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Trekking Everest Base Camp: como contratar um carregador para fazer a trilha por conta própria

Como contratar um carregador/Sherpa para fazer a trilha ao Everest Base Camp por conta própria

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Como contratar um carregador para fazer a trilha ao Everest Base Camp por conta própria
Pra mim, essa é a principal dica que posso dar para quem quer fazer trilhas no Nepal por conta própria, como nós fizemos. 

Depois que fiz o Caminho de Caravaggio carregando minha mochila de 7/8Kg, até me empolguei achando que poderia fazer a trilha ao Everest Base Camp também carregando minha mochila - ainda bem que fui sensata e não me abracei na empolgação: hoje tenho certeza que não teria dado certo, e talvez essa ideia maluca tivesse roubado a nossa chance de sucesso no Everest. 

Primeiro, porque é difícil fazer a trilha até o acampamento-base do Everest com apenas 7Kg - a gente precisa de muita coisa (a mais que Caravaggio, por exemplo), como saco de dormir para temperaturas negativas (bem pesado), liner pro saco, roupas de neve, toalha, equipamentos fotográficos, lanches, etc. 

Nosso duffel bag (para 2 pessoas) ficou com 20Kg - o máximo que devemos dar para os porters carregarem, sendo mais ou menos 10Kg de cada um de nós, e ainda levávamos nossas daypacks (mochilas de ataque) com uns 6Kg ou mais (a minha, incluindo água e comida; a do Peg pesava mais, em torno de 8Kg), ou seja, se eu fosse carregar todo o peso do meu conforto e dos meus medos, seriam uns 16Kg na trilha até o Everest Base Camp!!! 

Inimaginável! 

E não se iluda muito achando que dá pra fazer a trilha até o acampamento-base do Everest com muito menos do que isso, porque é realmente difícil economizar no peso da mochila quando você precisa necessariamente levar roupas para uns 12/13 dias e as temperaturas variam de 17 a -17°C...precisa levar várias camadas, impermeáveis, buff, touca, luvas, etc. 

O checklist completo está aqui: Trekking Everest Base Camp: o que levar na mochila

Veja também: 


Resenhas sobre os hotéis onde nos hospedamos em Kathmandu:


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a mochila que parece ok na sala da sua casa parecerá um peso-morto no Himalaia

Também achei importante levar um tênis extra, caso o meu tênis 'principal' molhasse muito - no final, muita coisa voltou sem uso, porque tivemos uma sorte absurda com o clima, como vocês viram, e nem nevasca não pegamos, mas não tem como prever isso. 

Além disso, não se trata apenas de carregar 15Kg nas costas, e sim de carregar 15Kg a 4 ou 5 mil metros de altitude! Se foi difícil carregar 8Kg na Serra Gaúcha, no Himalaia certamente teria sido impossível carregar 15Kg!!

E a verdade é que vimos alguns vídeos no YouTube de gringos que fizeram a trilha carregando suas próprias mochilas, mas, lá na trilha, prestamos muita atenção nisso, e posso afirmar que 97% dos turistas com quem cruzamos estavam apenas com daypacks/mochilas de ataque. Apenas uns 3% - uns caras de 1,90m super fortes, com cara de alpinistas pelas botas que usavam - carregavam seus próprios mochilões!

Acho realmente muito, muito difícil ter sucesso nessa empreitada carregando um mochilão na altitude, e não recomendo: pra quê passar um trabalho horrível nas suas férias, sentir dor, ficar mal, e ainda arriscar as suas chances de sucesso na trilha, quando você pode dar trabalho para uma pessoa que realmente precisa desse trabalho!? Eu e o Peg chegamos a cogitar ir sem 'porter' (carregador), e teria sido uma burrice absurda. 

Então o 1° ponto é justamente esse: contrate um carregador, sem dúvida. 

Falaremos sobre como fazer isso, e tudo o que envolve a questão dos carregadores na trilha ao acampamento-base do Everest neste post 😅

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os verdadeiros heróis do Himalaia, aqueles sem os quais nada acontece, sem os quais não haveria vida nessas montanhas 👏

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tá achando que a tua vida tá difícil?

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os carregadores do Himalaia parecem ter 3 pulmões!

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as mulheres também carregam cargas imensas pelas trilhas do Himalaia

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atualizando as definições de "vida dura", dia após dia

A decisão de contratar um carregador no Trekking ao Everest

"Ah, mas eu ia me sentir muito mal de ver o porter carregando o peso do meu conforto..."

Sim, não nego, nós também nos sentimos mal no começo, especialmente no 1° dia. Nós 2, super fortes e bem nutridos, carregando apenas nossas mochilas de ataque, e terceirizando uns 20Kg da nossa bagagem para o carregador, que tinha menos de 1,50m e era magrinho de doer, como são todos os Sherpas e Rais. 
A gente se sente bem mal com essa situação no início, sim. 
Mas, pra "amenizar" esse desconforto, tem que racionalizar 2 coisas:

1° esse é o TRABALHO deles, o único que eles têm! 

Nesses 2 anos de pandemia, eles ficaram praticamente sem trabalho, um horror! 

Se a gente ficar com essa "frescura" de não querer terceirizar o peso das mochilas, com esse 'drama' de gente privilegiada, quem sofre são eles. 
Enquanto nós ficamos com papinho de peso na consciência, são eles que ficam sem trabalho, sem fonte de sobrevivência, sem recursos para alimentar as famílias. 
Algumas pessoas me dizem "ah, mas eu não teriam coragem..."

Minha resposta a esses comentários é sempre a mesma: bom, então vais ficar sem coragem, sem trilha e sem ajudar ninguém com esse drama todo de consciência...

Eles não falam assim tão diretamente - essa sou eu, que sou bemmm mais direta, traduzindo (eles são mais contidos e bem educados que eu!), mas isso é exatamente o que eles pensam sobre nós, turistas: deixem de frescura e nos deem trabalho!

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no Himalaia não existem rodas - TODOS carregam cargas enormes, crianças, mulheres e idosos inclusive

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contrate um carregador, sem dúvida!

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dê trabalho a um carregador, respeite o limite de 20Kg de carga e seja feliz na trilha!

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carregadores no Trekking ao Everest Base Camp

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carregadores nas ruas de Namche Bazar, a capital Sherpa

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Sherpa no caminho para o Ama Dablam Base Camp

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esse senhor é um dos Sherpas carregadores mais conhecidos do Himalaia - abaixo eu conto mais da história dele

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um típico carregador do Himalaia, com seu cesto de palha, bengalinha e tira na testa - e uma típica turista fotografando tudo ali atrás!

