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Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca: relato da Sheila, com todas as dicas, custos e perrengues

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca: o relato da Sheila, com todas as dicas, custos e perrengues.
Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Sempre que alguém me conta que fez um roteiro de viagem de motorhome, eu me empolgo e já fico louca que escrevam um relato para publicarmos aqui no blog! Foi assim com a Sheila: quando ela me disse que fez um roteiro de viagem de motorhome pela Europa entre janeiro e fevereiro de 2020 (ou seja, no auge do inverno europeu), passando pela França, Bélgica e Suíça, já fiquei querendo saber todos os detalhes.

Nós já viajamos muito de motorhome pela Europa, inclusive pela FrançaBélgica e Suíça, mas sei muito bem que, para quem vai fazer uma viagem assim, quanto mais informação, melhor! E é muito bom que vocês tenham informações e dicas vindas de pessoas diferentes, até para terem a visão de outras pessoas, além de mim, de outros pontos de vista! 

Para encurtar, fiquei muito faceira quando recebi este relato maravilhoso, completíssimo, cheio de informações da Sheila! Tenho certeza que as dicas dela vão te ajudar muito no planejamento de uma viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca!

Para ver um índice de todos os nossos Roteiros de Motorhome, clique aqui

Leia mais sobre as nossas viagens de motorhome pela Europa: Alemanha | Albânia | Áustria | Bélgica | Bósnia | Croácia | Eslovênia | Espanha | França | Grécia | Holanda | Itália | Islândia | Kosovo | Liechtenstein | Luxemburgo | Macedônia | Montenegro | Noruega | Sérvia | Suécia | Suíça

Veja também o relato da Ana Claudia de uma viagem de motorhome em família, com a Stella, de 4 anos, passando pela França, Suíça e Itália.

Com a palavra, a Sheila:

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

11 cidades, 3 países e mais de 2000Km rodados em 12 dias

No dia 22 de janeiro partimos para uma viagem muito sonhada e planejada para comemorar o aniversário de 15 anos da nossa princesa, que optou em conhecer alguns lugares ao invés de ter uma festa. 

Somos uma família de 4 pessoas: os papais Luiz e Sheila, a irmã Isadora de 9 anos e a aniversariante Giovanna. 

Após 9 dias de muitos passeios, museus, monumentos, castelos, palácios, grandes edificações, belíssimos jardins e parques de diversões nas cidades de Lisboa e Paris, embarcamos na grande aventura com o motorhome. 

A bordo da casinha, conhecemos 11 cidades em 3 países, mais de 2000Km rodados em 10 dias. 

Alugamos o RV da McRent através da Motorhome Trips aqui no Brasil. Assim foi possível pagar pela locação em reais. Escolhemos um modelo 'Family Plus', que comporta até 6 pessoas. 

Traçamos um roteiro circular, partindo e chegando em Paris.

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

O horário marcado para retirada do veículo foi entre 15 e 17hs. 

Na locadora, tivemos apenas que acertar a caução do seguro, de € 1800, assinar a papelada e receber orientações sobre as funcionalidades do veículo. 

Como já tínhamos assistido muitos vídeos acerca do assunto, principalmente aqui no blog do Felipe, o Pequeno Viajante, foi mais fácil o entendimento acerca destas funcionalidades, mas ressalto que este é um momento importante para tirar todas as dúvidas que você possa ter acerca do veículo e também para fazer a conferência de qualquer avaria que o veículo possa ter. 

Tanques de combustível e água vieram cheios. 

Vencida a parte burocrática, saímos direto para o supermercado para abastecer a geladeira com tudo o que precisaríamos, e a lista previamente preparada foi de grande ajuda para que nada fosse esquecido.

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Dia 1 Pegando o motorhome e a estrada

Pegamos a estrada em direção ao primeiro destino - Bruges, na Bélgica - por volta de 20hs. 

Foram 300Km, onde começaram os nossos primeiros aprendizados acerca do motorhome: apesar do veículo ser pesado, quando atinge a velocidade de 100Km/h, ele balança muito com o vento lateral, então, por precaução, rodamos a cerca de 80 - 90Km/h e demoramos mais tempo do que o previsto pelo Google Maps. 

Chegamos a Bruges por volta de meia-noite e encontramos um local gratuito para pernoitar no app Park4Night

Fizemos um nada nutritivo, porém rápido e gostoso Miojo, tomamos banho e cama, pois estávamos exaustos. 

