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Homeschooling: a nossa opinião

Homeschooling. Ensinar o seu filho em casa. Fazer da sua casa - ou do mundo - uma sala de aula. A ideia pode parecer atraente, mas com certeza não é para qualquer um. Neste post, vou contar a vocês nossa opinião sobre homeschooling, ou ensino domiciliar.
Homeschooling

Homeschooling. Ensinar o seu filho em casa. Fazer da sua casa - ou do mundo - uma sala de aula.

A ideia certamente pode parecer atraente, mas com certeza não é para qualquer um.

As pessoas veem que viajamos bastante e, com um filho em idade escolar, frequentemente vêm me perguntar "como fazemos com a educação do Lipe".

Neste post, vou contar a vocês qual é a nossa opinião sobre homeschooling, ou ensino domiciliar.

A verdade é que, desde que o Lipe entrou no primeiro ano da escola regular, nunca faltou mais do que alguns poucos dias de aula.

Como ele nunca tem uma gripe sequer, nunca falta aula nem por doença.

Algumas poucas vezes "espichamos" as férias de julho por uns poucos dias, mas ele ODEIA perder aulas. E nós também detestamos que ele perca aulas - é o único compromisso, obrigação que ele tem na vida, e não acho certo que ele cresça com a impressão de que dá para se livrar dos compromissos tão fácil...

Então só viajamos nas férias escolares.

Já escrevi um post sobre isso:

Como conciliar a escola das crianças com as viagens da família

"Ah, mas as crianças aprendem tanto viajando..."

Sim, eu não poderia concordar mais! Não tenho a menor dúvida de que o mundo é a melhor sala de aula que existe.

Acredito que viajando um mês os pequenos têm potencial para aprender mais do que aprenderiam em um semestre na sala de aula. Inclusive já escrevi um outro post sobre isso:


Homeschooling
Homeschooling ou escola regular?

Quando penso neste assunto, sempre lembro deste vídeo do Felipe apontando países no mapa-múndi.

O gurizinho, pequenininho, já sabia muito mais de geografia política do que 95% dos norte-americanos, que não sabem sequer apontar o Brasil num mapa mundial. 

E vocês acham que ele aprendeu toda essa geografia porque eu ensinei MOSTRANDO no mapa? 

Não acham bem mais fácil acreditar - assim como eu - que ele teve toda essa facilidade de aprender tudo isso porque ele já SENTIU o frio da Sibéria, lá no norte da Rússia (que ele mostra no mapa), ou porque ele já VIU ao vivo os cangurus e coalas da Austrália

Não preciso explicar no que EU acredito, né?

Em outra oportunidade, no retorno de uma viagem ao Atacama e norte da Argentina, fomos convidados a participar do programa Encontro com Fátima Bernardes na Rede Globo, e me surpreendi muito com todas as coisas marcantes que o Lipe lembrava da viagem para contar ao apresentador: falou do Deserto do Atacama, do salar de Jujuy (um 'deserto de sal') e, claro, das múmias incas que ele viu no museu em Salta

É só clicar na foto abaixo para ver a performance do Lipe no GShow:

Programa Encontro com Fátima Bernardes
Programa Encontro com Fátima Bernardes

Sabemos que esta discussão não tem uma resposta correta e, às vezes, isso é motivo de brigas até entre casais: um pensa que viajando a criança aprende tanto que a falta de escola não será tão prejudicial, enquanto o outro acredita que as crianças precisam aprender que compromisso é compromisso e deve ser levado a sério - nesse sentido, ensinar as crianças que "faltar aulas não dá nada" é super prejudicial para a formação dos pequenos como um todo.

Se você quiser ver as nossas dicas para ajudar seu pequeno viajante a aprender com as viagens, clique aqui: 


Mas também acredito que esse aprendizado 'in loco' não afasta a necessidade e os benefícios da educação formal.

Nesses tempos de pandemia, em que pais e mães se viram forçados a virar professores improvisados de seus filhos, e esse tema tem sido uma constante nos memes que a gente recebe nos grupos de Whatsapp, várias pessoas vieram me perguntar a minha opinião sobre homeschooling - acredito que muitos leitores que só nos conhecem das redes sociais pensam que viajamos constantemente e fazemos homeschooling com o Lipe.