Respeite o limite de 20Kg

E o 2° ponto é o seguinte: para amenizar esse peso na consciência, a melhor solução é simplesmente respeitar o limite de 20Kg na duffel bag que você vai entregar pro seu porter carregar. 

Eu realmente não sei se existe uma regra escrita em algum lugar sobre esse limite de peso, não sei de onde saiu esse limite de 20Kg...se é uma regra do parque nacional, uma lei trabalhista nepalesa, se é imposição de um "sindicato" de porters, se é uma convenção entre as agências de viagem...o fato é que sempre li que há essa regra de que o porter carrega a bagagem de 2 turistas - 10Kg de cada um - totalizando no máximo 20Kg, e isso é o que é justo e certo. 
Não peça pro seu porter carregar mais do que 20Kg, não é justo, não é certo e, aí sim, você terá boas razões pra ficar com a consciência pesada! 🤬
Aliás, você vai poder despachar no avião exatamente os mesmos 10Kg de bagagem que o seu carregador vai carregar para você ao longo da trilha ao Everest Base Camp no duffel bag. 

Já expliquei mais sobre isso tudo aqui: Trekking Everest Base Camp: o que levar na mochila

Vocês verão que existem porters que carregam cargas absurdas na trilha. Coisas inimagináveis. Vimos um Sherpa carregando mais de 100Kg, algo em torno de 2x o próprio peso. 

Era quase inacreditável o que nós víamos lá nas trilhas, todos os dias! 

Então sim, é muito fácil burlar essa regra dos 20Kg. Especialmente se você vai por conta própria, se contratar um carregador particular e não tiver sequer uma agência para checar o peso da sua duffel bag. Se você entregar uma mochila com 25Kg ao seu porter, ele vai carregar. Eles não andam com a "cartilha do sindicato" debaixo do braço, não é do feitio deles. 
Não se provaleça, não seja essa pessoa.
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vimos Sherpas carregando mais de 100Kg, algo em torno de 2x o próprio peso

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os Sherpas carregam muito material de construção também

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Sherpa carregando caixas de alimentos entre Lukla e Namche Bazar

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algumas cargas são enormes...imagina se o carregador perde o equilíbrio!?

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parada para descanso no meio da trilha

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Como contratar um carregador para fazer a Trilha do Everest

Como já expliquei, portanto, a decisão mais importante que você tem que tomar ao decidir caminhar por conta própria até o Everest Base Camp é contratar um carregador. 

Mas COMO fazer isso? 

Essa foi a coisa mais difícil de descobrir nas minhas pesquisas! 

Perguntei para DIVERSAS pessoas que tinham ido e contratado carregadores e ninguém soube me dar um contato sequer de um porter!! 

As pessoas tinham os contatos dos GUIAS que contrataram, mas não dos porters! 

A maioria dos turistas contrata o combo guia + porter. Ou então contratam através de agências de Kathmandu - o que eu não queria fazer, porque eu queria que o meu $$ ficasse direto com o carregador, e não com uma agência intermediária...

Se você contrata uma agência, obviamente eles cobram a comissão deles, então, ao invés de pagar U$ 15/dia diretamente ao porter, você paga a agência, que tirará a sua comissão e entregará bem menos que isso ao porter 😬

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Bipin, o carregador que nós contratamos

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alguns turistas realmente se passam nas cargas que entregam aos carregadores

Estávamos decididos a contratar o carregador pessoalmente, e várias pessoas me disseram que seria só chegar ali no Aeroporto de Lukla que a gente encontraria vários carregadores no desembarque se acotovelando e oferecendo os seus serviços ali mesmo. Aí você pode escolher qualquer um deles e negociar.

O problema que nós víamos nessa estratégia é que queríamos um carregador que falasse pelo menos um pouquinho de inglês e que tivesse WhatsApp, de modo a que a gente pudesse se comunicar e combinar nossos encontros e paradas ao longo da trilha, já que NÃO queríamos um guia, alguém que caminhasse conosco o tempo todo - os serviços de guia e de porter/carregador são bem diferentes.

Queríamos alguém que fosse na nossa frente e que reservasse quartos nas 'teahouses' (casas de chá que servem como hospedarias ao longo da Trilha ao Everest Base Camp) para nós, para não ter perigo de ficarmos sem hospedagem. Mas, como nunca sabíamos exatamente onde dormiríamos na trilha, pois íamos decidindo isso ao longo do caminho, de acordo com o nosso estado físico e com o tempo que tínhamos, precisávamos de alguém com quem pudéssemos ir nos comunicando via WhatsApp ao longo da trilha e combinando "Bipin, decidimos ficar em Benkar, nos espera aí".

E várias pessoas me deram contatos dos seus guias, mas nunca de um carregador que falasse um pouco de inglês E que tivesse WhatsApp. 
Parecia impossível reunir esses 2 pré-requisitos num carregador, e eu já estava ficando estressada de deixar pra resolver isso na última hora, justamente no momento de começar a trilha!😳
Além disso, havia muitas dúvidas se realmente haveria carregadores disponíveis no Aeroporto de Lukla na nossa chegada, já que, com a pandemia, a demanda pelos serviços deles simplesmente desapareceu, e haviam me dito que não estava tão fácil assim encontrar um porter "sobrando" no aeroporto.

Então, antes de viajarmos, essa era a nossa maior dúvida: de onde a gente ia desencavar nosso porter dos sonhos, um cara gente boa, que ia ficar 2 semanas nos acompanhando direto e convivendo conosco, que falasse um pouquinho de inglês, tivesse WhatsApp e entendesse que o que nós queríamos dele era que fosse na frente com nossa bagagem e conseguisse um quarto pra nós??

Como sempre, decidimos deixar essa preocupação para resolver durante a viagem, já que parecia praticamente impossível contratar nosso carregador dos sonhos com antecedência.

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o Bipin foi conosco até o Everest Base Camp!

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note como a maioria dos carregadores usa a tira no alto da cabeça e cordas para amarrar e equilibrar as suas cargas

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os carregadores levam comidas, bebidas, material de construção, bagagens dos turistas e tudo o mais que é necessário para sobreviver nas montanhas do Himalaia

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Quanto custa contratar carregador para o Trekking ao Everest

Já em Kathmandu, conversando com o proprietário do hotel Flying Yak, onde nos hospedamos na nossa 1ª passagem pela capital nepalesa, ele insistiu que tinha um amigo carregador que reunia essas qualidades que queríamos e que poderia nos indicar, e ainda faria o seguro dele, assim, caso o carregador tivesse qualquer problema na trilha, ele estaria coberto por um seguro também!

