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Índia: iniciando por Mumbai – um choque cultural de 6000 volts – parte 1


O fuso horário da Índia é de 8h30min a mais em relação ao Brasil. Chegamos a Mumbai à meia-noite do dia 4 de abril de 2004 e o comandante da South African Airways já alertava que estava fazendo 27°C.
No Chhatrapati Shivaji International Airport (Aeroporto Internacional de Mumbai) o calor já era infernal. Ficamos mais de uma hora esperando as mochilas chegarem nas esteiras, mais algum tempo com os trâmites de imigração, e a nossa energia já estava no final (lembrando, estávamos vindo da África do Sul).
Antes de sair do aeroporto, trocamos dólares por rúpias (US$1=R43) e, num guichê, pagamos por um pre-paid taxi (táxi pré-pago, para nos levar até o hotel).
Quando saímos pela porta do aeroporto, a sensação que tínhamos era de ter entrado num filme, literalmente. Dezenas de indianos nos abordaram pegajosamente, para carregar as mochilas, oferecer hotéis, troca de dinheiro, enfim, tudo o que se imagina.
Nossa energia, que já estava no vermelho, agora estava por um fio. Direcionamo-nos ao estacionamento dos táxis pré-pagos e, a todo segundo, muitos “deles” importunavam-nos oferecendo serviços. Até acharmos qual táxi nos levaria, foi um sufoco. O calor era insuportável – isso que já era quase duas da manhã – e antes de entrar no táxi, ainda uns 4 ou 5 indianos nos exigiram dinheiro. Não sei por quê!

Eles não nos davam tempo de pensar, nem de falar.
Querendo intimidar, eles faziam uma esculhambação à base de gritos.
Claudia argumentava que já tínhamos pagado o táxi anteriormente e que não daríamos nada a eles.
Até que saí do carro e, esgotado, “engrossei”:
- I will call the Police!! (eu chamarei a Policia!) Gritava incessantemente.
Finalmente o motorista arrancou e fomos em direção à cidade de Mumbai.
Claudia havia feito uma reserva, do Brasil, 3 semanas antes, no Hotel Lawrence, já que este era o aconselhado pelo Let´s Go Guide por ser bastante concorrido.
No caminho do aeroporto até o hotel, tomamos mais um dos inúmeros sustos que já tínhamos tomado e dos muitos que ainda tomaríamos.
O calor úmido era impressionante, o asfalto das ruas estava completamente molhado, tal era a umidade relativa do ar. Em plena metrópole indiana, muitas palmeiras – como se estivéssemos em Natal/RN – e, para o nosso estarrecimento, centenas, milhares, quem sabe – e muito provavelmente – milhões de pessoas dormindo nas ruas, como mendigos. Sem falar na pobreza que presenciávamos nas ruas. Dormiam em cima de carroças, dentro dos carros, nas janelas das casas, no chão, sentadas e até em cima de bicicletas, por todos os lugares onde restava alguma superfície. Realmente uma cena ímpar!
Já se passava das 2h30min quando nos demos conta de que o motorista estava completamente perdido. Paramos umas 6 vezes para pedir informação, e absolutamente ninguém sequer tinha ouvido falar no tal Hotel Lawrence.
O motorista, então, parou um Jeep da Polícia. Dentro dele havia 3 policiais armados até os dentes, e pelas suas fisionomias, acho que se perguntavam: – O que esses 2 estão fazendo por aqui? Pelo menos era essa a impressão que nos passavam.
Uma cena de chorar! No Jeep tocava uma musiqueta árabe, digo, indiana – com certeza não sabia então distingui-las – e eles tentando localizar no nosso guia onde ficava o tal hotel. Não deu em nada. Até que um rapaz se ofereceu para entrar no táxi e nos guiar até lá. Andamos mais alguns minutos e, inesperadamente, chegamos ao nosso destino.
O Hotel Lawrence ficava na Sri Sai Baba Marg, uma ruela de dar dó! Agradecemos sua ajuda e foram embora.
Uma plaquinha identificava o Hotel Lawrence, a porta de entrada do hotel era um absurdo, primeiro porque não existia – era um portão de latão – segundo, porque em seus degraus tinha, claro, gente dormindo.
Ao entrar, nos esquivamos para não emperrar no pequeno vão de entrada. Subimos uma escada em “caracol” na qual havia um elevador pantográfico no meio (estava desligado – não esperávamos mesmo que fosse funcionar), até o terceiro andar, onde ficava o hotel. Nesse momento, senti como se tivesse tomado um choque de 6000 volts: além da escuridão, pelos degraus, nas janelas, no chão (se bobeasse, até dentro do elevador), tinha gente dormindo.
Uma cena chocante. Eu e Claudia nos perguntávamos:
- Onde é que nós estamos?? Meu Deus?? O que é isso??
No terceiro andar, finalmente a porta do Hotel Lawrence. Entramos, e na saleta de entrada, mais gente dormindo, quando um deles levantou-se e Claudia já disparou:
- Somos Claudia e Marlon. Temos uma reserva.
O rapaz, cambaleando, nos levou até o escritório-dormitório do dono do hotel. Com a porta entreaberta, o dono, cambaleando mais ainda, nem perguntou nada. Só nos passou a chave do quarto e voltou a dormir.
Naquele momento, só se escutava o som dos ventiladores ruidosa e freneticamente ligados por todos os quartos.
Fomos para o nosso quarto.
Já passava das 3h da manhã e nem acreditávamos que tínhamos chegado ali. Foi o tempo que deu para largarmos as mochilas no quarto e correr para o banheiro (coletivo) para tomar um banho, pois estávamos molhados de suor da cabeça aos pés.
Depois do banho tomado, ainda restou um tempinho – antes de desmoronar na cama – para nos reorganizar e, passado tanto trabalho, nos darmos conta de onde realmente estávamos.
Era inacreditável, tínhamos lido muito sobre a Índia antes de viajar, nos preparando psicologicamente para o que iríamos enfrentar, mas de NADA adiantou.
O nosso estado psicológico estava completamente abalado, e o pior, estava só começando. Apagamos!!










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Marlon Sandri Pegoraro

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2 comentários:

  1. Olá!! Nossa,que interessante!e que aventura,einh!!!??
    abçs,boa semana!

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  2. Gente, vocês são muito corajosos... Já fiquei cansada só de pensar nessa viagem de vocês! Mas imagino que deva ser um barato conhecer uma cultura tão diferente da nossa! Ah, vou seguir o blog. Também tenho uma pequena viajante, estamos indo para a Austrália daqui a 3 semanas!
    Um abraço,
    Livia
    viagensdeumamaedeprimeiraviagem.blogspot.com

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