Eu não tenho nada contra quem tem talento para ensinar seus filhos em casa e consegue fazer isso de forma bem feita, o que é raríssimo - embora, no nosso país, isso não esteja de acordo com a Constituição, para que fique claro...

Só não entendo porque alguém haveria de QUERER fazer isso, ou achar que isso pode ser benéfico...

Quem aí sabe tanto de português, matemática, física, química, biologia, história e geografia que acredita que pode substituir com sucesso 6 professores com experiência??

Para mim, seria impossível! As continhas com vírgula já me dão nó.

Infelizmente, o troço não é para nós.

Fazer o tema de casa com o Lipe já é um certo sufoco, eu definitivamente não sei ensinar, não tenho paciência, simplesmente não funciona.

E, mais do que isso: o Lipe AMA a escola, nas férias sente muita falta dos amigos, das brincadeiras, da sala de aula, das professoras - nem sei se ele se adaptaria longe da escola, porque ele a-do-ra socializar hehe...

Homeschooling
ajudar a fazer os temas já esgota a nossa paciência kkkk...

Homeschooling
as melhores lembranças de uma das turmas e profes mais queridas!



"Ah, mas não quero que meus filhos sejam 'contaminados' pela ideologia dos professores".

Ora, além da possibilidade de você escolher uma escola que tenha uma linha ideológica que esteja de acordo com a sua ideologia ou crenças, também acho saudável que as crianças e adolescentes sejam expostos a formas de pensar diferentes das nossas - assim é o mundo, e eles terão que aprender a conviver com todas as ideologias possíveis, e escolher acreditar naquilo que acham correto.

"Ah, mas queremos fazer uma viagem de volta ao mundo de um ano com nosso filho".

Nesse caso, o "worldschooling", ou as escolas que têm ensino à distância, são a ÚNICA opção - e eu não hesitaria em topar esse 'worldschooling' por um ano se tivesse a oportunidade!

Como disse, se eu tivesse um mínimo de talento para ensinar o conteúdo didático pro Lipe, pensaria seriamente em fazer como tantas famílias que viajam o mundo fazendo homeschooling com os filhos - sigo as redes sociais e blogs de várias, sou muito fã!

A questão é que não tenho nada contra isso, e penso, seriamente - se um dia conseguir convencer o Peg - em tirar o Lipe da escola por um ano para viajar pelo mundo - tipo um ano sabático em família.

Eu não teria nenhum pudor em fazer isso: penso que seria um ano muito bem aproveitado, em que ele certamente ia adquirir mais ferramentas para a vida futura do que aprenderia na escola no mesmo período de tempo.

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, ENQUANTO esse ano sabático dos sonhos não vira realidade, o Lipe está bem matriculado em uma ótima escola regular, que ele adora, e precisa ter aproveitamento, aprovação, aprender a ser responsável, cumprir as tarefas dele...e já percebi que, faltando muitas aulas, ele passa trabalho depois, e nós ficamos nos sentindo culpados, e isso não é bom pra ninguém e não vale a pena!

Poderia ser que eu pensasse diferente se tivesse um filhinho super nerd, mega estudioso, disciplinado para estudar, que tivesse facilidade em recuperar o conteúdo perdido e não ficasse prejudicado em faltar aulas. Só que esse não é o nosso caso - o Lipe é uma criança mega normal, que tem que ser lembrada de fazer os temas todo santo dia...enfim, não é nenhum geniozinho da lâmpada. Então não dá para viajarmos no período escolar. Ponto.

Aliás, mesmo que fizéssemos um dia essa tão sonhada volta ao mundo de 1 ano, voltando deste ano sabático com certeza eu devolveria o Lipe para uma escola regular imediatamente.

Não consigo ver nenhuma vantagem em manter uma criança em casa, afastada do resto do mundo, dentro de uma bolha familiar, em homeschooling, sem que haja uma justificativa muito boa para isso, como razões médicas, por exemplo.

Além disso, acho que, se essa pandemia que estamos vivendo teve algum lado positivo - e eu sou bem do tipo 'Poliana' que tenta ver o copo sempre meio cheio - foi o de nos mostrar o valor dos professores (e trabalhadores da saúde, é claro!).

Quem não estava pedindo pelamordedeus a volta às aulas no 5° dia de #quarentena?