Ficamos em dúvida porque queríamos pagar diretamente ao porter e, fazendo desse jeito, teríamos que entregar os U$ ao carinha de Kathmandu para ele fazer o tal seguro e ele repassaria o restante do $$$ ao carregador...mas acabamos decidindo fazer isso, já que estávamos receosos de não conseguir contratar um carregador que falasse inglês em Lukla.

Assim, pagamos 12 dias x U$ 15 por dia = U$ 180 + U$ 40 do seguro dele, totalizando U$ 220 por 12 dias, o que ficou em U$ 18,33 por dia para nós. 

O normal é pagar 50% do valor combinado no 1° dia de trilha e os outros 50% no final.

No final, nós pagamos mais 2 dias de U$ 15 direto pra ele (já que ele ficou conosco 14 dias no total) e demos pra ele 13.000 rúpias de gorjeta, o que dava um pouco mais de U$ 110.

O Santos, do hotel de Kathmandu, prometeu que repassaria 100% do $$ que pagamos ao carregador, que era amigo dele e tal, e acho que repassou mesmo, no fim das contas.

Então agora você já sabe: o serviço de porter custa U$ 15 por dia de trilha, e o seguro do porter custa U$ 40, mas você tem que ir preparado para pagar uma gorjeta no final de, pelo menos, U$ 100.

Mas ainda tenho que contar pra vocês como foi o encontro com o Bipin, nosso carregador, em Lukla, e como funciona a questão da hospedagem e da alimentação dos porters. Fiquem por aí que vou explicando tudo a seguir 💪

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contratar o Bipin foi nosso melhor investimento em 2021!

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alguns carregadores colocam as mochilas dos clientes dentro dos seus próprios cestos de palha!

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cuida a Coca-Cola amarrada ali do lado!

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Sherpa a caminho do Ama Dablam Base Camp

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Como foi nosso encontro com o carregador em Lukla

Decidido que contrataríamos o tal carregador amigo do cara de Kathmandu e tudo acertado, combinamos que ele nos encontraria no Aeroporto de Lukla, quando desembarcássemos do avião. 

Só que, quando íamos embarcar no voo, o Santos, do hotel de Kathmandu, nos avisou via WhatsApp que nosso carregador, Bipin Rai, "não chegaria em Lukla a tempo de nos encontrar no aeroporto", que a gente fosse para uma 'teahouse' em Lukla, e avisássemos aonde estaríamos, que ele nos encontraria lá aí pelas 8hs. 

Aí eu perguntei: "Como assim que ele não vai chegar em Lukla a tempo de nos encontrar? Ele já não está em Lukla??"

E aí a resposta veio como uma bomba caindo por cima de nós: "Não, ele está vindo do povoado dele para acompanhar vocês, e o povoado dele fica a 16hs de caminhada de Lukla; ele caminhou toda a noite pra chegar em Lukla as 8hs, a tempo de acompanhar vocês!"

Juro, quando o cara me disse isso, eu queria matar ele e depois morrer! 

Como assim que a pobre criatura ia caminhar 16hs seguidas, a madrugada inteira, para nos encontrar em Lukla as 8hs da manhã e passar o dia inteiro carregando a nossa duffel bag de 20Kg!? 

Eu queria MATAR o tal Santos! Como que ele não nos disse isso, eu nunca teria aceitado!

Bom, a essas alturas, o pobre Bipin já tinha caminhado umas 14hs desde o dia anterior para nos encontrar em Lukla, e obviamente não poderíamos dar pra trás. Se a pessoa se dispõe a fazer uma coisa nesse nível de absurdo, é porque realmente precisa do trabalho; como negaríamos o trabalho pra ele??

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imagina nosso susto quando finalmente entendemos como as coisas funcionam por lá!?

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mas o Bipin já tinha feito dessas peripécias várias vezes antes, e chegou muito mais inteiro do que nós em Benkar

Chegando em Lukla, depois de uma aterrisagem de cinema no aeroporto "mais perigoso do mundo", fomos para a Shangri-La Guest House, que fica situada bem na cabeceira da pista do aeroporto, e ficamos lá nos divertindo com as aterrisagens que se seguiram à nossa e tomando nossos primeiros hot lemons (um chá quente de limão que é só o que a gente tomava lá), enquanto esperávamos pelo tal Bipin!

Conversando com o pessoal da pousada, eles nos disseram que uma pessoa "normal" levaria em torno de 4 dias para fazer esse trajeto que o Bipin faria em 16hs, durante a madrugada inteira, para nos encontrar! Ficamos mais arrasados ainda!!
Mas também nos explicaram que tudo isso é normal; que a maioria dos carregadores não vive em Lukla: quando são contratados, eles vêm para Lukla na véspera e encontram os clientes; que é normal um porter viver a 16hs de distância de Lukla e vir até Lukla encontrar clientes 👀
E, no final, descobrimos que isso é tão comum que o próprio Bipin já tinha feito isso 6 vezes - essa foi a 7ª vez que ele fez essa mesma trilha ao Everest Base Camp com clientes!

Mesmo sabendo que isso tudo é supostamente normal, não deixa de ser sobrehumano, e passamos todo o dia um pouco preocupados com a possível exaustão do Bipin, o que se mostrou bobagem nossa, pois ele chegou muito mais inteiro do que nós em Benkar naquela 1ª noite no Himalaia!

Vale esclarecer que, no Himalaia, eles não falam em termos de quilômetros, e sim em horas

Você até vê placas dizendo que são X Km de distância entre Lukla e Namche, por exemplo; mas os guias e carregadores nunca te dizem quantos Km faltam para chegar em tal lugar, e sim quantas HORAS faltam; e as placas sempre informam que são X HORAS de distância entre um ponto e outro. 

Assim, não temos nem ideia da distância em Km do povoado onde o Bipin vive até Lukla, mesmo porque não existe transporte com RODAS para ir de um ponto a outro, então o único jeito é ir caminhando, e a distância é medida muito mais frequentemente em horas do que em quilômetros.

no Himalaia, a distância é medida muito mais frequentemente em horas do que em quilômetros

Cuidados que você deve ter com o seu carregador

Quando o Bipin finalmente chegou na Shangri-La Guest House em Lukla, fizemos ele sentar e tomar um chá - ele parecia desnorteado de tão cansado e nervoso pela correria para chegar lá e nos encontrar. Quando nos viu, ficou super feliz ☺

Trocamos números de WhatsApp - era assim que nos comunicaríamos nas semanas seguintes, pois ele não tinha dados móveis, mas sempre encontrava um sinal de wifi para nos mandar mensagens - conversamos, combinamos um pouco como seria nosso roteiro nas próximas 2 semanas, o que esperávamos dele e ele de nós, etc.