A escolha pelas 4 cidades da Bélgica + 2 na França foi feita após ler os posts do blog da Claudia.

Veja mais:

Roteiro Motorhome Bélgica

Dia 2 Bruges

No dia seguinte, fomos turistar pelo centro histórico e paramos a casinha no acostamento da rodovia R30, bem pertinho do Gentpoort de Bruges. 

Do estacionamento até o centro histórico dá cerca de 1Km a pé. No caminho até a Grote Market (praça principal), passamos pelo Rozenhoedkaai e seguimos para a Torre Belfort e a Basílica do Sangue Sagrado, que ficam na praça. 

Almoçamos as mais deliciosas batatas fritas e waffles da Bélgica nas barraquinhas da praça mesmo e, ao anoitecer, voltamos para a casinha. Das 4 cidades pela qual passaríamos no país, Bruges foi a minha favorita. Um encanto só! 

Do estacionamento saímos em busca de um local para completar o tanque de água potável e esvaziar o tanque de água cinza. 

Segundo aprendizado da casinha: teríamos que fazer este trabalho diariamente, impreterivelmente. Os 100 litros de água potável que dispúnhamos não durariam mais do que um dia para nós 4. 

Pegamos informação, em um posto de combustível, de um local próprio para a pernoite de motorhomes pertinho. Lá foi possível fazer o serviço completo: abastecer com água potável, esvaziar água cinza, água negra do cassete (esgoto do vaso sanitário) e energia elétrica.

Pagamos € 25 pela noite com tudo incluso, à vontade. Endereço: Bus parking Bargeweg, 8000 Brugge.

Leia também: Bruges: um conto de fadas belga

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca


Dia 3 Gent

Tomamos café reforçado na casinha, reabastecemos o tanque de água potável e esgotamos os tanques de água cinza e cassete e partimos cedinho ainda para Gente, que fica a 40Km de Bruges. Levamos cerca de 1h para chegar.

Uma olhadinha rápida no blog da Claudia para pegar mastigado o local onde estacionaríamos e pronto, paramos pertinho do centro histórico, de onde foi possível percorrer a cidade à pé. 

Andamos cerca de 500m e começamos a nos deparar com um castelo medieval e igrejas belíssimas. Até tentei seguir o roteiro que havíamos traçado, mas, a cada esquina, nos deparávamos com arquiteturas inacreditáveis, então decidimos deixar o roteiro de lado e simplesmente seguir o que a vista nos atraísse.

Lembro-me de ter visitado o Castelo dos Condes, o Werregarenstraat (beco grafitado), Catedral St. Bravo, Great Butchers' Hall - mercado de produtos locais. Depois disso, parei de anotar.

Almoçamos Pizza Hut e as meninas se esbaldaram com 2hs de buffet à vontade. Gent foi a cidade favorita do Luiz, no país. 

Voltamos ao anoitecer para a casinha e decidimos fazer algumas alterações no roteiro. Partimos por volta de 20hs para Antuérpia que ficava a 50Km, 1h30 de Gent. Como o tanque de água potável estava cheio (enchemos antes de sair de Bruges), bastaria um estacionamento (sem estrutura mesmo) para pernoitar. 

Eram cerca de 22hs quando chegamos ao estacionamento indicado no blog da Claudia. Podíamos procurar estacionamentos em outros lugares para pernoitar, mas preferimos não perder tempo com isso, uma vez que já tínhamos a informação à mão. O tempo que levaríamos procurando optamos por gastá-lo aproveitando a companhia um do outro na nossa casinha (nossa opção).

Pagamos € 25 por 24hs.

Veja aqui: Gent: outro conto de fadas belga


Dia 4 Antuérpia

Saímos cedinho em busca de gás para repor o nosso, que já estava quase no fim. Encontramos uma loja a cerca de 5Km de onde estávamos (o veículo dispõe de 2 botijões, sendo um de reserva, mas não queríamos ficar com o backup vazio, então optamos por comprar logo).

Com o botijão devidamente reposto, deixamos a casinha no mesmo estacionamento, visto que já havíamos pago ele pelo período de 24hs, e partimos a pé para o trajeto pretendido.

Antuérpia não é uma cidade pequena, então optamos por passear somente pelo Centro Histórico. Por lá, conhecemos a Praça Grote Market, Catedral Nossa Senhora de Antuérpia e várias estátuas e monumentos que representam bem a história da cidade.