Quem aí não pensou, em algum momento, "como é que as professoras aguentam meu filho?"

Acho que esse isolamento forçado que vivemos nos convenceu a todos que homeschooling é exaustivo - ou não???

Homeschooling
quem não recebeu essas piadinhas em algum grupo de Whatsapp durante a #quarentena?

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"Ah, mas os métodos de ensino tradicionais não levam em consideração as individualidades de cada aluno, além dos riscos de violência e bullying nas escolas".

Pois eu penso que é um DIREITO das crianças socializar, fazer amigos, passar perrengue como todos nós passamos na escola - e até aquele 'microbullying' - espero que vocês compreendam do que estou falando...daquilo que todos nós passávamos na escola nos anos 80, briguinhas, encheção de saco dos colegas, e tudo aquilo que nos prepara para o mundo, para o ambiente de trabalho aguerrido e combativo no futuro, e nos torna mais fortes. Não sei se consegui me fazer entender...

Isso tudo faz parte da "educação", não no sentido formal da palavra, mas no sentido de aprender a conviver, 'aturar' outras pessoas e opiniões diferentes, socializar...

Acho que a falta de interação com outras crianças da mesma idade só contribui para deixar a criança mais tímida e antissocial.

Sem falar que as melhores lembranças da minha infância são da escola - as gincanas, as feiras de ciências, os jogos de caçador no recreio, as empadas do bar, as apresentações de teatro...e até as vezes que íamos parar na sala do diretor 😜

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as apresentações de fim de ano...

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a primeira viagem com a turma da escola...

Quero transcrever para vocês um trecho de um texto ótimo sobre homeschooling do professor Paulo Modesto:

"A escola é um espaço de aprendizado, de coexistência com o outro, de hétero e autorreconhecimento e, sobretudo, de equalização de diferenças. O ensino domiciliar promove o enclausuramento do educando e o torna vulnerável a discursos homogêneos, estritamente vinculados à ideologia dos pais ou de grupos em que estes estejam inseridos (igreja, partido, sindicato), sem participação plural ou o contraditório de outra instância crítica. Há perda da vivência comum ou coletiva, enfraquecimento do sentido de horizonte comum e de cidadania. Corre-se o risco até de criação de sistemas informais de ensino dominados por igrejas sectárias, sindicatos e partidos. Temores exagerados? Talvez.

Nesta passagem, recordo a advertência sempre atual de Hannah Arendt, em A Condição Humana, sobre a importância de esfera pública:

É em relação a esta múltipla importância da esfera pública que o termo ‘privado’, em sua acepção original de ‘privação’, tem significado. Para o indivíduo, viver uma vida inteiramente privada significa, acima de tudo, ser destituído de coisas essenciais à vida verdadeiramente humana: ser privado da realidade que advém do fato de ser visto e ouvido por outros, privado de uma relação ‘objetiva’ com eles decorrente do fato de ligar-se e separar-se deles mediante um mundo comum de coisas, e privado da possibilidade de realizar algo mais permanente que a própria vida.

Educação escolar não é apenas ensino formal, mas experiência formativa ampla (...). 

A generalização do direito à opção pelo ensino no recesso do lar parece um excesso em nosso país, além de experiência que compromete as 3 finalidades constitucionais da educação, enunciadas no artigo 205 da Constituição: o pleno desenvolvimento como pessoa do educando; o seu preparo para o exercício da cidadania; e a qualificação do educando para o trabalho.

A primeira finalidade - seu pleno desenvolvimento como pessoa - pressupõe seu amadurecimento como indivíduo em interação social

A segunda - o seu preparo para o exercício da cidadania - convoca o educando a reconhecer e valorizar o pluralismo ético, racial, religioso, sexual e ideológico

A terceira - qualificação do educando para o trabalho - no mundo contemporâneo, reclama do educando o desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe, formatado no diálogo de talentos e capacidades. São resultados do processo formativo difíceis de alcançar na escola e quase inviáveis na segregação do lar, sem contato próximo com os da mesma geração em processo educacional compartilhado."

Homeschooling
meu tipo de homeschooling na quarentena! hehehehe...

