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Abismo Anhumas com flutuação: viagem ao centro da Terra no melhor passeio de aventura do Brasil

O passeio ao Abismo Anhumas, em  Bonito MS, começa na noite anterior. Ou, se você puder e quiser, duas noites antes: para ser autorizado a fazer o passeio, você precisa antes ser "aprovado" num teste de rapel que é realizado na sede da empresa, bem no centro da cidade. 

Você deve chegar lá as 18hs - nós (ansiosos!) chegamos as 17h30min  eles já estavam lá, mas ainda nem haviam preparado as cordas - pelo menos garantimos que faríamos o teste antes de todo mundo - acho que eu ficaria bem nervosa lá assistindo as outras pessoas serem reprovadas! 

É sério: na noite em que fizemos o teste, tinha um cara daqueles fortões lá, que fez o teste depois de nós, e ele foi reprovado - se eu tivesse assistido a essa cena antes do nosso teste, acho que já teria desistido antes de tentar! #morrernapraia

Mas você também não pode deixar o psicológico abater você antes de tentar - depois fiquei sabendo que esses caras fortões tem muita dificuldade mesmo com esse rapel, porque têm o tronco muito pesado; eles têm dificuldade de equilibrar o centro de gravidade e acabam caindo para trás, o que acaba reprovando-os no teste, porque no abismo há uma parte do rapel que é feita numa fenda bem estreita, e a pessoa tem que ficar bem equilibrada na vertical, e não caindo na horizontal, para não se bater nas pedras, entende?


Muita força, nesse caso, acaba vindo em prejuízo da pessoa, por incrível que pareça - agora imagina a cara dos grandalhões ao serem reprovados?!? Ficam #pdavida!


Logo eles prepararam as cordas e me chamaram para me amarrar toda, me explicaram o movimento de subida, com os braços e pernas sincronizados, prestando atenção para não fazer força com os braços, e sim com as pernas, e lá fui eu, com o Peg pendurado noutra corda do meu lado. 

sede da empresa no centro e Bonito

Nesse treinamento, a gente faz uma ascensão em cordas de 9 metros (mais ou menos a altura de um prédio de 3 andares), descemos, nova ascensão e nova descida = no total, subimos 18 metros e descemos 18 metros

A primeira subida foi muito fácil, fui bem rápido e me impressionei positivamente comigo mesma. 

Lá em cima, eles modificam algumas coisas nas amarrações das cordas e nos mostram o movimento de descida - desta vez, só precisa usar os braços, e é bem simples - achei bemmmmmm mais fácil do que o rapel normal, bem menos assustador que da outra vez que eu havia experimentado, numa ponte. 

Pelo menos para mim, fez diferença o fato de subir primeiro, antes de descer

Na subida, a gente vai ganhando confiança nas cordas, e quando chega a hora de se largar no espaço, não dá tanto medo da altura como daquela minha primeira vez, em que eles simplesmente queriam que eu me jogasse de uma ponte amarrada por uma cordinha :-(


Na descida, você vai segurando num freio, e pode acelerar a descida ou frear e ir bem devagarinho - cada dupla faz no seu ritmo, assim como a subida - com a diferença de que, no treinamento, as descidas e subidas são individuais e, lá no abismo, são em dupla - então trate de combinar com a sua dupla qual será o ritmo de vocês dois!

A segunda subida já foi beeeem mais cansativa, mas cheguei viva lá em cima e consegui descer ainda tranquila. 

Fomos os dois aprovados com tranquilidade no teste, mas saí de lá meio apavorada, com bastante dor na virilha das cordas e pensando que tinha ficado exausta subindo 18 metros - imagina como seria lá no abismo, onde são 72 metros, ou seja, 4 vezes a subida de 18 que eu havia acabado de suar para completar?!?

Na descida, o medo de altura (72 metros!) já não me assustava mais tanto, pois havia descoberto que bastava não ficar olhando para baixo que o pânico não batia... 


Saímos de lá depois de preencher e assinar um monte de papéis - acho que relativos ao seguro de vida :p - e fomos direto na empresa que aluga o equipamento para a flutuação que é feita lá dentro do abismo. 

