Como contei no nosso último post, de Montenegro nós seguimos viagem para a Albânia, onde rodamos mais de 500Km em 3 dias!
Estivemos lá em maio de 2014, durante a nossa viagem de motorhome pelos Bálcãs.
Já publiquei um post com o videoclipe da Albânia, e agora chegou a hora de relatar as nossas andanças pelo país, do norte (Shkodra) para o sul, passando pela linda Kruja, até chegarmos à interessantíssima capital Tirana.
Para que este post não fique comprido demais, vou deixar para contar sobre Berat no próximo!
Vem com a gente!
O comunismo e o isolamento do resto do mundo terminaram em 1991, e desde então já se passaram mais de 20 anos, mas ainda é muito fácil encontrar vilarejos onde parece que o tempo parou...mas se apresse, porque essa sensação maravilhosa de que você é o único viajante por lá certamente não vai durar muito!
Para ver o nosso roteiro de 34 dias pelos Bálcãs, clique aqui.
A quem interessar possa, usamos o guia Eastern Europe da Lonely Planet, 12ª edição, para viajar pelo país.
Cruzando a fronteira
De Murici, em Montenegro, seguimos em direção à fronteira albanesa em Sukobin, por uma estrada lindíssima, contornando as montanhas e o Lago Skadar.
Foi a primeira vez que encontramos fila para cruzar uma fronteira!
Cruzamos a fronteira de Montenegro para a Albânia em Sukobin - Muriqan.
Acho que havia fila porque lá as imigrações estão concentradas no mesmo lugar - nos outros países, passávamos primeiro na imigração de um país e depois andávamos mais 200 ou 300 metros até chegar no prédio da imigração do outro país. Lá, é tudo no mesmo lugar, a saída de Montenegro e entrada na Albânia num conjunto só.
A primeira impressão da Albânia é a de um país bem rural mas, até então, as estradas estavam beeeeeem boas.
Da fronteira, em Muriqan, seguimos mais uns poucos quilômetros até Shkodra, que fica bem ao norte do país.
Shkodra
Shkodra é uma das cidades mais antigas da Europa (embora não pareça!), centro da região cultural Gheg.
Chegando lá, fomos direto ao Forte Rozafa, onde pagamos € 1,50 para cada um entrar, e o Lipe não pagou.
O preço em leke - moeda local - era 200 por pessoa.
Dá para estacionar num estacionamento grátis quase no portão de entrada da fortaleza. Não seja bobo de parar nos estacionamentos pagos que existem na subida até lá!!
As vistas lá de cima, do Lago Shkodra, são bem boas.
Depois, fomos até o centro da cidade e um policial nos deixou estacionar no estacionamento para ônibus que fica bem na frente da mesquita localizada no início do calçadão da Cidade Velha.
Trocamos dinheiro numa agência de viagens com a cotação bem boa: € 1 = 139 leke.
Passeamos pelo calçadão embaixo de um calor de 33°C e achei a rua de pedestres bem bonitinha e arrumadinha, com todos os prédios restaurados e bem pintados.
leke, a moeda nacional da Albânia
Onde comer
Almoçamos super bem no Restaurante San Francisco, tri bacana, com wifi.
Pagamos 1720 leke, bem mais barato do que nos outros países por onde andamos (Eslovênia, Croácia e até mesmo Bósnia e Montenegro).
Não deixe de experimentar a cerveja local Tirana.
As estradas e os cogumelos
Depois de bater perna por Shkodra, pegamos nosso motorhome e seguimos viagem para Kruja, por uma free way excelente.
Eu havia lido que as estradas na Albânia eram terríveis, mas com certeza depois disso elas foram reformadas, e estão ótimas. Rodovias duplicadas em excelentes condições, foi só o que vimos naquele dia!
Na estrada, passamos por muitas carroças carregando feno, uma quantidade imensa de postos de gasolina e muitos campos - não há dúvida de que ainda é um país bem rural.
Ninguém fala inglês - no máximo arriscam umas palavrinhas em italiano, mas são todos muito simpáticos, tentam ajudar a gente :)
Depois da invasão soviética na Tchecoslováquia em 1968, a Albânia entrou numa paranóia de que seria a próxima a ser atacada, e começou a construir bunkers de concreto e ferro pesando 5 toneladas cada um para se proteger.
Mais de 60 mil desses "iglus" foram construídos, os quais são indestrutíveis e podem ser vistos até hoje espalhados pelas estradas do país!