É importante, quando você contrata um arregador, ver se ele está bem vestido, se tem um casaco grosso o suficiente pro frio, bons tênis, óculos de sol, luvas...perceba que você se torna o "empregador", e você não quer serr responsável por uma pessoa que não tem sequer as roupas e calçados adequados para se embrenhar no Himalaia!

O mesmo com relação a remédios e lanchinhos: lembre que os remédios que você levar pra você também servirão para o seu porter - embora o Bipin se recusasse veementemente a tomar remédios kkkk...quando ele teve dor de cabeça, não houve jeito de aceitar o Tylenol que eu dei - ele dizia que não queria se "viciar", ficar "dependente" de remédios 😳

A única coisa que ele nunca recusou foi chocolate! E isso é importante: você precisa levar chocolates e lanches em quantidade suficiente para convidar o seu porter. 

Embora ele não esteja sempre grudado em você - o Bipin sumia na nossa frente e só víamos ele lá de vez em quando na trilha - quando ele estiver junto, você não vai comer os seus lanchinhos e não oferecer, né? 

Então, quando for comprar as suas barras de proteínas e chocolates para levar na Trilha ao Everest Base Camp, lembre de levar o suficiente para eventualmente convidar o seu porter também!

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o Bipin tinha um ótimo casaco, gorro, buff, óculos de sol, calças de trekking e tênis adequados

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mas alguns carregadores andavam de chinelos!

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alguns carregadores usavam calçados definitivamente inadequados para enfrentar as trilhas do Himalaia

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Diferenças entre guias X carregadores e 'porter guides'

As trilhas no Himalaia não são muito bem sinalizadas, mas também não são tantas assim, a ponto de você se perder. Quando há uma bifurcação, há uma placa. Mas, em alguns trechos, não nego, era bem difícil saber qual caminho seguir, pois, mais perto do acampamento-base, as trilhas simplesmente sumiam!

E o pior: alguns dos trechos mais chatinhos de encontrar o caminho são justamente nos dias de aclimatação ou no dia de ida ao Everest Base Camp, quando, teoricamente, o seu carregador não vai estar junto de você.

Explico melhor: os carregadores trabalham carregando a sua bagagem. Em dia de aclimatação, você permanece na mesma hospedagem, não precisa carregar a bagagem de um alojamento a outro, e esses são, portanto, os dias de descanso dos carregadores. 
Lembre que o carregador não é seu guia, ele não é pago para te guiar, mas apenas para carregar (no máximo) 20Kg da sua bagagem!!
Aliás, os serviços de guia são mais caros do que os serviços de carregador - embora o esforço deles seja bem menor. Pelo que me informei, os guias cobram entre U$ 20 e U$ 25 por dia, enquanto os carregadores ganham U$ 15 por dia. 

É a antiga questão do trabalho braçal sendo mais mal remunerado do que o trabalho intelectual. 
Se você acha que precisa de um guia - não só para te guiar pelas trilhas do Himalaia, mas também, e principalmente, para resolver as coisas por você ao longo da trilha, contrate um guia - não espere esse tipo de serviço do seu carregador.  
E (já me perguntaram) é claro que esses dias em que o carregador fica "parado", nos seus dias de aclimatação, também são pagos: você paga o carregador pelo número total de dias em que ele permaneceu à sua disposição, tendo se deslocado naqueles dias ou não. 

Parece meio óbvio para mim, mas várias pessoas perguntaram, então achei que valia registrar aqui. 

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o trabalho braçal é mais mal remunerado do que o trabalho intelectual

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E esse é justamente um dos motivos pelos quais eu recomendo demais os serviços do Bipin, nosso carregador: mesmo nos dias de aclimatação, ele queria ir conosco para todo lado. 

Em Namche Bazar, tivemos que obrigar ele a ficar descansando no hotel no nosso dia de aclimatação, senão ele teria ido conosco até Khumjung e Khunde. Acho que ele se sentia 'responsável' por nós, embora ele tivesse apenas 18 anos, idade pra ser nosso filho!!

Por sorte, no dia em que saímos de Pangboche para fazer a caminhada de aclimatação até o acampamento-base do Ama Dablam, o Bipin insistiu em ir conosco, dizendo que todas as vezes em que os clientes dele tinham ido ao Ama Dablam (poucos clientes vão até lá), o tempo estava fechado e ele nunca tinha conseguido ir lá num dia de céu azul.

Como o céu não tinha uma única nuvem no dia em que fomos lá, ele insistiu que iria junto conosco (embora a gente insistisse que não precisava), e foi a nossa sorte, pois a trilha até o Ama Dablam Base Camp é bem chatinha de encontrar e seguir!

E o mesmo aconteceu no dia de irmos ao Everest Base Camp. 

Note que, como regra, você sai de Gorak Shep depois de almoçar para ir até o acampamento-base do Everest e volta para dormir em Gorak Shep, então não há a menor necessidade de o carregador fazer esse trecho da trilha, pois você não precisa carregar bagagem de um alojamento a outro neste dia. O normal é os carregadores ficarem esperando os clientes na 'teahouse' em Gorak Shep.

Mas o Bipin desembestou que queria ir conosco nesse trecho, e foi a nossa sorte de novo: se não tivéssemos seguido ele, teríamos tido dificuldades em encontrar a trilha em vários trechos, pois ela simplesmente desaparece entre pedras enormes nas 'margens' do Glaciar do Khumbu, e esse trecho do caminho ao Everest envolveu um pouquinho de 'scrambling', ou 'escalaminhada'.

É verdade. Nesse trecho de Gorak Shep ao acampamento base do Everest, o caminho não é bem demarcado, porque você está na borda da geleira, então o terreno está todo tempo mudando, tem muitos deslizamentos de terra/pedras e, por isso, a trilha vive mudando, e é muito mal demarcada.

Não é nada que seja intransponível. Quando estávamos confusos, bastaria esperar que algum outro grupo de turistas nos ultrapassasse (talvez com um guia) e poderíamos então segui-los para vermos por onde era o melhor caminho, mas, certamente, a companhia do Bipin nos ajudou muito neste dia!