Enfim...com o Lipe, homeschooling jamais funcionaria, a uma, porque reconheço minha total incompetência para ensinar conteúdo didático, falta de paciência e tal; e, a duas, porque ele AMA ir para a escola - é lá que tem amigos, brinca, aprende a dividir, a brigar...afinal, até aprender a brigar é na escola que se aprende, não é?? 😂

Já escrevi sobre isso antes, mas acho que não custa repetir: hoje em dia, a gente vê tanta criança de 4 ou 5 anos lendo e escrevendo...eu fico chocada com isso. Têm a letra linda, mas não sabem subir numa árvore. Conhecem todo o alfabeto, mas nunca tomaram um banho de mangueira, não conseguem pintar com o dedo ou recortar. Escrevem o nome inteiro, mas não conseguem pular num pé só. 

Batem nos amiguinhos porque não sabem argumentar, choram por qualquer motivo porque não aprenderam a questionar, não sabem dividir os brinquedos, não demonstram autoestima e muito menos solidariedade. 

Educação é muito mais do que aquilo que se aprende na escola. E os pais têm que fazer a sua parte em casa, e deixar a escola fazer a parte dela. 

Além disso, acredito que a gente não deve apressar os pequenos. Precisamos, sim, educá-los para o mundo. 

Acredito que a escola deve ficar a cargo da educação formal, e o nosso "homeschooling" - a educação domiciliar - deve ser esse outro aprendizado, de valores e de formação de caráter, que vai muito além do albafeto e dos números, e que é tão necessário para a vida adulta. 

Ensinar não é fácil - ao contrário: tentar educar uma criança é a coisa mais difícil que eu faço diariamente. 

Acredito que os pais devem ensinar os filhos a ter jogo de cintura e empatia, a ser flexíveis, abertos, seguros, corajosos, atrevidos (no bom sentido), tolerantes, criativos, autoconfiantes, pacientes, livres de preconceitos e conscientes do mundo à volta deles.  

Ufaaaaa...

Já é muita coisa que a gente tem que ensinar em casa, para ainda querermos nos aventurar no mundo da matemática e das ciências!!! Vamos deixar isso para os profissionais! 😭

Crianças precisam também aprender a lidar com imprevistos, com o medo, com filas, a desenvolver o instinto de sobrevivência e a viver com menos do que pensavam ser necessário. E nisso as viagens em família podem ser nossas maiores aliadas. 

São habilidades que os pequenos ganham para a vida toda, e que certamente serão muito úteis no futuro. 

Mas, na minha opinião, devemos deixar a educação formal para quem sabe. Me perdoem os defensores do homeschooling, mas escola é fundamental 😰

Agora é a sua vez: o que você pensa de homeschooling? Como concilia as viagens da família com a escola das crianças? É flexível ou não quer nem ouvir falar em perder aulas para viajar? Você percebe o aprendizado do seu filho durante as viagens da família? Queremos saber! Dê a sua opinião!

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crianças em homeschooling nunca terão a experiência de participar de uma feira de ciências...

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ou de uma apresentação teatral 😭

Homeschooling durante a pandemia

A minha intenção, neste post, era escrever sobre homeschooling por opção, aquele ensino domiciliar que é feito por escolha de algumas famílias, e não sobre este homeschooling que estamos sendo obrigados a fazer, meio contra vontade, para ajudar os nossos filhos nesse período de confinamento pelo qual estamos passando.

Mas, justamente por estarmos todos submetidos a esta quarentena, é difícil escapar deste assunto justamente nesse momento.

Então, depois de ter que estudar hoje à tarde para descobrir o que é um maldito 'sintagma' e poder ajudar o Lipe nas atividades da escola, li esse texto, que me fez muito bem, e por isso compartilho aqui com vocês!!!

Para tudo, gente. Hoje é sexta-feira, aproximadamente 10 dias de isolamento social. Não está nada bem a relação famílias-escolas-estudantes com as atividades on-line. As crianças e os adolescentes não estão dando conta. O que não pode acontecer agora é o agravamento do sofrimento emocional de todos.

A PRIORIDADE AGORA DEVE SER GARANTIR O BOM CLIMA FAMILIAR, POIS NÃO TEMOS COMO PREVER QUANTO TEMPO MAIS DE ISOLAMENTO TEREMOS E COMO VIVEREMOS A TRISTEZA PELAS FUTURAS E CERTAS MORTES QUE OCORRERÃO.