O próprio pessoal do treinamento do abismo nos fornece um voucher para provar a roupa de neoprene, mas temos que ir até a empresa para experimentar e garantir que a roupa que vai estar lá dentro do abismo nos esperando no dia seguinte nos servirá direitinho (não tem possibilidade de trocar na hora H!). 

É um neoprene com perna e manga longa, de 5mm, nem dá para sentir o frio da água com aquela roupa! Ele tem capuz e botinhas também. Além disso, eles fornecem a máscara e o snorkel. Isso tudo está incluído no preço do passeio, que foi o mais salgado da minha vida: R$ 575,00, por pessoa

De chorar, né??

lugar onde a gente prova o neopene

Mas ó, vou dizer bem a verdade: pagamos os R$ 1.150,00 com dor no bolso e no coração, mas pagaríamos de novo! Não me arrependi nem um pouquinho e achamos que valeu muito a pena! Podia ser mais barato, mas valeu a pena!

Passado o treinamento e provadas as roupas/equipamentos, fomos jantar, bem ansiosos! Fui dormir aquela noite lembrando que, se o Lipe fez aquela escalada lá na Legoland, eu também poderia fazer!!

No dia seguinte, acordamos cedíssimo: queríamos ser os primeiros a descer no abismo, para ser os primeiros a subir, pois havíamos marcado para a tarde o passeio da Gruta do Lago Azul e, se não fôssemos os primeiros a descer, muito dificilmente conseguiríamos chegar a tempo para o passeio da gruta!!

Nós fizemos isso - abismo + gruta no mesmo dia porque choveu muito no dia anterior e não conseguimos ir na gruta - se não fôssemos no mesmo dia do abismo, não teríamos outra chance, a não ser desmarcando outros passeios :-(

colunas dentro do abismo

Aliás, como comentei num post anterior (aqui), é importante que você não deixe para marcar a sua visita à gruta no seu último dia em Bonito, porque, se chover, você irá embora sem fazer o passeio mais famoso do Mato Grosso do Sul! É sério: como você tem que descer muitos degraus de pedra para ver o lendário lago azul que fica lá dentro da gruta, quando chove eles fecham o local, pois os degraus ficam muito escorregadios e é perigoso. Outro detalhe: é aconselhável visitar a gruta no máximo até as 13hs - depois disso, como não há mais incidência dos raios de sol, o lago não fica com aquele tom azul que o tornou tão famoso!

Dá para fazer abismo + gruta no mesmo dia, para nós foi tranquilo e deu tudo certo - nós explicamos para eles ainda lá no treinamento porque precisávamos ser os primeiros a subir do abismo, e eles nos garantiram que assim seria - tudo #combinadinho!

Mas, se você tiver a possibilidade de fazer estes dois passeios em dias separados, é melhor, porque juntos fica bem apertado!

Dá uma certa vontade de fazer os dois no mesmo dia porque são - abismo e gruta - para o mesmo lado, na mesma estrada, a menos de 2Km de distância um do outro, praticamente vizinhos, e a mais ou menos 20km de distância do cento da cidade, então você já aproveita a viagem. 


Mas o problema é o tempo: como eu disse, você tem que chegar na gruta antes das 13hs, ou o sol já terá ido embora, e é muito difícil você conseguir sair do abismo e chegar lá antes das 13hs, a não ser que seja o primeiro a subir, como nós, porque você dependerá da velocidade dos outros turistas que estão fazendo o passeio. 

Nós levamos 40min para subir - essa é a média dos turistas (os guias chegam a subir em 7min!). Mas tem gente que empaca e chega a levar mais de 1h! E tem outros que empacam mais ainda e precisam ser guinchados abismo acima! O guia me disse que já aconteceu de ele sair do abismo mais de 19hs, quando o último turista subiu!

Então, se você tiver que esperar pelos outros, pode ter que esperar muittttttttto tempo, e aí, adeus gruta! Entendeu?