Tudo isso pra dizer que:
  1. carregadores não são guias e não têm nenhuma obrigação de te guiar na trilha; 
  2. se você conseguir um carregador tipo o Bipin, que falava um pouquinho de inglês e era praticamente um 'porter-guide', considere-se tão sortudo quanto nós!
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conforme vamos nos aproximando do Everest Base Camp, a trilha vai ficando mais mal demarcada, pois ocorrem muitos deslizamentos de terra e o caminho simplesmente desaparece entre pedras enormes nas 'margens' do Glaciar do Khumbu

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às vezes encontrávamos o Bipin na trilha e, por alguns segundos, conseguíamos seguir ele hehehe...

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mas ele logo sumia numa curva

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no dia em que finalmente chegamos ao Everest Base Camp, para nossa sorte, ele desembestou que iria conosco!

Carregador não é sinônimo de Sherpa

O apelido do nosso carregador é Bipan Rai - nós que o chamávamos de 'Bipin', e o nome dele é @tirtha_raj_naxiring (assim que vocês o encontram no Instagram).

A 1ª coisa que aprendemos sobre o Bipin foi justamente que ele NÃO é um Sherpa!

Carregador no Himalaia não é sinônimo de Sherpa! 

Os Sherpas são uma das 5 etnias que vivem nas montanhas do Nepal, e a mais conhecida, mas apenas o povo que vive nas regiões de Helambu e Solu-Khumbu são verdadeiramente Sherpas.

Eles chegaram ao Himalaia há mais de 500 anos, quando imigraram do platô tibetano para a região do Solu-Khumbu no Nepal, trazendo com eles sua religiosidade (são budistas), cultura, costumes, gastronomia e tradições. Por isso, são chamados "povo do leste" (o Tibet fica a leste de onde vivem hoje). 

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uma senhora Sherpa da gema

Eles têm uma força e capacidade pulmonar absurdas e a maioria trabalha em expedições de alpinismo desde a década de 50.
Entretanto, como eu disse antes, os Sherpas são uma etnia apenas, assim como vários outros grupos étnicos que coexistem no Nepal, e existem carregadores de diversas etnias.
Os Rai, por exemplo, que é a etnia do Bipin, também são conhecidos por serem carregadores fortíssimos.

E eles sempre usam o apelido seguido do nome da etnia a que pertencem, por exemplo: Pemba Sherpa, Bipan Rai, e assim por diante!

Outro fato interessante sobre essa questão dos nomes é que os Sherpas, na sua maioria, são batizados com nomes que significam o dia da semana em que nasceram, sabia? 

Por isso encontramos tantos guias e carregadores com nomes repetidos, como Pemba ou Mingma!

Veja os nomes/dias da semana em nepalês:
  • Segunda-feira - Dawa
  • Terça-feira - Mingma
  • Quarta-feira - Lhakpa
  • Quinta-feira - Phurba
  • Sexta-feira - Pasang
  • Sábado - Pemba
  • Domingo - Nima
Daí eles se chamam, por exemplo, Pasang Sherpa - que é o dia da semana em que nasceram + a etnia a que pertencem!

E muitos ainda acrescentam o prefixo "Ang" aos seus nomes, que é como o nosso "Júnior". 

Aliás, vale esclarecer que, ao contrário do que nós pensávamos, descobrimos que os Sherpas na verdade trabalham pouco como guias ou carregadores nas trilhas do Himalaia: eles preferem focar no trabalho como carregadores com as expedições de alta montanha, que paga muito mais (e os riscos obviamente são muito maiores). 

A imensa maioria dos carregadores que você encontrará nas trilhas do Himalaia provêm das etnias Rai (a do Bipin) ou Tamang.

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carregador no Himalaia não é sinônimo de Sherpa

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os Sherpas são uma das 5 etnias que vivem nas montanhas do Nepal

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a maioria dos carregadores que você encontrará nas trilhas do Himalaia provêm das etnias Rai ou Tamang

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os Sherpas preferem trabalhar como carregadores de expedições de alta montanha, que pagam muito mais

Aliás, todas as fotos deste post são uma óbvia homenagem a esses homens e mulheres incríveis, os mais fortes que já conheci - fotografamos justamente os que mais nos impressionaram. 

Vale a pena registrar, entretanto, o quão impressionante é presenciar ao vivo do que eles são capazes! Nós ficávamos boquiabertos (e até envergonhados). 

Em momentos em que eu estava me arrastando montanha acima, no meu passinho-tartaruga, eles passavam zunindo por nós, conversando alegremente, cantando a plenos pulmões, conversando no celular enquanto carregavam cargas com o dobro do próprio peso ou até fumando!!! 

Parecia até piada conosco! 
E não é só uma questão de fôlego, de capacidade pulmonar, e sim de uma força descomunal, pois eu não conseguiria carregar o peso que aquelas mulheres carregam nem mesmo ao nível do mar!
Os carregadores do Himalaia são realmente pessoas especiais - e merecem todo respeito pelo trabalho que desempenham! Sem eles não haveria vida naquelas montanhas. Essa gente é, literalmente, a espinha dorsal do Trekking ao Everest Base Camp, praticando esse árduo trabalho dia após dia.

E, quando digo especiais, quero dizer especiais messssmo. São inclusive estudados pela ciência, que busca descobrir as razões - se é a genética, a adaptação ao meio, ou o quê - pelas quais eles são tão mais resistentes à altitude e fortes do que nós, meros mortais das terras baixas. 

Já foi inclusive comprovado, cientificamente, que o sangue dos Sherpas é quimicamente mais eficiente ao carregar oxigênio do que o sangue das pessoas que vivem nas terras baixas.   

O próprio Bipin, nosso carregador, um gurizinho de 18 anos que tinha menos de 1,50m e era seco de magrinho, era muito mais forte e resistente que o Peg - era simplesmente inacreditável! 

Nas poucas vezes em que nós tentamos acompanhar o passo dele (mesmo que apenas por alguns minutos, para filmá-lo carregando o mochilão), acabamos passando mal, com dor de cabeça e esbaforidos!

Não podemos esquecer que, por trás de todo o 'glamour' dos Himalaias, estão as pessoas que merecem a verdadeira glória. 

No Khumbu, não há nenhuma estrada disponível para que veículos com rodas possam transitar, então as únicas maneiras de transportar cargas, montanha acima ou abaixo, são helicópteros, iaques, ou nas costas dos carregadores. 

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olha o tamanhinho do Bipin, comparado à nós!