Então, para REFLETIR:

- Estamos numa PANDEMIA. Não é vida normal, não dá simplesmente para transpor a aprendizagem para dentro de casa. Por vários motivos, isso é irreal.

- O vínculo professor-estudante é imprescindível para a aprendizagem, sobretudo, quanto menores forem as crianças. Assim como, o ambiente de vida coletiva e convívio com os colegas.

- Cada casa tem uma rotina, um contexto, uma possibilidade de acesso à internet. Cada idade tem peculiaridades, cada criança é um universo. Não é hora de homogeneizar.

- É absolutamente diferente o envio de atividades para adolescentes do Ensino Médio e crianças do Ensino Fundamental Anos Iniciais. É difícil para todos. Mas ainda muito mais complexo para crianças em alfabetização. Não vamos tornar o aprender uma tortura. As crianças tem limites de paciência, de concentração, de engajamento em casa. Na Educação Infantil, mais ainda!!! Ações que possibilitem a garantia da continuidade dos vínculos dos pequenos com a escola, com os professores e colegas, já estão de bom tamanho.

- As crianças e os adolescentes também estão em sofrimento. Se para alguns as atividades serão úteis e desejadas para ocupar o tempo, para outros, serão insuportáveis. E tudo bem! Pais, não pirem cobrando excessivamente os filhos. A rotina precisa flexibilizar e se transformar. NÃO ALIMENTEM A ANSIEDADE NOS GRUPOS DE WHATSAPP!!!

- Mais do que nunca, é o momento de fazermos valer a EDUCAÇÃO INTEGRAL. O que precisamos fortalecer é o senso de COMUNIDADE EDUCATIVA. O conteudismo vai enlouquecer a todos.

- Pai e mãe devem continuar sendo pai e mãe. Não são professores, não substituem os professores. Não está rolando as atividades em casa? Estão brigando? Forçando? Para. Para tudo. Esquece as atividades da escola. Respeita o tempo e o contexto da tua família, escutem-se, conversem, conectem-se.

- O que acontecerá? As crianças perderão o ano? Não sei. Ninguém sabe. O que sabemos é do presente. E o presente diz: precisamos cuidar uns dos outros. NADA É MAIS IMPORTANTE DO QUE ISSO AGORA. Esta é a oportunidade de aprendizagem pra vida mais significativa de todas.

Sem saúde mental ninguém aprende. Sem desejo ninguém aprende. Não vamos matar o desejo das crianças pelo aprender e a escola, em razão da ansiedade dos adultos. Entendo que, frente ao medo, o ativismo e a cobrança acabam sendo o recurso expressivo. Mas é nefasto.

Vamos usar o final de semana para parar, olhar a situação com certo afastamento e nos perguntarmos, famílias e escolas: a serviço do que estamos a enlouquecer as crianças e os adolescentes?"

Texto da psicóloga Bianca Sordi Stock

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E, por fim, depois de hoje ter também descoberto que Plutão não é mais um planeta (há 12 anos!!), segue mais um texto que ajuda a nos sentir 'menos mal':

Quando as aulas voltarem eu não quero que tenha “aula”.

Tenho recebido e compartilhado vários “memes” que falam da incompatibilidade do homeoffice com o homescholling. São várias as mães, eu entre elas, conhecidas e amigas, assoberbadas com o isolamento social tendo que dar conta das compras, comida dentro de casa, demandas do trabalho remoto, lidar com as notícias diárias de infectados e mortos e, ser tutora EAD dos filhos.

Ninguém estava preparado para a educação domiciliar: nem escolas, nem crianças, nem famílias. As escolas não são mágicas para tirarem das cartolas aulas e atividades EAD para todos os anos em todas as disciplinas. As mães não são professoras experts em todos os conteúdos de todas as disciplinas. As crianças,  também estressadas pelo isolamento, não possuem experiência com aulas EAD e não compreendem que estar em casa não significa férias.

Óbvio que tem muita gente irritada, ansiosa, frustrada com a sua “incompetência pedagógica” questionando como os conteúdos serão recuperados, discutindo a necessidade de turnos inversos para dar conta do que está “atrasado”, enviando e-mails e telefonemas para as escolas perguntando quais serão as estratégias de “recuperação”. 

