do Príncipe Charles) já esteve lá!
Preço de fast food, ótima comida marroquina - recomendo o 'camel burger', fresquinho da banca do açougueiro no souk de dromedários, se você quiser experimentar carne de camelo, e também o tajine de cordeiro (que vem se desmanchando!) e o prato de tabule, couscous e falafel - tudo absolutamente delicioso!
Existem alguns restaurantes mundo afora onde anos depois a gente ainda se lembra de algumas refeições memoráveis que tivemos - não só pela comida em si, mas sim pelo ambiente e experiência como um todo. Lembro de alguns assim em Luang Prabang, no Laos, ou em Cracóvia, na Polônia, por exemplo. Esse certamente é um deles.
Decoração mega aconchegante, computador pro Lipe jogar 'Roblox', ambiente gostosíssimo e uma 'jam session' rolando - com trilha sonora que foi de batuque marroquino até Guns N' Roses. Delirei, é óbvio.
Além de 'jam sessions', eles oferecem sessões de cinema, contação de histórias, shows ao por do sol, e ainda têm aulas de culinária marroquina tradicional (com visitas ao mercado para comprar ingredientes), aulas de caligrafia, tatoos de henna e aulas de oud, o instrumento musical típico do país.
Lugar para guardar no coração e recomendar muito. Tomara que, depois de toda essa "propaganda", a experiência de vocês seja tão bacana lá quanto foram as nossas - sim, porque é claro que voltamos no dia seguinte (e não uma decepção kkkkk).
Já escrevi mais sobre a comida marroquina aqui.
delícias do Café Clock em Fèz, Marrocos |
Diário do Peg
Chegamos em Fèz à tardinha.
Só deu tempo para 2 coisas:
a) brigar com 2 marroquinos que seguiam de moto nosso carro, até desistirem. Eles queriam 'ajudar', dizendo que a Medida era para o lado contrário ao que o meu GPS estava apontando. Sinceramente 'não entendo' porque gastam tanta energia chateando o viajante...
b) após instalados no Riad Toyour Fez, subir a Tala'a Kbira, uma das 2 principais ruas da Medina de Fèz. À noite, bancas de frutas, grãos, azeitonas, artigos de couro, açougues (onde matam a galinha 'in loco' para você levar), mesquitas e restaurantes estão abertos, e é uma bela cena para se ambientar ao que vem pela frente.
barganhando (e filmando tudo!) na Medina de Fèz - veja os vídeos no nosso canal no YouTube |
O que ver e fazer em Fèz
No dia seguinte, depois de um super café da manhã no Riad Toyour Fez, passamos horas a fio caminhando pela imensa Medina de Fez!
Saímos do hotel e fomos pela (rua) Talaa Kebira até os Curtumes de Chouwara, passando pela Praça Nejjarine, os souks, Moulay Idriss, o mercado e a Madrassa Al Attarine, a Praça Qarawiyine e Bab R'cif.
A primeira coisa que eu preciso dizer é que você não deve se preocupar em se perder na Medina de Fèz el-Bali! Lembre-se que está passeando no maior labirinto do mundo, se perder faz parte do pacote!
Não aceite que estranhos te guiem! Isso só vai estragar o teu passeio. Também não adianta tentar apelar para o GPS: a precisão é mínima naquelas ruelas estreitas, simplesmente não funciona.
O melhor a fazer é usar um mapa impresso, apurar o seu senso de direção, pedir direções para pessoas que estejam bem ocupadas (não peça ajuda a desocupados!) e...perder-se!
Perca-se voluntariamente. Perca-se como você se perderia com o maior prazer em Veneza! Não tem drama! O 'pior' que pode te acontecer é ter que sair da Medina por algum dos portões e pegar um táxi de volta ao seu hotel no fim do dia! Você terá tido um dos melhores dias da sua vida de viajante, isso é certo!
por incrível que pareça, a melhor opção em Fèz ainda é o mapa impresso |
passeando pela Medina de Fèz |
Curtumes de Chouwara
A cidade tem mais de uma área de curtumes, mas Chouwara é o curtume mais conhecido.
