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Caça às baleias nas Ilhas Faroé

Saiba mais sobre a tradicional caça às baleias-piloto nas Ilhas Faroé

caça às baleias nas Ilhas Faroé

Saiba mais sobre a tradicional caça às baleias-piloto nas Ilhas Faroé

Durante a nossa viagem, postei essa foto acima nos stories do Instagram, contando que uma coisa horrível acontece todos os anos nesse lugar maravilhoso - a Baía de Miðvágur - e muita gente me disse não saber do que se trata e pediu que eu explicasse melhor essa história. 

Pois é, trago más notícias. 

Até os lugares mais fantásticos têm seus pontos fracos, e não vou aqui tapar o sol com a peneira. 

Os registros de caça às baleias nas Ilhas Faroé retroagem a 1584 e a atividade é regulada pelas autoridades locais.

Todos os anos, centenas de baleias-piloto-de-aleta-longa são caçadas nas Ilhas Faroé, principalmente durante o verão, pelos habitantes das ilhas. 

Veja também:

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quem diria que um lugar tão bucólico e pacato seria palco de um massacre a cada ano?!

Como funciona a triste caça às baleias nas Ilhas Faroé

As caçadas, chamadas de grindadráp em feroês, não são comerciais e são organizadas pela própria comunidade; qualquer pessoa pode participar. 

Quando um grupo de baleias é avistado próximo à costa, os caçadores participantes cercam as baleias-piloto através de um grande semicírculo formado por barcos, e então, lenta e silenciosamente, começam a conduzir as baleias em direção à baía. 

É uma emboscada: quando o grupo de baleias encalha, o abate começa.

Pelo que entendi, a prática é mais comum no final do verão, na Baía de Miðvágur, quando os “Sea Sheperds” (ou “Pastores do Mar”, como os pescadores Faroêses são chamados) encaminham as baleias-piloto, que fazem colônia por ali durante o verão, até a entrada da baía durante a maré alta. 

Conforme a maré vai baixando, as baleias ficam presas no banco de areia, e então os pescadores as abatem.

As imagens são chocantes: a baía é relativamente pequena, a maré baixa bem rápido, e centenas de baleias ficam presas ao mesmo tempo. 

O resultado é um mar vermelho de sangue, enquanto os pescadores vão abatendo as baleias uma a uma.

Esta atividade é legal nas Ilhas Faroé, e fornece alimento para muitas pessoas que moram nas ilhas, um lugar onde outros recursos naturais são escassos.

Como comentei acima, as caçadas não são comerciais, a carne das baleias não é comercializada, e sim dividida entre a comunidade, assim como no Canadá eles têm cotas de alces que podem ser caçados e divididos entre a comunidade.  

A atividade, enfim, surgiu como uma necessidade para a sobrevivência, num lugar tão adverso, onde os recursos são escassos.

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olhando o mapa acima, fica fácil entender como os pescadores emboscam as baleias nesta pequena baía quando a maré baixa

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Baía de Miðvágur, cenário da caça às baleias nas Ilhas Faroé

Certo ou errado?

Aí você me pergunta: mas hoje em dia os recursos permanecem escassos? Eles precisariam matar baleias para sobreviver? 

E eles perguntam: e vocês, precisam matar dezenas de galinhas para comer espetinhos de coraçãozinho de galinha?

Não me entendam mal, não estou querendo defender a matança de baleias - longe de mim - mas apenas fazendo um esforço argumentativo para entender o ponto de vista dos feroêses, e o fato de que cada povo tem suas tradições - boas e ruins. 

É um assunto espinhoso, e o certo é que é necessário fazer um esforço para entender as razões dos 2 lados. 

Do ponto de vista deles, não há diferença entre baleias e as nossas vaquinhas - que não existem lá (eles simplesmente não possuem criação de vacas e bois lá, mas apenas uma pequena quantidade de gado Highlander). 

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nas Ilhas Faroé, as ovelhas são as grandes vedetes

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em Faroé, não há criação de bois e vacas, apenas de ovelhas

Apesar de a população local considerar a caça de baleias uma parte importante da sua cultura e da história das ilhas, grupos de direitos dos animais criticam as caçadas como cruéis e desnecessárias. 

Muitas entidades de proteção aos animais já tentaram exterminar a prática, mas os governantes locais (e a população) se mantêm firmes na proteção dessa atividade de subsistência e prática cultural que basicamente viabilizou a colonização do país há 1000 anos atrás...sim, vocês acham que os Vikings que colonizaram as Ilhas Faroé se alimentavam de quê?

Aliás, pelo que eu soube, um dos motivos de esta tradição de caça às baleias-piloto estar tão viva ainda hoje nas Ilhas Faroé foi justamente a intromissão internacional e as tentativas de determinados grupos de proteção ambiental de exterminar com a matança de baleias. 

As críticas de estrangeiros e a exigência internacional de que os feroêses acabassem com esta prática fez justamente com que os jovens nativos, que nem tinham interesse no assunto, começassem a participar, renovando e mantendo viva a tradição local. 

É...nem sempre dá para meter a colher na cultura alheia impunemente...

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a igrejinha fofa de Miðvágur

As discussões sobre a sustentabilidade da caça às baleias-piloto nas Ilhas Faroé também é outro fator apontado pelos críticos, mas, com uma captura média de longo prazo de cerca de 800 baleias-piloto por ano, o impacto não é considerado significativo sobre a população de baleias.

A matança obviamente é controlada. Nas Ilhas Faroé, até para pescar um reles salmão é necessário ter uma licença. 

Eu acredito que você precisa ir lá para entender como cada povo se vira com o que a natureza lhe dá. 

A @danae_explore fez um comentário super pertinente lá no meu post no Instagram, que quero transcrever aqui:

Isso é algo que as viagens nos trazem: dar de cara com costumes e hábitos diferentes, mas tão diferentes, que à primeira vista nos chocam, mas, ao entendê-los melhor, em seu contexto e história, conseguimos perceber sua relevância. É fácil criticar, difícil é entender, é se colocar no lugar dos outros e, mais difícil ainda, perceber que suas próprias ações também podem ser criticáveis por outros olhares. 

Nas Ilhas Faroé, a caça às baleias-piloto é efetivamente uma prática de subsistência, e a população local consome praticamente TUDO o que as baleias oferecem durante o resto do ano.

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até os lugares mais fantásticos têm seus pontos fracos

Como eu não sou vegetariana e como peixes, galinhas, porcos e vacas criados em condições sabidamente terríveis, não me sinto no direito de criticar a tradição feroesa de caça às baleias, embora obviamente seja uma cena terrível de assistir, muito triste, assim como também devem ser terríveis as cenas vistas nos abatedouros e frigoríficos brasileiros. 

Mas o que não é visto não é lembrado, né? 

É a velha história - 'o que os olhos não veem o coração não sente'. 

Se a gente visse a quantidade de cachorros vira-latas que são "colocados para dormir" em canis pelo mundo diariamente, continuaríamos comprando cachorros de raça ao invés de adotar vira-latas? Se a gente visitasse aviários e visse como são criadas galinhas, continuaríamos comendo as penosas? 

Com as baleias das Ilhas Faroé, o show de horrores é público e à luz do dia, e talvez por isso gere tanta controvérsia, mas, enquanto eu não virar vegetariana, me acharia meio hipócrita de criticar, ainda mais estando lá e vendo como a vida é dura nas Ilhas Faroé 🤷‍♀️

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olhando esta foto, me pego pensando como a gente tem coragem de comer uma fofura dessas?!

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Baía de Miðvágur

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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