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carregando ferro

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carregando telhas, sempre com a jaqueta amarrada em cima

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uma carga gigantesca a caminho do Ama Dablam Base Camp

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as cargas das expedições de alpinistas eram sempre as mais gigantescas

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neste dia cruzamos até com um vaso sanitário portátil, a caminho do base camp do Ama Dablam!

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imagina quanto pesam essas toras de madeira maciça!?

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esse é o Ram Sherpa, homem de 66 anos que dedicou sua vida inteira a transportar alimentos entre Lukla e Namche Bazar - ele chega a carregar até 150Kg de carga nas costas, sempre fumando sua cigarrilha!

Como o carregador vai carregar a sua bagagem na Trilha do Everest

Em Nepalês, carregador é bhaaria.

Os carregadores contratados para carregar mercadorias pelas trilhas do Himalaia normalmente carregam suas cargas em cestos de palha de bamboo chamados doko.

Veja algumas fotos abaixo:

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os cestos de palha de bamboo usados pelos carregadores são chamados doko

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carregando panelas e vasos sanitários bem amarradinhos hehehe...

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as mulheres usam os mesmos cestos de palha para carregar suas cargas

Mas os porters contratados por trekkers para carregar suas bagagens normalmente carregam as próprias duffel bags que os turistas lhes entregam, sempre com algum tipo de adaptação, pois eles preferem colocar uma tira na testa e fazer a força ali, ao invés de apenas colocar as alças das duffel bags nos ombros! 

Essas tiras, que eles usam para sustentar a carga na testa, são chamadas naamlo.

Tirei muitas e muitas fotos:

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as tiras que os carregadores usam para sustentar as cargas no alto da cabeça são chamadas naamlo

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Alguns carregadores ainda usam uma típica bengalinha para ajudá-los com o equilíbrio nas trilhas, ou cordas - mas nenhum deles usa bastões de caminhada!

Fotos:

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típica bengala usada pelos carregadores para ajudar com o equilíbrio nas trilhas

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E eles ainda colocam as mochilinhas deles (sempre minúsculas!!) amarradas no topo ou atrás das duffel bags!

Então é importante que você tenha a noção de levar para entregar ao seu carregador uma duffel bag decente, com alças e tal, pra facilitar a vida dele. 

Se você entregar ao seu carregador um saco todo desengonçado, vai tornar o trabalho dele ainda mais difícil do que já é!


O melhor tipo de bagagem que você pode levar para entregar para o seu porter carregar é uma duffel bag - é a preferência deles, ou, pelo menos, é o que eles estão mais acostumados a carregar. 

Duffel bags, para quem não sabe, são sacos de cordura ou nylon grosso usados pelos carregadores e mulas/iaques para transportarem equipamentos durante trekkings ou escaladas.  

O ideal é levar uma duffel bag grande, com capacidade de 120L ou mais, como o Base Camp Duffel XL da North Face.

E você encontra duffel bags para vender em Kathmandu com muita facilidade - se não tiver uma, deixe para comprar lá! Nós compramos nossa duffel em Kathmandu em 2011, no meio de uma viagem de volta ao mundo, e usamos ela até hoje, mesmo com alguns remendos - não há bagagem mais durável!

Mas, ao mesmo tempo, você não precisa se preocupar demais com essa questão das bagagens, pois os carregadores se ajeitam - vimos de tudo por lá! 

Eles levam as suas próprias cordas e organizam a bagagem do jeito que fica mais confortável para carregarem. 

Muitos amarram 2 duffels uma na outra, para carregar as duas juntas.

Veja abaixo:

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os carregadores colocam as mochilinhas deles (sempre minúsculas!!) amarradas no topo das duffel bags

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os porters levam as suas próprias cordas e organizam a bagagem do jeito que fica mais confortável para carregar

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na Trilha do Everest, sua mochila vai envelhecer 15 anos em 15 dias, esteja certo disso

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muitos carregadores amarram 2 duffels uma na outra, para carregar as duas juntas

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esses carregadores estavam praticamente correndo pela trilha, e cantando a plenos pulmões (chegava a dar raiva!)

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o melhor tipo de bagagem que você pode levar para entregar para o seu porter carregar é uma duffel bag

Só não vá dar uma de louco e levar uma mala de rodinhas para o Himalaia, como vimos lá!😬

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o sem noção que levou mala de rodinhas teve que contratar um Yak para carregá-la!

Nas trilhas do Himalaia você vai encontrar chautaara, que são áreas de descanso construídas de pedra por moradores locais em lugares convenientes para os carregadores descansarem suas cargas, como no meio de uma longa subida, por exemplo. 

Não raras vezes, víamos a nossa mochila aparentemente "abandonada" no meio da trilha kkkk...

No início, ficávamos pensando "onde anda o Bipin, que abandonou nossa mochila e saiu por aí", mas logo percebemos que não tem o menor perigo de alguém furtar uma duffel de 20Kg e sair correndo pelo Himalaia hehehe...

É comum os carregadores se reunirem em determinados pontos da trilha para tomar chá, eles param nas casas de conhecidos deles ao longo do caminho para visitas, etc, então é bem comum a gente ver um monte de cargas aparentemente abandonadas ao longo do caminho.

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nossa mochila aparentemente "abandonada" no meio da trilha kkkk...

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"onde anda o Bipin, que abandonou nossa mochila e saiu por aí"

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áreas de descanso construídas de pedra por moradores locais em lugares convenientes para os carregadores descansarem suas cargas

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essas áreas de descanso dos carregadores são chamadas chautaara

Como funciona a questão da hospedagem e da alimentação dos carregadores

Por fim, a pergunta que não quer calar: como funciona a questão da alimentação e dos alojamentos dos carregadores?

Como regra, o $$ que você paga ao carregador já inclui o alojamento e a alimentação dele, então você não é responsável por nenhuma despesa extra do porter (nem as entradas para o parque nacional). 

Mas...tenha em mente o seguinte: eles conseguem alojamento e alimentação praticamente grátis (ou a um custo muito baixo) nos lugares onde nós comemos e dormimos. Então, não dá para simplesmente dizer ao carregador "nos vemos no lodge no fim do dia", porque eles meio que dependem de nós para almoçar, entendeu?

Normalmente, o café da manhã e o jantar não são um problema, pois os carregadores sempre tomam café e jantam nas teahouses onde nós nos hospedamos, e conseguem alojamento grátis no mesmo lugar onde a gente pernoita - as teahouses sempre têm um alojamento para os carregadores dos hóspedes. 

