Já fomos algumas vezes para lugares altos, como o Peru, a Bolívia e o Nepal, que têm altitudes superiores a 3.000 metros, o que já pode causar algum desconforto aos desavisados.
Meu medo, no entanto, é ir para um lugar assim com o Felipe. O pequeno viajante já enfrentou as altitudes na Colômbia, e foi bem tranquilo. Naquela ocasião, a pediatra acertadamente nos avisou que nós sentirímos muito mais a altitude do que ele, já que nós é que fazíamos todo o esforço físico, enquanto o Lipe ia sentadinho no carrinho. Mas agora, a coisa mudou. Naquela época, o Lipinho não caminhava, agora ele voa. Ou seja: não tem como mantê-lo quietinho, sentadinho, para não se cansar. E mais: na Colômbia não enfrentamos nenhuma altitude superior a 3.000 metros, que é a altura em que normalmente começamos a sentir os sintomas do soroche.
A primeira vez que enfrentamos a altitude foi no Peru; andamos por todo o país tomando chá de coca e, nos momentos mais críticos, mascando aquela folha amarga blarghhh...nos passeios de "aclimatação", como eles mesmo dizem, não cheguei a me sentir mal, mas na Trilha Inca, até Macchu Picchu, o ar me faltou várias vezes.
Em Cuzco, de noite, quando estávamos dormindo, no período de aclimatação antes de fazer a trilha, nos acordávamos assustados com falta de ar - ou seja, até em repouso a gente sente o soroche.
Ainda bem que não tive maiores problemas, além da falta de ar, dores de cabeça e das palpitações. Conheço muita gente que enjoa, tem náuseas, vômitos, diarréia, enxaquecas terríveis, passa mal mesmo.
O Peg, que atravessou toda a Trilha Inca ileso, até carregando a minha mochila nas piores partes, passou muito mal quando chegou na Bolívia, na Isla del Sol, com náuseas e vômitos, mesmo já estando supostamente "aclimatado".
A maior altitude que nós enfrentamos foi perto de La Paz, em Chacaltaya, 5.300 metros. E é brabeza. Imagina o que deve ser Lhasa, no Tibet, onde o nosso recorde de 5.000 metros é fichinha?!
Então fui pesquisar na internet os efeitos da altitude em crianças e bebês, e não encontrei muita coisa. Existem alguns artigos médicos, mas nenhum estudo é definitivo. Eles dizem que as crianças podem sofrer de AMS (mal da montanha agudo), HAPE (edema pulmonar de alta altitude) e HACE (edema cerebral de alta altitude). O mais importante para pessoas responsáveis por crianças nessas situações é saber perceber os sintomas do AMS, que normalmente vêm antes dos edemas pulmonar e cerebral. As características de AMS são manha, não querer brincar, falta de apetite, náusea, vômitos e falta de sono.
Crianças com menos de 6 semanas não podem ir para lugares altos, pois o sistema circulatório, nesta idade, ainda não está suficientemente desenvolvido. A principal dica é planejar bem a subida, de preferência ir subindo devagar e, se isso não for possível (i. e., se você estiver viajando para um lugar alto de avião), descansar bastante e esperar que a "aclimatação" venha naturalmente. Se, passado algum tempo de descanso, a criança não melhorar, então o melhor remédio é descer para um lugar mais baixo imediatamente.
Se alguém tiver alguma experiência para contar, dicas, agradeço qualquer informação!
Se alguém tiver alguma experiência para contar, dicas, agradeço qualquer informação!
as crianças peruanas, que vivem nas altitudes próximas ao Cañon del Colca, têm as bochechas assadas pelo sol (acho que desconhecem totalmente a existência de protetor solar)
no Cañon del Colca, perto das nuvens
muito chá de folhas de coca para espantar o soroche em Cuzco, no Peru
morrendo aos pouquinhos na Trilha Inca
num dos acampamentos ao longo da trilha, as placas que nos informam a altitude
aproveitando a vista dos Andes - muita água também ajuda!
num dos "passos" de montanha: as partes mais altas
arriando na travessia da Isla del Sol
na Bolívia, em Tiahuanaco, a 3.870 metros de altura
em Chacaltaya, perto de La Paz, 5.300 metros sobre o nível do mar
subindo "só mais um pouquinho"
bastante neve na Bolívia, quem diria?!