O legado de concreto do ditador comunista Enver Hoxha foi construído para repelir uma invasão e é capaz de resistir ao ataque de um tanque de guerra, como provou o "inventor" e engenheiro-chefe, que resistiu bravamente ao bombardeio de um tanque dentro de um dos seus cogumelos.
Encontramos um deles no caminho para Kruja.
Kruja
Em Kruja, chega-se primeiro na cidade nova, na base da montanha, chamada Fush Kruje.
Depois de subirmos montanha acima, chegamos à verdadeira Kruja, mas ainda na cidade nova.
A Old Town, que tem interesse turístico, fica toda dentro do Castelo, com entrada gratuita.
Estacionamos lá dentro de graça, depois que conseguimos passar por várias crianças que queriam que estacionássemos antes de chegar lá, mediante pagamento, é claro!
Dentro da área do castelo, fica o Museu do Skanderbeg, o herói nacional, bem novinho, e o antiguíssimo Museu Etnográfico.
Ficam lá, também, o Bazar, um antigo hammam e uma mesquita sem minarete, do braço Bektashi do Islamismo, chamada de Teqe.
Skanderbeg é o herói nacional da Albânia, tendo resistido por anos a fio às invasões dos Otomanos - e Kruja é a sua cidade natal, totalmente Skanderbegmaníaca, com um museu imenso dedicado ao herói de 500 anos atrás socado bem no meio da cidade velha :(
Uma caminhada pelas ruelas de calçamento de pedra dentro do castelo é um programa bem interessante!
Onde comer e dormir (free camping)
Saímos de lá e fomos tomar uma cerveja no terraço do Bar Grand, já na área nova da cidade de Kruja, que tem uma vista impressionante do por do sol e da cidade nova lá embaixo.
Mais tarde, procuramos um lugar para fazer free camping, e encontramos na descida para Fush Kruje um estacionamento de um posto de gasolina perfeito, onde o frentista foi tri querido e levantou os cones, nos autorizando a dormir ali.
Coordenadas:
N 41°29`58.2``
E 19°46`36.0``
No dia seguinte, pretendíamos ir ao Parque Nacional Dajti, para subir a montanha de bondinho, mas como ele fecha nas segundas-feiras (e era justamente uma segunda!), decidimos seguir direto para a capital albanesa, Tirana, a mais ou menos 30km de Kruja.
Tirana
Saímos de manhã de Kruja para Tirana, fazendo com o nosso motorhome uma média de 10,4km por litro de diesel (9,6l/100km).
Passamos por intermináveis postos de gasolina na beira da estrada - não conseguimos entender porque existem tantos postos de combustível na Albânia! - e logo estávamos chegando à capital, que é exatamente como o que vimos no resto do país: uma coisa meio bagunçada, à moda brasileira.
Prédios bem novos, baratos, quadrados, sem muito gosto, mais ou menos como o que a gente vê no Brasil, e bem diferente dos outros países europeus, onde tudo é bonito, antigo, colírio para os olhos.
Tirana é uma cidade colorida, poeirenta, barulhenta, poluída, quente, com um trânsito frenético.
Nos prédios, resquícios do comunismo ainda recente, muitas construções novas e sem gosto, quase nada antigo.
bunker
suportes de concreto de campo de trabalhos forçados para prisioneiros políticos
fragmento do Muro de Berlin
Aliás, as únicas coisas antigas que vimos na cidade foram a Tanner´s Bridge, uma micro pontezinha de pedra do século 19, na esquina da Avenida Presidente George W. Bush (!!!) com o Rio Lana, e a Mesquita Et´hem Bey, na Praça Skanderbeg (Sheshi Skenderbej - a praça principal).
Tanner´s Bridge
A placa da tal Avenida Presidente Bush mereceu uma fotografia - não é uma ironia uma rua logo com este nome num país recém saído de uma longa ditadura comunista??
A maioria dos templos foi destruída no período em que a Albânia se aproximou da China, após romper com a URSS, e experimentou uma terrível revolução cultural à moda chinesa.
Depois de dar uma grande volta de motorhome pelo centro da cidade e pelo bairro da moda Blloku - aberto ao público apenas em 1991, pois antes era um reduto dos membros da elite do Partido Comunista, proibido para os meros mortais, fomos encontrar um lugar para estacionar num estacionamento privado perto do prédio do Congresso, na frente do Hotel Sheraton.
De lá, caminhamos por todos os principais pontos turísticos da cidade, com o Lipe no carrinho, embaixo de um calor de derreter os miolos.