Se você tiver disponibilidade, é melhor fazer a gruta num dia bem cedo (horário em que o sol está batendo lá), que não é um passeio tão cansativo, junto com a Estância Mimosa, por exemplo, de tarde, que é perto e já é um passeio um pouco mais cansativo (o nosso roteiro teria sido assim, não fosse a chuva).  

o que se vê dentro da água NÃO É REFLEXO do que está em cima da água

O abismo você pode fazer junto com o Balneário Municipal. O balneário é para o outro lado da cidade, mas é um passeio que é perto, e é super relaxante - depois do abismo você não terá muitas forças para gastar! Para nós foi um bruto esforço subir o abismo e depois ainda enfrentar as escadarias da gruta :p

Além disso, o Balneário Municipal é um passeio barato, como eu expliquei aqui - depois da gruta, você vai ter que economizar para equilibrar o orçamento!

Foi muito fácil chegar ao abismo. A estrada, embora de terra na maior parte do caminho, e com toda a chuva que havia caído no dia anterior, estava bem boazinha, e é tudo muito bem sinalizado!

É só seguir a linha azul no mapa do Henrique do Projeto Jiboiasaindo da cidade na direção contrária à da praça. 

Quando você chegar no Km 9,2, dobre à esquerda e siga até o Km 14,8, quando você vai dobrar à direita e seguir até o Km 20,8, onde fica o abismo. 



Na sede do atrativo não existe nada, ou melhor, para não dizer que não existe nada, tem um estacionamento, um mirante para a fenda do abismo e um banheirinho podrão.  

eu nem devia ter chegado nesse mirante antes de descer :/

Quando chegamos lá, já tinha outras pessoas, mas eles mantiveram o combinado e nos deixaram descer primeiro. 


Nos paramentamos, colocamos os capacetes, a GoPro no capacete do Peg e nem me deram tempo para pensar muito, quando eu vi, já estava dando os últimos sorrisos amarelos para as câmeras kkkkkkk...



Isso também é uma coisa legal lá do abismo: eles não têm serviço de venda de fotos profissionais, mas os guias sabem tudo de acertar as câmeras para fotografar no escuro e são super bem dispostos para tirar fotos da gente. 


Eu estava tão nervosa que nem lembrei, e foram eles mesmos que me pediram a minha máquina para fotografar a nossa descida e depois, a subida!


Aliás, vale lembrar que, antes de nos prepararmos para a descida, a gente tira a máquina da nossa mochila e deixa com eles, junto com as mochilas. 

Eles colocam tudo naquelas mochilonas de Exército (saco VO) e descem as nossas coisas logo depois da gente - quando a gente chega lá embaixo as nossas coisas já estão chegando!


A nossa descida levou 6 minutos - nós não marcamos no relógio, mas como o Peg filmou toda a descida com a GoPro acoplada no capacete, depois nós conferimos o nosso tempo. 


























Dá para descer bem mais rápido, e eu nem senti medo, mas vale a pena ir devagar e curtir o passeio e a paisagem. 

No início, a gente vai descendo pelo meio de uma fenda estreita nas rochas, tem que ter cuidado para não bater nelas, mas basta descer alguns metros mais e se abre um salão imenso abaixo da gente - dá um friozinho na barriga mas, àquela altura dos acontecimentos, eu já estava confiante nas cordas, com as pernas enganchadas no Peg, e nem senti medo, só maravilhamento, isso sim!
























Na descida, o maior cuidado que você precisa ter é não se aproximar do ferro do freio, porque aquilo ali vai fazendo atrito com a corda e fica muiiiiito quente - se você encostar a mão, ou pior, o rosto, ali, é queimadura na certa! 

Até por isso que na descida a gente usa luvas - mas eu ainda não me conformo que não tenham me dado luvas na subida também.

Quando a gente finalmente chega lá embaixo e pisa naquela plataforma flutuante, com um certo cansaço no braço de fazer o freio, e o guia nos dá as boas-vindas ao abismo, é uma emoção só!


No nosso caso, foi mais emocionante ainda, poque éramos só nos dois e o guia lá embaixo, com o abismo todo só para nós!


a cara da felicidade!



 muitas selfies depois...

Aproveitamos e fomos direto para o outro lado da plataforma - só o que tem lá embaixo é esta plataforma flutuante e um banheiro químico equilibrado lá em cima - para tirar muitas fotos. 