La Paz vista de cima: um caldeirão
no sul da Bolívia também passamos por muitos lugares altos, perto de Uyuni
Boudhanath, em Kathmandu, no Nepal
Bogotá, capital da Colômbia, vista de cima: Cerro de Montserrate
com 2.591 metros de altitude, Bogotá é a cidade mais alta de seu tamanho no mundo
Travel to High Altitude with Children: Treating Altitude Sickness
by Paul S. Auerbach, MD
21/03/2009
In the current issue of High Altitude Medicine & Biology (volume 9, number 4, 2008), there is an excellent article entitled "Travel to High Altitude with Young Children: An Approach for Clinicians," authored by Michael Yaron and Susan Niermeyer.
This article is a brief review of the principles of altitude illness in children. I found it helpful in my practice and in the advice that I give to persons who seek my opinions. The article emphasizes the following:
1. Children experience the full range of altitude-associated illnesses, including acute mountain sickness (AMS), high altitude pulmonary edema (HAPE), and high altitude cerebral edema (HACE).
2. AMS in children is characterized by fussiness, lack of playfulness, poor appetite, nausea, vomiting, and poor sleep. This is the most common altitude illness in children.
3. HAPE, which is often preceded by AMS, is caused by low blood oxygen content, and is manifested as shortness of breath, rapid breathing, blue discoloration of skin in the fingers, toes, around the lips and in the earlobes, reduced activity tolerance, cough, coughing blood, and fever.
4. HACE, which is often preceded by AMS, carries features of headache, unbalanced gait, behavioral changes, and altered mental status, randing from confusion to hallucinations or coma, as well as a variety of neurological deficits.
5. The approach to a child traveling to high altitude should focus on planning the ascent, management of altitude-associated illness(es), and diagnostic follow-up:
1. Planning the ascent. Ascend slowly. Avoid difficult descents in which initial rapid ascent will be necessary. Do not bring children younger than 4 to 6 weeks to high altitude, because their circulatory system maturation may not be sufficiently complete to prevent an increased incidence of altitude-associated illness. Infants who required supplemental oxygen during the neonatal period are at particular risk. Avoid traveling to altitude with children who have suffered recent inflammatory processes, such as viral infection, or situations associated with pulmonary hypertension. Children with trisomy 21 are more prone to HAPE than are those with normal chromosomes.
2. Recommendations for management include slow, graded ascent, early recognition of symptoms combined with halting further ascent, and descent if rest and time do not diminish or eliminate symptoms. The Children’s Lake Louise Score can be used to recognize AMS in children modify activity, and/or provide treatment. Treatment of AMS should be initiated once symptoms develop. Descent is effective treatment, and further ascent is contraindicated. The dose of acetazolamide recommended to treat AMS in children is 2.5 milligrams per kg (2.2 pounds) of body weight given every 12 hours, with a maximum dose of 250 mg. If prophylaxis for AMS, which is not routinely indicated, is undertaken, the dose is 1.25 mg/kg of body weight every 12 hours, begun 24 hours prior to ascent and continued for 48 hours after the maximal altitude is attained.
3. Diagnosis of structural cardiopulmonary abnormalities should be considered after an episode of altitude-associated illness in a child.
There is a great deal more useful information in this article, and I highly recommend it for health care providers and for persons who will be responsible for bringing children to high altitude environments.
Olá Claudia,
ResponderExcluirAdorei encontrar seu blog. Eu e meu marido somos viajantes que como vocês adiaram a chegada do primeiro filho...estamos juntos há quase oito anos e muitas viagens depois...chegou nosso pequeno Heitor. Ele está com 4 meses e meio e vamos viajar com ele pela primeira vez no mês que vem...nosso destino: a Argentina! As dicas do seu blog estão sendo preciosas! Obrigada...
sobre a altitude, quando estive no Peru, me indicaram um pastilha chamada coramina glucosada, encontrada nas farmácias, sem contra-indicação, parece uma bala, bem grande, funcionou muito bem pra mim. Chupava uma de hora em hora. É claro que no caso de crianças tem que consultar o pediatra né?! Grande abraço
Geórgia
Boa noite! Excelente blog! Estou com viagem marcada para o Peru (Lima, Cusco, Machu Pichu) e estou tentando engravidar, sabe me dizer se mesmo grávida eu poderia tomar o chá de coca?
ResponderExcluirUm abç!
Karina
Meu filho pretende ir a Cuzco e Machu Picchu, com o bebe que estará com 6 meses e estou um pouco apreensiva, mas foi ótimo ler as informações daqui. Agradecida.