Chegando lá, em 2min eles descobrirão que você é brasileiro e passarão a falar em português sobre a novela "O Clone" e a atriz Giovanna Antonelli, com quem eles têm fotos.
Realmente não tem como escapar do assédio dos "guias" por ali: a melhor maneira de ver os curtumes é dos terraços das lojas, então você vai ter que entrar em uma delas, "guiado" por eles, que vão certamente pedir uns trocados - não é necessário comprar nada na loja, mas você certamente vai morrer nos trocados (algo em torno de MAD 10 por pessoa).
É justo.
São dezenas de poços coloridos onde o couro de vacas, bodes, cabras, ovelhas e camelos é trabalhado com fezes de pombas tingidas com produtos naturais, como açafrão - é dali que sai a matéria-prima usada depois para confeccionar os sapatos, bolsas e carteiras que você barganhará nos souks.
Nas entradas das lojas, eles ficam dando raminhos de hortelã, e a gente tem o primeiro impulso de devolver...mas pegue um: servem para "disfarçar" o fedor dos curtumes (lembre-se, o troço é feito com caca de pombos).
curtume de Chouwara, em Fèz, Marrocos |
deu até vontade de comprar as carteiras de couro, depois de ver a trabalheira que dá para trabalhar com este material! |
Madrassa Al Attarine
No coração da Medina de Fèz está a Madrassa Al Attarine. O ingresso custa MAD 20 por adulto.
As madrassas são escolas onde se ensina o Corão.
Como não-muçulmanos que somos, não podemos visitar as mesquitas marroquinas, em regra, então este é um bom lugar para dar um tempo do bate-pernas nas vielas da Medina e aprender alguma coisa sobre religião muçulmana. É um dos poucos prédios religiosos que pode ser visitado por não-muçulmanos.
Fundada em 1310, a Madrassa Al Attarine funciona até hoje, e a arquitetura islâmica é maravilhosa, cheia de arabescos e mosaicos de azulejos.
Madrassa Al Attarine, Fèz, Marrocos |
não é maravilhoso? |
Ela foi construída como um anexo da Universidade Qarawiyine (ou Karaouiyne, ou ainda Al Quaraouiyene), a mais antiga do mundo, de acordo com o Livro de Recordes Guinness, fundada em 859 para estudos de política e ciências naturais.
A Universidade também foi um importante centro de intercâmbio de conhecimento entre muçulmanos e europeus.
É proibido aos turistas entrarem na universidade, mas dá para entrar no lindo pátio, com a tradicional fonte e mosaicos. Ali ao lado também se encontra uma mesquita com o mesmo nome, considerada uma das maiores da África, que também é fechada a não-muçulmanos.
Na Place Seffarine, almoçamos num restaurante com terraço sobre a praça. Veja abaixo a foto com as opções do cardápio.
Essa praça é famosa pelos ferreiros, que fabricam panelas e outros produtos de cobre a céu aberto - incrível assistir aos artesãos moldando as peças com instrumentos tradicionais. O Peg não queria ir embora hehehe...
Na volta, fomos caminhando pela (rua) Ras Cherratène até a Talaa Sghira, e atravessamos a Derb El-Horra até chegar de volta na rua Talaa Kebira.
Place Seffarine, Fèz, Marrocos |
o Peg filmando tudo...já falei que os vídeos desta viagem já estão lá no nosso canal no YouTube? |
restaurante na Place Seffarine, Fèz, Marrocos |
Mirante Borj Nord
Depois, pegamos o carro no estacionamento e fomos até o Mirante Borj Nord - certamente o melhor lugar para ver a cidade 'por fora' das muralhas!
Vimos o por do sol lá e fiquei arrepiada ouvindo os muezins simultaneamente chamando o povo para orações em todas as mesquitas no fim da tarde, com as luzes da cidade se acendendo aos pouquinhos.