Havíamos levado, nas mochilas, além da GoPro e de muitas bananas, a minha snapshot Sony e a Nikon D5000 com um tripé


Mas a coisa não foi tão fácil quanto gostaríamos...



ATENÇÃO: se você quiser tirar fotos excelentes, ou pelo menos boazinhas, terá que ter um bom equipamento de fotografia!

Com aquelas máquinas fotográficas snapshot você vai ficar super frustrado, porque, mesmo com todas as configurações adequadas na máquina (o guia me ajudou e configuramos tudo certinho para tirar fotos naquela escuridão), as fotinhos saem péssimas.


Olha que ruim ficou a foto tirada com a minha snapshot Sony:


É muito escuro lá embaixo e, mesmo usando tripé, fica difícil acertar, porque a plataforma é flutuante e fica se mexendo o tempo todo! 


Nós usamos a nossa Nikon D5000 e foi assim que conseguimos estas fotos que ilustram o post.





No passeio de bote inflável, o mesmo problema: com o balanço do bote, não há tripé que resista!

Recomendo que você pense nisso e tenha uma estratégia, porque vimos um pessoal sair de lá bem frustrado com essa história das fotografias - é chato ir num lugar excepcionalmente lindo, de uma beleza impressionante, e não conseguir capturar nem uma imagenzinha dele para guardar de recordação!



Nós já visitamos várias grutas e cavernas mundo afora, dos mais variados tipos e tamanhos, e ficamos impressionadíssimos com o abismo - não sei se existem outros lugares como este no mundo, mas esse está aqui no Brasil, bem pertinho da gente, e todo brasileiro deveria ter a oportunidade de conhecer as belezas do nosso país!

Depois de andar pra lá e pra cá pela passarela, saltitando de alegria, e de muitas fotos, começaram a chegar os outros aventureiros do dia, e logo o guia nos chamou para o passeio de bote inflável, que é a primeira atividade que fazemos dentro do abismo. 

Entramos 4 turistas e mais o guia no bote e ele fez um longo passeio com a gente ao redor de todo o abismo, mostrando cada detalhe, as ossadas de animais caídos que foram encontradas lá dentro, as estalagmites, estalactites, colunas e demais formações incríveis que existem lá dentro, cada uma com um nome diferente, devido às suas formas estranhas!

 colunas

metro usado para medir o nível da água dentro do abismo

 olha a ossada de um animal ali!

É bem grande lá dentro, e o passeio é bem bacana. 

Com uma lanterna, o guia vai apontando as formações rochosas nas paredes e, mais incrível ainda, as formações embaixo d' água

A água é tão cristalina que, de lá de cima, dentro do bote, a gente consegue enxergar tudo lá embaixo d'água, mesmo com toda aquela escuridão! São cenas surreais, fantásticas, quase inacreditáveis, e a gente volta para a plataforma maravilhados (mais ainda!). 



E, além de tudo, os guias são cheios de histórias, e contam tudo durante o passeio, desde o descobrimento do lugar, as histórias e lendas da região, a parte científica das estalactites e estalagmites, dados, estatísticas e até os "causos" de famosos que andaram dando piti por lá!


olha o ermitão sentado ali!

Quando voltamos do passeio de bote, é hora de nos prepararmos para encarar o abismo embaixo d'água também - hora da flutuação naquele buraco negro!

A primeira coisa a fazer, então, como já comentei em outro post, é ir ao banheiro fazer xixi - sempre, antes de qualquer flutuação com neoprene! Leia mais sobre isso aqui

O banheiro lá do abismo é bem precário - mas, também, olhe bem para o lugar onde você está...não dá para reclamar, né? Além disso, a vista de lá é incrível kkkkk...


A gente coloca então o biquine (achei melhor não descer já de biquine porque capaz de o biquine machucar mais ainda a região da virilha, né?) num "vestiário" improvisado lá no fundo da plataforma e veste a roupa de neoprene, com direito a capuz e botinhas. Cospe na máscara, ajeita o snorkel e se joga naquela água gelada. 

Mas não se preocupe: com aquela roupa de neoprene de 5mm, além de flutuar (não precisa colete), a gente nem passa tanto frio - a água lá embaixo não passa dos 18°C brrrrrr...