Entre gigantes e brabos conhecemos o “Cão de Flandres ou Nello e Pestrache”. A estátua foi criada graças ao grande sucesso de um filme japonês que, por sua vez, foi baseado no livro “A dog of flanders”, história de um órfão que morreu de frio em frente à igreja com seu cãozinho. Fiquei tão marcada com a historinha que a lembrancinha da cidade foi um ímã do menininho e do cão. 

Almoçamos um delicioso italiano na praça mesmo e fomos às compras no calçadão Meir: uma avenida só para pedestres com lojas diversas. 

No fim do dia, lanchamos waffles e chocolate quente e voltamos pra casinha para pegar a estrada novamente. 

A próxima cidade seria Bruxelas, entretanto, no caminho, conheceríamos o Fort Breendonk - um campo de concentração que fica a cerca de 20Km de Antuérpia. Preferimos dormir o mais próximo possível para estar lá cedinho, logo na abertura, otimizando assim a partida para Bruxelas na sequência. 

Como teríamos que abastecer e esvaziar os tanques, procuramos, no aplicativo Park4night, um camping estruturado para fazer todo o serviço. Pagamos € 15 pela noite.

Leia também: Antuérpia: história, moda, arte, compras, arquitetura e waffles



Dia 5 Fort Breendonk e Bruxelas

Desejo do Luiz que se tornou nosso também. Há meses ele vinha estudando sobre a Segunda Guerra Mundial e vendo séries sobre o assunto, então nós acabamos nos interessando também. Quando descobrimos que havia um campo de concentração pelo caminho por onde passaríamos, nem pensamos duas vezes. 

O Fort Breendonk é muito impactante. Acreditem, existe uma grande diferença entre assistir pela TV e ver pessoalmente um lugar onde milhares de pessoas sofreram até a morte. As instalações são extremamente bem conservadas, os quartos são originais e existem muitos objetos de prisioneiros, como roupas e documentos. 

Poder observar o complexo foi riquíssimo para as meninas e até para mim, que não sabia da diferença entre Campo de Concentração e de Extermínio (pasmem!).

Investimos € 50 nessa aula de história, e acabamos ficando mais tempo que o planejado. Sei que o frio foi um mero detalhe, se comparado a todo o sofrimento que os prisioneiros passaram ali e em outros tantos campos espalhados pela Europa, mas sabe? Como sou muito sensível ao frio, chorei de pensar no sofrimento provocado pelas baixas temperaturas pelas quais os prisioneiros passaram no inverno. Em certos cômodos do complexo, tive a impressão de que fazia mais frio dentro do que do lado de fora 😓




Quando saímos do Fort com destino a Bruxelas, já eram mais de 12hs. Apesar da distância ser pequena, apenas 27Km, levamos quase 2hs até que conseguimos parar em um estacionamento no centro de Bruxelas.

Nossa experiência na capital belga não foi das melhores: custamos a encontrar estacionamento que nos coubesse, chovia bastante (chuva no inverno é sofrimento inevitável para pessoas como eu, que são extremamente sensíveis ao frio), as meninas quiseram comer fritas, como despedida da Bélgica e, como as que havíamos comido em Bruges tinham sido maravilhosas, elevamos a expectativa e nos decepcionamos (talvez pela escolha do local).

Fomos em busca do Manneken Pis e o local estava tão cheio que conseguimos tirar apenas algumas fotos, de looooonge, do menininho que, no dia, estava vestido de paciente. 

Como a chuva não cedia, optamos em pegar a casinha e ir para o local onde iríamos pernoitar antes que anoitecesse, nos esquivando assim de grandes congestionamentos, mas já era tarde demais. Levamos quase 2hs novamente para chegar ao local. No caminho, compramos waffles para tirar a má impressão das fritas: mera ilusão! 

Espero poder voltar à Bruxelas, para poder caminhar tranquilamente pelas ruas e ter uma experiência melhor do que a que tivemos. Se voltar de motorhome, pararemos na entrada da cidade e tomaremos um Uber ou táxi hehehe...

O que salvou a ida a Bruxelas foi a escolha do local onde pernoitar: o Atomium. Ele fica na entrada da cidade e, à noite, sem grande movimento, ficou fácil estacionar. Na nossa opinião, ele fica ainda mais bonito nesse horário, com suas luzes acesas. Um charme só!

Paramos em um estacionamento ao lado da molécula gigante, que custou € 6, tiramos várias fotos, tomamos banho e capotamos.