Que cena de guardar na memória e no coração...
as melhores vistas de Fèz, do Mirante Borj Nord |
Place Boujloud e Bab Boujloud
Depois, ainda fomos até a Place Boujloud, do lado de fora da (porta) Bab Boujloud, onde haviam várias feiras acontecendo ao mesmo tempo ao anoitecer.
Essa praça, que se encontra em frente à Porta Azul, completamente murada com suas fortificações do século 9, merece uma visita de dia. É lá que ocorrem as feiras onde os berberes, nômades marroquinos, vêm vender seus produtos. Um lugar incrível para sentir o verdadeiro Marrocos, tomando um chá de hortelã.
À noite, o lugar é Marrocos "nível hard", não é lugar para 'turistas', mas sim para 'viajantes', se vocês me entendem...
Bab Boujloud em Fèz |
tomar um ou vários chás de hortelã é programa obrigatório no Marrocos |
os arredores da Bab Boujloud são um bom lugar para jantar, cheio de restaurantezinhos |
Como enfrentar o labirinto de Fèz
No primeiro post desta série, eu já escrevi um pouco sobre os perrengues mais comuns que você certamente vai enfrentar no Marrocos. Veja aqui como foram os primeiros perrengues da nossa chegada ao país: O que você precisa saber para organizar a sua viagem evitando perrengues
No início, a cada passo, você vai encontrar alguém tentando tirar proveito, por saberem que você não tem a menor ideia de onde está. A solução, em lugares assim, testada e aprovada (vá por mim!), é fingir que você é cego, surdo e mudo. Para não se estressar, não se incomodar, ignore solenemente todos os marroquinos desocupados que vierem puxar conversa, mesmo que eles jurem por 'Alláh' que não querem nada em troca.
É bom sempre lembrar uma coisa: nós já não nos impressionamos com pouca coisa, porque já vimos coisas demais mundo afora, ao ponto de termos achado a Medina de Fèz 'super light'.
Mas nós temos consciência de que, para muitas pessoas, que ainda não experimentaram essas aventuras mais "roots", a coisa no Marrocos pode às vezes ficar meio pesada.
Fica o nosso aviso: nós achamos tudo super tranquilo, mas isso porque já rodamos muito por aí - tem que ter muita malícia no Marrocos.
Nada que um brasileiro não consiga tirar de letra, até porque no Marrocos dificilmente você terá alguma experiência que envolva violência (como é tão comum no Brasil).
Só não fique de bobo, porque eles são duplamente mais espertos e insistentes do que os brasileiros que se acham muito espertos e insistentes. Malícia neles!
aprendendo com os locais na Medina de Fèz |
Compras no Marrocos
De um modo geral, os souks (mercados) de Fèz são bem caóticos, mas, em algumas áreas da Medina, você encontra souks bem delimitados: uma rua vendendo ouro, a ruela ao lado vendendo sapatos, mais adiante o souk das especiarias, que quase sempre se mistura com os empórios de frutas secas, na ruela seguinte o mercado de luminárias, depois o de roupas, de verduras e frutas, de couros, de louças, etc.
A única coisa certa é que, se você for um pouquinho consumista, vai precisar de uma mala extra para trazer de volta suas compras!
Eles têm coisas muito lindas e os preços, depois de 5 rodadas de barganha, podem ser muito bons! Basta se encher de uma paciência de Jó...
A minha melhor dica para você que pretende fazer compritchas no Marrocos é NUNCA, jamais aceitar o primeiro preço que eles te dão. É capaz até de eles se ofenderem!
Qualquer negociação no Marrocos (assim como na Índia), até para comprar um reles rolo de papel higiênico (e também nas diárias de hotéis), envolve muita barganha.
Isso não é uma regra, mas, de praxe, eu começava oferecendo 1/4 ou 1/5 do preço que eles pediam, nos mercados.
Exemplo: eles pedem MAD 500 (aproximadamente 50 euros), você oferece MAD 100 (10 euros). Em nenhuma hipótese eu pagaria mais de 50% do valor incial. Mas isso, é claro, não é uma regra.
Às vezes, o ideal, se você tiver muita paciência, é barganhar em 2 ou 3 lojas antes de fechar negócio num determinado produto, porque aí terá uma boa idéia do máximo que eles baixarão o preço.