Nós mesmos éramos praticamente "obrigados" a tomar café da manhã e jantar sempre nos lugares onde estávamos hospedados, pois, do contrário, o valor da hospedagem seria muito maior. É assim que as coisas funcionam no Trekking ao Everest Base Camp: você paga uma ninharia - em torno de U$ 4 - pelo quarto na casa de chá, mas tem o compromisso de fazer as 2 refeições (café da manhã e jantar) no local, e assim eles faturam um pouco mais no restaurante. 

Os almoços, contudo, que eram sempre "livres" (ou seja, podíamos escolher um lugar ao nosso gosto para almoçar no caminho) podiam ser meio problemáticos, porque às vezes nós simplesmente não queríamos almoçar - quando tinha muita subida na parte da tarde, especialmente, não tínhamos a menor vontade de encher a barriga de comida antes de enfrentar a pirambeira! 

Então, algumas vezes parávamos em algum lugar só para tomar uns chás (hot lemons), ou algo assim, para facilitar pro Bipin, porque daí ele descolava o 'dal bhat' (lentilhas) dele no mesmo local. 

A gente se sentia meio responsável por ele, é inegável, dávamos barras de proteínas para ele e tal, mas também não nos obrigávamos a almoçar sem vontade apenas para que ele pudesse comer grátis. 

Nessa hora, tem que ter um meio termo na equação: temos que ser legais, mas, ao mesmo tempo, você não precisa ficar se sentindo responsável pela alimentação do carregador, tem que ter na cabeça que os U$ que você está pagando já incluem o almoço dele, e não se sentir culpado.

Um exemplo: quando você estiver num dia de aclimatação sem o carregador, ou quando decidir ir comer uma torta de maçã numa das famosas padarias do Himalaia (existem padarias e cafés famosos em Namche Bazar, Khumjung ou Dingboche, por exemplo), você não precisa carregar o seu porter junto!

Nós justamente não queríamos participar de uma expedição ou fazer o trekking com um guia porque não queríamos estar o tempo todo com alguém por perto, queríamos estar só nós dois - então lembre-se que você não precisa levar o seu carregador para almoçar com você SEMPRE - apenas as vezes (e você NUNCA tem que pagar as contas dele).

Não se sinta culpado por querer estar sozinho às vezes: essa é justamente a intenção de quem faz um trekking desses.

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neste dia, por exemplo, combinamos de nos encontrar com o Bipin para almoçar no Sunrise Lodge, em Phakding

E tem também uma outra questão importante quando você contrata um guia ou carregador: eles sempre vão querer te levar para almoçar e para os alojamentos que eles já conhecem, de amigos deles, de parentes, ou lugares onde eles já estiveram antes e foram bem tratados, obviamente. 

Então, se você quer comer alguma comida específica, ou ficar num determinado alojamento, o melhor é já avisar ao guia/porter, no início do dia, que você vai almoçar em tal lugar e quer se hospedar em tal lugar. 

Se você deixar as escolhas por conta deles, nem sempre os guias/carregadores vão te levar nos melhores lugares para você - eles vão te levar nos melhores lugares para eles ou para os familiares deles, óbvio! 

Veja, não é que eles ganhem comissão por te levar nesses lugares, eles simplesmente ganham comida e alojamento grátis! 

E, se num trekking anterior eles ficaram numa teahouse que oferecia um quarto bom para os carregadores e dava comida boa para os carregadores, é normal que, no trekking seguinte, eles queiram voltar lá! O que não significa, nem de longe, contudo, que aquele seja o melhor alojamento ou restaurante do povoado, entendeu??

Em Phakding, por exemplo, havíamos combinado com o Bipin de nos encontrar para almoçar no Sunrise Lodge (print de conversa via WhatsApp acima), mas, ao chegar lá, vimos que havia uma Hermann Helmers Bakery no povoado, e essas padarias são excelentes, então simplesmente avisamos ao Bipin que não iríamos mais almoçar no Sunrise Lodge, e sim na Hermann Helmers (se ele quisesse, poderia ir nos encontrar lá). 
Essa é a questão aqui: tenha em mente que você não é refém das escolhas de alimentação e hospedagem do seu carregador! 
Várias vezes o Bipin nos deu boas dicas e ficamos nos lugares que ele nos indicou, mas, algumas vezes, chegamos no local combinado e simplesmente não gostamos da teahouse que ele havia nos recomendado - nestes casos, é só virar as costas e ir procurar outra hospedagem...porque ninguém é obrigado a seguir as recomendações do carregador, entendeu??

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uma das paradas de almoço/chá no Everest Base Camp Trekking

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Etiqueta com carregadores nas trilhas do Himalaia

Não posso esquecer de registrar aqui que os carregadores, por razões óbvias, sempre têm prioridade absoluta nas trilhas. Então, se você perceber que vem um carregador se aproximando atrás de você, ou na sua frente, pule pro lado, e abra caminho para ele passar!

Simmmmm...é bem constrangedor, mas, mesmo carregando às vezes 2x o próprio peso, os carregadores nos passavam SEMPRE nas trilhas! Nunca conseguimos acompanhar um deles por mais de 5min 😬

E outra dica que vale anotar: assim como os Yaks, os carregadores podem ser "perigosos" com as suas cargas imensas, e acabar batendo em você sem querer com a carga. Então é importante que, sempre que você saltar pro lado para deixar um carregador te ultrapassar, salte pro lado da montanha, e não pro lado do penhasco, que desta forma você fica mais protegido!

Mais uma: evite entrar numa das inúmeras pontes suspensas do Himalaia ao mesmo tempo em que um carregador está passando - às vezes fica complicado para cruzar com um porter que esteja com uma carga imensa naquelas pontezinhas estreitas! 

E lembre que, caso você se enrole fotografando em cima de uma dessas pontes e acabe se enroscando com um carregador ali (aconteceu comigo e com o Peg também - vide fotos abaixo), ele tem a preferência sempre, daí você vai ter que se encolher ou se agachar pra deixar ele passar!

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euzinha embretada com um carregador numa das inúmeras pontes suspensas do Himalaia

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e aqui era o Peg atrapalhando o trânsito de cargas no Himalaia hehehe...

Mulheres carregadoras na Trilha do Everest Base Camp

Não vimos nenhuma mulher trabalhando como carregadora nas trilhas, mas vimos muitas, muitas mulheres carregando de tudo nos caminhos do Himalaia.

Qual a diferença?