Leia mais:

Dia 6 Estrasburgo

Como a distância a ser percorrida até Estrasburgo, na França, era grande, cerca de 450Km, acordamos cedão. 

Cruzamos a fronteira entre Bélgica e Luxemburgo por volta de 9h30min, enchemos o tanque, pois o combustível neste país estava bem mais em conta do que na Bélgica e, com certeza, mais barato do que na França também, e seguimos viagem.

Veja também: Luxemburgo: tudo o que você precisa saber para visitar esse pequeno país

Chegamos em Estrasburgo às 13hs, comemos uma baguete e andamos apenas alguns metros para nos deparar com a belíssima e surpreendente Cathédrale Notre Dame de Estrasburg. Belíssima tanto por fora quanto por dentro, com seu relógio astronômico e vitrais. 

Percorremos o centro histórico e, ao anoitecer, retornamos para a casinha para o próximo destino. Depois de 5 dias, decidimos que era hora de pernoitar em um hotel para um banho mais demorado, sem preocupação de que a água fosse acabar a qualquer momento. 

Em termos de estrutura do motorhome, o quesito quantidade de água limpa foi o único ponto que, ao nosso ver, foi de alguma forma desconfortável. Não estávamos acostumados a poupar água desta forma, principalmente no banho. 

Os 100 litros davam para exatos 4 banhos (curtinhos), preparo do café da manhã e jantar e louça de ambas as refeições.

Leia mais:

Dia 7 Colmar, Interlaken e Lauterbrunenn

Acordamos cedinho novamente e, após um segundo longo banho, fizemos supermercado para reabastecer a dispensa. No fim do dia, entraríamos na Suíça, e lá os preços são exorbitantes.

Na sequência, fomos em busca de gás, pois o nosso já estava no fim. Gastamos um pouco mais do que na primeira troca, pois, em Antuérpia, na Bélgica, eles nos deram um botijão diferente do da França, então tivemos que pagar pelo botijão, que é comercializado no país.

Pagamos € 25 do gás e € 15 do novo botijão. 

Uma observação importante é que, em ambas as trocas que fizemos, tínhamos ainda um botijão de reserva, mas eu, medrosa como sou, não quis arriscar ficar sem backup cheio. 

De Estrasbrugo, partimos para Colmar, também na França. 

Chegamos por volta de 10hs, paramos na Rue de la Cavalerie, pagamos € 15 pelo estacionamento, que é exclusivo para motohomes (ou seja, bem grande) e fomos turistar pela encantadora Rue La Petite Venise, que fica no centro histórico. Almoçamos por lá mesmo e, às 15hs, pegamos a estrada novamente em direção à Interlaken, na Suíça.




Ao chegar à fronteira, tivemos apenas que responder ao agente aduaneiro para onde iríamos e pagar SFr 45 pelo selo de pedágio necessário para entrar no país. Não foi necessário sequer apresentar os passaportes. 

Foi possível pagar em euros, mas o troco é sempre em francos, o que é um pequeno prejuízo, considerando que a moeda vale menos que o euro. 

Chegamos em Interlaken por volta de 18h30min.

A cidade é belíssima, fica à beira de um grande lago. Optamos em ir direto para o camping, pois já estava anoitecendo. Pagaríamos SFr 40 por noite, mas ele dispunha de toda estrutura que a gente precisaria (água, energia, etc).

A escolha do camping foi pela boa localização em relação aos locais que iríamos visitar na região, mas, ao chegar no endereço indicado pelo aplicativo Park4Night, nos deparamos com o camping fechado.

Nesse momento, um turbilhão de sentimentos invadiram meu ser: desespero, angústia, decepção, medo...

Um morador que passava por perto nos esclareceu que o local ficava fechado no inverno (informação esta que não contava no aplicativo), então teríamos que procurar outro local para ficar. O fato era que, na região em que estávamos, os estacionamentos eram carerésimos (encontramos um que pagaríamos SFr 20 por apenas 3 horas e a ideia era passar a noite, ou seja, no mínimo 12 horas = SFr 80 apenas para estacionar). Os outros locais que encontramos no mesmo app, até gratuitos, não nos sentimos seguros em ir devido ao horário, pois todos eram à beira lago, e estávamos no meio dos Alpes. 

Foi aí que Deus enviou um anjo para nos salvar: puxei assunto com um moço que passava e, conversa vai, conversa vem, ele nos indicou um camping que ficava em Lauterbrunenn, a cerca de 13Km de onde estávamos. Questionei se seria seguro pegar estrada àquela hora, e ele nos garantiu que sim. Transpirando incerteza e medo, fomos em direção ao vilarejo. 