ResponderExcluirGeorgia, também me recomendaram as balas, mas procurei em uma farmácia em Cuzco e não achei - mas acho q foi azar nosso, pq elas devem ser bem comuns e fáceis de achar lá. Com o Lipe não funcionaria, pq ele se recusa terminantemente a comer balas (odeia doces, graças a Deus), mas a maioria absoluta das crianças adora - duvido q algum pediatra ache melhor a criança ficar com aqueles sintomas horríveis...heheheh
ResponderExcluirSobre o chá de coca na gravidez, não sei mesmo - parece bem inofensivo, mas lembro que, quando estava grávida, descobria q às vezes mesmo as coisas mais inofensivas, q a gente nem imagina, podem dar problema - eu consultaria um médico lá no Peru, pq eles devem saber a resposta a essa pergunta com mais precisão q os médicos daqui!
Oi Claudia, foi muito bom achar seu blog. Também estou tentando engravidar e gostaria de saber se, pela sua experiência no Perú, recomendaria viajar para lá grávida. Pergunto porque eu e meu marido amamos viajar, mas devido a altitude e ás longas caminhadas tenho receio de acontecer algo ruim. Gostaria que me falasse que estou exagerando e que dá na boa... queria muito ir e se eu não for agora terei que esperar até o bebê ter uma idade legal. Mas preciso de sua sinceridade... obrigada!
ResponderExcluirOlha Dany, isso depende de tanta coisa...eu, grávida, estava no show da Madonna em estádio em Buenos Aires e fazendo trilha na serra gaúcha, mas a minha gravidez foi show de bola, eu me sentia melhor do que nunca!
ResponderExcluirMas a gente sabe que tem muita gente que passa muito mal na gravidez, né? Especialmente nos primeiros 3 meses - aliás, acho que essa é a maioria, até...
Então fico com medo de te dizer vai sem medo, pq de repente tu tá vomitando até as ideias, sabe? Eu, se fosse tu, das 2, uma: ou eu ia AGORA, antes de engravidar (ou pelo menos antes de saber da gravidez kkkkk), ou deixava para organizar a viagem quando completasse o 3º mês, pq daí tu já sabes como vais estar te sentindo! Sem contar que, como tu já deves saber, o melhor período da gravidez para viajar é entre o 3º e o 6º mês!
Com relação à altitude, acho que, se é para tu passar mal, vais passar independente da gravidez, entende?
E é bom saber, antes de ir, com o teu obstetra, se pode tomar chá de coca grávida, pq era a melhor coisa para a gente se sentir melhor! Quanto às longas caminhadas acho que não precisas te preocupar, é tudo light, a não ser que pretendas fazer a trilha Inca, aí, só te internando num hospício! kkkkkkk
Qualquer dúvida, estou aqui!
Bjokas e sorte aí nas tentativas!
Claudia
Estou querendo ir pra machu picchu e levar minha filha que tera 23 meses na viagem. Sera que ela aguenta a barra da altitude? ela dificilmente toma liquidos e nao sei se tomaria o cha e tb ficaria andando e correndo o tempo todo. Ela ainda mama no peito, e acho que ate la nao irei desmamar. A viagem sera em agosto 2013. o que mais me preocuoa eh a altitude, e me disseram que la eh tudo muito sujo. A programacao eh um dia em cuzco, um em machu picchu e um no vale sagrado. Eu acho que ela aguenta, mas nunca fui, entao nao tenho muito parametro. Alguma dica a mais?
ResponderExcluirOi Jessica! Aguenta sim, quem vai cansar vai ser tu! A pediatra do Lipe nos explicou que os adultos cansam mais, e com certeza ela vai sentir a falta de ar e vai diminuir a correria naturalmente! Mas faz um esforço para ela tomar o chá de coca, faz muito bem! Quanto à sujeira, é um país sul-americano, mais ou menos como o Brasil, nada demais, na minha opinião! Em último caso, existem alguns medicamentos que podem ajudar, mas deixa para comprar lá que eles sabem melhor o que te recomendar nas farmácias de lá! bjokas, Claudia @pequenoviajante
ResponderExcluirOlá boa noite, estou com minha viagem marcada para o Peru (cusco e lima) agora para o mês de agosto mas estou muito preocupada pois tenho um filhinho de 2 anos e meio. Voce acha que ele vai agüentar a barra? Estou com medo do mal da altitude. Vocês ja fizeram essa viagem com o filhinho de vocês? Alguma dica ?
ResponderExcluirLeia o post e os comentários acima e vá tranquila que vai dar tudo certo! Como já disse aí acima, vc vai cansar mais que ele! A gente não foi para lá com o Lipe (ele era só um projeto de gente quando viajamos), mas vimos muitas crianças viajando por lá quando estivemos no Peru e na Bolívia. Se vcs não estiverem se aclimatando bem, a dica é pegar leve,fazer tudo com calma, sem correria! boa viagem!