Uma boa estratégia é fingir que vai embora, que não está muito interessado (estando em casal, um pode fingir que vai embora e o outro fica por ali, fazendo caras e bocas hehehe...) - ao ver você se afastando, desinteressado, quase sempre eles levam o preço para bem perto do valor que estão de fato dispostos a negociar.
Lembre-se que essa negociação faz parte da diversão, não se irrite...essa parece ser a grande diversão da vida deles, e eles são de fato craques no negócio, não se deixe enganar!
Na pior das hipóteses, se sair da negociação toda de mãos vazias, você vai ter se divertido um pouco, testado o seu inglês e o árabe aprendido assistindo "O Clone" e, de brinde, tomado vários chás de hortelã na faixa! 😅
ʾIn shāʾa llāh!!
Já comentei os tipos de objetos que você encontrará à venda num souk marroquino, mas quero colocar aqui muitas fotos para vocês ficarem com água na boca, e prepararem desde já a mala extra:
não dá vontade de levar um monte de coisas pra casa?? |
Arquitetura em Fèz
Já escrevi acima sobre os mais importantes pontos turísticos de Fèz, mas quero acrescentar aqui algumas fotos de detalhes que vocês precisam prestar atenção quando estiverem lá!
Eu sou simplesmente fascinada pela arquitetura islâmica (não é por nada que meu maior sonho é conhecer o Irã e o Uzbequistão), mas amo mais ainda o estilo marroquino de decoração de interiores.
Sim, eu concordo que tantos detalhes, cores, materiais diferentes e enfeites podem se tornar um pouco cansativos para quem vive naquele local, mas, para os nossos olhos não acostumados com tudo aquilo, é um desbunde!
Fico encantada com o fato de que as partes exteriores dos edifícios são super simples, sem nada de enfeites (sejam riads, mesquitas ou madrassas), e aí, quando a gente entra no interior do prédio, é aquele choque de cores e enfeites e tecidos estampados.
Outra coisa curiosa que nos explicaram é que, na Medina de Fèz, os edifícios foram construídos primeiro, e as ruas depois - então 'rua' é o que sobrou, depois da construção dos prédios. Por isso, o alinhamento é péssimo, as ruas fazem curvas inesperadas, e é tudo tão labiríntico.
É tanta cor, tantos detalhes, tantos materiais, que eu poderia ficar horas apreciando os mosaicos e arabescos, e fotografando tudo! De fato, acabávamos ficando horas em cada madrassa que visitávamos, o que se tornava muito chato pro Lipe - nessas horas, nada melhor que liberar o tablet: assim o guri se distrai e a gente pode curtir o lugar na santa paz.
Porque a viagem precisa ser divertida para toda a família, certo?!
até as ruelas dos souks são impressionantes! |
Continuando a viagem pelo Marrocos
No dia seguinte, era hora de novamente pegar a estrada.
Tomamos o delicioso café da manhã do Riad Toyour Fez e saímos de Fèz por volta das 10:30hs da manhã.
Este foi o dia de colocar o pé na estrada mesmo! Rodamos 468km de Fèz, passando por Midelt, até Hassilabied/Merzouga, a porta de entrada para o Deserto do Saara. Mas isso é assunto para o próximo post!
Vídeo de Casablanca, Rabat e Fèz
Neste vídeo, você verá os melhores momentos dos primeiros dias da nossa viagem pelo Marrocos, que passamos entre as cidades de Casablanca, Rabat e Fèz.
Veja mais aqui: Nossas aventuras em Casablanca, Rabat e Fèz
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Durante esta viagem, nós usamos a hashtag #LipenoMarrocos nas redes sociais Facebook / Twitter / Instagram - é só ir na # e ver todas as muitas dicas que já postamos!
Acompanhe o nosso Instagram @claudiarodriguespegoraro - tem muitas dicas desta viagem por lá!
Na época em que estivemos no Marrocos (fevereiro de 2017), a cotação da moeda era em torno de MAD 10 = € 1.
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