Estrada de mão única, estreita (considerando a largura do motorhome), muita subida, até que finalmente chegamos: Camping Jungfrau.

Como era noite, não vimos muito da estrutura do local. Fomos ao restaurante, pois a recepção estava fechada. Recebemos a informação de que a diária para as 4 pessoas custariam SFr 60 + o custo com o consumo de energia elétrica, se houvesse. Nos pareceu justo.

Recebemos a orientação de que deveríamos ir até a recepção, no dia seguinte, para cumprir com a parte burocrática de registros, e fomos levados até o local onde ficaríamos estacionados por um rapazinho muito simpático e cortês.

Enquanto improvisei uma raclette, com os utensílios que dispunha, as meninas fizeram a maior farra na neve, bem ali, ao lado da casinha. A dificuldade foi colocar todos para dentro. Temperatura beirando -3 e elas querendo brincar 😜

Aquela noite foi difícil dormir (e em todas as outras que passamos ali também)! A noite estava clara e o camping ficava em um local privilegiado, de forma que, de onde estávamos, era possível avistar a cadeia de montanhas que cercavam o vilarejo.

Sensação indescritível.

Veja mais:

11 lindas aldeias francesas na Alsácia, incluindo Colmar
Viajando de motorhome pela Suíça: Basel, Lucerna e Zurique

Dia 8 Lauterbrunenn

Pela manhã, a vista foi ainda mais encantadora. Estávamos, literalmente, hospedados em meio aos Alpes Suíços

Na recepção, descobrimos que o camping dispunha de uma estrutura muito mais ampla do que as básicas, para as necessidades do RV (local apropriado para encher e esvaziar os tanques e cassete).

Incluso no valor da diária: 

· Pia para lavar louça, em local fechado e água aquecida
· Lavanderia com máquinas de lavar e secar
· Banheiro próprio para banho em pets
· Local apropriado para guarda de equipamentos de ski
· Banheiros individuais e familiares com água aquecida e secador de cabelo 
· Internet à vontade 
· Transporte gratuito para alguns pontos turísticos das redondezas 

Outras comodidades: 

· Restaurante 
· Mini mercado 
· Souvenir 
· Chalés 
· Desconto em compras de atrações da região (compramos os ingressos para visitar a Shilthorn e economizamos € 50)

Ia muito além do que esperávamos. Decidimos, sem nem pensar muito, que ali seria a nossa base para os próximos 3 dias.


Estávamos na Suíça, e no país é tudo muito caro para os nossos padrões. Uma comparação que sempre faço para que as pessoas entendam o alto custo do país é quando comparo o preço do chocolate Lindt, que compramos na França por, em média, € 1,60, e na Suíça custava SFr 4,50.

O franco suíço vale cerca de 0,20 - 0,30 centavos menos que o euro mas, mesmo assim, o custo é muito elevado. Cerca de 2 ou até 3x o valor do mesmo produto no país vizinho.

O planejamento inicial era montar base em Interlaken e, de lá, visitar Grindewald, Lauterbrunenn, Mürren, a montanha Schilthorn e o Lago Blausse. Mas, estando em Lauterbrunenn, ficou ainda mais fácil, pois no vilarejo fica o ponto de partida de um dos teleféricos necessários para se chegar até a montanha, e ainda seria possível utilizar o ônibus gratuito que nos levaria do camping até o local e vice-versa, sem precisar tirar a casinha de lá. 

Mudamos rapidamente o nosso planejamento e fomos turistar à pé pelo vilarejo.

Lauterbrunenn tem um pouco mais que 3.000 habitantes e fica em um vale no coração dos Alpes (na região de Jungfrau).

A cachoeira que é símbolo da vila, as casinhas de madeira e a cadeia de montanhas que cercam o vilarejo fazem dele um encanto só! 

À tarde, iríamos passear por Grindewald, que ficava a 17Km de distância, mas, ao tentar sair com o motorhome, ele não saiu do lugar. Imaginamos que o freio de mão pudesse estar congelado e acionamos a assistência para o devido socorro.

Em um primeiro momento, ficamos chateados com a ideia de perder a tarde esperando o socorro chegar, mas sabe? Decidimos que nada, mas nada mesmo, iria ofuscar o encantamento de estar naquele lugar que há muito tínhamos planejado estar. Passamos a tarde brincando na neve, fazendo vídeo-chamadas com toda a família e simplesmente admirando o lugar. 