ResponderExcluirClaudia @pequenoviajante
Oieee, tb vi mtos depoimentos de casais que levam bebes maiores de 2 anos. Eu e meu marido estamos indo em setembro, meu filho terá 8 meses!!!! Mas nao achei nada falando de bebes, so o blog de vcs!!! E ai o que acham? Bebes nao podemm tomar nada de cha de coca né? E eu, amentamentando?
ResponderExcluirPuxa vida, Leticia, vou ficar te devendo essa resposta! Eu diria para perguntar para a tua pediatra, mas às vezes nem os pediatras daqui têm esta resposta...porque tu não tenta descobrir isso lá mesmo? Porque lá, qualquer mãe de bebê que tu perguntares vai ter a resposta para ti na ponta da língua!!!
ResponderExcluirOlá, viajei no início de julho de 2013 para Cuzco, Lago Titicaca e La Paz. Durou 9 dias. Nesse meio tempo engravidei. Acabei de descobrir. Tomei bastante chá de coca e chupei as balinhas, tomara q dê tudo certo. Não precisei tomar remédio de lá, mas tomei dramin B6 desde o avião no Brasil, pois enjoo em certos voos. Quase todos os dias eu tomei dramin. Não sei se foi isso, ou se foi o chá, mas eu e meu marido não sentimos nada. Subimos o Waynapichu, é cansativo, nada que umas paradinhas não resolvam, mas nada fora do normal. Pela minha experiência, acho que dá pra levar criança sim, mas acho que fazer trilhas com ela não é bom.
ResponderExcluiroi Marina! Que bom que deu tudo certo para vocês, esse nenê já é viajante desde sempre! Obrigada por vir aqui compartilhar tua experiência conosco!
ExcluirBjokas e volte sempre!
Claudia @pequenoviajante
Bom dia. Tô querendo ir para Atacama uyuni e machu picchu com meu bebe que tera 1ano e 2 meses. Vc indica? Obrigada
ExcluirOi! Para ir a Machu Picchu e ao Atacama é fácil fazer uma viajar com bebê, tem bastante infra, mas para o Salar de Uyuni é bem mais complicado! Nós fomos numa expedição 4x4 e foi bem puxado, não teria como fazer com bebê...a não ser que tu consigas um esquema "luxo", com um carro privativo e tals...
ExcluirRecomendo fortemente a leitura deste documento: http://www.theuiaa.org/upload_area/files/1/UIAA_MedCom_Consensual_Vol_9_Criancas_em_altitude_2008_V1-1_Brasil.pdf
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirObrigada, vou dar uma olhada agora mesmo!
Olá, pretendo viajar para Cusco com minha esposa e nossa filha de 2 anos, será que vai ser uma viagem tranquila p ela? grato
ResponderExcluirAcredito que sim, conheço muita gente que já foi para lá com crianças e não tiveram nenhum problema!
ExcluirBoa viagem :)
Olá! Nossa! Que bom achar este blog! Pretendo ir para Bogotá e meu bebê está com 7 meses. Será que sentirá a altitude?
ResponderExcluirOi.....e ja viajou com seu baby? Como foi?
ExcluirTambém fiquei curiosa, Marcita! O Lipe foi a Bogotá um pouquinho maior - como foi com o teu bebê?
ExcluirOla! Parabéns pelo blog! Muito útil pra quem pretende viajar com crianças pequenas. Minha filha vai estar com 1ano e 11meses na data da viagem. Gostaria de saber se é possível levar carrinho de bebê pra Machu Picchu (se tem onde deixa-lo por lá ou se é possivel andar com ele em alguma parte da trilha). Certamente ela vai querer dormir durante o dia e, os papais, descansar um pouquinho... Obrigada! Abração!
ResponderExcluirOi Paula!
ExcluirNós estivemos em Machu Picchu sem o Lipe, e eu cheguei lá tão podre de cansada e cheia de bolhas da trilha Inca que nem saberia te dizer...com certeza passear por Machu Picchu com o carrinho não será possível, muitos degraus e tal. Talvez seja útil para a função de pegar trem, andar por Cuzco, para o momento da soneca, do almoço, em Águas Calientes e tal, mas não sei até que ponto não será um estorvo...realmente não sei te dizer se há um local lá onde possa deixar o carrinho :(
Se tu puderes trazer essa info para nós eu te agradeço muito!