Na nossa flutuação fomos 8 aventureiros e mais o guia. Perdi as contas do tempo e não sabeia afirmar quanto dura a flutuação - mas garanto que é tempo suficiente para se encantar com tudo o que você vai ver lá embaixo. 

O guia ofereceu lanternas e eu levei uma, para iluminar para o Peg, que foi com a GoPro na mão, no bastão, para tentar filmar um pouco lá embaixo. Claro que é tudo muito escuro para filmar, mas dá pra ver tudo, ainda mais com as lanternas. 

E, em alguns pontos, é tão claro, onde incidem os raios de sol que entram pela fenda do abismo, que o guia até manda a gente desligar as lanternas, que fica melhor para enxergar!


Essa flutuação é completamente diferente de todas as outras, por vários motivos - primeiro, que é tudo no escuro, como se fosse um mergulho noturno; segundo, que não existem peixes lá, nem vegetação, nem vida (só o que vive lá dentro é um bichinho tipo um camarãozinho minúsculo, que a gente nem viu); terceiro, o que a gente vê lá são formações rochosas incríveis, que o Peg descreveu super bem: parece a paisagem da Capadócia, só que embaixo d' água. 

Quem já viu aqueles piroquetes lá da Capadócia sabe do que estamos falando!

Nesse mesmo dia, havia uma equipe sul-coreana de televisão lá, fazendo imagens lá no fundo, num mergulho, e eles iluminavam tanto que parecia que tinha um Jeep lá no fundo do abismo com os faróis ligados! Dava para ver aquelas pirocas enormes lá embaixo, subindo na nossa direção, uma cena de outro mundo!

Nessa flutuação, a gente faz uma boa volta lá dentro do abismo, todos em fila, atrás do guia. É um passeio bem calmo, devagar, nada cansativo. O guia vai apontando as principais atrações lá no fundo e nos orientando todo o tempo, fique perto dele sempre! 

Depois que a gente volta para a plataforma, pode tirar o neoprene e dar um mergulho rápido só de biquine - eu achei gostoso e nem senti muito frio - é bom pra tirar aquela "nhaca" que fica por baixo do neoprene!

Terminada a função da flutuação, nos vestimos (nesse momento é muito útil ter uma toalha e uma muda de calcinha/sutiã/cueca), organizamos as nossas mochilas e levamos para eles colocarem novamente nos sacos VO. 


A partir daí, é só esperar o seu momento de começar a parte mais difícil do passeio: a ascensão pelos 72 metros de cordas!

Como todo mundo já tinha terminado de descer (são 18 pessoas autorizadas a fazerem este passeio por dia, e estava sempre lotado!), nós logo fomos chamados pelos guias para nos prepararmos para subir - tem que esperar todo mundo descer para os primeiros que desceram poderem começar a subir!

No nosso caso, foi super rápido, mas, se você demorar, é bom ter um lanchinho para comer lá embaixo, porque, a essas horas, nós já estávamos loucos de fome! Umas bananas sempre ajudam!

Vai chegando a hora de subir de novo pelas cordas e o sorriso vai amarelando! Eu e o Peg combinamos de dar 8 impulsos e parar para descansar. Assim como na descida, em que a gente vai com as pernas enganchadas, na subida também vamos em dupla, um pouco acima do outro, com uma corda de segurança entre nós, então é impossível cada um da dupla ir num ritmo, porque não dá para pegar distância um do outro, ou essa corda se estica :-(


No começo, fui firme, no mesmo ritmo do Peg, porque ele também estava lento, e estávamos conseguindo manter os 8 impulsos. Mas, depois de um tempo, o Peg pegou o jeito da coisa e ficou tri empolgado e eu, pelo contrário, fui ficando cada vez mais cansada e as paradas para descanso eram cada vez mais demoradas, o que cansava muito o Peg.

Felizmente, ele foi bem mais paciente do que o normal kkkkkk, acho que porque percebeu que, se me estressasse naquele momento, eu ia acabar dando um piti ali mesmo!

Por isso, essa é uma recomendação importante: tente subir em dupla com alguém que você conheça e, principalmente, que conheça bem você e as suas limitações. Ficar brigando na subida só serve para gastar ainda mais energia e azedar o passeio!