O mecânico chegou por volta de 15h30min, e a comunicação para mostrar o problema se deu através de mímicas e parte com o tradutor, pois ele só falava alemão e nós somente francês e inglês.

A Suíça é constituída por 4 principais regiões linguísticas e culturais, sendo as línguas faladas o alemão, o francês, o italiano e o romanche. O inglês também é utilizado para ajudar na comunicação local, mas estávamos em uma região onde o idioma predominante era o alemão. 

Segundo ele, os freios não estavam congelados, então ele nos guinchou uns 2 metros e o carro andou normalmente. Constatação: o controle de tração do carro estava acionado. Trata-se de um botão que fica no painel e que deveríamos ter desligado, mas, além da gente não saber disso, a locadora não nos explicou nada a respeito na aulinha que tivemos no dia da retirada do RV, mesmo tendo deixado claro que iríamos até os Alpes Suíços. 

Um ponto que acho importante que seja mencionado é acerca de pneus de neve. Quase deixei o Luiz maluco insistindo que deveríamos ter alugado o motorhome com pneus próprios para neve. Por mais que ele me explicasse, nunca ficava totalmente convencida. Então, na locadora, eles esclareceram que, caso eu rodasse somente por estradas de asfalto, sem fazer trilhas, os pneus que estavam no veículo eram adequados, e não nos trariam problemas. Mas confesso que, quando o carro não saiu do lugar, cheguei a pensar que o problema fosse esse. 

Como já era fim de tarde, optamos em simplesmente aproveitar a companhia um do outro dentro da nossa humilde “residência”.




Dia 9 Mürren e Schilthorn

No sábado, seria o dia de conhecer Mürren e Schilthorn - Piz da Glória. 

Não foi necessário madrugar, pois estávamos pertinho do ponto de embarque para o teleférico, mas, às 8hs, já estávamos prontinhos para subir. 

Mürren é um vilarejo de cerca de 500 habitantes que fica no meio de um planalto e não pode ser acessado de carro, então já dá para imaginar a tranquilidade do lugar né? 

Partindo de Lauterbrunenn, é necessário pegar uma gôndola, que te leva até Grütschalp, onde deve-se pegar a conexão com o trem de montanha elétrico chamado BLM, que te leva até o vilarejo, que mais parece um conto de fadas. 

Passeamos cerca de 2hs, tiramos muitas fotos e fomos para a estação do teleférico do Schilthorn.

Subimos direto para o topo da montanha, chamado Piz da Glória. Neste ponto, a 2.970m de altitude, está localizado o restaurante giratório panorâmico, que oferece visão de 360 graus das montanhas Titlis, Eiger, Mönch e Jungfrau.

O local tornou-se internacionalmente famoso quando foi retratado no filme “Bond - a serviço de sua majestade”, em 1969. Todo o complexo faz referências ao filme e dispõe de diversas atrações. 

Após o almoço, descemos para o Thrill Walk, que é uma plataforma construída na beira do penhasco, um pouco abaixo do Piz da Glória, com vistas lindíssimas e muita emoção no caminho. 

Caminhar pela estrutura, em meio à paisagem branquinha, foi surpreendente. 

Já eram quase 16hs quando decidimos descer de volta para Mürren. Andamos mais um pouco pelo pitoresco vilarejo, entramos em um mercadinho pequeno, porém bem estruturado, com bastante variedade e juramos voltar um dia para nos hospedar ali. Mais uma descida e, quando chegamos em Lauterbrunnen para pegar o transporte de volta para o camping, já era noite. 

Dia muito bem aproveitado! De cardápio, raclette e fondue de chocolate (não ia perder a oportunidade de ter 2 pratos típicos do país na nossa casa com rodas).







Dia 10 Lago Blausse e Dijon

Domingo seria nosso último dia nesse paraíso, e muito esperado, pois visitaríamos o Blausse, um pequeno lago incrivelmente azul e transparente, localizado dentro de um Parque Natural, que mais parece uma pintura. 

Como ficava a cerca de 50Km de onde estávamos, o motorhome nos levaria até lá. 

Passamos na recepção, não me recordo para quê, e o dono do complexo começou a nos questionar acerca do nosso retorno para Paris e também do dia de regresso para o Brasil. Achamos estranho, mas informamos tudinho. Então ele nos avisou que acabara de receber um alerta de que a tempestade Ciara chegaria até a Suíça e que, apesar de já estar com ventos fortes, na segunda à noite eles seriam fortíssimos na região, e também na França. 