Os homens trabalham como carregadores, são pagos para levar bagagens ou mercadorias de um vilarejo a outro. Muitas vezes saem de casa trabalhando como carregador para uma expedição e só retornam muitas semanas (ou até meses!) depois.

As mulheres carregam cargas imensas também, mas com coisas que são necessárias para as casas delas, em regra. É um trabalho doméstico, obviamente não remunerado.

Vimos mulheres carregando fardos gigantescos de pasto para os animais da família, compras que fizeram nos vilarejos vizinhos e, principalmente, cargas enormes de tudo o que servisse como combustível para o fogo, como cascas de árvores e bostas de iaques.

E a gente reclama das nossas vidas 'difíceis'...deem uma olhadinha nessas fotos abaixo e conheçam algumas das mulheres mais f@&*£ que já vi na vida 🤪💪

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apresento a vocês as verdadeiras mulheres-maravilha

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não são as verdadeiras heroínas?!

Os Sherpas e outros povos que vivem nas terras altas do Himalaia são muito judiados pelo clima inclemente e poucos cuidados estéticos. 

Protetor solar lá é luxo. 

Por isso, as crianças têm as bochechas paspadas (do sol + vento), e mulheres e homens bem jovens aparentam muito mais idade do que realmente têm. 

Mas essa senhora das fotos abaixo nos deixou invejando a vitalidade que aparentava! Ela certamente tem mais de 80 anos, e estava subindo a trilha bem mais rápido do que nós, carregando um típico cesto Sherpa, mas fez questão de - ela mesma! - tirar uma 'selfie' comigo e chupar várias balas que eu convidei! 

Até tentei oferecer a ela as bananinhas da @docesindia que eu tinha comigo, mas, com a boca ralinha dela, ficou difícil 🙏

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se eu chegar lá com a energia que ela tem, já está bem bom!

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Sobre o Bipin, nosso carregador na Trilha do Everest

O Bipin é um excelente carregador, praticamente um porter-guide - como são chamados os guias que também exercem a tarefa de carregar cargas para os clientes. 

Ele só não fez mais a função de guia pra nós porque nós realmente não queríamos um guia nos acompanhando durante toda a trilha, mas ele sabe tudo sobre as trilhas do Himalaia, sabe indicar lugares para comer e pernoitar, sabe dizer qual é e quanto tempo falta para o próximo vilarejo, sabe indicar as montanhas do caminho e, sendo nepalês, obviamente ele sabe tudo sobre a cultura local, religiões, tradições, costumes...

Conversando com ele nós aprendemos muito mais sobre o Nepal e sobre o Himalaia, e tiramos todas as nossas dúvidas! Até videochamada para conhecermos a família dele rolou 😅

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o Bipin, além de ser um excelente carregador, praticamente um porter-guide, ainda é uma simpatia

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conversando com ele, aprendemos muito mais sobre o Nepal e sobre o Himalaia

O fato dele usar WhatsApp e falar um inglês bem básico (não é comum reunir esses 2 requisitos num carregador, como já expliquei) resolveu a nossa vida!

Ele chegava nos vilarejos antes de nós, ia nas pousadas, verificava os preços dos quartos, perguntava quanto custava para carregar baterias (ele já sabia que isso era importante pra gente kkkk) e até barganhava por nós! 

E ainda nos mandava fotos dos quartos com os comentários dele...revendo hoje as mensagens e áudios que trocamos via WhatsApp com ele, morro de rir!

Também nos comunicávamos sobre aonde cada um de nós estava, marcávamos pontos de encontro ao longo da trilha, etc.

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o Bipin chegava nos vilarejos antes de nós, ia nas pousadas, verificava os preços dos quartos, perguntava quanto custava para carregar baterias e até barganhava por nós!

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o fato de o Bipin usar WhatsApp e falar um inglês básico resolveu a nossa vida

Se nós recomendamos os serviços dele? Com certeza! 

Se você quiser o contato do Bipin para contratar ele para ser seu carregador, é só me pedir que eu passo o WhatsApp dele e vocês combinam tudo por WhatsApp - se você combinar com antecedência, ele não vai precisar fazer aquela loucuragem de caminhar 16hs durante a madrugada para chegar em Lukla a tempo de te encontrar 🙈

E pode acreditar: os dólares que você vai pagar ao seu carregador serão o $$ mais bem empregado da sua vida. 
A mochila que pesa 10Kg na sala da sua casa vai pesar 100Kg a 4500m de altitude - é o estranho fenômeno da multiplicação dos quilos que ocorre no Himalaia. 
Sem o Bipin nós não teríamos chegado ao Everest Base Camp. Melhor dizendo: sem um carregador, eu acredito que nós não teríamos sequer saído de Lukla 🤷‍♀️

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se você quiser o contato do Bipin para contratar ele, é só me pedir que eu passo o WhatsApp dele

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 os dólares que você vai pagar ao seu carregador serão o dinheiro mais bem empregado da sua vida

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sem o Bipin nós não teríamos ido muito além de Lukla

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Ufaaaa!

Ainda tenho tanta coisa pra contar sobre as nossas aventuras pelas montanhas do Himalaia com o Bipin, mas acho que, neste post, consegui pelo menos responder às principais dúvidas sobre carregadores que nós tínhamos antes de viajar, e também procurei responder às perguntas que chegaram pra nós através das redes sociais durante a nossa viagem.

Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre carregadores que eu não tenha respondido, por favor, pergunte aqui!

Deixei muitas dicas desta viagem salvas lá nos destaques dos stories no Instagram em @claudiarodriguespegoraro, espia lá!

Veja todas as fotos que publiquei na #PVnoEverest no Instagram!

Já fez o trekking ao Everest Base Camp? Tem mais dicas sobre carregadores que não coloquei neste post? Discorda de alguma coisa que eu escrevi??

Por favor, deixe todas as suas dicas nos comentários abaixo aqui no blog, assim você ajuda outros viajantes, inclusive para que tenham outras opiniões além da minha!

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Trekking Everest Base Camp

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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2 comentários:

  1. Claudia, mais uma vez, parabéns pelo blog e pelo conteúdo compartilhado, tão rico em detalhes. Tudo tão bem explicado que nem deixou margem para dúvidas ou perguntas... hahaha

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  2. Que manual!!!! Parabens!!! Uma verdadeira aula! Ja li varios relatos sobre o trekking mas a imensa maioria deixa a desejar ao abordar esse tema. A unica sugestão que dou ´´e que talvez o ideal seja pedir para o Bipin um e-mail, pois numeros de whatsapp eventualmente podem mudar. Em breve, devo pedir o contato deles para voces!

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