Antártida de navio de expedição: o que você precisa saber para conhecer o continente branco
Um dos maiores sonhos da minha vida é conhecer a Antártida. E eu não quero ir num daqueles cruzeiros de contemplação, em que os passageiros não desembarcam do navio no continente branco. Quero ir num navio de expedição, com direito a muitos desembarques para ver de pertinho pinguineras, focas, baleias, icebergs, glaciares, fazer caminhadas no gelo azul...enfim, tudo o que torna a Antártida tão especial.
Também não quero ir de avião, porque faço questão de cruzar o Drake, com suas ondas de até 15m de altura. Faço questão de enjoar e sentir o Drake Shake - acho que todo o perrengue é parte do "batizado" para chegar à Antártida. É o tipo de lugar que você tem que merecer 😂
Quando vi a Thatiany, do perfil @turismopelomundo no Instagram, embarcando num desses cruzeiros de expedição com os quais eu sonho há tempos, já fiquei querendo saber tudo, acompanhei toda a viagem dela pelos stories e a convidei pra escrever um post para publicarmos aqui no blog, contando o que você precisa saber para conhecer a Antártida.
Então, com vocês, o nosso 1º post sobre a Antártida - o 6º continente - aqui no blog! Era o continente que faltava aqui no #felipeopequenoviajante, e eu espero logo poder enriquecer esse conteúdo aqui no blog com meus próprios posts! 💪🙏
Com a palavra, a Thatiany:
Para os fascinados por destinos exóticos, a Antártida é o destino da vez. Sim, é possível conhecer este continente remoto e foi a melhor experiência da minha vida.
Meu nome é Thatiany e sou proprietária da Turismo Pelo Mundo Viagens, em Goiânia. Trabalho com Turismo desde 2001 e viajo o mundo atrás de conhecimento e experiências únicas para oferecer o melhor para os meus clientes.
Falarei, neste post, sobre a minha experiência pelas águas geladas da Antártida e detalhes importantes para te ajudar no planejamento da sua viagem.
Como chegar à Antártida
Há 2 formas de chegar à Antártida:
- através de cruzeiro de expedição, que foi o que eu fiz e, para mim, a mais incrível, porque temos contato muito próximo com os animais. Os navios são menores e com uma tecnologia impressionante. Dentre estas opções há o Fly the Drake, para quem não quer a experiência de navegar pelo Drake. Mas eu garanto que fazer o Drake faz parte da viagem, já que durante os 2 dias de travessia, assistimos palestras sobre a fauna, flora, fotografia, conversamos com a equipe, somos instruídos de como serão os passeios...porém, logo mais falaremos sobre isso!
- cruzeiros de contemplação, aqueles navios maiores, que não têm permissão para se aproximar da Península, impedindo que haja passeios em terra. Ou seja, você passa pelo Drake, sente o balanço do mar e só vê, de longe, a paisagem.
navio de expedição |
Antártida |
Quando visitar a Antártida
A temporada é no verão austral, que vai de novembro a março, quando as temperaturas são menos extremas (em média, entre -2°C e 8°C), e o gelo se afasta, permitindo a navegação, além de a vida selvagem estar mais ativa nesta época.
Este período é ideal para observar pinguins (milhares, por sinal), focas, leões marinhos, baleias e aves marinhas.
Dicas importantes para viajar à Antártida
Não é necessário visto para brasileiros, mas é importante ter passaporte válido por, no mínimo, 6 meses, além de seguro viagem.
Além disso, a Swan Hellenic, a companhia com que eu viajei, nos pede um atestado de saúde, assinado por médico, mostrando que somos aptos a fazer a viagem.
Os passeios não são difíceis, e há idosos e crianças, a partir de 9 anos, no navio. Porém, é uma medida de segurança da cia.
Por falar em passeios, nós saíamos 2 vezes por dia. Eles nos separam em 2 grupos e o grupo A sai no 1º horário e o grupo B vai no 2º turno. Ou seja, no 1º dia, o grupo A sai 1º nos 2 passeios. Já no outro dia, os horários são invertidos, e o grupo A sairá no 2º horário as 2 vezes.
Nós tivemos a sorte de atravessar o Drake muito calmo, com ondas de até 3m, chamado de Lake Drake, e chegamos à Antártida 6hs antes do horário previsto. Isso nos garantiu um passeio a mais.
Foi simplesmente perfeito ver o entardecer em meio aos icebergs.
Porém, em uma das nossas paradas, que são sempre diferentes, achamos que seria impossível descer, pois nevava muito, e o comandante avisou que teríamos que aguardar 20 minutos, pois o tempo estava “virando”. Parecia impossível, mas, como uma chavinha, 20 minutos depois estávamos nós dentro do Zodiac (aqueles botes infláveis extremamente potentes) para fazer o passeio.
Se você não sabe, a passagem de Drake, entre a América do Sul e a Antártida, é famosa por suas águas turbulentas e, para mim, foi o maior receio, quando aceitei o convite para fazer esta viagem. Eu estava morrendo de medo, tive até pesadelos, mas fui abençoada por travessias maravilhosas e repletas de baleias.