O nosso plano era partir na segunda bem cedinho e percorrer mais de 600Km até bem próximo da McRent Paris para devolver o veículo na manhã do dia seguinte, mas ele nos orientou a partir imediatamente. 

Como o motorhome é alto (2,30m), o vento forte poderia causar instabilidade e tombá-lo. 

Nem pensamos 2 vezes, e acatamos a sábia orientação. Enchemos o tanque de água, esvaziamos o tanque de água cinza e o cassete, acertamos as diárias e partimos. 

No total, foram SFr 197. Pagamos em euro e, para melhorar ainda mais a excelente impressão que tínhamos acerca do camping, recebemos troco. Eles fizeram a conversão de uma moeda para a outra e nos devolveram a diferença. Grande surpresa, pois ninguém fazia isso na Suíça. 

Na nossa opinião, foi o dinheiro mais bem gasto de toda a viagem com o motorhome. O local dispõe, além de uma excelente estrutura e segurança, de muita cordialidade e simpatia. Fomos muito felizes nos poucos dias que estivemos ali, e retornaremos com toda certeza. 

Como o Blausse não estava muito longe, decidimos passar por ele antes de seguir viagem e, apesar de ter sido uma visita rápida, bem menor do que eu gostaria, foi maravilhoso.






O retorno à França foi bem tenso, pois já dava para sentir ventos laterais fortíssimos quando cruzamos a fronteira. 

Para piorar, o Google Maps nos direcionou a seguir por um caminho que passava pelo interior do interior da Franca. Deixamos para abastecer no país para economizar (na Suíça era bemmmm mais caro), mas quem disse que encontramos posto de combustível? Como estávamos com medo de parar para traçar uma rota melhor, seguimos viagem. 

Não daria para chegar até o destino final (próximo à McRent Paris), então a opção mais segura seria parar para dormir e terminar a viagem no dia seguinte. Localizamos um camping no app Park4Night, e desviamos um pouco a rota para chegar até o local. 

Aconteceu o mesmo que em Interlaken: o local estava fechado no inverno, mas no app constava a informação de que estaria aberto todo o ano. 

Com isso, Dijon nos pareceu a melhor opção, por ser uma cidade maior e estar perto dali. Quando pegamos a autoestrada que nos levaria até a cidade, o pânico nos assolou, pois, a cada 5Km que percorríamos, havia placas na rodovia, com alertas de ventos violentos. Tentamos não demonstrar medo para não assustar as meninas, mas, por 2 vezes, os ventos laterais bateram com tanta força, desestabilizando o veículo, que foi impossível não se abalar. 

Chegamos em Dijon cerca de 20hs. Compramos um KFC na entrada da cidade e fomos em busca de um local seguro para dormir, na rua mesmo. 

Sem grandes dificuldades, achamos um local adequado, paramos, tomamos banho e fomos tentar dormir. Os ventos eram muito fortes, e esta noite certamente não estará entre as minhas favoritas. 

Quase amanhecendo, o gás acabou, então acordamos com frio. Luiz esperou amanhecer e fez a troca já com luz do dia. 

Dia 11 Orly

Antes de partir, arrumamos as malas e fizemos uma faxina na casinha, pois ela deveria ser entregue limpa por dentro (ou então pagaríamos uma taxa de € 100 pela limpeza).

No caminho, paramos em um “Aires de servisse”, que é muito comum nas rodovias francesas, para fazer o serviço de deságue de água cinza e limpeza do cassete. 

Trata-se de pontos de descanso que as rodovias dispõem. Alguns deles têm mesas e cadeiras, parquinhos, área para picnic, lixeiras e banheiros, tudo muito limpo. Paga-se bem caro em pedágios para rodar pelas rodovias do país (gastamos cerca de € 170 no país), mas eles oferecem uma boa estrutura também. 

Luiz fez a limpeza do cassete no banheiro do complexo e, a partir dali, não pudemos mais utilizar o banheiro do motorhome, pois ele deveria ser entregue vazio e limpo. 

Chegamos em Orly eram 15hs. Deixamos as malas e as meninas no hotel, que estava previamente reservado, e fomos buscar um estacionamento para deixar a casinha até a manhã do dia seguinte. Uma luta! 