Os guias nos contaram de casais que se divorciam na subida kkkkk...

No final, eu já não conseguia dar mais do que 4 impulsos de cada vez, fiquei com os braços exaustos de fazer força com eles, o que é totalmente errado e contra a técnica que nos ensinaram mas, no estado de exaustão em que eu me encontrava, cadê de o cérebro raciocinar?


Eu não sei se isso é regra geral, mas existem 2 coisas que me embotam o raciocínio: o medo e o cansaço. Quando eu chego num ponto de muito medo, ou de muito cansaço, não atino mais nada, e começo a fazer só cagada bobagem :/

Foi nesse momento, naquele ponto em que a gente olha para baixo e parece que já subiu muito, mas daí olha para cima e percebe que falta mais da metade dos 72 metros; naquele ponto em que a gente chega perto das pedras e, por mais que dê impulso, parece que aquela pedra de merda nem se mexeu...que eu comecei a suar demais as mãos e me encher de bolhas, além de já estar sentindo a dor da queimadura na perna #@*&%@#&@*

Resumindo o drama, nem sei como é que eu me arrastei naqueles últimos 20 metros de corda, que pareciam não terminar nunca - parecia que a corda estava "dando de si"!!!

Estava tão cansada, desbaratinada, desorientada, fazendo um esforço sobre humano para me concentrar nos movimentos, que acabei dando uma batida de ombro nas pedras, quando chegamos na parte bem estreita da fenda. Tome cuidado para não se desequilibrar, porque qualquer batidinha ali naquelas pedras dói pra dedéu.


Quando finalmente cheguei lá em cima, nos últimos 7 ou 8 impulsos, só pensava que tinha que sair dali, e me deu uma alegria tão grande que até renovei as energias! Saí de lá de dentro daquele buraco negro dos infernos saltitante!!!

Os guias ficaram bem impressionados com a minha queimadura na perna e com as bolhas nas mãos, e disseram que isso não é comum, mas tinham ali um Hipoglós para me empresar, o que me faz acreditar que também não é tão incomum assim!

Mal respiramos um pouco, tiramos o equipamento, e já saímos correndo de lá, porque ainda tínhamos o passeio da Gruta do Lago Azul pela frente!

Infelizmente, não é um passeio para crianças: a idade mínima é 10 anos, mas, muito mais importante do que a idade mínima, é saber se o seu pequeno têm condições físicas e psicológicas para enfrentar esta aventura!


E, por último, a nossa dica mais importante: faça o passeio ao abismo no último dia da sua viagem a Bonito, por várias razões! 

Primeiro, é o único passeio que, chova ou faça sol, não fecha nunca (muitos passeios são cancelados quando chove, mas o abismo não fecha, então você não corre o risco de perder o passeio, se deixá-lo para o último dia, diferentemente da Gruta do Lago Azul, por exemplo, que fecha quando chove). 

Segundo, você sairá do passeio exausto, independentemente do seu preparo físico, e estará com os músculos das pernas, braços, virilha e nádegas doloridos no dia seguinte, prejudicando os passeios que você teria agendado para esse dia. 

Terceiro, se você é estrabulegas como eu, pode se machucar e prejudicar mais ainda os passeios dos dias seguintes! 

Só para vocês terem uma ideia, além de todas as dores musculares narradas nos parágrafos acima, eu fiz meras 11 bolhas nas mãos (na subida a gente não usa luvas, somente na descida), uma delas bem feia, que me atrapalhou bastante nos passeios dos dias seguintes. 

Além das malditas bolhas, fiz uma queimadura na perna, com a corda, que acabou me levando ao hospital! Sério, como a corda fica roçando na perna da gente, e eu estava com uma meia não tão grossa quanto seria o ideal, a tal corda acabou provocando uma assadura feia na minha perna (além de outra não tão feia na outra perna), que acabou infeccionando, e eu tive que ir ao hospital logo que cheguei em casa na volta das férias, para fazer uma raspagem, colocar curativos e tomar antibióticos por uma semana :-(

Até agora estou com uma imensa cicatriz do abismo na canela esquerda!!! E mais um arranhão no ombro, de uma batida que me dei nas rochas da fenda estreita, na subida, quando já estava tão cansada que os braços e pernas não estavam mais obedecendo os comandos que vinham do meu cérebro - ou será que o cérebro também já não estava mais comandando direito!?