A ida foi mais tranquila do que a volta. Praticamente não senti desconforto. Porém, tomei vários tipos de remédios para enjoo. Eu levei uma farmacinha recheada, mas o navio também fornece, em caso de necessidade. Para quem enjoa muito, existe um adesivo que os gringos usam e parece ser melhor ainda. Eu não usei, mas conversei com algumas pessoas sobre o assunto e todas recomendaram.
É importante estar preparado para possíveis enjoos e ter medicamentos apropriados à disposição.
Os navios de expedição são projetados para enfrentar essas condições, mas um espírito de aventura é necessário para lidar com os desafios.
Sabe aquela frase: “as dificuldades passam e os benefícios ficam”? Ela super se encaixa numa viagem para Antártida.
Como as condições climáticas na Antártida são imprevisíveis e podem mudar rapidamente, a rota do navio pode ser alterada a qualquer momento e devemos estar preparados nos vestindo em camadas.
As cias nos presenteiam com uma jaqueta impermeável e nos emprestam as botas de borracha para as atividades fora do navio. Por isso, não precisamos nos preocupar com calçados apropriados para os passeios, e devemos levar roupas térmicas, calça impermeável (tipo de esqui), gorros, luvas, cachecóis e óculos de sol com proteção UV, protetor solar, bepantol e muito, mas muito hidratante.
As nossas roupas são cuidadosamente aspiradas e analisadas no 1º dia, para que não transportemos nenhum tipo de grão ou pragas para o continente.
Todos os turistas devem seguir as diretrizes da IAATO (Associação Internacional de Operadores de Turismo da Antártida), que estabelecem normas rigorosas para a preservação do meio ambiente.
Isso inclui manter uma distância segura dos animais (se os pinguins vierem na sua direção, pare, pois a preferência é deles), não deixar nenhum resíduo em terra, não levar elementos naturais, como rochas ou plantas, e seguir orientações específicas para a limpeza de roupas e equipamentos.
Todos os dias, quando chegamos das expedições, lavamos as botas, para que não haja contaminação no navio.
Diariamente, antes do jantar, acontece um briefing de como será a programação do próximo dia, as condições climáticas, onde será a parada, o horário de saída, se haverá passeio de caiaque, se será um passeio no Zodiac, para avistamento dos animais, ou se será em terra.
Posso garantir que é uma emoção a cada reunião e a cada descida!
Swan Hellenic e o SH Vega
Quero falar um pouco sobre a Swan Hellenic e sobre o SH Vega, navio que eu viajei.
Fiz a menor rota e foram 9 dias navegando, mas há outras opções.
A embarcação é projetada para oferecer conforto, segurança e uma experiência enriquecedora enquanto exploramos as regiões mais remotas e intocadas do mundo.
A Swan Hellenic é conhecida por suas expedições de aventura sofisticadas, com foco em destinos polares e locais fora do comum, proporcionando uma experiência única.
O navio de expedição Vega tem capacidade para 152 passageiros e não tem nada de sofisticação. Inclusive, se você procura luxo, não é esta a escolha que você deve fazer. Talvez, nesse caso, eu te oferecesse o Scenic Eclipse, que é bem mais luxuoso.
Contudo, o Vega, assim como o Diana, são opções perfeitas, com decoração elegante, acomodações espaçosas e confortáveis (e eu super recomendo a cabine com varanda, mesmo que o investimento seja maior), banheiros excelentes, restaurante com comida internacional (almoço sempre self-service e jantar a la carte), e um restaurante de apoio, que funciona praticamente o dia todo.
Além disso, há um spa com sauna, uma academia totalmente equipada, piscina aquecida, jacuzzi e áreas externas aquecidas para relaxamento.
O navio também conta com um auditório para palestras e workshops, permitindo que os hóspedes aprendam mais sobre a fauna, flora e geografia da Antártida com especialistas.
Todos eles, inclusive, nos acompanham durante as expedições.
A cia prioriza o aprendizado e a educação, oferecendo um programa robusto de palestras e workshops a bordo.
Os passageiros têm a oportunidade de interagir com cientistas, fotógrafos e guias especializados, que compartilham conhecimentos e histórias fascinantes sobre a Antártida. É incrível!!
O navio foi construído com a mais avançada tecnologia ecológica, incluindo um sistema de propulsão híbrida que minimiza o impacto ambiental. Tem casco reforçado para gelo (Classe Polar PC5), o que permite navegar em condições desafiadoras com segurança e eficiência.
Além disso, o navio é equipado com tecnologias de redução de emissão de poluentes, alinhando-se às rigorosas normas ambientais das regiões polares.
Outro ponto importante é a internet, que funciona 100% bem. Ela é gratuita para redes sociais, mas é paga, por dia, para acessar e-mails e aplicativos de banco. Não é barato, mas dá para usar por 24hs em caso de necessidade.
Para encerrar este texto, RECOMENDO esta viagem para aqueles que, sem dúvida alguma, buscam uma grande aventura e desejam explorar os últimos grandes locais inexplorados da Terra, respeitando sua fragilidade e singularidade.
E qual foi a minha maior aventura durante a viagem? O famoso Polar Plunge!
O mergulho polar é uma tradição e é inesquecível! Tudo acontece com a supervisão da equipe, com segurança, e nunca houve nenhuma fatalidade...pode confiar em mim. Você não se arrependerá!!
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