Em nenhum estacionamento era possível entrar, devido à altura do veículo. Encontramos um, cerca de 2Km do hotel, no qual tivemos que ligar na central para que eles enviassem um funcionário para abrir um portão lateral para a gente entrar (tudo automatizado, sem funcionário nenhum para te atender no local).

1h30min depois, casinha devidamente estacionada em local seguro, voltamos para o hotel. 

Optamos em nos hospedar em Orly pela proximidade com o aeroporto. Como o nosso embarque seria às 7hs na quarta, o ideal seria estar o mais próximo possível, para não precisar passar a noite no aeroporto. 

Dia 12 Devolvendo o motorhome

Pela manhã, fizemos a devolução do motorhome. 

Processo simples, onde eles fizeram uma vistoria para verificar possíveis avarias e limpeza do veículo. Com tudo em ordem, eles informam que a caução do seguro seria estornada em até 40 dias e prontinho. 

Confesso que deu um nó na garganta deixá-lo no estacionamento da locadora e ir embora. 

Apesar de termos tido alguns perrengues e contratempos, passamos dias maravilhosos e mágicos a bordo dele. 

A experiência não só superou todas as nossas expectativas, como também nos possibilitou vivenciar momentos que nunca esqueceremos, em família e com muita união. 

Mas verdade seja dita: não é para todos!

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca


Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Impressões da viagem de motorhome

Alguns pontos são relevantes para quem pensa em se aventurar em um motorhome.

Explico-me:

1. Na nossa percepção, ele não foi feito para transitar em grandes cidades. Bruxelas foi a única cidade de grande porte que fomos, e a experiência não foi das melhores, pois rodamos muito tempo para encontrar uma vaga bemmmm apertada. Se um dia voltarmos de motorhome, provavelmente a gente irá deixá-lo na entrada da cidade e pegar um Uber até o centro. 

2. Tem que ter disciplina! É uma casa (com rodas), então você terá que fazer compras, organizar o interior para não viver na bagunça, cozinhar, abastecer com água potável, esvaziar a água suja e o cassete. Não que isso seja um problema, mas há quem não goste. 

Não há como mensurar se fica mais em conta, pois cada viajante tem um perfil diferente. Tudo dependerá das escolhas feitas.

No nosso caso, estimo que tenha ficado entre 20 e 25% mais caro do que se tivéssemos nos hospedado em hotel e alugado um carro. Mas ressalto que foi em virtude das escolhas que fizemos, e acho que eu não teria encarado fazer de carro um trajeto tão longo sem o conforto do RV. 

Na Suíça, por exemplo, optamos em ficar 3 dias em um camping com ampla estrutura (nunca vi algo do tipo na vida!), mas os quase 200 francos suíços foram pagos sem peso nenhum, pois o local nos proporcionou, além de dias muito felizes e segurança, muita cordialidade de todos que nos atenderam.

A depender das escolhas pessoais de cada um, acredito que seja possível, sim, economizar, e muito! Basta apenas ter um bom planejamento - informações sobre campings e estacionamentos grátis à mão, fazer todas as refeições no motorhome, etc.

Dos 20 dias em que estivemos na Europa, os que passamos a bordo da “casinha” sem dúvida foram os melhores!

Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

Despesas da viagem de motorhome

GASTOS MOTORHOME
DESCRIÇÃO
 EURO
REAL
Aluguel Motohome (10 dias)
         1.355,00
 R$            -  
Inversor energia
                      -  
 R$   170,00
PID
                      -  
 R$   307,00
Hospedagem Strasburgo
                      -  
 R$   311,00
Pedágios
             170,00
 R$            -  
Permissão para entrar Suíça
               45,00
 R$            -  
Supermercado
             217,00
 R$            -  
Alimentação na rua
             658,70
 R$            -  
Gasolina
             423,00
 R$            -  
Campings/estacionamentos
             350,00
 R$            -  
Gás
               65,00
 R$            -  
Fort Breendonk
               50,00
 R$            -  
Schilthorn
             227,00
 R$            -  
Lago Blausse
               25,00
 R$            -  
Uber Paris para McRent
               50,00
 R$            -  
Uber McRent para Paris
               45,00
 R$            -  
TOTAL
         3.660,70
 R$   788,00

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Viagem de motorhome pela França, Bélgica e Suíca

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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1 comentários:

  1. Tudo na Suíça é melhor, apesar dos preços! Qualidade, cordialidade, serviço, estrutura, etc.

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