E não pense que fui só eu: o Peg também assou o pescoço, com a corda que fica em volta do pescoço, e ficou com insensibilidade nas cadeiras por vários dias - a gente acha que as cordas da cadeirinha apertaram e machucaram algum nervo por ali. 

Aviso aos navegantes: pela minha descrição das nossas "lesões", você não deve ficar pensando que é um passeio perigoso, nada disso. 

Em primeiro lugar, devo esclarecer que sou uma esportista sofrível, tri despreparada fisicamente, totalmente sedentária. Mas não foi esse meu despreparo que causou as minhas bolhas e assaduras, com certeza, então achei que seria bom alertar você para que vá mais bem preparado do que eu fui e não passe pelo perrengue de se machucar e estragar outros passeios. 

Em segundo lugar, você precisa saber que esse é um passeio super seguro - os guias que trabalham no abismo fazem isso o dia inteiro, todos os dias, e seguem todas as regras de segurança, são super cuidadosos...enfim, nunca houve nenhum acidente lá, e não vai ser com você que vai acontecer, né?!?

Então para quê toda essa conversalhada sobre machucados?

Ora, para que você vá bem prevenido: blusa de preferência de gola alta, para evitar as assaduras no pescoço; calças grossas, tipo abrigo, ou calça de ginástica, ou bermuda de jeans por cima, para proteger a região da bunda e virilha, onde passam as cordas; meias grossas e bem altas, tipo aquelas de jogador de futebol, para proteger as canelas de assaduras como a minha.


Além disso, se você é friorento, leve também um agasalho, porque pode ficar frio lá embaixo, se você tiver que ficar muito tempo parado, esperando a sua vez de subir. Pelo mesmo motivo, leve também um lanche e uma garrafa de água

Em resumo, o que levar nesse passeio: tênis, repelente (têm muitos mosquitos lá em cima, enquanto você espera a sua vez de descer), máquina fotográfica apropriada, 2 calças grossas, blusa de gola alta, meias grossas e bem altas, biquine/sunga, muda de roupa de baixo (cueca e calcinha/sutiã), agasalho, lanche, água, toalha...

No total, o saldo foram 11 bolhas nas mãos, uma assadura em cada canela, dor na virilha, um arranhão no ombro, canseira generalizada e R$ 1.150,00 no VISA...mas valeu tudinho!!! O cagaço, as bolhas, o dinheiro...nada ofusca o maravilhamento de estar num lugar único no mundo, numa viagem ao centro da Terra ou, na definição perfeita do Peg, numa "Capadócia submersa"! Vá, vá, vá!

Agora, se você quer VER, o que acabou de LER, aqui está, compilado em imagens de vídeo - sem medo de errar (e nem de exagerar) - um dos melhores passeios de aventura do Brasil!

Se você tem uma boa conexão de internet, não esqueça de selecionar a opção para assistir em HD (alta definição)!

Detalhes técnicosO vídeo foi filmado 100% com a nossa câmera GoPro Hero 3. A edição foi feita com o editor de vídeos Vegas Pro 12

Para saber mais sobre a GoPro, clique nesse post, onde explicamos tudo sobre o funcionamento dessa câmera.

Veja o videoclipe de 4:30min de todo o nosso passeio ao Abismo Anhumas aqui:


E aí, gostou? Você conhece o Abismo Anhumas em Bonito?? Conta pra gente como foi a sua experiência! Deixe as suas dicas na caixa de comentários!

Para ver direto no YouTube, clique aqui.


Saiba mais sobre o Abismo Anhumas aqui

Veja aqui mais alguns vídeos de nossas aventuras por Bonito:
https://www.youtube.com/watch?v=DnJU4UZe5Q4
https://www.youtube.com/watch?v=cUqK_NLlYps


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Para ler mais, todas as nossas postagens sobre Bonito estão organizadas aqui.

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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