Vimos bicicletas para alugar, acho que seria uma ótima opção para dar uma volta pela cidade, que é bem sinalizada e super fácil de se orientar!
Outra coisa importante de se salientar é que se vê bastante policiamento nas ruas e a sensação que se tem é a de um lugar bem seguro :)
Vimos bicicletas para alugar, acho que seria uma ótima opção para dar uma volta pela cidade, que é bem sinalizada e super fácil de se orientar!
Outra coisa importante de se salientar é que se vê bastante policiamento nas ruas e a sensação que se tem é a de um lugar bem seguro :)
Entre uma e outra atração turística, uma paradinha numa pracinha albanesa!
Almoçamos pizzas por 2000 leke.
Atrações turísticas
Não vou fazer uma lista com a descrição exaustiva de cada ponto turístico da cidade, para não ficar cansativo - vou apenas listar aqui aqueles que nós consideramos os mais importantes, que você pode ver em uma caminhada de um dia:
Pirâmide - o Lipe imitou os locais e escalou a famosa Pirâmide de Tirana.
Esse prédio monstruoso, que é um dos símbolos mais conhecidos da capital, foi desenhado pela filha do tirano Enver Hoxha e construído m 1988.
Vimos uma manifestação pacífica em frente à Pirâmide - não deu para entender os motivos, já que ninguém falava inglês por ali, mas acreditamos que fosse uma greve de fome, porque haviam pessoas em macas dentro das barracas e várias ambulâncias com médicos chegavam e saíam a todo instante.
Praça Skanderbeg (Sheshi Skenderbej - a praça principal, bem no centro da cidade, com a estátua equestre do herói nacional bem no meio, ocupando o espaço que, até 1991, era ocupado também pela estátua do ditador Enver Hoxha.
Esta é a principal praça do país e da capital albanesa, lugar onde ficam os mais importantes prédios públicos da Albânia, como o Palácio da Cultura, o Museu Nacional, a Ópera e ministérios, com a enorme estátua do onipresente Skanderbeg.
Museu de História Nacional - fica na mesma praça e, se você for visitar apenas um museu na Albânia, que seja este.
É o maior museu do país e nele estão a maioria das relíquias nacionais e tesouros arqueológicos.
Mesquita Et´hem Bey - essa mesquita, construída entre 1789 e 1823, foi um dos poucos prédios históricos da cidade poupados pelos comunistas durante a campanha de destruição nos anos 60.
Não esqueça de tirar os sapatos antes de entrar!
Torre do Relógio - fica atrás da mesquita, bem pertinho da praça principal.
Durres
Depois de riscar Tirana da nossa listinha, seguimos em direção a Durres, no litoral, porque era necessário ir até lá para chegar a Berat, nosso próximo destino.
As estradas até lá continuaram bem boas.
Durres é praticamente uma extensão de Tirana, a "praia da capital", aonde se chega por uma estrada cheia de hipermercados e concessionárias de carros.
Em Durres fomos ao mercado e vimos praias de areia, coisa que não vimos no litoral croata, cujas praias são de pedrinhas.
Pena que há uma faixa interminável de hotéis na beira do mar - eu acho que todas as cidades na beira da água deveriam obrigatoriamente ter avenidas na beira do mar, democratizando as vistas e os acessos!
Detesto quando permitem que hotéis ou particulares construam na beira da água, privatizando o que deveria ser desfrutado por todos!
Videoclipe da Albânia
Veja o videoclipe de 3:30 minutos aqui - não esqueça de selecionar a opção para assistir em 1080p HD (alta definição):
Música: Eni Koci ft Staz - My Papi
E aí, deu vontade de conhecer a Albânia??
No próximo post, a nossa viagem continua por Berat, a "cidade branca das 1000 janelas", Patrimônio Histórico da Humanidade tombado pela UNESCO, na Albânia!
Outros videoclipes desta viagem
Já estão no ar diversos videoclipes de lugares por onde passamos nesta mesma viagem:
Croácia:
Outros países desta viagem
Leia ainda as nossas dicas sobre os outros países que visitamos nesta mesma viagem:
Leia também
nosso roteiro de 34 dias pelos Bálcãs (realizado)
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As fotos são de tirar o fôlego! Que maravilha de viagem, continuem porque eu estou amando cada relato.
ResponderExcluirVocê descrevendo a cidade de Tirana parece até que está descrevendo o Rio de Janeiro, rs. Que vontade louca de conhecer a Albânia
Beijos
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ResponderExcluirhotel albania durres