A instituição onde trabalho prorrogou por mais duas semanas o isolamento. As crianças voltarão para as escolas dia 5? Dúvida no ar, talvez tenhamos mais tempo de crianças em casa.

Ontem, quando li um monte de mensagens angustiadas sobre as aulas EAD e o que e como deve ser recuperado fiquei pensando o que é “atrasado” no currículo de crianças que estão fazendo 10 anos, que estão no 4º ano do Ensino Fundamental. O que é conteúdo “atrasado” em qualquer segmento escolar?

O que eu espero, quando as crianças voltem para as escolas, é que tenha uma semana “sem aula”, que elas fiquem correndo e gritando nos pátios como os hamsters do capiroto até perderem a voz! 

Que as escolas mandem na agenda o seguinte bilhete: venham com roupa que possa ser rasgada, para que elas possam ralar os joelhos e cotovelos de tanto rolar na terra; que comam tatu-bolinha; que tomem banho de mangueira e muito, muito sol; que façam penteados malucos; que dancem muito e joguem bola até caírem exaustas no chão.

Depois disso, gostaria que as escolas refletissem com as crianças o que significou essa experiência para elas, para as famílias. Que falem sobre resiliência, enfrentamento de frustrações, sobre solidariedade. Temos que levar alguma lição do que estamos vivendo, temos que fortalecer nossas relações como famílias e como sociedade. As escolas PRECISAM falar sobre a necropolítica, que resolve quem vale à pena viver ou morrer. Não quero ver crianças confinadas, novamente, nas escolas em turno inverso para “recuperar” locuções adverbiais. Se é que elas terão que ficar no turno inverso, é para que aprendam a ser mais humanas, menos egoístas, mais sensíveis. Em vinte e poucos anos serão os amiguinhos ranhentos do meu filho que poderão estar  “selecionando” os com mais de 80 anos para serem mortos, eu estarei na fila.

Uma psicóloga conhecida comentou que ninguém imagina o impacto que essa pandemia terá, em longo prazo, nas subjetividades das crianças e jovens que a estão enfrentando. Que a gente possa, agora, pensar nesses efeitos e repensar o papel da escola na volta às aulas...nesse momento, acredito, é mais importante preocupar-se com a saúde mental das crianças e jovens do que com o conteúdo a ser “vencido”. Abraços virtuais e que sigamos nos apoiando mutuamente, Tatiana.

Texto de Tatiana Lebedeff


Vocês acompanharam aqui no blog a nossa série de vídeos Causos do FPV pelo mundo?

São pequenos vídeos com som original, pouca edição e poucos cortes, em que mostramos alguns "causos" que vivemos nas nossas viagens mundo afora com o Lipinho. 

Muito do que ele aprendeu viajando pelo mundo conosco está nesses vídeos 😏

No Episódio #1 vocês acompanharam um trechinho da nossa viagem pela Ferrovia Transmongoliana, quando experimentamos o famoso peixe típico do Lago Baikal, o omul. 

No Episódio #2 visitamos Borobudur, e vocês viram que não é fácil distrair um pequeno viajante numa visita a um templo.

No Episódio #3 fomos almoçar com os monges budistas num monastério de Mianmar

No Episódio #4 acampamos num ger no interior da Mongólia, onde passamos 2 dias incríveis com uma família mongoliana. 

No Episódio #5 fizemos free camping em pleno Monument Valley - pense acampar no Faroeste!

No Episódio #6 passeamos de carroça pelos maravilhosos templos de Bagan, em Mianmar, com um pequeno viajante de 2 aninhos recém completados a tiracolo.

No Episódio #7 subimos até o templo nepalês de Swayambhunath, na capital Kathmandu (que foi destruído pelo terremoto de abril de 2015), onde o Lipe conheceu as rodas e bandeirinhas de orações e teve contato direto com a essência do Nepal.

No Episódio #8 desbravamos o Wat Arun, um templo budista maravilhoso em Bangkok, na Tailândia, com um pequeno viajante incansável.

No Episódio #9, descobrimos os dois maiores cartões postais de Beijing, a capital chinesa - uma cidade cheia de highlights: a Grande Muralha e a Cidade Proibida.


Clique nos links abaixo para ler mais reflexões sobre viagens e crianças:



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Claudia Rodrigues Pegoraro

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